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Análise da mobilidade da caixa torácica e da
força muscular respiratória em adultos jovens

Estudio de la movilidad de la caja torácica y de la fuerza muscular respiratoria en adultos jóvenes.

Analysis of chest wall mobility and respiratory muscle strength in young adults

 

*Fisioterapeuta- FATECI, Fortaleza/CE

** Co-orientador.Docente da Faculdade de Tecnologia Intensiva. FATECI. Fortaleza, CE

***Orientadora. Docente da Faculdade de Tecnologia Intensiva. UFC-FATECI, Fortaleza, CE

(Brasil)

Rafaella Oliveira Bezerra*

Francisco Fleury Uchoa Santos-Júnior**

Nataly Gurgel Campos***

rafaellaob@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A cirtometria é um método utilizado para avaliar a expansibilidade torácica de fácil realização e por isso muito usado na prática clínica. A manovacuometria tem como método verificar a pressão inspiratória e expiratória máxima. É uma mensuração simples e pratica tendo como importante papel no diagnostico, das desordens neuro-muscular e pulmonar. O objetivo desde estudo foi analisar a relação entre mobilidade da caixa torácica e da força muscular respiratória em adultos jovens. Foram avaliados 50 voluntários, sendo 25 do sexo feminino e 25 do sexo masculino, dentre eles eram 36 sedentários e 14 ativos, ou seja, que realizavam atividade física, apresentando idade de 25 ± 0,59 anos e índice de massa corpórea (IMC) de 25,4 ± 0,80 kg/m². Os indivíduos foram submetidos análise da expansibilidade torácica, com a utilização da cirtometria torácica nas regiões axilar, xifóide e basal, e a testes de força muscular respiratória (Pimáx e Pemáx) com o uso do manovacuometro. Os dados foram comparados através de análise estatística, sendo considerado estatisticamente significante quando p£0,05. Os resultados encontrados demonstraram predominância da amplitude xifoidiana em todos os indivíduos. Ao separar os grupos pelo sexo não houve diferença estatisticamente significante na cirtometria e na manovacuometria. Entretanto, quando separados quanto à prática ou não de atividade física observou-se um maior valor do coeficiente de amplitude xifoidiana nos indivíduos fisicamente ativos, e quanto à manovacuometria percebeu-se diferença estatisticamente significante em relação à Pimáx. Concluiu-se que independente do sexo, e do condicionamento físico a expansibilidade das regiões xifóide e axilar são maiores quando comparado com a região basal, e que a força muscular nos indivíduos que praticam atividade física regular exerce influência positiva sobre a força muscular respiratória.

          Unitermos: Cirtometria. Manovacuometria. Adultos jovens.

 

Abstract

          The circumference is a method used to evaluate chest expansion easy to perform and therefore widely used in clinical practice. The Manovacuometry method is used to check the maximum inspiratory and expiratory pressures. It is a simple and practical measure has an important role in the diagnosis, disorders of neuro-muscular and lung. The objective of this study was to analyze the relationship between chest wall mobility and respiratory muscle strength in young adults. It was evaluated 50 healthy volunteers, 25 females and 25 males, 36 of them were sedentary and 14 active, that make any physical activity, with the age of 25 ± 0.59 years and body mass index (BMI) 25.4± 0.80 kg / m². Individuals underwent analysis of chest wall expansion, with the use of thoracic expansion in the axillary, xiphoid and baseline tests and respiratory muscle strength (Pimáx and Pemax) using the manovacuometry. The datas were compared by statistical analysis was considered statistically significant at p £ 0.05. The results demonstrate the predominance of the xiphoid amplitude in all young adults. By separating the groups by sex there was no statistically significant difference in circumference and the manovacuometry. However, when separated on the practice of physical activity or not there was a greater coefficient of amplitude xiphoid in physically active individuals, and the manovacuometry for the perceived difference was statistically significant compared to the Pimáx. It was concluded that regardless of sex, and physical conditioning the expansion of the xiphoid and axillary are higher when compared with the basal region, and that muscle strength in individuals who practice regular physical activity has a positive influence on respiratory muscle strength.

          Keywords: Circumference. Manovacuometry. Young adults.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A fisiologia respiratória tem como enfoque primário o ciclo ventilatório a as trocas gasosas, que são de fundamental importância para a manutenção da vida. A respiração tem como principal meta o fornecimento de oxigênio para os tecidos a fim de nutri-los1.

