efdeportes.com

Avaliação nutricional e nível de atividade física 

de policiais militares do município de São Paulo

Evaluación nutricional y nivel de actividad física de policías militares del municipio de Sao Paulo

 

*Aluna do curso de Nutrição na Universidade Presbiteriana Mackenzie

**Professora do curso de Nutrição da Universidade

Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário São Camilo

(Brasil)

Beatriz Silva Rodrigues de Souza*

Danielle de Assis Cardoso dos Santos*

Laís Cristina Coelho dos Santos*

Luciana Araujo Bueno*

Patrícia Yumi Uemura Paiva*

Profa. Dra. Marcia Nacif**

paty.yumi@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Uma dieta saudável pode aumentar a disposição para a prática de exercícios físicos e reduzir a incidência de doenças crônicas. Em policiais, a alimentação equilibrada é prejudicada pela falta de tempo para preparar refeições saudáveis e consequentemente, estes indivíduos estão expostos a maiores riscos à saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de atividade física, a composição corporal e a alimentação de policiais militares de um Batalhão da Polícia Militar, localizado na Zona Leste do município de São Paulo. As variáveis estudadas foram: sexo, idade, horas de trabalho, atividade desenvolvida na instituição, hábitos (fumar, beber, sono, alimentação), nível habitual de atividade física e indicadores antropométricos de adiposidade. Os resultados demonstraram elevada prevalência de indivíduos sedentários (19,4%), com sobrepeso (51,6%) e circunferência abdominal elevada (29%), o que pode representar um risco para desenvolvimento de doenças crônicas. Observou-se baixo consumo de leite e derivados (93,5%) e hortaliças (93,5%), e elevado consumo de bebidas alcoólicas (51,6%). Desta forma, passa a ser de suma importância para essa população, uma alimentação equilibrada, orientada por um nutricionista, além de incentivar à prática regular de atividade física para prevenir enfermidades.

          Unitermos: Composição corporal. Nível de atividade física. Alimentação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    Os hábitos alimentares sofrem influências de fatores pessoais (idade, sexo, estado civil, nível ocupacional) e comportamentais (prática de atividade física, horas de sono, consumo de bebidas alcóolicas, tabagismo) e podem causar alterações em índices antropométricos como composição corporal e perímetro da circunferência. Uma dieta saudável pode aumentar a disposição para a prática de exercícios físicos e reduzir a incidência de doenças crônicas. Em policiais, a alimentação equilibrada é prejudicada pela falta de tempo para preparar refeições saudáveis e consequentemente, estes indivíduos estão expostos a maiores riscos à saúde (GRIZZLE, 2009).

    Para a proteção de inúmeras doenças e como promotores de qualidade de vida, têm sido apontados os níveis adequados de aptidão física e de atividade física. Na população de forma geral, inclusive na classe dos policiais militares, durante a fase adulta e com a inserção no mercado de trabalho tem sido identificada uma diminuição nos níveis de aptidão física e no envolvimento com atividades esportivas regulares (TEIXEIRA; PEREIRA, 2008).

    A profissão de policial militar também está exposta a vários fatores estressantes, como salários abaixo de suas responsabilidades institucionais e escalas de serviços sem folgas. A associação desses fatores a outros extrínsecos e intrínsecos podem contribuir para a gênese de várias enfermidades relacionadas à saúde mental e sistema cardiovascular (LEITE; SILVA, 2006).

    Uma vez que os Policiais Militares estão sujeitos a uma estressante rotina de trabalho que envolve desgastes de toda ordem, muitas vezes se verifica a dificuldade dos mesmos em manterem uma regularidade na prática de atividades físicas, que aliada à má alimentação, altera, na maioria das vezes, a composição corporal do indivíduo, conduzindo-os a situações de sobrepeso e obesidade, bem como, às doenças hipocinéticas (JUNIOR, 2009).

    A maioria dos estudos com policiais examina a relação entre IMC, perímetro da cintura, risco de doenças e mortalidade sem avaliar o nível de atividade física. Esta é uma preocupante limitação, uma vez que a aptidão cardiorrespiratória está ligada às reduções nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e por diversas outras causas independentemente do IMC (OLIVEIRA; ANJOS, 2008).

    Portanto, todas as variáveis apresentadas acima são bem mais preocupantes, quando pensamos nos Policiais Militares, tendo em vista que estes indivíduos tem uma grande carga de exigências, como agentes de Segurança Pública, diretamente ligados ao serviço operacional (JUNIOR, 2009).

    Assim, este estudo tem como objetivos avaliar o nível de atividade física, a composição corporal e a alimentação de policiais militares de um Batalhão da Polícia Militar, localizado na zona leste do município de São Paulo.

2.     Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo de delineamento transversal, realizado em um Batalhão de Polícia Militar do Trânsito, São Paulo, localizado na Zona Leste do município de São Paulo. A amostra de estudo foi constituída por policiais militares de ambos os sexos, com idade entre 20 e 47 anos, que aceitaram participar da pesquisa e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Durante a coleta de dados, os policiais militares responderam a um questionário estruturado composto por dados como: idade, sexo, estado civil, horas de trabalho, atividade desenvolvida na instituição, hábitos de vida (fumar, beber, sono, alimentação), nível habitual de atividade física e indicadores antropométricos de adiposidade.

    Os hábitos alimentares dos participantes do estudo foram obtidos por meio do Questionário sobre Hábito Alimentar proposto pelo (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul – CELAFISCS). Este questionário foi analisado e comparado às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira (2006).

