Gênero e dança na Educação Física escolar Género y danza en Educación Física escolar Gender and dance in Physical Education school |
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Universidade Estadual do Rio Grande do Norte/UERN Campus Avançado Profª. Maria Elisa de Albuquerque Maia/CAMEAM Graduando em Licenciatura Educação Física Pau dos Ferros, RN |
Jefferson Henrique Rodrigues da Silva (Brasil) |
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Resumo O presente artigo traz discussões a respeito do gênero como construção social que as diferentes culturas estabelecem e relacionam homens e mulheres. Diante desta o presente estudo objetiva reflexões pertinentes as noções de gênero que possam contribuir para que possamos amenizar ou romper as barreiras existentes do gênero masculino quando se trata da prática de dança nas aulas de Educação Física escolar. A metodologia aplicada à referida pesquisa tratou-se de um estudo bibliográfico tendo como aporte teórico (Hanna, 1999), na busca de compreender o porquê, da opinião dos meninos e meninas voltada à dança com base na sua origem, quando a mesma proporciona ao aluno um grande desenvolvimento na criatividade, expressão corporal, convívio social, comunicação corporal, cultura e valores. Neste sentido com base nos escritos, conclui-se que a dança é uma atividade corporal onde não divide grupos por meios de gênero masculino e feminino, ressaltando sempre que a dança é uma arte advinda do movimento humano que é estudada nas grandes instituições e faz parte da cultura e tradição dos povos. Unitermos: Gênero. Dança. Educação Física escolar. Educação.
Resumen Este artículo trae las discusiones sobre el género como una construcción social que las diferentes culturas establecen y relacionan a los hombres y a las mujeres. Dado que el presente estudio busca reflexionar sobre las nociones pertinentes de género que pueden contribuir para que podamos mitigar o eliminar las barreras propias del género masculino a la hora de la práctica del baile en las clases de Educación Física escolar. La metodología aplicada a la presente investigación se trató de un estudio bibliográfico con aporte teórico (Hanna, 1999), tratando de comprender el por qué, de la opinión de los chicos y chicas orientados al baile en función de su origen, cuando el mismo ofrece a los estudiantes un desarrollo importante en la creatividad, la expresión corporal, la interacción social, la comunicación, la cultura y los valores. En este sentido, sobre la base de los escritos, parece que el baile es una actividad donde el cuerpo no divide a los grupos de hombres y mujeres, siempre haciendo hincapié en que la danza es un arte que proviene de movimiento humano que se estudia en importantes instituciones y es parte la cultura y la tradición del pueblo. Palabras clave: Género. Danza. Educación Física. Educación.
Abstract This article brings discussions about gender as a social construction that different cultures and establish men and women relate. Given that this study aims reflections relevant notions of gender that can contribute so we can soften or break the barriers of the male gender when it comes to dance practice in school physical education classes. The methodology applied to research that was treated with a bibliographical study as the theoretical (Hanna, 1999), seeking to understand why, in the opinion of the boys and girls turned the dance based on its origin, when it provides students a major development in creativity, body expression, social interaction, body communication, culture and values. In this sense based on the writings, it appears that dancing is an activity where body does not divide groups by means of males and females, always emphasizing that dance is an art that comes from human movement that is studied in large institutions and is part culture and tradition of the people. Keywords: Gender. Dance. Physical Education. Education.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Gênero é mais entendido por muitos povos como, a diferença entre homens e mulheres, meninos e meninas. Gênero é entendido como a construção social que uma dada cultura estabelece ou elege em relação a homens e mulheres (SOUSA; ALTMANN, 1999). Hoje, tudo vem a tornando-se cada vez mais difícil a prática das aulas de Educação Física para meninos e meninas, tudo se deve a uma grande variedade de fatores, ás diferenças culturais por parte de ambos os sexos, as biológicas (físicas), sociais e comportamentais. Tudo se deve a uma cultura passada de pais para filhos, isto é todas essas diferenças são passadas ensinadas através de uma educação transmitidas e orientadas por eles mesmos.
