Educação sexual: percepções de
adolescentes de um Pró-Jovem Educación sexual: percepciones de adolescentes de un Pro-Joven del municipio de Espinosa, MG a través de un relato de experiencia |
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*Enfermeiro pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (MG) Pós-Graduando em Saúde da Família pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG) Atua na Estratégia Saúde da Família de Espinosa/MG **Enfermeira pela Universidade Estadual de Minas Gerais Especialista em Saúde da Família pela universidade Estadual de Montes Claros (MG) Docente da Pós-Graduação em saúde da Família da UNIMONTES ***Enfermeiro(a) pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG) Docente das Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE) ****Enfermeira pela Universidade Federal de Minas Gerais. Docente das Faculdades Unidas do Norte de Minas e Unimontes *****Enfermeiras coordenadoras da Secretaria Municipal de Saúde de Espinosa/MG (Brasil) |
Patrick Leonardo Nogueira da Silva* Andra Aparecida Dionízio Barbosa** Valessa Gizele Ramos de Oliveira*** José Ronivon Fonseca*** Christiane Borges Evangelista**** Karlla Martins Ludgero***** Daiane Caires Martins de Souza***** Jakeline Tatiane Miranda Gonçalves***** |
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Resumo Adolescência é a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis (físico, mental e social) e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto. Sendo assim, este estudo objetiva relatar o conhecimento e percepções de adolescentes de um Pró-Jovem do município de Espinosa/MG sobre educação sexual. Trata-se de um relato de experiência profissional com adolescentes realizado em um Pró-Jovem durante o mês de julho/2012na cidade de Espinosa/MG. A adolescência é uma fase transição apresentando mudanças que, muitas vezes, são incompreendidas pelos próprios adolescentes. Nesta fase, envolve-se principalmente a relação familiar como ponto de apoio às dúvidas geradas nestes jovens. O jovem muitas das vezes não interage familiarmente em decorrência do medo de censura e retaliações que possam ser feitas pela sua própria família. Muitos destes recorrem a outras pessoas, geralmente, de sua própria faixa etária, devido às transformações serem comuns entre eles, diminuindo, assim, o vínculo familiar e aumentando um provável risco entre os adolescentes, tal como iniciação sexual precoce, gravidez, contração de uma DST, etc. Contudo, o profissional de saúde deve intensificar as educações as educações em saúde realizadas com estes adolescentes de forma a orientá-los corretamente com relação ao momento em que eles vivenciam envolvendo os membros familiares de forma a garantir um aumento na qualidade de vida da população. Unitermos: Adolescente. Saúde do adolescente. Desenvolvimento do adolescente. Gravidez na adolescência. Anticoncepção.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os termos "adolescência" e "juventude" são por vezes usados como sinônimos, por vezes como duas fases distintas, mas que se sobrepõem. Para Steinberg (1993), a adolescência se estende aproximadamente dos 11 aos 21 anos de vida, enquanto a ONU define juventude como a fase entre 15 e 24 anos de idade, sendo que ela deixa aberta a possibilidade de diferentes nações definirem o termo de outra maneira. A Organização Mundial da Saúde define adolescente como o indivíduo que se encontra entre os dez e vinte anos de idade e, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece ainda outra faixa etária - dos 12 aos 18 anos. Além disso, Oerter e Montada (2002) descrevem uma "idade adulta inicial" que vai dos 18 aos 29 anos e que se sobrepõem às definições de "juventude" apresentadas. Como quer que seja, é importante salientar que "adolescência" é um termo geralmente utilizado em um contexto científico com relação ao processo de desenvolvimento biopsicossocial. O fim da adolescência não é marcado por mudanças de ordem fisiológica, mas, sobretudo de ordem sócio-cultural.
O exercício da sexualidade na adolescência poderá constituir risco de grau variável para comprometimento do projeto de vida e até da própria vida, bastando para isto lembrar conseqüências como a gravidez precoce, o aborto, AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. O número de gravidez nesse período da vida tem-se mantido elevado, mesmo nos países desenvolvidos, sendo especialmente preocupante seu aumento nas idades mais baixas (11 a 15 anos) (SAITO & LEAL, 2000).
A sexualidade da juventude tem sido foco de atenção e cuidado. Preocupações sociais, demográficas e epidemiológicas sobre como jovens relacionam-se sexualmente justificam políticas públicas de implementação da Educação Sexual nas escolas (ALTMANN, 2001). Preocupado com a iniciação sexual, o Governo Federal já prevê a antecipação da Educação Sexual. Para o Ministério da Saúde, o público-alvo deixou de ser jovens de 13 aos 24 anos, devendo ser priorizada a faixa etária de 10 a 15 anos, “na qual o número de gestações não segue a tendência de queda do resto da população” (ALTMANN, 2003).
