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Área Metropolitana do Porto: grandes ou 

pequenos eventos desportivos municipais?

Area Metropolitana de Porto. ¿Grandes o pequeños eventos deportivos municipales?

 

*PhD em Ciências do Desporto

**PhD, Professor Associado FADE.UP

***PhD, Professora Auxiliar FADE.UP

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, CIFI²D
(Portugal)

Carlos Januário*

cfjanuario@gmail.com

Pedro Sarmento**

psarmento@fade.up.pt

Maria José Carvalho***

mjc@fade.up.pt

 

 

 

 

Resumo

          Portugal tem sido palco de grandes eventos desportivos. O exemplo maior terá ocorrido, porventura, em 2004 com a organização da fase final do campeonato europeu de futebol. Isto significa, desde logo, grande empenhamento político da parte da administração pública central, a ponto de o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ, I.P.) evidenciar, só neste início de milénio, vinte e sete despachos governativos atinentes a este propósito e admitindo significativo interesse público. A par desta constatação, o poder local também não tem ficado alheado desta realidade, como bem expressa a agenda política dos municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP) ao incluir os eventos desportivos nas suas principais prioridades. A eles, normalmente, está associado o propósito de mediatização do município, subjacente à lógica de atrair multidões e de externalizar o burgo. Esta complexidade merece, contudo, na realidade presente, particular inquietação oriunda do facto de o apoio ao desporto por parte do poder local ser, certamente, um dos elos mais fracos devido à crise na administração pública (central, regional, local). É nosso propósito, neste estudo identificar e clarificar os contornos atuais desta problemática questionando o que é que o município faz, o porquê e quais as consequências que revertem para o munícipe em matéria de eventos desportivos. Metodologicamente o nosso universo de análise abarca os dezasseis municípios da AMP e, para o efeito, recorremos à realização de entrevistas aos decisores políticos e à investigação documental de fontes diversas atinentes ao enquadramento dos eventos e das atividades físicas e desportivas em contexto autárquico. Os resultados têm por base a análise de conteúdo, a estatística descritiva e a interpretação jurídica e reportam-se ao mandato 2005-09 e ao quadro intencional vertido nos programas eleitorais autárquicos para o quadriénio 2009-2013. As principais conclusões indiciam que os municípios da AMP materializam e propugnam-se dar continuidade a um modelo de grandes eventos desportivos dirigidos a uma elite competitiva e centrados, preponderantemente, na mediatização local. A par deste modelo evidenciam e prometem um incremento de um outro paradigma de eventos com enorme poder desportivo e social, cujo propósito procura acompanhar uma prática menos formal e mais abrangente. Acresce que em muitas circunstâncias associam o desporto a uma boa causa social, o que releva para a colaboração sinérgica do pelouro de desporto com os demais departamentos da administração local.

          Unitermos: Área Metropolitana do Porto. Autarquias locais. Legislação, eventos desportivos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os grandes eventos desportivos são um assunto recorrente de uma aposta municipal para, supostamente, promover o crescimento e desenvolvimento do desporto local. A eles, normalmente, está associado o propósito da mediatização do município subjacente à lógica de atrair multidões e de externalizar o burgo.

    A realidade próxima tem-nos evidenciado a conceção, a organização e a gestão de eventos megalómanos, excessivamente dependentes de “apoios, quase exclusivos” dos poderes públicos – central1, regional e local. Num cenário em que qualquer dos poderes sobrevive com orçamentos depauperados e subjugados ao auxílio externo, acrescido no quadro municipal da amarra à famigerada “lei dos compromissos2”, o que fazer? Acabar definitivamente com este tipo de eventos? Suspender este tipo de eventos enquanto estiver a decorrer o programa de ajuda externa? Congeminar outro tipo de eventos?

    Sem que a resposta se nos afigure fácil, uma hipotética solução passaria por sensibilizar o sector privado a dispor de recursos próprios, mas os ventos também não estão de feição a um retorno económico apelativo logo, não é crível uma aposta forte dos entes privados neste mercado.

    Descartada esta hipótese, restará, porventura, ao poder local, pensar um desporto cujos eventos requeiram menores recursos mas, cujos proveitos oriundos de tal investimento, gerem impacto nas populações e, simultaneamente, não defraudem as expectativas individuais dos praticantes / participantes mantendo, simultaneamente, níveis de visibilidade mediática consequentes.

