Efeitos no desenvolvimento motor
de escolares do 4ª ano do ensino Efectos en el desarrollo motor de escolares de cuarto grado de nivel primario participantes de un programa de juegos predeportivos |
|||
*Professora de Educação Física. Licenciada pela Unoesc campus de São Miguel do Oeste **Professora do Curso de Educação Física da Unoesc campus de São Miguel do Oeste. Mestre em Educação Física (Brasil) |
Naíssa Carmine Schaurich* Sandra Fachineto** |
|
|
Resumo Objetivou-se analisar os efeitos no desenvolvimento motor dos alunos do 4° ano de uma escola municipal do Município de Tunápolis, SC submetidos a um programa orientado de jogos pré-desportivos. Participaram 23 alunos, escolhidos de forma intencional e voluntária. As avaliações de pré e pós-teste referente ao desenvolvimento motor (motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e lateralidade) foram feitas utilizando a Escala de Desenvolvimento Motor proposta por Rosa Neto (2002). Foram ministradas 12 aulas, levando em conta jogos pré-desportivos visando aprimorar o desenvolvimento motor dos alunos. Para análise de diferença ou semelhanças dos dados foi utilizado t de Student pareado, adotando o nível de significância de p≤0,05. Após a intervenção houve diferenças estatisticamente significativas para todas as variáveis de estudo, em especial para a organização espacial. Na lateralidade, a maioria das crianças se mostrou destra completa. Dessa forma, conclui-se que a proposta de jogos pré-desportivos foi positiva, auxiliando no desenvolvimento motor dos alunos. Unitermos: Desenvolvimento motor. Jogos pré-desportivos. Escolares. Ensino fundamental.
Abstract The objective was to analyze the effects on motor development of students in 4th year of a municipal school in the city of Tunápolis, SC undergoing a program of pre-oriented sports. The study involved 23 students, chosen intentionally and voluntarily. The evaluations of pre-and post-test related to motor development (fine motor skills, global motricity, balance, body scheme, spatial organization and laterality) were made using the Motor Development Scale proposed by Rosa Neto (2002). 12 lectures were given, taking into account pre-sports games aimed at enhancing motor development of students. For analysis of differences or similarities of the data we used paired Student t, adopting the significance level of P ≤ 0.05. After the intervention was statistically significant for all study variables, in particular for spatial organization. On the side, most children showed complete right hand. Thus, it is concluded that the proposed pre-sports games has been positive, helping the motor development of students. Keywords: Motor development. Pre-Games sports. School. Elementary school.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
O desenvolvimento motor de cada sujeito está em constante mudança. De acordo com Rosa Neto (2002, p. 12) “um bom controle motor permite à criança explorar o mundo exterior aportando-lhe as experiências concretas sobre as quais se constroem as noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual.” Desta forma, é na infância que essa prática deve estar mais presente. Santos, Dantas e Oliveira (2004, p.1) mencionam que:
O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de um amplo espectro de habilidades motoras, que possibilita a criança um amplo domínio do seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas), locomover-se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular objetos e instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc.). Essas habilidades básicas são requeridas para a condução de rotinas diárias em casa e na escola, como também servem a propósitos lúdicos, tão característicos na infância.
Fazem parte do desenvolvimento motor, motricidade fina ou ainda coordenação motora fina, motricidade global que pode ser substituída por coordenação motora ampla, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade. (ROSA NETO, 2002)
Destaca-se que um dos meios que podem ser utilizados para o trabalho do desenvolvimento motor são os jogos pré-esportivos, pois estimulam a criança pelo lado lúdico, fazendo com que a criança não se canse de jogar, “contextos que fomentam os simbolismos contidos nos jogos e brincadeiras infantis podem desencadear nas crianças um interesse crescente na busca da descoberta de diferentes modos de movimentar-se”. (ALBERTI, 1984).
Diante do pressuposto objetivou-se analisar os efeitos no desenvolvimento motor dos alunos do 4° ano de uma escola municipal do Município de Tunápolis/SC submetidos a um programa orientado voltado aos jogos pré-desportivos.
Metodologia
Caracterização da pesquisa e design experimental
Esta foi caracterizada como quanti-qualitativo do tipo quase-experimental.
Quadro 1. Design do estudo
GE: Grupo Experimental
X: escolares de uma turma do 4º ano (matutino) submetidos a um programa orientado de jogos pré-desportivos
01: Pré-teste – avaliação da motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e lateralidade
02: Pós-teste - avaliação da motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e lateralidade
Amostra
Participaram 23 alunos com idade entre 9 e 10 anos, sendo 13 do gênero feminino e 10 do gênero masculino. Os mesmo foram selecionados de forma intencional e com participação voluntária. Como critério de seleção foi utilizado a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos pais ou responsáveis.
Instrumentos da coleta de dados
Para avaliação dos alunos, foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) de Rosa Neto (2002).
Para acompanhamento de situações vivenciadas durante o decorrer das aulas foi utilizado um diário de campo.
Proposta de intervenção
A proposta teve por base a abordagem desenvolvimentista. As aulas tiveram duração de 45 minutos, e ocorreram três vezes por semana durante dois meses, levando em conta pré-teste, intervenção e pós-teste. As aulas foram desenvolvidas no seguinte formato: Introdução à aula em uma breve conversa, alongamento e/ou aquecimento, parte principal e volta à calma.
Sendo assim, optou-se pelo seguinte planejamento de execução da proposta:
Quadro 2. Proposta de intervenção
Técnica de análise dos dados
Para avaliação dos dados foi usado o programa computacional SPSS, versão 11.5. Foi usada a estatística descritiva (média e desvio padrão; freqüência absoluta) para caracterizar a amostra e o teste t de Student pareado para comparação dos resultados antes e depois das aulas.
Apresentação e discussão dos resultados
A tabela 1 mostra a comparação da idade motora geral (IMG), a idade cronológica (IC) e o quociente motor geral (QMG) levando em conta pré e pós-testes. Define-se IMG como a soma dos resultados positivos obtidos nas provas de habilidade (motricidade fina, equilíbrio, motricidade global, esquema corporal e organização espacial). (ROSA NETO, 2002). A IC é obtida “através da data de nascimento da criança, geralmente dada em anos, meses e dias. Logo, transforma-se essa idade em meses” (ROSA NETO, 2002, 37). O QMG é “obtido através da divisão entre a idade motora geral e idade cronológica multiplicado por 100”. (ROSA NETO, 2002, 38).
Tabela 1. Comparação das variáveis de desenvolvimento motor dos alunos do 4° ano de uma escola Municipal de Tunápolis em relação ao pré e pós-testes
Observa-se que os valores médios apontam que as crianças deste estudo apresentaram IC superior a IMG e ao QMG antes e após a intervenção. Porém, observa-se uma diferença estatisticamente significativa na IMG e no QMG, sendo que os valores médios aumentaram em relação ao pré-teste. Assim, as atividades baseadas nos jogos pré-desportivos foram favoráveis ao desenvolvimento motor das crianças.
A tabela 2 mostra a comparação do pré e pós-teste em relação à idade motora (em meses). A idade cronológica das crianças, não sofreu grandes alterações em virtude do curto espaço de tempo entre pré e pós-testes. As demais variáveis tiveram diferenças significativas, demonstrando aumento nos valores médios da idade motora.