    Os indicadores antropométricos de adiposidade avaliados foram o índice de massa corporal e a circunferência abdominal. O peso e a estatura dos indivíduos foram aferidos em posição ereta, sem camisa, sem sapatos, sem farda, braços estendidos ao longo do corpo, com abdômen relaxado e pés juntos.

    O peso corporal foi verificado com uma balança digital de marca CAMRY® com precisão de 100g, capacidade máxima de 120 kg e variação de 0,1kg. Para a estatura utilizou-se uma fita métrica inelástica de 150 cm de comprimento, afixada em parede plana, sem rodapés, a 50 cm do chão. A partir das variáveis peso e estatura calculou-se o Índice Massa Corporal (IMC; kg/m²), que foi classificado de acordo com os critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde (1998).

Quadro 1. Classificação do estado nutricional. São Paulo, 2012

    Para a análise da circunferência abdominal utilizou-se fita métrica inelástica de 150 cm, sendo a medida realizada na cicatriz umbilical. Os valores de circunferência abdominal foram classificados segundo Hans et al. (1995).

Quadro 2. Classificação da circunferência abdominal. São Paulo, 2012

    O nível habitual de atividade física (NHAF) foi analisado através do International Activity Questionnaire (IPAQ), versão curta, proposto pela Organização Mundial da Saúde (1998) e validado por Matsudo et al. (2001).

    Para avaliar o nível de atividade física, utilizou-se o modelo proposto pelos mesmos autores, que propõem classificar os indivíduos em: Sedentário, Irregularmente ativo A e B, Ativo e Muito Ativo.

3.     Resultados e discussão

    A amostra deste estudo foi constituída por 31 policiais militares de um Batalhão de Polícia Militar do Trânsito, situado no município de São Paulo, sendo que deste total, 29 (93,5%) eram homens e 2 (6,4%) eram mulheres, com idade entre 20 e 47 anos.

Tabela 1. Distribuição das características sociais, demográficas e comportamentais de Policiais Militares do município de São Paulo. São Paulo, 2012

    Em relação ao IMC, observou-se prevalência de sobrepeso (51,6%) nos participantes do estudo. Deste percentual, 50% dos policiais eram ativos ou muito ativos segundo a classificação do IPAQ. Supõe-se que a atividade física realizada por esses indivíduos seja em benefício próprio para a perda de peso e prevenção de doenças. Estudo feito por Júnior (2009) no estado de Goiás, com policiais militares, também encontrou grande prevalência de sobrepeso e obesidade nos indivíduos, evidenciando a falta de atenção em relação à prática regular de atividade física.

    Sabe-se que índices de IMC maiores ou iguais a 25 kg/m² representam riscos à saúde relacionados a doenças cardiovasculares, diabetes, problemas na vesícula biliar e alguns tipos de câncer, além de estarem associados a maiores chances de mortalidade devido ao excesso de gordura corporal.

    Em nosso estudo, verificou-se maior prevalência de excesso de peso entre os Policiais Militares de função operacional (64%) quando comparados aos de função administrativa (25%). Tais dados são semelhantes aos encontrados no estudo de Jesus et al. (2011), com policiais militares de Feira de Santana, Bahia.

    Estes achados devem-se provavelmente ao fato de que os policiais com função operacional passam várias horas do dia sentados nas viaturas e, normalmente se alimentam "na rua" e de forma inadequada, consumindo muitos alimentos considerados prejudiciais à saúde, como os “fast foods”, lanches, salgados, frituras, entre outros.

    Verificou-se que os policiais com função administrativa, apesar de também trabalharem a maior parte do tempo sentados, realizam suas refeições no local onde trabalham, sendo estas consideradas de melhor qualidade nutricional.

    Observou-se que dos indivíduos considerados sedentários e que fazem atividade física irregular, 54% apresentaram circunferência abdominal elevada, o que pode representar um risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O estudo de Jesus et al. (2011), não encontrou associações entre o nível de atividade física e o excesso de peso.

Figura 1. Prevalência de consumo dos diferentes grupos alimentares consumidos pelos Policiais Militares. São Paulo, 2012

    Os policiais avaliados relataram um consumo do grupo de leite e derivados (93,5%), frutas (93,5%) e hortaliças (93,5%) abaixo do recomendado, uma vez que o Guia Alimentar para a População Brasileira (2006) recomenda três porções do grupo de leite e derivados, três porções do grupo de frutas e três porções do grupo de verduras e legumes diariamente. No entanto, notou-se consumo de frituras acima do recomendado, em 29% dos policiais.

    Foi observado um alto consumo de bebidas alcoólicas entre os policiais (51,6%), assim como encontrado em um estudo feito por Costa et al. (2007), no qual o percentual de usuários de bebida alcóolica foi significativamente maior do que o percentual de não usuários (64,4%).

    Pôde-se verificar que dos indivíduos com sobrepeso e obesidade, 56,2% ingeriam doces e/ou frituras acima do recomendado pelo Guia Alimentar, sendo que 62,5% eram sedentários ou apresentavam prática de atividade física irregular. De acordo com Minayo (2011), a vida sedentária desses agentes ocupa um papel decisivo no seu adoecimento, uma vez que compromete danosamente sua energia, sua vitalidade e sua eficiência profissional. Deve-se levar em conta também, que a má alimentação associada ao sedentarismo pode prejudicar ainda mais o estado nutricional desses militares.

4.     Conclusão

    Este estudo encontrou muitos policiais militares com excesso de peso, hábitos alimentares inadequados e sedentários. Desta forma, é importante que os participantes da pesquisa recebam informações relacionadas a um estilo de vida mais saudável, visando à prevenção de doenças e melhora de sua qualidade de vida.

Referências bibliográficas

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 175 | Buenos Aires, Diciembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados