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Adaptações fisiológicas provocadas pelo treinamento da marcha atlética

Adaptaciones fisiológicas causadas por el entrenamiento de la marcha

Physiological adaptations caused by training race walking

 

*Programa de Pós-Graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho

Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento Físico

**Professor da Faculdade dos Guararapes, FG

Professor da Faculdade Boa Viagem, FBV

Treinador da Seleção Brasileira de Atletismo

***Professor da Universidade de Pernambuco, UPE

Professor Dissertante da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt)

e Federação Internacional de Atletismo (IAAF)

Cisiane Dutra Lopes*

Vanthauze Marques Freire Torres**

Warlindo Carneiro da Silva Filho***

cisidutra@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Existem vários relatos na literatura sobre as adaptações fisiológicas causadas pela prática da marcha atlética como especialidade desportiva. Neste sentido o objetivo do estudo é esclarecer quais são as adaptações fisiológicas causadas pelo treinamento da marcha atlética descrevendo as modificações metabólicas, cardiovasculares e pulmonares causadas pelo treinamento sistemático desta modalidade esportiva. A pesquisa pode concluir que o treinamento da marcha atlética é capaz de provocar adaptações fisiológicas, metabólicas e cardiovasculares tanto em indivíduos que buscam a promoção da saúde quanto naqueles que têm essa prática com o fim de competição.

          Unitermos: Adaptações fisiológicas. Treinamento esportivo. Marcha atlética.

 

Resumen

          Existen muchos reportes en la literatura sobre las adaptaciones fisiológicas causadas por la práctica de la marcha atlética como una especialidad deportiva. En este sentido, el objetivo de este estudio es esclarecer las adaptaciones fisiológicas que son causadas por la marcha atlética describiendo las modificaciones metabólicas, cardiovasculares y enfermedades pulmonares causadas por el entrenamiento sistemático en este deporte. La investigación concluye planteando que el entrenamiento de marcha atlética puede provocar adaptaciones fisiológicas, metabólicas y cardiovasculares tanto a las personas que buscan la promoción de la salud como los que tienen esta práctica con un fin competitivo.

          Unitermos: Adaptaciones fisiológicas. Entrenamiento deportivo. Marcha.

 

Abstract

          There are several reports in the literature on the physiological adaptations caused by the practice of racewalking as a specialty sport. In this sense, the objective of the study is to clarify the physiological adaptations are caused by training racewalking describing the modifications metabolic, cardiovascular and lung diseases caused by systematic training in this sport. Research can conclude that training of racewalking can cause physiological adaptations, metabolic and cardiovascular both individuals seeking health promotion as those who have this practice in order to compete.

          Keywords: Physiological adaptations. Sports training. Race walking.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Existem vários relatos na literatura sobre as adaptações fisiológicas causadas pela prática da marcha atlética como especialidade desportiva, porém é bom recordar que já no século XVI o pedagogo inglês Richard Mulcaster, recomendava essa prática terapeuticamente, afirmando os valores dos exercícios físicos (JUNCOSA, 1974; BRAVO, 1990; JONATH, 1983).

    Tendo conhecimento deste fato o objetivo do estudo é esclarecer quais são as adaptações fisiológicas causadas pelo treinamento da marcha atlética descrevendo as modificações metabólicas, cardiovasculares e pulmonares causadas pelo treinamento sistemático desta modalidade esportiva.

O treinamento da marcha atlética

    Os componentes relacionados ao treinamento e aumento da capacidade cardiorrespiratória, força muscular, resistência muscular e flexibilidade obedecem aos dois princípios mais importantes da progressão do treinamento: Princípio da Sobrecarga e o Principio da Especificidade (ACSM, 2007).

Principio da Sobrecarga

    O principio da sobrecarga não faz referência a um excesso de trabalho, mais sim a um esforço seletivo para estimular a resposta de adaptação desejada sem produzir esgotamento ou esforço indevido. (MANSO, VALDIVIELSO e CABALLERO, 1996)

    Segundo o ACSM (2007), o principio da sobrecarga progressiva estabelece que para um tecido ou órgão melhore sua função, deverá o mesmo ser exposto a um estímulo maior do que aquele ao qual normalmente está acostumado. Uma prescrição ao exercício específico a modalidade, a intensidade, a duração e a freqüência do treinamento; a interação dessas variáveis na sobrecarga cumulativa à qual o tecido ou órgão deve adaptar-se.

    Segundo Granell e Cervera (2001) as adaptações constituem-se em um processo cujo qual implica variação do número de receptores nas células de um órgão ou em um grupo de órgãos, com a finalidade de se adequar seu metabolismo às novas exigências realizadas pela sobrecarga sofrida pelo individuo.

    Ao falarmos de adaptação as cargas, temos que nos referir a dois processos que além de participarem, condicionam; que são eles: homeostase e níveis de estresse. A homeostase poderia ser definida como o equilíbrio dinâmico entre os processos que concorrem para a manutenção do sistema biológico e os processos que tendem à sua destruição. Já o estresse se refere às condições do organismo quando submetido a estímulos denominados, no meio desportivo, cargas de treinamento (GOMES, 2002).