Contudo, este estudo objetiva descrever, através de um relato de experiência, as percepções e conhecimento dos adolescentes de um pró-jovem do município de Espinosa/MG a respeito da educação sexual no período de julho de 2012. Com a modernidade advinda da evolução tecnológica, os jovens de hoje detêm de várias informações importantes para a construção de seu conhecimento, porém o acesso não chega a todos de forma a dificultar a captação destas informações.
Com isso, a educação em saúde com jovens e adolescentes em pró-jovens, escolas ou outras instituições que trabalhem com este público deve ser intensificada repercutindo melhor na melhoria e aumento da qualidade de vida da população de forma que os mesmos aprendam e ensine outras pessoas sobre os riscos ao qual esta fase da vida está exposta, tal como gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, principalmente.
Metodologia
Este estudo trata-se de um relato de experiência profissional na qual descreve o trabalho do Enfermeiro da Atenção Primária com adolescentes da área de abrangência.
Este trabalho foi realizado na Comunidade Galheiros situado no município de Espinosa/MG na qual é assistido pelo ESF Santa Tereza na Unidade Básica de Saúde João Rodrigues dos Santos.
O mesmo contou com a participação de 08 jovens adolescentes, sendo 06 (75%) do sexo masculino e 02 (25%) do sexo feminino. O trabalho foi realizado no dia 11 de julho de 2012 e decorreu das 13h00min às 17h00min abordando as temáticas: Adolescente X Adolescer; Educação Sexual; Gravidez na Adolescência; Métodos Contraceptivos; e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
Nesta Educação em Saúde para Adolescentes, utilizou-se recurso áudio-visual de forma a facilitar o entendimento dos mesmos, tais como data show, prospectos masculinos e femininos, imagens didáticas auto-ilustrativas, modelos de métodos contraceptivos (anticoncepcional oral, pílula do dia seguinte, DIU, camisinha masculina e diafragma). Como estratégias de envolvimento, foram elaboradas dinâmicas e atividades para os alunos de forma a entretê-los na temática abordada.
Foi utilizado um formulário semi-estruturado com questões subjetivas ao final da apresentação do Enfermeiro de forma a avaliar o conhecimento dos adolescentes sobre o que havia sido explicado. Para preservar o sigilo ético, os participantes da pesquisa foram codificados com letras e números ao qual preservasse o anonimato da pesquisa (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7 e A8).
Relato de experiência
A adolescência é uma fase marcante tanto para o adolescente quanto para a família. É uma fase decorrente de dificuldades para quem passa por ela, pois em meio a tantas mudanças tudo se torna novo e confuso fazendo com o que o adolescente procure ajuda dentro da família ou fora dela para tentar entender o que se passa com ele.
Esta fase gera muitos “por que” criando muitas perguntas na cabeça do adolescente na qual o mesmo busca pelas respostas a todos estes questionamentos.
No dia 11 de julho de 2012 foi realizado um curso com adolescentes no Pró-Jovem da Comunidade Galheiros localizada no município de Espinosa/MG sobre a seguinte temática: Educação Sexual para Adolescentes.
Participaram da Educação em Saúde 08 jovens residentes na área de abrangência com intervalo etário entre 14-18 anos.
Dentro desta temática foi trabalhado o Planejamento Familiar, anatomia e fisiologia do sistema reprodutor masculino e feminino, a gravidez na adolescência, os tipos de métodos contraceptivos e algumas doenças sexualmente transmissíveis (DST). Logo após foi trabalhado a questão da adolescência e da puberdade tão enfrentada pelos jovens.
Neste momento os jovens aproveitaram para expor suas opiniões e pontos de vista a respeito do que eles entendiam pela temática. Aproveitaram ainda para tirar suas dúvidas com relação a certas curiosidades que tinham, mas não tinham coragem de perguntar aos pais e amigos por vergonha ou pela família se aborrecer de forma a achar que o filho pudesse estar iniciando qualquer atividade sexual, a mitos e tabus que circundavam suas mentes, dentre outras questões colocas em pauta.
Discussão
Foi perguntado aos jovens através de um formulário o que eles entendiam por Adolescência. Percebeu-se pelas respostas que os adolescentes sabiam definir o conceito desta fase bem como os tipos de mudanças biopsicossociais. Mas ainda sim o conceito de puberdade era confundido com o conceito de adolescência.