    A mecânica da respiração tem diversos fatores que influência no ato da respiração como sexo, idade, postura e peso. Nas mulheres as costelas superiores são mais moveis, permitindo assim uma maior expansibilidade2. A respiração na mulher é do tipo costal superior e no homem esta é do tipo mista3.

    Outro fator que também tem repercussão na expansibilidade torácica é a prática, de atividade física, onde esta pode exercer influência sobre as propriedades mecânicas do sistema respiratório, e podendo gerar modificações na configuração tóraco-abdominal e nos componentes do padrão respiratório4.

    Na mecânica da respiração, por alguns instantes antes de inspirarmos, a pressão dentro dos pulmões e a pressão do corpo são iguais, enquanto a pressão dentro do espaço pleural é ligeiramente mais baixa. Quando começamos a inspirar, os músculos intercostais externos entre as costelas se contraem, levando as costelas inferiores para cima e para fora. Isso cria um vácuo que expande os pulmões, provocando diminuição na pressão dentro deles. O diafragma se movimenta para baixo, aumentando o volume das cavidades pleurais e diminuindo ainda mais sua pressão5.

    A avaliação da força muscular respiratória e da mobilidade de caixa torácica pode ser diferentemente mediante o usando das pressões estáticas inspiratórias e expiratórias (PIM e PEM, respectivamente). A indicação da avaliação da força muscular respiratória faz-se necessário quando ocorre baixo volume pulmonar, hipoventilação ou limitação de exercício, podendo assim sendo utilizados na avaliação os métodos da cirtometria e manovacuometria6.

    A cirtometria é um bom método para avaliação desses perímetros obtidos durante os movimentos respiratórios de inspiração e de expiração máximas7. A partir do exame da cirtometria, são obtidos os valores de expansibilidade e retração dos movimentos tóraco-abdominais8, em que a diferença entre esses valores denomina-se coeficiente de amplitude (CA). Os coeficientes mais utilizados são o Coeficiente de amplitude axilar (CAax), xifoideano (CAxif) e basal ou abdominal (CAab).

    A determinação da força muscular pode ser realizada também por meio da manovacuometria, no qual serão avaliadas a pressão inspiratória máxima (PImáx) e a pressão expiratória máxima (PEmáx). É uma mensuração simples, prática, econômica e fidedigna, tendo importante papel no diagnóstico e prognóstico de desordens neuromusculares e pulmonares. Os valores obtidos por meio da manovacuometria variam em função do sexo e da idade9. O objetivo desde estudo foi analisar a relação entre mobilidade da caixa torácica e da força muscular respiratória em adultos jovens sedentários e ativos e comparando-os quanto ao sexo.

Metodologia

    O presente estudo trata-se de um estudo descritivo, intervencionista de abordagem quantitativa. O estudo foi realizado no Hospital Geral César Calls (HGCC), um hospital de alta complexidade e de ensino, reconhecido pelo MEC/MS, referência no Ceará, nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia. Este estudo foi submetido ao Comitê de Ética do HGCC, sendo aprovado com protocolo nº475/2011. A amostra constituiu-se de 50 voluntários, sendo 25 do sexo feminino e 25 do sexo masculino, dentre eles eram 36 sedentários e 14 ativos, ou seja, que realizavam atividade física, apresentando idade de 25 ± 0,59 anos e índice de massa corpórea (IMC) de 25,4 ± 0,80 kg/m².

    A medida da amplitude tóraco-abdominal foi obtida por meio da cirtometria, utilizando-se uma fita métrica escalonada em centímetros, sendo realizada por um mesmo examinador. Essa medida foi realizada horizontalmente em três níveis: axilar, xifoidiano e abdominal. Na região axilar a fita métrica foi colocada abaixo da prega axilar. Para mensurar a amplitude xifoidiana foi tomada como ponto de referência a borda inferior do apêndice xifóide. E, por último, para verificar a amplitude abdominal, utilizou-se a distância média entre o apêndice xifóide a cicatriz umbilical7. Os voluntários foram examinados na posição ortostática. Em cada ponto de referência foi realizado 3 inspirações e expirações máximas, sob o comando de voz do examinador, sendo anotado os 3 valores, bem como as diferenças obtidas entre a inspiração e a expiração (coeficiente de amplitude). Entretanto, para a análise dos dados foi considerado o maior valor obtido das 3 medidas realizadas4.

