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Gasto energético habitual entre mulheres praticantes
de atividades físicas sistematizadas em Botucatu, SP

El gasto energético habitual en mujeres que realizan actividades física sistematizadas en Botucatu, SP

 

*Licenciatura Plena em Educação Física – Faculdade de Ciências – UNESP/Bauru-SP

Especialista em Qualidade de vida e atividade física – UNICAMP/Campinas-SP

Mestre em Saúde Coletiva, Faculdade de Medicina/UNESP/Botucatu-SP

Doutor em Saúde Coletiva, Faculdade de Medicina – UNESP/Botucatu-SP

Professor na Universidade do oeste paulista/UNOESTE

Faculdade de Ciências da Saúde – Presidente Prudente-SP

**Licenciatura Plena em Educação Física – Faculdade de Ciências – UNESP/Bauru-SP

Professor de condicionamento físico e musculação

Luiz Rogério Romero*

Marco Antonio Souza da Silva**

rogrom@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Embora se tenha observado políticas de incentivo a prática de atividade física, nota-se que o sedentarismo tem acometido diversos níveis sociais e faixas etárias. O cenário parece mais negativo em relação às mulheres, idosos e pessoas de menor escolaridade. Dessa forma, o presente trabalho objetiva melhor conhecer as características de mulheres fisicamente ativas acima de cinquenta anos em duas instituições esportivas do município de Botucatu, São Paulo. Utilizou-se estudo tipo transversal subsidiado por aplicação de questionários. Dentre os resultados, destacam-se mulheres de mais idade no N2. Cerca de 64% do total são casadas, 22,9% viúvas. Observou-se diferença entre as duas instituições em relação à renda familiar e escolaridade, com superioridade ao grupo N1. O consumo de álcool uma ou mais vezes por semana foi mencionado por 12,5% da população estudada. O uso de medicamentos de forma contínua foi apontada por 70,8% das entrevistadas, com maior frequência para o grupo N2. Aproximadamente 8% referiram problemas cardíacos, 56,2% problemas osteoarticulares e 52,1% hipertensão. O gasto energético habitual médio estimado para população foi de 41,5 kcal/kg/dia. A partir dos dados apresentados, se destaca a complexidade de variáveis envolvidas na determinação do estilo de vida ativo. No entanto, constata-se que mesmo em situações de desfavorecimento econômico e educacional, a oferta de atividades físicas orientadas e de baixo custo pode contribuir para a adesão em programas de atividades físicas. Sugere-se a abordagem multidisciplinar em futuros estudos, ressaltando a contribuição de todos os profissionais que atuam na orientação da promoção da saúde em diferentes cenários sociais.

          Unitermos: Atividade física. Mulheres. Renda familiar. Escolaridade. Gasto energético habitual.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A preparação para a longevidade não tem sido a preocupação da maioria dos adolescentes e jovens adultos, acarretando em vários problemas em idades posteriores da vida, sobretudo relacionado à saúde. Embora se tenha observado projetos e políticas de incentivo a prática de atividade física (Barreto et al., 2005), nota-se que o sedentarismo tem acometido todos os níveis sociais e faixas etárias cada vez mais precoces (Currie, 2008; Guedes, 2001). Soma-se os apontados por Neri et al. (2004), ao destacar o envelhecimento como causa da diminuição das capacidades físicas, fato que pode limitar a autonomia e dificultar a realização de atividades diárias. O cenário parece ainda mais negativo em relação à população feminina. Vários estudos têm apresentado níveis de atividades físicas mais baixas para esta população (Azevedo et al., 2008; Tenório et al., 2010).

    Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo estimar o gasto energético habitual de mulheres, acima de cinquenta anos de idade e praticantes de atividades físicas sistematizadas, em duas instituições esportivas do município de Botucatu, São Paulo, Brasil.

Materiais e método

    Estudo tipo transversal subsidiado por componentes retrospectivos referentes ao comportamento de saúde.

População de estudos

    População composta por mulheres, com idade igual ou superior a cinquenta anos, participantes de programas de atividades físicas, supervisionados e oferecidos por instituições esportivas distintas no município de Botucatu, São Paulo, Brasil. Como critérios de inclusão no estudo foram considerados indivíduos que apresentassem freqüência semanal, no mínimo, de dois dias por semana e pelo menos três meses de atividade física regular. Participaram da pesquisa quarenta e oito mulheres (n=48), sendo vinte e cinco da instituição esportiva 1 (N1) e vinte e três da instituição esportiva 2 (N2).

Instrumentos

    Para o presente estudo, foi necessária a utilização de questionário desenvolvido propriamente para o uso requerido nesta pesquisa.

    Para a mensuração do gasto energético habitual, foi utilizado instrumento recordatório das atividades do cotidiano, preconizado por Bouchard et al. (1983). Os participantes do estudo foram orientados de forma individual sobre os procedimentos de preenchimento. Foram avaliados dois dias habituais, sendo um durante o final de semana (domingo) e outro dia comum entre segunda e sexta-feira. Após a obtenção das informações, foi estimado o gasto energético habitual médio (kcal/kg/dia) nas diferentes práticas de atividades físicas do cotidiano.

Procedimento de campo

    Foi realizado pré-teste com cinco indivíduos que também satisfaziam os critérios de seleção e não participantes do estudo.

    Posteriormente, a proposta da pesquisa foi apresentada para ambas as instituições pesquisadas, e posteriormente foram enviados os instrumentos necessários. Tais instrumentos foram devidamente analisados e aprovados pelas comissões diretoras das instituições pesquisadas. Os questionários foram aplicados entre janeiro e agosto de 2009.

Tabela 1. Distribuição das mulheres participantes do estudo, segundo instituição esportiva e faixa etária, Botucatu-SP

Resultados

    Participaram do estudo 48 indivíduos, todas do gênero feminino, praticantes de exercícios físicos regulares em duas instituições esportivas (N1 e N2) do município de Botucatu - SP, com idades entre 50 e 78 anos. Destaca-se o número elevado de participantes com idade entre 50 a 59 anos (43,8%) e que todas são integrantes do grupo N1, enquanto que, por outro lado, todas as participantes (27,1%) do grupo etário 70 e acima pertencem à instituição esportiva 2 (N2).

    De acordo com a prática de exercício físico (Tabela 2), observa-se em N1 maior prevalência das participantes em atividades como: Caminhada (84,0%), musculação (80,0%), alongamento (60,0%) e aulas de ginásticas gerais (44,0%). Já para o grupo N2, as entrevistadas reportaram maior frequência nas atividades: caminhada (69,6%), alongamento (91,3%) e aulas de ginásticas gerais (91,3%). Em relação aos dois grupos, observa-se maior participação das entrevistadas de N1 para a atividade Musculação, correspondendo a 80,0% do total deste grupo. O grupo N2 declarou 21,7% do total de participantes do grupo N2. Observa-se também diferença significativa entre os dois grupos para as atividades Ginásticas gerais, quando 91,3% do grupo N2 e 44% do N1 participam destas atividades.

Tabela 2. Distribuição das mulheres participantes do estudo segundo, instituições esportivas, faixa etária e modalidades de exercícios físicos, Botucatu-SP

    Em relação à prática de atividades físicas em função da faixa etária, observa-se maior prevalência das participantes do grupo N1 nas atividades caminhada (68,0%), musculação (68,0%), e alongamento (44,0%) para a faixa etária 50 – 59 anos, em comparação ao grupo N2 em que não foram mencionadas nestas idades. Este fato é inversamente observado nas atividades praticadas pelo grupo N2 para a faixa etária 70 anos e acima, em que não há participantes do grupo N1. De acordo com a Tabela 1, há diferença significativa de faixas etárias entre os dois grupos (p< 0,05), o que poderia influenciar os resultados acerca das atividades físicas das participantes. Em relação às atividades Corrida e Esportes diversos, foi mencionada limitada adesão por parte das entrevistadas.

    A Tabela 3 apresenta a estimativa de gasto energético habitual para a população investigada. Para o grupo N1, a média total do gasto energético foi de 41,6 kcal/kg/dia, sendo que, desta, a média para a faixa etária 50 – 59 anos de 42,2 kcal/kg/dia e para a faixa etária 60 – 69 anos de 38,5 kcal/kg/dia. Em relação à N 2, a média foi de 41,3, kcal/kg/dia, sendo que, para a faixa etária 60 – 69 anos 42,2 kcal/kg/dia e para a faixa etária 70 anos e acima 40,5 kcal/kg/dia.

Tabela 3. Distribuição das mulheres participantes do estudo, segundo instituição esportiva, gasto energético e faixa etária, Botucatu-SP

Discussão

    O desenho da pesquisa considerou as variáveis de estudo dentre as mulheres destas duas instituições esportivas, não sendo possível estender a representatividade para toda a população do município.

    Identificou-se diferença significativa entre os grupos investigados em relação à idade. Este fato dificulta comparações, considerando a influência e determinação desta variável no comportamento de saúde (Salles-Costa et al., 2003). Sendo assim, optou-se por discutir a descrição de cada grupo.

    De acordo com Matsudo et al. (2002), ao analisar o nível de atividade física da população do estado de São Paulo, foi constatado o declínio do nível de atividade física entre mulheres de acima de 75 anos em relação às mais jovens. Este fato também foi constatado por Kriska & Caspersen (1997) e relativamente observado neste estudo. A partir dos dados obtidos, observa-se que a participação das entrevistadas limita-se ao tipo de atividade proposta, bem como sua intensidade. Estes dados corroboram outros estudos em que a idade cronológica das participantes é inversamente proporcional ao número de participantes ativas quando se trata de atividades vigorosas. Já para a caminhada o fenômeno se diferencia, apontando maior envolvimento entre as de maior idade investigada (Matsudo et al., 2002).

    Em relação às atividades físicas mais praticadas, a caminhada foi a atividade preferencialmente realizada, seguida pela ginástica, fato que corrobora estudos de Salles-Costa et al.(2003) e Matsudo et al. (2002). A caminhada tem como característica a auto-regulação em termos de intensidade, duração e freqüência, assim como baixo impacto, sendo uma possibilidade para aumentar o nível de atividade física das idosas. Também está associada a redução do risco de fratura do quadril em mulheres após a menopausa (Morris e Hardman, 1997 apud Mazo et al., 2005). No presente estudo, a caminhada teve prevalência de 77,1%, o alongamento 75,1% e a ginástica 66,7%, no entanto, o alongamento em algumas pesquisas é componente das aulas de ginástica, como no estudo de da Silva et al. (2006), ficando assim os dados referentes à prática do alongamento encobertos pelos dados das ginásticas em geral.

    No que se refere à prática da musculação, Rufino et al. (2000) constataram que em academias no Rio Grande do Sul a maioria dos frequentadores eram mulheres. Saba (2001), em estudo realizado em academias de São Paulo, constatou que 74,9% da amostra praticava musculação. No presente estudo, a prevalência da prática da musculação foi de 52,2% para o total das entrevistadas, contudo, obteve-se 80,0% de prevalência para a N1, acompanhando tendência observada na literatura. Já o grupo N2 cerca de 21,7% mencionaram esta prática. Sugere-se que esta diferença entre as duas instituições esportivas poderia relacionar-se ao perfil programático das atividades disponibilizadas.

    A relação do gasto energético das participantes deste estudo corrobora dados de Benedetti; Mazo e Barros (2004). Em avaliação do nível de atividades físicas de mulheres idosas em relação ao cotidiano de atividades físicas, observaram média de 40,7 ± 3,1 kcal/kg/dia. No atual estudo os valores estimados em média foram 41,5 ± 3,9 kcal/kg/dia, sendo que não há diferença significativa entre instituições (N1 para N2).

    Em estudo realizado por Tribess e Virtuoso Júnior (2004), verificou-se a o gasto energético de mulheres de 60 anos ou mais entre residentes asilares e idosas independentes. A média de gasto energético habitual para mulheres independentes foi de 48,75 ± 6,30 kcal/kg/dia. Tornam-se necessárias maiores investigações considerando o tipo de atividade desenvolvida, dentre atividades ocupacionais, esportivas e de lazer, para o presente gasto energético.

    A partir dos dados apresentados, se destaca a complexidade de variáveis envolvidas na determinação do estilo de vida ativo, assim como suas formas de organização e realização. A ampliação do acesso aos programas de atividades físicas orientadas devem considerar as características da população, suas expectativas, necessidades e pluralidade social.

Referências

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