“É o momento que o jovem muda de comportamento, [...] seu humor muda, seu corpo também muda na adolescência, o jovem muitas vezes fica perdido, pois não encontra a sua identidade e muitas vezes os pais não entendem que seus filhos precisam de atenção, pois ficam mais rebeldes. [...].” (A1)
“É a fase que se muda tudo nos jovens.” (A2)
“Adolescência é a fase que forma a personalidade.” (A3)
“É uma fase da vida em que começamos a ser adultos.” (A4)
“Começam as mudanças.” (A6)
“Onde ocorrem as mudanças.” (A7)
A adolescência é uma fase da vida humana, caracterizada por um conjunto de transformações sócio-psicológicas e anátomo-metabólicas, deixando o indivíduo exposto a um modelo de vida até então desconhecido, de certa forma vulnerável, mais ao mesmo tempo estabelecendo padrões comportamentais e sonhos que permearão toda a vida. Os padrões comportamentais se definem dentro de um ambiente que envolve a família, os pares, a escola, o social, dentre outros, onde, o adolescente sofre influências para sua formação e construção da personalidade de um futuro adulto (XIMENES NETO et al., 2007).
Consideramos que a adolescência “deve ser encarada como uma etapa crucial e bem definida do processo de crescimento e desenvolvimento, cuja marca registrada é a transformação ligada aos aspectos físicos e psíquicos do ser humano, inserido nas mais diferentes culturas” (SAITO, 2001). Estar adolescendo é “... entrar no mundo, mudar a mentalidade, o corpo, viver ambigüidades, viver uma fase ruim, ter mais responsabilidade e ter abertura da perspectiva de futuro” (CADETE, 1994).
A adolescência é uma fase transitória em que o ser humano em meio aos mais variados tipos de crises, tenta “matar” uma criança que existe dentro de si, para que a partir destas e das novas vivências, do aprendizado, dos processos diversos que vivenciam, sendo no âmbito social, biológico, psicológico e espiritual, como no anátomo-fisiológico, possa “nascer” um adulto socialmente aceito, espiritualmente equilibrado e psicologicamente ajustado (XIMENES NETO et al., 2007).
Durante a adolescência devem ser reconhecidos os padrões de heterogeneicidade e comportamentais que envolvem a afirmação da personalidade, o desenvolvimento sexual e espiritual, a busca e realização dos projetos de vida e da auto-estima e a capacidade de pensamento abstrato. A partir destes processos de vida, normalmente, iniciam-se as crises, que não ocorrendo sua evolução natural, podem levar o adolescente à transgressões, tais como o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas; as práticas sexuais sem a adoção de medidas de proteção tanto para as doenças sexualmente transmissíveis (DST) , em especial para o HIV- vírus da imunodeficiência humana, quanto para a paternidade e a maternidade; o estabelecimento de conflitos de personalidade, que podem incidir desde a dificuldade de relacionamento com os pais e demais pessoas de sua convivência, como a tentativa e/ou realização do suicídio ou ainda, o envolvimento nos grupos de tráfico de drogas e assaltos (XIMENES NETO et al., 2007).
Em se tratando da adolescência, outro fenômeno presente nesta fase é a puberdade. Analisando o conhecimento destes jovens sobre esta variação, tem-se que os mesmos também apresentam uma percepção correta sobre esta variante que é a puberdade. Percebe-se que as transformações biopsicossociais são enfatizadas pelos próprios adolescentes.
“O corpo do jovem muda, as meninas mudam o corpo, os meninos também mudam. É a fase em que os jovens deixam de ser crianças e passam por esta fase, logo chegam a adolescência e a fase adulta. [...] o jovem precisa se conhecer a si mesmo e notar as mudanças que estão acontecendo com seu corpo.” (A1)
“É quando o corpo das meninas e dos meninos passa por mudanças.” (A2)
“Quando começam a nascer pêlos, a voz altera, a cabeça já não é mais a mesma.” (A6)
A criança estrutura sua vida mental, passando pela fase sensório-motora, período pré-conceitual até alcançar o período do pensamento lógico-concreto. Nessa fase que antecede a puberdade, as operações mentais exigem situações concretas, presentes, a fim de se processarem. É devido à maturação e a cooperação entre os outros indivíduos que a pessoa, na puberdade, é evada ao desenvolvimento da lógica formal, baseada nos símbolos e na ação internalizada ou operação (SILVA, VIANA & CARNEIRO, 2011).
Há vários indícios, ou seja, aspectos biológicos que caracterizam a adolescência. A puberdade ou maturidade sexual, o desenvolvimento do busto nas meninas, o crescimento acelerado dos órgãos sexuais nos meninos, o aparecimento dos pêlos do púbis, os pêlos faciais, e axilares, mudança no tom de voz, desenvolvimento do esqueleto e mudança de estatura (SILVA, VIANA & CARNEIRO, 2011).
Quanto às dificuldades mais enfrentadas por eles, os adolescentes, quando estes chegam nesta fase, a maioria relatam que as crises de identidade e as dúvidas são os problemas mais prevalentes ao qual os jovens passam. Estas dificuldades podem ser trabalhadas ensinando, principalmente, a família a lidar com esta situação de forma a orientar o adolescente no caminho certo.
“A dificuldade de se expressar, de colocar tudo o que está sentindo pra fora. [...] a dificuldade maior é encontrar a sua própria identidade [...] os pais também influenciam para que, em parte, essas dificuldades se tornem cada vez maiores, pois o jovem muda de comportamento e seus pais não os entendem e acabam dizendo que seus filhos são aborrecentes.” (A1)
“De saber lidar com as situações.” (A2)
“[...] saber o que é certo ou errado [...].” (A5)
“As dúvidas.” (A6, A7, e A8)
A fase de transição entre a infância e a idade adulta é puberdade que tem sido estudada como um processo complexo, caracterizado por um conjunto específico de transformações físicas e biológicas e produzida de forma simultânea ou alternada vem o fenômeno da adolescência, um processo psicológico de adaptação à condição de pubescência (IMONIANA, 2006).
Instala-se então o que podemos chamar de crise de identidade, o adolescente está em busca de sua identidade, que será movida por uma ampla e profunda desestruturação, com desequilíbrios e instabilidade. É no período da adolescência que o individuo vai questionar as construções dos períodos anteriores, próprios da infância. O adolescente assediado pelas transformações fisiológicas próprias da puberdade necessita rever suas posições infantis frente à incerteza dos papéis adultos que apresentam a ele. Será então seguida por um processo de reestruturação da personalidade. No presente estudo podemos observar que o adolescente que se encontra em um momento de grandes transformações físicas, emocionais e modificações corporais, o jovem se vê diante de sentimentos contraditórios: auto-estima, insegurança e medo, etc. E por outro lado há uma grande necessidade de ser aceito no grupo de pares. Começa a questionar sobre o futuro. Inicia-se a busca da identidade com tentativa de independência, é a entrada em uma nova realidade que produz confusão e perda de certas referencias (IMONIANA, 2006).
Estas dificuldades podem ser trabalhadas de acordo ações desenvolvidas na própria área de abrangência, ou até mesmo dentro da família, da escola ou em qualquer outro ambiente ao qual apresente jovens. Existem várias estratégias que podem ser utilizadas para abordar o adolescente fazendo com que os mesmos participem, dêem opiniões, tirem suas dúvidas sobre possíveis mitos, curiosidades ou algo escondido dentro de si mesmo há muito tempo.
“Através de palestras, dinâmicas, muita conversa, muito diálogo com os pais das jovens para que eles possam conversar melhor com seus filhos e também com cursos sobre Educação Sexual [...] com a intenção de dar mais informação e tirar as dúvidas de cada um.” (A1)
“Dando palestras.” (A2, A6, e A8)
O trabalho de crianças e de adolescentes tem sido objeto de estudos que tratam do tema com enfoques teóricos distintos, os quais têm suscitado indagações em função das conseqüências que o trabalho acarreta no desenvolvimento psicológico e intelectual e na escolarização de crianças e adolescentes (GUIMARÃES & ROMANELLI, 2002).
Para os pais, tal experiência é marcada por sentimentos variados, tais como surpresa, decepção, raiva, culpa ou alegria, e também por questionamentos do tipo “por que isto aconteceu?”, “onde foi que eu errei?”, “será que dei liberdade demais à minha filha?”. Na verdade, a gravidez na adolescência denuncia, de um modo contundente, um fenômeno que costuma ser ignorado no ambiente familiar - a sexualidade do adolescente. Por isso a gravidez, ao mesmo tempo em que exige novos arranjos na estrutura e funcionamento familiar, questiona os pais e a própria adolescente sobre os modos de percepção e expressão da sexualidade (DIAS & GOMES, 1999).
Os signos culturais referem-se às ideologias sobre sexualidade e família que circulam no meio em que vivem os pais. Incluem as percepções dos pais sobre suas condições concretas de existência (renda familiar, bairro onde moram, valores comuns) e as percepções sobre as mensagens veiculadas pela mídia sobre o comportamento habitual dos jovens. Estas percepções defrontam-se com contrastes e diferenças geracionais na linguagem, nas diversões preferidas e na moda. Os signos culturais também são influenciados pelas percepções da violência urbana e das doenças sexualmente transmissíveis (DIAS & GOMES, 1999).