    Este enquadramento remete-nos para a questão central do presente estudo: o que é que o município faz, o porquê e quais as consequências que revertem para o munícipe em matéria de eventos desportivos na Área Metropolitana do Porto.

Quadro metodológico

    Passamos agora a descrever os aspetos operacionais que suportam a investigação empírica, facultando ao leitor uma maior especificação do caminho percorrido na abordagem aos eventos desportivos em contexto autárquico. Para o efeito, restringimos o nosso universo de análise aos municípios da AMP que associa, dezasseis concelhos (Póvoa de Varzim; Vila do Conde; Trofa; Santo Tirso; Maia; Valongo; Matosinhos; Porto; Gondomar; Vila Nova de Gaia; Espinho; Santa Maria da Feira; S. João da Madeira; Arouca; Oliveira de Azeméis e Vale de Cambra), justificados no argumento da importância no nosso País das duas regiões metropolitanas circunscritas a Lisboa e ao Porto e à sua consequente representatividade social. Estes pressupostos argumentativos apelam, igualmente, para que a oferta desportiva de eventos, sem ser exclusiva, ter que crescer para os territórios onde existe população o que nos impele para o estudo da sua realidade na AMP.

    No que concerne à investigação propriamente dita, centramos o nosso objetivo na recolha de informações oriundas dos presidentes de câmara ou vereadores de desporto recorrendo, para o efeito, a entrevistas semiestruturadas. A este procedimento adicionamos a pesquisa documental de fontes diversas atinentes ao enquadramento dos eventos e das atividades físicas e desportivas neste território e ao quadro normativo que lhes diz respeito.

    Os resultados têm por base a análise de conteúdo, técnica amplamente utilizada em investigação qualitativa nesta área do conhecimento, a estatística descritiva e a interpretação jurídica.

Discussão dos resultados

    O enquadramento legal do nosso estudo tem subjacente, distintos normativos3, todavia, é analisado, predominantemente, sob a ótica das atribuições e competências das autarquias locais4 em distintos domínios5, com particular incidência no âmbito dos “tempos livres e desporto”. Neste contexto, os grandes eventos desportivos são identificados, pelo poder local, como agentes portentosos de mobilização da prática desportiva e, simultaneamente, modelos de fomento e promoção local/regional de que os municípios não abdicam. Com frequência são encarados como fruição cultural das populações, argumento justificável para, pontualmente, as autarquias patrocinarem iniciativas desta envergadura, acrescido ao facto de concentrarem a atenção do mundo económico e político ao qual não é alheio, também, o interesse público.

    De acordo com os dados apurados verificámos um envolvimento ao nível financeiro, logístico e infraestrutural da totalidade dos municípios da AMP perseguindo a mediatização do concelho, na certeza de que este tipo de “acontecimentos desportivos” promove o município e qualifica o desporto aí praticado. São exemplos paradigmáticos a organização, o apoio ou a participação das autarquias metropolitanas em eventos do tipo: campeonatos nacionais, campeonatos europeus, torneios internacionais, maratonas, galas de desporto, meeting´s, regatas, volta a Portugal, circuito da boavista, red bull air race. Concomitantemente, neste âmbito, é vulgar assistirmos à associação do alto rendimento a eventos desportivos com vista à promoção de determinada localidade ou região evidenciado no discurso de vários decisores políticos ao sustentarem que “temos que apoiar o desporto de alta competição” levando-os a, na conexão de interesses vários “apostar num conjunto de eventos com repercussão a nível nacional e internacional”.

    Tal como sustentam distintos autores, Le Du (1995), Vergnes (2004) Correia (2009) surgem, naturalmente, envolvidos interessadamente nos resultados destas políticas públicas de promoção e desenvolvimento, múltiplos atores e entidades. Admitimos, desde logo, quer o político quer o município ao qual este preside pois, no dizer de Canotilho e Moreira (2007), é muito tentador o seu aproveitamento a todos os níveis do poder. A lógica que subjaz a este modelo de grandes eventos está sustentada no princípio de atrair multidões e, consequentemente dar visibilidade (interna e externa) ao município. Para o efeito, os municípios da AMP apostam num conjunto de grandes eventos com repercussão a nível local, nacional e/ou internacional na tentativa de construir a sua “imagem de marca”. Esta notoriedade está subjacente a uma mentalidade mediática enorme (Dulac, 1995; Serpa, 2007; Pereira, 2009) que a expressão seguinte comprova liminarmente, “nós, com o Circuito da Boavista, com uma transmissão em direto para todo o mundo, com um Red Bull Air Race, fazemos com que o nome da cidade e as imagens da cidade cheguem a todo o mundo através de um evento que, por acaso é desportivo”.