Tabela 2. Comparação da idade motora (meses) para cada variável do desenvolvimento motor dos
alunos do 4° ano das séries iniciais de uma escola Municipal de Tunápolis em relação ao pré e pós-testes
Salienta-se que para a organização espacial as crianças evoluíram significativamente. Conforme Arruda e Silva ([2009?] p. 5) uma criança que tenha um bom desenvolvimento da Organização Espacial cresce de forma independente, haja vista que uma criança com dificuldade nesse aspecto, se machuca com freqüência, bate em si mesma, no corpo de outras pessoas, ou ainda em corredores e paredes, esta evolução é dividida em duas partes, a primeira que esta relacionada a percepção imediata do ambiente e a segunda, que esta relacionado as operações mentais.
O gráfico 1, apresenta a lateralidade dos alunos do 4° ano. Como podemos ver, o índice mais elevado é de crianças com lateralidade “destra completa”.
Gráfico 1. Lateralidade de escolares do 4° ano das séries iniciais do de uma Escola Municipal de Tunápolis em relação ao pré e pós-testes
De acordo com Pazin, Frainer e Moreira (2006) apud Forchezatto e Fachineto (2009, p. 12) a lateralidade da criança é estabelecida entre os 6 – 7 anos, sendo que os fatores para isso acontecer, estão ligados inteiramente a fatores múltiplos e combinados. Uma lateralidade bem definida e o fortalecimento deste são importantes para as crianças, sendo que este irá auxiliar em outros aspectos como da sua organização espacial e coordenação motora geral.
O gráfico 2 apresenta a freqüência de crianças classificadas de acordo com o QMG. Pode-se perceber que a maioria das crianças melhorou seu desenvolvimento motor passando da classificação “Inferior” e “normal baixo” para “normal médio”.
Gráfico 2. Classificação dos escolares do 4º ano de uma escola Municipal de Tunápolis, SC em relação ao QMG do pré para o pós-teste
Este fato vai ao encontro do estudo de Peter e Fachineto (2011, p.7), as quais mostraram que os alunos melhoraram o QMG após a prática de pequenos jogos esportivos, levando a crer, que os jogos são ferramentas auxiliadoras no processo de aquisição dos aspectos presentes no desenvolvimento motor.
Conclusões
Constatou-se que houve melhoras estatisticamente significantes (P≤0,05) para todas as variáveis do desenvolvimento motor (Motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial) analisadas após os jogos pré-desportivos. Ainda, a lateralidade predominante nos alunos foi o de “destro completo”.
Pode-se perceber que a maioria das crianças melhorou seu desenvolvimento motor passando da classificação “Inferior” e “normal baixo” para “normal médio”.
Desta forma, pode-se perceber que os jogos pré-desportivos se constituem ferramentas ou mesmo estratégias de aulas interessantes para os professores aprimorarem os aspectos motores dos alunos.
Referências
ALBERTI, Heinz; ROTHEMBERG, Heinz. Ensino de jogos esportivos. São Paulo. Ao livro técnico. 1984. 133 p.
ARRUDA, Kleiton Marcelo Ferreira, SILVA Eduardo Adrião Araujo. Desenvolvimento Motor na Educação Infantil através da ludicidade. Connection online, [2009?].
FORCHEZZATO, Rafael; FACHINETO, Sandra. Lateralidade e equilíbrio em crianças de 1° a 3° séries do município de Descanso/SC – Diagnóstico e proposta de intervenção. Cinergis. v. 10, n. 1, p. 8-15 Jan/Jun, 2009
PETER, Vanise Cassia. FACHINETO, Sandra. Desenvolvimento motor de crianças de 3ª séries de uma escola municipal: proposta de intervenção baseada nos pequenos jogos esportivos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 16. n. 155. p. 1-9, Abr 2011. http://www.efdeportes.com/efd155/intervencao-baseada-nos-pequenos-jogos-esportivos.htm
ROSA NETO, Francisco. Manual de avaliação motora. 1 ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. 136 p.
SANTOS, Suely; DANTAS, Luiz; OLIVEIRA, Luiz Alberto de. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev. paul. Educação. Física. São Paulo, v.18, p.33-44, ago. 2004.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 17 · N° 175 | Buenos Aires,
Diciembre de 2012 |