    A determinação da força muscular foi dada por meio da manovacuometria pelo manovacuometro MR®. Na primeira fase aferiu-se a pressão negativa da musculatura inspiratória, a pressão inspiratória máxima (PImáx). Para verificá-la, pede-se ao voluntario para inspirar partindo do volume residual ou da capacidade residual funcional e, em seqüência, mantém uma inspiração profunda por, pelo menos, 1 a 3 segundos, como mais força e pelo maior tempo possível. As medidas que partem da CRF parecem ser mais fidedigna do que as partem do VR. Isso porque no primeiro caso eliminam-se, teoricamente, as forças de recolhimento elástico. Entretanto, na pratica e na maioria dos estudos, realizam-se a técnica partindo do VR. A técnica deve ser repetida por, no mínimo, três vezes a fim de garantir que o paciente realmente entenda a técnica após 5 a 9 tentativas. Isto se reflete em um aumento considerável da PImáx9. Durante cada tentativa é importante que o paciente repouse por pelo menos 1 minuto.

    Na segunda parte vamos aferir a pressão positiva gerada pela musculatura expiratória, a pressão expiratória máxima (PEmáx). Para verificá-la solicitou-se uma inspiração profunda e, em seguida, uma expiração com mais força e pelo maior tempo possível. Elegeu-se o melhor resultado de cada etapa para determinar a PImáx e a PEmáx. Como essas técnicas dependem do esforço do voluntario, o participante foi encorajado a usar toda sua força9. Todas as provas foram realizadas pelo mesmo avaliador, previamente treinado para a execução dessas provas.

    A validação estatística foi realizada no Programa estatístico por meio do teste de Wilcoxon Signed Rank, com nível de significância fixado em p<0,05 para comparação entre dois grupos e ANOVA TWO-WAY para avaliar os coeficientes de amplitude. Os dados foram expressos como média ± erro padrão da média.

Resultados

    Foram avaliados 50 voluntários, sendo 25 do sexo feminino e 25 do sexo masculino (Tabela 1), dentre eles eram 36 sedentários e 14 ativos, ou seja, que realizavam atividade física (Tabela 2).

Tabela 1. Apresentação dos valores da média e desvio padrão da idade, peso, estatura e IMC dos 

participantes do estudo de acordo com o sexo. Valores expressos como média ± erro padrão da média

 

Tabela 2. Apresentação dos valores da média e desvio padrão da idade, peso, estatura e IMC dos participantes

 do estudo de acordo com a prática de atividade física. Valores expressos como média ± erro padrão da média

    Quando separados pelo sexo, foi encontrado os seguintes valores de coeficiente de amplitude tóraco-abdominal: CAax feminino: 3,44 ± 0,19 cm, CAax masculino: 3,36 ± 0,25 cm; CAxif feminino: 3,88 ± 0,30 cm, CAxif masculino: 3,72 ± 0,39 cm; CAab feminino: 2,80 ± 0,21 cm, CAab masculino: 2,76 ± 0,29 cm. Quando comparado à expansibilidade entre os sexos não houve diferença estatisticamente significante (p=0,6878), mas ao comparar a diferença entre os locais de aferição, estes mostraram-se diferentes entre si (p=0.0019) (Figura 1).

Figura 1: Coeficiente de Amplitude em homens e mulheres adultos jovens. 2011. ANOVA TWO-WAY; * com p<0,05.

    Ao confrontar os valores separando os indivíduos quanto à prática ou não de atividade física regular, foram encontrados os valores: CAax Sedentários: 3,22 ± 0,18 cm, CAax Ativos: 3,85 ± 0,27 cm; CAxif Sedentários: 3,50 ± 0,27 cm, CAxif Ativos: 4,57 ± 0,47 cm; CAab Sedentários: 2,80 ± 0,19 cm, CAab Ativos: 2,85 ± 0,41 cm. Foram evidenciadas diferenças entre as regiões mensuradas (p=0,0006), assim como diferença entre os grupos, de modo que os resultados encontrados no grupo ativo mostraram-se maiores (p=0,0203) que os dos sedentários (Figura 2).