    Face ao exposto, não resta qualquer dúvida, de que o desporto na vertente competitiva e de grandes eventos constitui um elemento estruturante da identidade local cujas estratégias recaem, genericamente, em reconhecer a importância do desporto de alto rendimento e do espetáculo desportivo como valores e em converter o município em patrocinador de eventos.

    A par destes grandes eventos e, em estrita conexão, surgem as infraestruturas (desportivas) municipais. Delas ressalta, predominantemente, o investimento em notoriedade e grandeza, dos quais listamos como exemplo os complexos desportivos, os estádios municipais ou os pavilhões multiuso que permitem e possibilitam às dezasseis autarquias “mostrar" que têm condições para albergar e organizar esses mesmos grandes eventos. Neste particular, são várias vezes verbalizados pelos autarcas com laivos de megalomania a grandiosidade dos “nossos equipamentos municipais”, testemunhadas na convicção de que “no País, não há nenhuma cidade que tenha um conjunto tão grande de infraestruturas” e que “hoje já temos muitas áreas desportivas com equipamentos acima da média europeia”.

    Destas evidências discursivas ostentatórias, retiramos a importância deste fator de desenvolvimento para os autarcas da AMP, porque neles promovem e materializam os grandes eventos e deles releva também o ónus do esforço municipal em enobrecer e dar visibilidade ao concelho além-fronteiras. Acrescido a estes aspetos, induzem ainda aos munícipes para a possibilidade de assistirem a grandes espetáculos de cariz desportivo, fator nada negligenciável também, pelos edis, pela visibilidade e palco político. A sustentar todo este modelo diagnosticado na AMP e apesar da diversidade das políticas públicas desportivas, Vergnes (2004) esclarece que cada município faz incidir, em regra, a sua intervenção de forma dominante ou especificamente num dos seguintes domínios (i) material: centrada na infraestruturação de equipamentos desportivos no território municipal (ii) local: centrada na oferta de serviços aos munícipes locais e reduzida abertura ao exterior (iii) promocional: centrada na mediatização territorial e nas relações externas, explorando exponencialmente todo o potencial do desporto na vertente da competição, nos eventos e no turismo da região.

    Contrariando esta opção política de intervenção dominante num dos domínios, o autor alerta para a tendência atual de (i) políticas de equilíbrio: que não privilegiem unicamente um eixo de intervenção e de (ii) políticas adaptadas às especificidades do território.

    Esta chamada de atenção, serve de premissa para enquadrar um outro modelo de eventos pois, a este propósito, descortinámos nos municípios da AMP uma nova tendência que emerge de uma pretensão mais eclética, centrada na organização de eventos de menor dimensão, com cunho solidário, de enorme recetividade na sociedade civil e, simultaneamente mediatizáveis.

    São casos paradigmáticos deste pendor, os eventos pensados e levados a efeito no dia da saúde, dia do idoso, dia mundial da diabetes, dia da pessoa com deficiência, mês do coração, a corrida do homem e da mulher, a semana da mobilidade, entre tantas outras, das quais salientamos também, o conceito recente de Urban Trail. Assumem uma forma contemporânea de promover, proporcionar e comprometer a adesão e participação sinérgica de vários públicos-alvo à prática do exercício físico e, dada a sua massificação são, simultaneamente canal aberto à mediatização do município para além de potenciarem o comprometimento sinérgico entre os diferentes pelouros municipais. No fundo, procuram soluções para responder a uma cada vez maior consciência coletiva e que quotidianamente desafia “pequenos grandes eventos” à autarquia. Tal circunstância constituirá, porventura, a estratégia mais consistente para dar verdadeira dimensão mediática aos municípios pois, como referido, é propícia à promoção e prática do exercício físico e, simultaneamente à externalização deste território para lá dos seus limites administrativos.

    É nesta linha de raciocínio, de análise comparativa das políticas desportivas (grandes eventos vs pequenos eventos), que valorizamos a definição de política pública que Heidenheimer et al., (1990) descrevem como sendo o estudo do como, porquê e para que efeito os poderes públicos perseguem determinados cursos de ação ou inação. Tal significa questionar o que é que o município faz, o porquê e quais as consequências que revertem para o munícipe em matéria de eventos desportivos na AMP.

    Desta questão ressalta, também, o entendimento tendencialmente crescente da necessidade de uma aposta mais informal em infraestruturação para este tipo de “acontecimentos desportivos” e, sobretudo, menos onerosa para o orçamento dos municípios, realidade adequada, portanto, ao atual momento de crise e de enormes constrangimentos financeiros. Da sua consistência e fiabilidade poderia emergir, a nosso ver, um importante papel na socialização dos valores de cultura físico-desportiva da população, mas não deixa de nos remeter para a consciencialização de que será sempre, um processo lento. Senão vejamos, já em plena crise financeira as promessas vertidas nos programas eleitorais dos dezasseis municípios da AMP para o mandato autárquico 2009-13, reincidiam em priorizar, por ordem decrescente, “construir” infraestruturas desportivas, “criar” condições físicas de prática para os clubes / munícipes e “requalificar” o parque desportivo municipal. Escalpelizando um pouco, e circunscritos apenas aos três verbos enunciados nos propósitos político-desportivos mencionados apurámos que a intenção de “construir”, incorpora a persecução de um modelo de desenvolvimento desportivo assente, reiteradamente, em equipamentos estratégicos para o rendimento desportivo propiciadores à materialização de grandes eventos na AMP. São prova cabal as múltiplas declarações de intenção em edificar novos complexos desportivos municipais, pavilhões multiuso e piscinas.

    “Criar” condições físicas de prática aos clubes, reflete a segunda proposta eleitoral que se traduz na necessidade de perpetuar o amparo logístico autárquico ao movimento associativo facultando-lhe recursos vários para a organização, divulgação e concretização de múltiplos eventos neste território.

    A conjugação enunciada pelo verbo “requalificar” procurará, porventura, dar uma imagem aos eleitores metropolitanos de alguma contenção e preocupação em reduzir a despesa municipal, sem baixar a qualidade do investimento. Todavia, as propostas já refletem a preocupação de organizar eventos em espaços públicos, espaços verdes municipais e parques radicais, sem que se vislumbre qualquer tendência à assunção de eventos conjuntos6. Deste modo, evidenciaríamos como relevante das promessas eleitorais a (i) perpetuação da edificação de instalações e equipamentos subsidiária de grandes eventos desportivos e da mediatização, acrescida de (ii) uma leve tendência de requalificação do espaço público tendente à sua ocupação com “pequenos grandes eventos” embora sem (iii) qualquer prerrogativa facilitadora de articulação intermunicipal.

Notas conclusivas

    É lícito afirmar, concluída a análise individual aos dezasseis municípios da AMP, que os grandes eventos desportivos são parte importante de uma estratégia do poder local focada na mediatização que nos é evidenciada, quer na agenda política dos últimos anos, quer nas recentes propostas vertidas nos programas eleitorais autárquicos para o quadriénio 2009-13. Focados na questão central e na viabilidade da perpetuação deste modelo ressalta, deste estudo, que neste contexto de crise latente, associar o desporto / eventos a uma boa causa social parece ser, não só uma tentativa agregadora e mobilizadora das populações mas, também, um fator de coesão a não negligenciar pelos autarcas. O grande argumento redunda, a nosso ver, do facto de que a existência destes eventos ao nível local, para além do suporte à prática de atividades físicas e desportivas constitui, simultaneamente, um fator de promoção, pois divulga e democratiza o seu acesso à generalidade da população. Ao nível da gestão municipal consciencializam, ainda, para a necessidade de uma melhor articulação e comprometimentos sinérgicos entre os distintos pelouros e respetivos vereadores do município. Torna-se fundamental, por isso, a sua valorização política no contexto atual.

