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Desenvolvimento motor em adultos

El desarrollo motor en adultos

 

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano

Escola de Educação Física

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof. Dr. Guilherme Garcia Holderbaum

ghgarcia@ibest.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desta resenha foi discutir questões relacionadas ao desenvolvimento motor em adultos, mais especificamente na forma como o desempenho de tarefas motoras em adultos pode ser influenciado por diversos fatores como a degeneração do sistema fisiológico, entre outros. Esta revisão também pretende ampliar o conhecimento dos Professores de Educação Física que atuam junto a este público para fins de minimizar as limitações causadas nas capacidades motoras dos adultos devido ao envelhecimento, proporcionando-os maior qualidade de vida. Esta discussão foi realizada a partir da visão de GALLAHUE & OZMUN (2001).

          Unitermos: Desenvolvimento motor. Capacidades motoras. Adultos.

 

          Resenha crítica realizada na disciplina de Desenvolvimento Motor do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da ESEF, UFRGS, Brasil. Disciplina Ministrada pela Profa. Dra. Nadia Valentini.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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    O desenvolvimento e crescimento humano nos períodos pré e pós-natal podem ser afetados por diversos fatores e/ou condições. Da mesma forma ocorre na fase adulta, uma vez que o desempenho de tarefas motoras em adultos pode, também, ser comprometido devido a um processo de degeneração do sistema fisiológico relacionado à idade (GALLAHUE & OZMUN, 2001). Este processo, comumente conhecido como envelhecimento, representa para muitas pessoas, a limitação na execução de tarefas motoras.

    Entre os principais fatores que provocam o declínio do desempenho motor na fase adulta, além do envelhecimento, estão: (1) o estado de saúde dos sistemas fisiológicos, (2) as doenças, (3) as características psicológicas, (4) o ambiente em alteração, (5) o estilo de vida, (6) as exigências da tarefa e, em muitos casos, (7) até uma combinação destes elementos (GALLAHUE & OZMUN, 2001).

    Com relação ao estado de saúde dos sistemas fisiológicos, às doenças em geral e até mesmo as características psicológicas, GALLAHUE & OZMUN (2001) explicam que um sistema ou órgão danificado em particular pode exercer um papel tão fundamental no desempenho de determinada tarefa motora que outros sistemas não conseguem fornecer compensação suficiente. A influência mútua de dois ou mais sistemas em declínio pode ter efeito comprometedor, também, no desempenho de movimentos específicos. GALLAHUE & OZMUN (2001) também afirmam que o ambiente no qual a tarefa motora é realizada pode influenciar o sucesso no desempenho. Os autores ainda explicam que a iluminação do ambiente, a estabilidade do solo e a temperatura do ar são fatores ambientais que prejudicam a execução de movimento independentemente da idade do indivíduo.

    O declínio no desempenho motor também pode ocorrer devido ao estilo de vida uma vez que deste, façam parte os hábitos alimentares, o tabagismo, o uso de bebidas alcoólicas, a prática de atividade física regular e vigorosa e o sono adequado. Considerando que o estilo de vida repercute diretamente na saúde dos sistemas fisiológicos e estes, por sua vez, afetam o desempenho motor, logo, pode-se afirmar que o estilo de vida está diretamente relacionado ao declínio no desempenho das tarefas motoras.

    O desempenho motor de um adulto depende de uma grande variedade de variáveis, algumas das quais podem ser manipuladas com facilidade, enquanto outras são resistentes a alterações (GALLAHUE & OZMUN, 2001). Isso significa que algumas das tarefas motoras em adultos exigem altos níveis de precisão, já outras exigem grande velocidade e, em alguns casos até a combinação de precisão e velocidade. Com o envelhecimento, ou seja, com a degeneração fisiológica ocorrem perdas significativas tanto na precisão, quanto na velocidade e dessa forma, a realização de tarefas que durante a juventude eram simples de realizar, com o passar dos anos torna-se mais difícil. Em alguns casos é possível adaptar as tarefas a serem realizadas, às atuais condições físicas do indivíduo, já em outros é necessário adaptar o tipo de tarefa a ser realizada, o que nem sempre é viável.

    O desempenho de determinada tarefa depende do nível de exigência da mesma e, este nível pode interagir com certas características associadas à idade no sentido de favorecer o sucesso no desempenho. As alterações no sistema musculoesquelético e no sistema nervoso central podem, também, afetar a velocidade com que a tarefa é realizada, mas não necessariamente a precisão. Este fato pode ser atribuído ao decréscimo nos tempos de reação que ocorrem na medida em que o indivíduo envelhece (GALLAHUE & OZMUN, 2001).

    O tempo de reação é um componente importante no desempenho de uma grande variedade de tarefas motoras e tem sido, há muitos anos, objeto de estudos para aumentar a compreensão do comportamento motor em humanos. O tempo de reação consiste na demora de tempo existente entre a apresentação do estímulo e a ativação inicial dos grupos musculares apropriados para desempenhar a tarefa desejada (GALLAHUE & OZMUN, 2001).

    Existem estudos, segundo GALLAHUE & OZMUN (2001) realizados por Hodgkins (1963), Pierson & Montoye (1958) que mostram que os tempos de reação apresentam um declínio lento nos anos de meia-idade e um declínio rápido na velhice. Estes mesmos estudos mostram que o pico máximo dos tempos de reação ocorre entre o início e a metade da segunda década de vida.

    GALLAHUE & OZMUN (2001) afirmam que existem estratégias de intervenção que minimizar as diferenças nos tempos de reação associadas à idade. As modificações de exigências ou de condições de tarefas específicas melhoram a velocidade de desempenho de adultos mais velhos. O fornecimento de oportunidades para praticar uma tarefa motora também contribui para a melhora do tempo de reação de adultos mais velhos. Outra estratégia que pode ser adotada para minimizar as perdas nos tempos de reação é a prática da tarefa, pois esta reduz a ansiedade que o indivíduo possa ter ao tentar realizar uma tarefa que não lhe seja familiar. A redução do número de movimentos possíveis, selecionados após um sinal, é outro fator de destaque que constitui um método comprovado para melhorar o tempo de reação de adultos mais velhos.

    Com o envelhecimento são percebidas alterações nos padrões de equilíbrio e controle postural. O tempo de reação é um dos fatores que interagem na manutenção do equilíbrio e controle postural. Entretanto, existem outros fatores que também são importantes para o equilíbrio e controle postural. Entre eles estão: (1) sinergias de reação músculo-postural (tempo de sequenciamento da ativação de grupos musculares necessários para manter o equilíbrio ou controle postural); (2) sistemas visual (fornece informações sobre a posição do corpo no ambiente), vestibular e somato-sensorial (fornecem informações sensoriais sobre a posição do corpo e da cabeça em relação à gravidade e à percepção da posição das articulações); (3) sistemas adaptativos (modifica informações sensoriais e as reações motoras mediante alterações na exigência da tarefa ou nas características do ambiente); (4) força muscular (manter postura específica e/ou controlar a restauração do equilíbrio); (5) escala de movimentos das articulações (determina a amplitude dos movimentos e grau de equilíbrio) e (6) morfologia corporal (controle dos aspectos biomecânicos relacionados à morfologia que podem afetar a estabilidade) (GALLAHUE & OZMUN, 2001).

    Segundo GALLAHUE & OZMUN (2001) os padrões motores de adultos mais jovens e de adultos mais velhos apresentam diferentes respostas quando estes tentam restabelecer o equilíbrio após o mesmo ter sido perturbado. À medida que a idade avança, o processo de manutenção de equilíbrio e controle postural torna-se menos eficiente, principalmente no adulto mais velho. Este processo implica na ativação de grupos musculares adicionais ou na ativação de grupos musculares agonistas e antagonistas ao mesmo tempo. Esta última pode ser considerada como uma estratégia de compensação devido à inabilidade do adulto mais velho de ajustar adequadamente o controle postural nos mesmos níveis dos adultos mais jovens.

    Segundo GALLAHUE & OZMUN (2001) existem várias possibilidades de intervenção que podem auxiliar na redução do declínio do equilíbrio e controle posturais. Entre estas possibilidades estão: (1) alterações no ambiente (para proporcionar informações sensoriais mais firmes); (2) aumento da força muscular (para moderar o grau de estabilidade das pessoas mais velhas) e (3) aumento da flexibilidade (para melhorar a escala de movimento). Estas intervenções também auxiliam a reduzir o risco de queda nos adultos mais velhos, o que na maioria das vezes, resulta em lesões, fraturas, medo psicológico e, em outras ocasiões, pode levar até a morte.

    De acordo com GALLAHUE & OZMUN (2001) os padrões de caminhada também são afetados com a idade. Embora o ato de caminhar pareça uma tarefa muito simples e quase automática, realizada sem muito esforço, esta se apresenta como muito complexa. A complexidade do ato de caminhar está relacionada com a quantidade de sistemas e estruturas atuantes no corpo de forma interativa. Esta interação ocorre entre o sistema nervoso central, os músculos e articulações do corpo, vários sistemas sensoriais, forças gravitacionais e fatores ambientais. Uma vez que haja danos, ou mesmo alterações relacionadas à idade, em quaisquer destes sistemas e/ou estruturas, o padrão de caminhada pode ser comprometido. Com o envelhecimento, muitas características do padrão de caminhada sofrem alterações. Pode ser percebido que adultos mais velhos, mesmo saudáveis, vêm apresentando diminuição no comprimento da passada, aumento no período de apoio duplo, redução na desobstrução do solo feita pelos dedos dos pés, alteração das estratégias usadas quando os pés retiram obstáculos do solo e diminuição da velocidade do padrão de caminhada. No entanto, parece existir uma controvérsia quanto ao surgimento destas limitações. GALLAHUE & OZMUN (2001) afirmam que muitas destas podem ser atribuídas simplesmente a ritmos mais lentos e não problemas fisiológicos.

    A partir da revisão deste capítulo de GALLAHUE & OZMUN (2001) foi possível perceber a importância deste conhecimento, não somente para os profissionais de Educação Física e da área da saúde em geral, como também para o conhecimento de todos os seres humanos, já que todos passarão por este processo. Pode-se destacar como ponto principal que, ao contrário do desenvolvimento motor nos primeiros meses de vida bem como na infância em geral, onde se preconiza a estimulação máxima (adequada a cada faixa etária) para potencializar a maior quantidade possível de capacidades dos indivíduos, no transcorrer da fase adulta para o envelhecimento a estimulação é indispensável, não para que se adquira determinada habilidade, mas para que estas se mantenham o máximo possível durante o envelhecimento com o intuito de permitir ao idoso desempenhar suas tarefas motoras com eficácia e segurança.

Referências

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