    Quando separado o grupo entre os sexos (feminino e masculino), foi encontrado os seguintes valores de PImáx feminino: 85,60 ± 10,23 cm/H2O; PImáx masculino: 111,4 ± 6,21 cm/H20; PEmáx feminino: 81,40 ± 7,34 cm/H20; PEmáx masculino: 124,2 ± 5,19 cm/H20. Quando comparado a PImáx entre os sexos houve diferenças estatisticamente significativamente (p=0,0178) (FIGURA 3), porém quando comparado a PEmáx não houve diferença estatisticamente significante(p=0,0967). (FIGURA 4)

Figura 2. Coeficiente de Amplitude em adultos jovens de acordo com a prática de atividade física. ANOVA TWO-WAY; * com p<0,05.2011.

 

Figura 3. A Pimáx dos adultos jovens homens e mulheres com resultado significativo (p < 0,05). 2011

    Ao confrontar os valores separando os indivíduos quanto à prática ou não de atividade física regular, foram encontrados os valores de PImáx sedentários: 88,75 ± 7,79 cm/H2O; PImáx ativos: 123,6 ± 5,50 cm/H20; PEmáx sedentários: 92,92 ± 6,44 cm/H20; PEmáx ativos: 128,2 ± 5,99 cm/H20. Quando comparado a PImáx e a PEmáx entre os sedentários e ativos houve diferença estatisticamente significativamente (p=0,0274; p=0,0032, respectivamente) (FIGURA 5 e 6).

Figura 4. A PEmáx dos adultos jovens homens e mulheres. 2011

 

Figura 5. A PImáx dos adultos jovens sedentários e ativos com resultado significativo (P < 0,05). 2011

 

Figura 6. A PEmáx dos adultos jovens sedentários e ativos com resultado significativo (P < 0,05). 2011

    Os resultados demonstraram predominância da amplitude xifoidiana em todos os indivíduos. Quando comparados homens e mulheres houve diferença estatisticamente significante no teste da manovacuometria, porém isso não foi encontrado diferença na cirtometria.

    Ao analisar os indivíduos quanto a prática ou não de atividade física, encontrou-se diferença no teste da manovacuometria, onde a força muscular nos homens ativos tem valor significativo aos dos sedentários e também ao comparados entre os sexos. Concluímos que independente do sexo, e do condicionamento físico a expansibilidade das regiões axilar e xifóide são maiores quando comparado com a região basal. Concluímos também que os indivíduos fisicamente ativos apresentam uma maior mobilidade da caixa torácica ao nível xifoidiano quando comparado ao sedentário. Podemos também considerar que a força muscular nos indivíduos com a prática de atividade física regular exerça influência positiva sobre a capacidade e volume pulmonar.

    Os resultados encontrados demonstraram predominância da amplitude xifoidiana em todos os indivíduos. Ao separar os grupos pelo sexo não houve diferença estatisticamente significante na cirtometria e na manovacuometria. Entretanto, quando separados quanto à prática ou não de atividade física observou-se um maior valor do coeficiente de amplitude xifoidiana nos indivíduos fisicamente ativos, e quanto à manovacuometria percebeu-se diferença estatisticamente significante em relação à Pimáx.

    Tendo em vista esse resultados pode-se dizer que independente do sexo, e do condicionamento físico a expansibilidade das regiões axilar e xifóide são maiores quando comparado com a região basal e também que os indivíduos fisicamente ativos apresentam uma maior mobilidade da caixa torácica ao nível xifoidiano quando comparado ao sedentário. Podemos também considerar que a força muscular nos indivíduos com a prática de atividade física regular exerça influência positiva sobre a capacidade e volume pulmonar.

Discussão

    A cirtometria faz parte da avaliação fisioterápica e visa quantificar as medidas de mobilidade tóraco-abdominal. Estudos mostram ser uma medida confiável, intra e interexaminadores, para medir as amplitudes dos movimentos toraco-abdominais, porém, não é uma medida acurada para medir os volumes pulmonares, não devendo ser utilizada para esse fim na prática clínica ou na pesquisa científica4,7.

    A medida dos movimentos tóraco-abdominais tem sido utilizada como método de avaliação fisioterápica da mobilidade ou amplitude, bem como da imobilidade ou rigidez torácica e abdominal, durante os movimentos respiratórios.