    Acreditamos que esta via privilegiará, porventura, no imediato, as finalidades extradesportivas da política municipal centrando-se, nomeadamente, na educação, na saúde, no lazer ou diversão dos munícipes mas, é crível que a médio prazo possa facultar horizontes mais vastos. Nesta perspetiva, a organização e gestão deste tipo de eventos no seio das autarquias da AMP carregará uma vertente de incidência social e de propósitos verdadeiramente democráticos apelando, desta forma, à pluralidade da participação desportiva dos munícipes e procurando atrair / envolver outros públicos exteriores à própria área metropolitana. Doutra forma, acreditamos, não será crível a proficuidade de qualquer crescimento / desenvolvimento desportivo neste território até porque, só os eventos com estas características poderão contar, na realidade presente, com um (auto) financiamento voluntário por parte da população o que não é um fator negligenciável na atual conjuntura económico-financeira. Será viável? Talvez, mas só à medida que os municípios sintam o aproximar da hora de mudar…

    Um dado temos como certo: os mega eventos foram uma má opção dos poderes públicos em geral e do poder local, em particular, e não serão, certamente, o adequado a um período de crise e de dificuldades. Antecipamos, desde logo, três ordens de razão: (i) não levaram em linha de conta a generalidade da população (ii) não contribuíram de forma notória para o comprometimento desportivo dos munícipes e (iii) deixaram atrás de si um tipo de infraestruturação cuja manutenção, muitas vezes, se vislumbra mais onerosa que a própria implosão.

    Em síntese, apurámos que os municípios da Área Metropolitana do Porto materializam e propugnam-se dar continuidade a um modelo de grandes eventos desportivos dirigidos a uma elite competitiva e centrados, preponderantemente, na mediatização local. A par deste modelo evidenciam e prometem o incremento tendencialmente crescente de um outro paradigma de eventos com enorme poder aglutinador e de utilização desportiva e social cujo propósito procura acompanhar uma prática menos formal, mais abrangente e, em muitas circunstâncias associando o desporto a uma boa causa revelador, também, da proficuidade da colaboração sinérgica do pelouro de desporto com os demais departamentos da administração local.

    Do exposto, decorre considerarmos que existem leves indícios para concluir dispormos de uma atividade municipal na AMP capaz de responder tendencialmente aos desafios de um processo de desenvolvimento com base em eventos desportivos de menor dimensão mas, mais abrangentes nos públicos. Por isso, sem prejuízo de uma análise distinta importará, sobretudo, idear um modelo de eventos no quadro municipal que, em circunstância alguma abdique do munícipe. A sua conceção e idealização carecem, contudo, necessariamente, de levar em linha de conta o contexto crise, de incorporar uma cultura de maior lucidez dos eleitores e de agregar uma nova mentalidade dos eleitos, três condições nem sempre fáceis de se conjugarem no que concerne ao desporto.

Notas

  1. O Programa do XIX Governo Constitucional (publicado do DAR, II Série A, n.º 4, de 28 de junho de 2011 – 1.º Ministro Dr. Pedro Passos Coelho – de 21.06.2011 a ?) verte o propósito de, neste âmbito “Projetar o Desporto Nacional internacionalmente e de forma concertada com o Turismo através de um criterioso apoio à organização de candidaturas a grandes eventos desportivos internacionais na base de um efetivo retorno económico, turístico e desportivo”.

  2. Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro (Aprova as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades públicas).

  3. Constituição da República Portuguesa; Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto (Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro); Grandes Opções do Plano (Lei n.º 52/2005, de 31 de Agosto; Lei n.º 64-A/2011, de 30 de Dezembro).

  4. Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro; Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro (alterada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro).

  5. Com base no art. 13.º (Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro) os municípios dispõem de atribuições em dezasseis domínios, a saber: a) equipamento rural e urbano; b) energia; c) transportes e comunicações; d) educação; e) património, cultura e ciência; f) tempos livres e desporto; g) saúde; h) ação social; i) habitação; j) proteção civil; l) ambiente e saneamento básico; m) defesa do consumidor; n) promoção do desenvolvimento; o) ordenamento do território e urbanismo; p) polícia municipal; q) cooperação externa. Afastam-se, desde logo, das atribuições das autarquias, os domínios relacionados com a Defesa Nacional, Negócios Estrangeiros, Finanças, Justiça e, em tudo o que respeite aos órgãos da polícia criminal, a Administração Interna.

  6. Lei n.º 46/2008, de 27 de Agosto (Regime jurídico das Área Metropolitanas de Lisboa e Porto).

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