Parando para observarmos os fatores que mais gera a feminilidade são as formas de tratamento de como as mesmas são tratadas dentro de suas casas, os sentimentos maternais, atividades desenvolvidas dentro de casa (domésticas), formas de falar com mais carinho e afetividade com gestos femininos. Quando se fala do homem, é sempre mais visto como o ser de coragem, o homem de mais força, capaz de exercer funções que não mais é apropriada para as meninas. O que leva muitos deles a não participarem das aulas de Educação física quando se trata de atividades voltadas a dança.
Louro (1992) afirma que todo movimento corporal é distinto para os dois sexos, e muitos movimentos e posturas são socialmente impostos para um e para o outro sexo, as noções de feminilidade e masculinidade são construções sociais desde o nascimento da criança.
É bastante comum vermos a presença de conflitos entre meninos e meninas difíceis de se relacionarem, a uma certa resistência e exclusão entre eles mesmo. Para isto, um dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais de ensino é levar os alunos a serem capazes de: “participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais” (PCN’s, 1997).
Assim nosso trabalho tem como objetivo principal refletirmos as diferenças entre gêneros nas aulas de Educação Física ao se propor a prática da dança como fator principal e seus preconceitos. Abordando objetivos específicos como, Entender quais as reações de meninos e meninas diante da prática de dança nas aulas de Educação Física; analisar na bibliografia como se dar a origem da opinião de meninos e meninas a respeito da dança. A metodologia aplicada para
referida pesquisa tratou-se de um estudo bibliográfico, tendo como aporte teórico (HANNA, 1999).
1. Refletindo sobre dança
A dança muito das vezes é tido como movimento corporal que deve ser exercido somente por meninas, mas a dança pode ser considerada uma possibilidade de expressão devido aos seus métodos criativos e expressivos. A dança na vida dos homens primitivos tinha uma diversidade de significados como: dançava-se para imitar o ritmo da natureza, dançava-se para comemorar a colheita, saudação aos deuses, comemorações de casamentos, passando por vários momentos de transformações em conjunto com a sociedade, que hoje, tem a dança como opção de lazer e aspectos profissionais (NANNI, 1995).
A mesma contribui para a socialização do indivíduo, levando a criança a compreender suas capacidades de movimento, passando assim a entender melhor como funciona o seu próprio corpo, desenvolvendo suas expressões, criatividades tornando assim elas seres mais capazes de socializarem no meio em que elas vivem (meio social).
A nova visão da dança, em seu aspecto cultural, é um conteúdo indispensável na escola, pois sua contribuição é favorecer a formação da cidadania, tornando nossos alunos cidadãos críticos sensíveis e conscientes de suas ações na sociedade (BARRETO, 2004).
Grande fonte de expressão corporal a dança deve ser bem trabalhada para que haja um grande desenvolvimento das potencialidades humanas, devido a seus métodos criativos e expressivos. É também grande fonte de riqueza quando tratamos de costumes e culturas entre os povos, fazendo com que as pessoas conheçam e aprendam culturas diferentes (SILVA, 2007). A dança pode unir povos, descobrir culturas e acabar com preconceitos pequenos, quando voltados assuntos sobre questões de gêneros. A escola é uma das bases para essa transformação, para isso ela deve iniciar uma luta contra esse preconceito em que a dança é algo somente para meninas.
A escola hoje é sem dúvida um lugar privilegiado para aprender dança com qualidade, profundidade, compromisso, amplitude e responsabilidade, para que isto aconteça e, enquanto ela existir a dança não poderá mais continuar sendo sinônimo de “festinhas de fim de ano” (MARQUES, 1997)
Louro (1997) diz que o espaço escolar produz sujeitos femininos e masculinos, e desde sua criação é um espaço planejado para imprimir distinção, um exemplo disso é a separação entre gêneros.
Hanna (1999) exemplifica que desde bebês existem padrões visuais que indicam a diferença entre meninos e meninas; a cor rosa é destinada para meninas e a cor azul para meninos.