    Estudos têm propostos diferentes métodos de mensuração das amplitudes de tóraco-abdominais, porem muitos deles não são acessíveis devido seu alto custo e necessidade de avaliadores treinados para a execução das medidas10. O presente estudo abordou a cirtometria, que é um método bastante acessível, considerando de baixo custo com a utilização de apenas uma fita métrica e a facilidade de realização.

    Utilizar técnicas de fácil manuseio, alta reprodutividade e baixo custo para obter respostas satisfatórias sobre a mecânica pulmonar é um dos objetivos da fisioterapia respiratória. Padronizar estas técnicas e compreender as diferenças entre os sexos e a prática regular de atividade física, serve como dados para identificação de distúrbios respiratórios precoces.

    Conforme foi observado no decorrer desse trabalho, houve uma predominância da expansibilidade de caixa torácica alta, especialmente na amplitude xifoidiana, quando comparada à expansibilidade abdominal11. Constataram que aproximadamente 70% da expansão pulmonar e devido ao aumento ântero-posterior e 30% devido ao movimento diafragmático. Apesar de não haver valores de normalidade para o índice de amplitude, alguns autores consideram que valores de amplitude tóraco-abdominal normais para adultos jovens seriam em torno de 4-7 cm6. No presente estudo, os valores para os níveis axilar e xifoidiano ficaram dentro dessa faixa, tanto para os homens e mulheres, quanto para os sedentários e os ativos. Quando comparada a expansibilidade entre os sexos não houve diferenças estatisticamente significante (FIGURA 1).

    A mecânica respiratória sofre influência de diversos fatores, tais como: sexo, idade, raça, postura, peso e a prática regular de atividade física. Nas mulheres as costelas superiores são mais móveis, permitindo assim uma maior expansão, por isso a respiração na mulher é do tipo costal superior, e no homem esta é do tipo mista7. No entanto nesse estudo quando comparado a expansibilidade entre os sexos não houve diferenças estatisticamente significante.

    Ao confrontar os valores separando os indivíduos quanto à prática ou não de atividade física regular, observou-se um maior valor do coeficiente de amplitude xifoidiano nos indivíduos fisicamente ativos. Na região axilar e abdominal não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos (FIGURA 2).

    Os exercícios físicos relacionam-se a um estilo de vida saudável e, cada vez mais, aumentam os indícios de seus benefícios. Nesta pesquisa observou-se uma maior expansibilidade xifoidiana nos indivíduos fisicamente ativos se comparados aos sedentários, o que pode ser explicado pelo fato de que a prática regular de atividade física exercer influência sobre as propriedades mecânicas do sistema respiratório, e, portanto, pode gerar modificações na configuração tóraco-abdominal e nos componentes do padrão respiratório.

    O diafragma é considerado o principal músculo inspiratório, visto que por si só aumenta os três diâmetros do volume torácico: vertical, transversal e ântero-posterior, porém sua ação é mais evidenciada no aumento do diâmetro vertical. O aumento no diâmetro vertical não exerce influência no teste da cirtometria. Ele possui características próprias em sua funcionalidade, já que o mesmo é um músculo esquelético e, portanto voluntário. Recebe influência do centro respiratório na medula oblonga no sentido de realizar uma contração muscular, o que gera uma diferença de pressão torácica e, consequentemente, a respiração12. A quantificação da expansibilidade transversa e ântero-posterior se deve principalmente à ação dos músculos acessórios da inspiração, cujas inserções estão em sua maioria na caixa torácica, justificando a expansão reduzida do abdome em relação ao tórax no ato da respiração evidenciado no nosso estudo7.

    Diante do exposto, ressalta-se a importância de se ter medidas de normalidade para a amplitude tóraco-abdominal para adolescentes saudáveis e, assim, ter um parâmetro adequado de avaliação, a fim de planejar uma terapia voltada não somente para o condicionamento físico, mas também para reeducação diafragmática e para a mobilidade do tórax e do abdômen. Em outro estudo que abordou o padrão respiratório e a configuração toraco-abdominal em indivíduos normais durante a respiração tranqüila, observou-se que homens e mulheres mantêm o mesmo comportamento de padrão respiratório e de configuração toraco-abdominal nas posições dorsal e sentada13.