Os signos familiares referem-se ao estilo de relação interpessoal e prática comunicativa entre os pais, entre os filhos, e entre os pais e os filhos. Como se sabe, a estrutura familiar passou por muitas transformações nos últimos anos. A família trocou o modelo hierárquico, no qual os papéis familiares eram rigidamente estabelecidos e o poder centralizado na figura do pai, por um modelo igualitário, no qual se destacam os ideais de liberdade e respeito à individualidade. Neste modelo, não é correto que os pais imponham suas idéias aos filhos ou os proíbam de fazer certas coisas. O desenvolvimento dos filhos passa a ser orientado pela experimentação e descoberta. O diálogo, e não a autoridade, impõe-se como valor fundamental na educação e nas relações familiares (BENINCÁ, 1994; FIGUEIRA, 1991).
Considerações finais
O atendimento ao adolescente possui características específicas que não devem ser ignoradas, especialmente do ponto de vista do atendimento psicológico. O adolescente pouco adoece, porém apresentam uma maior preocupação em relação às mudanças de comportamento, inclusive comportamentos de risco. Daí a importância de haver profissionais de Psicologia atuando em equipes que atendem adolescentes. O trabalho interdisciplinar constitui-se em um modelo eficiente para o seguimento da pessoa em desenvolvimento, privilegia a prevenção e permite o diagnóstico precoce, propiciando um desenvolvimento harmonioso.
Contudo, neste relato de experiência é identificado que o adolescente apresenta conhecimentos satisfatórios sobre a fase em que vivenciam, porém apresentam-se despreparados com relação aos tipos de mudanças ao qual irão passar. As mudanças e as dificuldades são inatas do próprio adolescente, de forma a caber à família intervir de forma a orientá-los sobre as novas mudanças ao qual passarão. Cabe, ainda, aos profissionais de saúde trabalhar com grupos de adolescentes de forma a interagi-los com outros adolescentes ao qual passam pela mesma fase da vida.
Referências
ALTMANN, H. Orientação sexual nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 575-585, 2001.
ALTMANN, H. Orientação sexual em uma escola: recortes de corpo e de gênero. Cadernos Pagu, Campinas, SP, v. 21, p. 281-315, 2003.
BENINCÁ, C. R. S. Permutas intergeracionais na família: convergências e divergências no comportamento e nos valores. Dissertação de mestrado não publicada, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 1994.
CADETE, M. M. M. Da adolescência ao processo de adolescer (tese). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, USP; 1994.
DIAS, A. C. G.; GOMES, W. B. Conversas sobre sexualidade na família e gravidez na adolescência: a percepção dos pais. Estudos de Psicologia. Rio Grande do Sul, v. 4, n. 1, p. 79-106, 1999.
Figueira, S. A. O “moderno” e o “arcaico” na nova família brasileira: notas sobre a dimensão invisível da mudança social. Em S. A. Figueira (Org.), Nos bastidores da psicanálise (p.11-30). Rio de Janeiro: Imago. 1991.
GUIMARÃES, R. M.; ROMANELLI, G. A inserção de adolescentes no mercado de trabalho através de uma ONG. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 2, p. 117-126, jul./dez. 2002.
IMONIANA, B. B. S. Crise de identidade em adolescentes portadores de Diabetes Mellitus do tipo 1. Psicologia para América Latina. [Online]. 2006, n. 7, p. 1-5. ISSN 1870-350X.
OERTER, R.; MONTADA, L. Development Psychology. capítulo 7, p. 258-318. Weinheim: Beltz, 2002.
SAITO, M. I.; LEAL, M. M. Educação sexual na escola. Pediatria (São Paulo). São Paulo, v. 22, n. 1, p. 44-48, 2000.
SAITO, M. I. Adolescência, cultura, vulnerabilidade e risco. A prevenção em questão. In: SAITO, M. I.; SILVA, L. E. V. Adolescência: prevenção e riscos. São Paulo (SP): Atheneu; 2001. p. 33-38.
SILVA, P.S. M.; VIANA, M. N.; CARNEIRO, S. N. V. O desenvolvimento da adolescência na teoria de Piaget. Psicologia. Rio Grande do Sul, RS, p. 1-13, 2011.
STEINBERG, L. Adolescence. 3rd Ed, New York: MacGraw-Hill, 1993.
XIMENES NETO, F. R. G.; DIAS, M. S. A.; ROCHA, J.; CUNHA, I. C. K. O. Gravidez na adolescência: motivos e percepções de adolescentes. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, DF, v. 60, n. 3, p. 279-285, maio-junho, 2007.
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