Diante desta colocação do autor, parando para observar as grandes indústrias tem como característica a produção de artigos em gerais para cada meninos e meninas, direcionando produtos especificados para cada gênero, blusa com babado e saia rodada para as meninas e calça com estampa de soldados, camiseta regata para meninos. Assim a indústria difunde o papel sexual de cada um por meios de códigos.
2. Apontamentos da dança - Historia
Segundo vários estudos, a dança chega a ser é tão antiga quanto a nossa vida humana, dança esta que nasceu de expressão, emoções primitivas, nas manifestações e nas comunhões místicas entre homens com a natureza. Como ainda não sabia falar o homem utilizava das expressões corporais para expressar suas emoções e assim fazia presente em vários rituais místicos e acontecimentos de sua vida.
Como ser social e religioso, o homem sempre sentiu a necessidade de se comunicar com seus semelhantes e com os poderes sobrenaturais, e para isso, antes de dominar a linguagem e antes então da expressão oral o meio de excelência de comunicar notícias, idéias e sentimentos, recorreu ao próprio corpo para estabelecer contato com as divindades, prestar culto à natureza e comunicar-se com seus semelhantes (NANNI, 1995).
Segundo Nanni (1995), a dança é fruto da expressão do homem que através da pantomima e da mímica mais primitiva, iniciou o processo de comunicação com seus semelhantes, com a natureza e com as divindades.
Todo povo têm suas formas de expressões corporais ou seja cerimônias especiais para distinguir a mudança do papel social que o individuo está alcançando, estes vão desde o nascimento até a morte em muitas sociedades. Dentre diversos tipos de rituais de celebração, que vão desde provas de resistência física às mutilações corporais, os ritos de passagem e celebração de adultos que alcançam nova posição na sociedade, frequentemente são expectativas e exigências sexuais representadas através da dança.
3. O preconceito por partes dos alunos
No país que vivemos a mídia enfoca em grandes horários de audiência lindas e brilhantes mulheres dançando nas TVs em horário nobre, passando assim a imagem de uma pessoa como linda e sensual. A partir dai a foi criando-se uma cultura e transformando a dança como sendo “coisa apenas para as mulheres” levando assim os homens e crianças a tomarem certa distância dos conteúdos nas escolas (MARQUES, 1997).
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) salienta que somos um país riquíssimo em manifestações artísticas. Marques (1997) complementa relatando que os grupos e trios elétricos dançantes tem em suas formações a grande prevalência de homens, que levam à força, a identidade cultural e racial do nosso povo.
Segundo Kunz (2003), em estudo publicado apresenta que a participação dos meninos na dança pode ser mediada pelas transformações emergentes no contexto cultural em que a escola está inserida. Existe grandes exemplos que podemos observar, as escolas de balé clássico muito das vezes tem uma grandiosas aceitação da dança (balé clássico) por parte dos meninos, o que torna-se bem mais fácil a realização do desenvolvimento das atividades, do que um ambiente em que ela não está inserida.
Precisa ser revisto vários fatores como os valores culturais, uma política mais aberta para todos, política de estimulação, para que possa melhorar a visão que existe sobre o referido conteúdo (dança), e venha a não mais existir tipos de preconceitos com a mesma.
4. Quebrando as barreiras do sexo masculino na dança
Ao longo da história da dança percebemos sua importância na construção social humana. Luis XIV, dançou papéis importantes em sua corte e foi glorificado como “Rei Sol”, aos 15 anos de idade, e aristocracia aplaudia o nobre que dançava. Quando Luis XIV deixou suas apresentações de dança, esta passou de social palaciana para gênero teatral profissional; “a cultura ocidental, geralmente associou o homem que dança profissionalmente com a efeminação e homossexualidade” ( HANNA, 1999).
A herança judaico cristã passou a excluir mulheres de seus papeis religiosos e públicos passando-se assim todas elas para um teatro secular, as mulheres educadas bem vestidas nunca podia sonhar em dançar nem menos aparecer nos palcos públicos, assim os homens era quem dançavam todos vestidos de travestis. Esses homens eram bem mais virtuosos tendo sempre suas danças muito respeitadas (HANNA, 1999).