    Em outra pesquisa os autores avaliaram, por meio de pletismografia, o padrão respiratório de 120 sujeitos saudáveis e não observaram diferença significativa em relação ao sexo que interferisse no padrão respiratório em repouso14. Quando se comparou duas técnicas de avaliação da mobilidade torácica em mulheres jovens e idosas saudáveis: a cirtometria livre (sem correção postural) e a cirtometria dirigida (com correção postural). Eles concluíram que o uso de técnicas diferentes durante a cirtometria produz resultados significativamente diferentes e complementares; o processo de envelhecimento desenvolve diminuição da mobilidade torácica, quando comparada com a de indivíduos jovens, e acentua os mecanismos de compensação postural durante a respiração forçada15.

    Trabalhos utilizando a avaliação da cirtometria a região axilar, xifóide e basal, estudando a interferência do índice de massa corporal na mensuração da cirtometria em adultos, descreveram menor mobilidade torácica na região basal16. Quando estudada a interferência da força muscular respiratória na mensuração da cirtometria em adolescentes, também foi encontrada uma mobilidade torácica decrescente para a região basal17.

    Em um estudo da mobilidade torácica através da cirtometria, utilizando a técnica com incentivo verbal em acadêmicos masculinos, apresentou valores menores de coeficiente respiratório na região basal18. Analisando duas técnicas de cirtometria, uma com incentivo verbal para direcionar o ar à região onde se está passando a fita e outra sem incentivo verbal, concluíram que independente da técnica a mobilidade torácica foi menor na região basal19.

    Os principais parâmetros da manovacuometria (PImáx e PEmáx) apresentam variações de acordo com o sexo, a idade, altura do avaliado e prática regular de atividade física. Os músculos respiratórios realizam o trabalho da ventilação contra a resistência do sistema. Assim, a medida da força desses músculos avalia parte relevante da eficiência do conjunto20.

    A PImax tem seu valor normal compreendido, em um adulto jovem, na faixa de -90 a -120 cmH2O, enquanto a PEmax tem seu valor normal compreendido, em um adulto jovem, na faixa de +100 a +150 cmH2O . Sabe-se que a partir dos 20 anos de idade ocorre um decréscimo anual de 0,5 cmH2O nestes valores6.

    A mensuração da força muscular respiratória pode ser avaliada através da pressão subatmosferica que estes músculos são capazes de gerar. Sendo, portanto, a pressão inspiratória máxima (PImáx) a maior pressão que pode ser gerada durante a inspiração forçada e a pressão expiratória máxima (PEmáx) a maior pressão que pode ser desenvolvida durante um vigoroso esforço expiratório21.

    A PImáx e a PEmáx vem sendo investigada em vários estudos com o objetivo de estabelecer referências de valores em sujeitos de diferentes faixa etária e sua pratica de atividade física. As mensurações de PImáx e PEmáx são testes que dependem da colaboração dos indivíduos, sendo que esforços submáximos podem resultar em valores baixos. Os resultados deste estudo demonstraram que entre os sedentários e ativos houve diferença estatisticamente significativamente (FIGURA 5 e 6).

    Quando comparado a PImáx e a PEmáx entre os sexos foram encontradas diferenças estatisticamente significante entre as respectivas PImax (FIGURA 3), porém quando comparada a PEmáx não houve diferença estatística (FIGURA 4).

    A prática de exercícios físicos, mesmo sendo de intensidade leve a moderada, pode exercer influência sobre as capacidades e perfusões pulmonares, justificando dessa forma as diferenças encontradas neste estudo com o aumento de PImax e PEmax22.

    Outros estudos citam que os valores médios obtidos da PImax apresentaram aumento significativo8, o que é convergente com os resultados aqui apresentados, em que o aumento para PImax foi significativo. E essa melhora da PEmax pode ser decorrente dos exercícios de fortalecimento da musculatura abdominal durante o programa de reabilitação, já que a PEmax é uma medida que indica a força dos músculos abdominais e intercostais.

Conclusão

    Concluiu-se que independente do sexo, e do condicionamento físico a expansibilidade das regiões xifóide e axilar são maiores quando comparado com a região basal, e que a força muscular nos indivíduos que praticam atividade física regular exerce influência positiva sobre a força muscular respiratória.

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