Conjugados ao conhecimento, o corpo que dança chama a atenção para a sexualidade e desperta as emoções. Sendo assim, uma grande gama de homossexuais são atraídos pela dança, pois, o mundo da arte oferece a eles uma oportunidade para libertar e expressar a sensibilidade estética emocional e erótica, um isolamento da sociedade que em parte os rejeita, um espaço para a corte e uma arena que pode tratar de suas angustias e interesses (HANNA, 1999).
Quando paramos para refletir ao ver uma mulher dançando são poucas as pessoas ao redor que olham, mas quando um homem dança chama a atenção de todo mundo que estar por sua volta, tornando assim um especial das minorias.
Conclusão
No mar das possibilidades existentes que se relacionam com o corpo e com o movimento humano, a escola hoje é um lugar privilegiado para as multi-ações pedagógicas, que busca o desenvolvimento do potencial criativo, imaginativo dos alunos. Sendo assim, a dança (que na maioria das vezes encontra-se presente somente em datas comemorativas e festinhas comunitárias entre outras) pode e deve ser conteúdo com finalidade específica na conduta e no desenvolvimento geral do educando.
Cabe ao professor de Educação Física adaptar as aulas para alunos, como recurso para evitar exclusões entre meninos e meninas, a fim de articular idéias pré-concebidas sobre a sexualidade, o esporte e a dança. Assim poderia de repente proporcionar aos alunos meninos e meninas um aquecimento com auxilio da música, o que poderia vir a ser uma estratégia, onde proporcionaria a participação (mesmo que momentânea) dos meninos.
Conflitos e dificuldades que os educadores enfrentam com as questões de gênero no âmbito escola são vários ou seja inúmeros, principalmente quando se trata de aulas voltadas a dança pois se trata de valores e normas culturais que se transformam lentamente, é partindo desta forma que hoje vivemos às margens de uma sociedade que relaciona a dança masculina às opções sexuais, esquecendo que a atividade corporal ritmada não tem nada a ver com as opções sexuais do individuo executante. Apesar das grandes batalhas, dos grandes esforços para tornarmos a dança uma atividade com alta aceitação para o homem, as atitudes de mudanças são muito lentas.
Se a Educação Física e a escola já se encontram com suas idéias todas pré-estabelecidas, por outro lada devemos saber que, elas tem o papel, a responsabilidade de construção de uma cultura capaz de criar novas estratégias de atividades que possibilite um maior aprendizagem corporal.
Portanto, conclui-se que a dança é uma atividade corporal onde não divide grupos por meios de gênero masculino e feminino, ressaltando sempre que a dança é uma arte advinda do movimento humano que é estudada nas grandes instituições e faz parte da cultura e tradição dos povos.
Bibliografia
BARRETO, D. Dança... ensino, sentido e possibilidades na escola. Autores Associados, 2004.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
HANNA; J. L. Dança, Sexo e Gênero – Signos de identidade, dominação, desafio e desejo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
KUNZ, M. C. S. Dança e gênero na escola: formas de ser e viver mediadas pela educação estética. Dissertação (Doutorado em motricidade humana). Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa-Portugal, (441 p), 2003.
LOURO, G. L. Uma leitura da historia da educação sob a perspectiva de gênero. Teoria e educação, número 6. Porto Alegre, 1992, p. 53-67.
LOURO, G. J. Gênero, sexualidade e educação, uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.
MARQUES, I. A. Dançado na escola. Revista Motriz, São Paulo, 4 jun 1997.
NANNI, D. Dança educação: pré-escola à universidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
NANNI, D. Dança Educação - Princípios, Métodos e Técnicas. Rio de Janeiro: Sprint,1995.
SILVA, D. S. A dança no âmbito escolar. Ubá: FAGOC, 2007. 35p. Graduação (Licenciatura em Educação Física) Faculdade Ubaense Ozanam Coelho, Ubá, 2007.
SOUSA, E. S.; ALTMANN, H. Meninos e meninas: Expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos Cedes, ano XIX, nº 48, Agosto, 1999.
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