    É de fundamental importância entender os métodos utilizados para aumentar a carga de treinamento para que se possa fazer um bom programa de treinamento. Desde os primeiros níveis de desenvolvimentos até o nível de alto rendimento, os indivíduos precisam elevar gradativamente a carga de trabalho durante as atividades físicas, segundo suas necessidades. (BOMPA, 2002)

    De uma forma bem geral os especialistas entram num consenso quando dizem que na fase de aplicação das cargas de treinamento é necessário que se estabeleça um nível mínimo a partir do qual os estímulos possam ser efetivos, pois sabemos que níveis baixos não produzem nenhuma adaptação, que estímulos de médios a altos produzem adaptações e que níveis muito elevados não produzem adaptações. (FERNÁNDEZ, 2002)

    Bompa (2002) sugere que as cargas devem ser aumentadas durante duas ou três semanas, diminuindo-a então por uma semana para permitir a regeneração ou recuperação como mostra as figuras a seguir:

Figura 1. Aumento da carga de treinamento para um ciclo de três semanas.

    Como podemos ver na figura 1 aumenta-se a carga do treinamento progressivamente. Nas duas primeiras etapas, cada uma representando uma semana de treino, a carga maior acarreta aos indivíduos uma adaptação maior à quantidade de trabalho. E quando atingem a fadiga, diminui-se levemente a carga na terceira semana para permitir a recuperação antes do próximo incremento na carga de treinamento.

Figura 2. Aumento da carga de treinamento para um ciclo de quatro semanas

    Na figura 2 durante as três primeiras semanas de treinamento, aumenta-se a carga a cada semana, levando os indivíduos a níveis de adaptação mais altos e, finalmente a melhores desempenhos. Ao final da terceira semana o nível de fadiga será alto e por isso deve-se diminuir levemente a carga na quarta semana para permitir a recuperação dos indivíduos.

    Continuar a elevar a carga após a terceira semana de treinamento resultará em uma maior fadiga, levando a um nível crítico ou com o tempo em excesso de treinamento (overtraining). Se não colocarmos uma semana de regeneração após o período de fadiga, alguns indivíduos poderão sofrer lesão e perder o interesse no treinamento, podendo até a abandoná-lo (VERKHOSHANSKI, 2001).

    Com o término do período de regeneração, pode-se aplicar o método de etapas novamente (figuras 1 e 2), mas com exigência de uma carga de treinamento um pouco maior. De acordo com Polischuk (2000) o incremento da carga na pré-temporada deve ser de 5 a 10% da carga de trabalho e à medida que os indivíduos se adaptem a ela, sobretudo na segunda fase da pré-temporada esse incremento pode ser de 10 a 20% de semana em semana.

Princípio da Especificidade

    De acordo com Platonov (2004) o princípio da especificidade indica que a preparação dos desportistas deve realizar-se de acordo com as exigências especificas e particulares de cada modalidade desportiva e, mais especificamente, com o nível de resultado desportivo do atleta em questão. Nos desportos coletivos podemos observar a utilização bola na preparação física dos atletas como necessidade de um alto grau de especificidade do esporte em questão.

    É um dos princípios básicos do treinamento moderno, especialmente entre atletas já formados. Si comparamos desportistas de diferentes especialidades (por exemplo, um saltador e um jogador) ambos necessitam de grande velocidade e grande potência dos membros inferiores, que lhe permitam uma capacidade de salto, resistência, excelente coordenação entre outras (MANSO, VALDIVIELSO e CABALLERO, 1996).

    As modificações funcionais que se produzem no organismo através do treinamento têm uma duração perfeitamente determinada. As alterações que acontecem nas fibras musculares, no fluxo de sangue aos músculos, na formação do gesto desportivo, e etc.; tudo isso tem um caráter dirigido a objetivos concretos. No treinamento de velocidade nos músculos as reações são de caráter anaeróbico, no caso do treinamento da resistência destacam-se as reações aeróbicas (NESPEREIRA, 2002).

    Uma preparação exclusivamente específica conduz a uma diminuição dificilmente reversível de determinadas reservas funcionais ou uma perturbação dos esquemas motores (MATVEEV, 1997).

As adaptações fisiológicas

    O aumento da capacidade de trabalho, por meio da adaptação periférica pode ser realizado mediante mudanças hemodinâmicas e metabólicas. As mudanças hemodinâmicas estão relacionadas com a melhora da rede de capilares, com o desenvolvimento de novos capilares colaterais e com a melhora da distribuição de sangue no organismo, inclusive de forma intramuscular (PLATONOV, 2004).

    A alteração metabólica ao trabalho de caráter aeróbio inclui o aumento do número e do tamanho das mitocôndrias, o aumento da atividade das enzimas oxidativas, o aumento do conteúdo de hemoglobina e mioglobina, entre outros. Indivíduos que utilizam amplamente cargas de resistência observam-se um aumento do volume mitocondrial de 15 a 22%, um aumento da superfície mitocondrial e do tecido muscular de 35 a 45%, e um aumento da superfície das cristas mitocondriais de 65 a 75% em comparação com indivíduos destreinados (FERNÁNDEZ, 2002).

    De acordo com o ACSM (2007) como resultado do treinamento de resistência, as primeiras adaptações relacionam-se com as transformações da rede de capilares: no inicio observa-se a dilatação de alguns capilares e, logo, o surgimento de novos como mostra a tabela 1.

Tabela 1. Sobre a alta capacidade de adaptação dos capilares em relação ao treinamento de resistência

    O treinamento com sobrecarga aeróbica está associado com adaptações em várias das capacidades funcionais relacionadas com o transporte e a utilização de oxigênio. Se o estimulo do treinamento for adequado, a maioria dessas respostas será independente de sexo ou idade (ROBERGS e ROBERTS, 2002).

    Para Robergs e Roberts (2002), Powers e Howley (2000), Mcardle, Katch e Katch (1998), Fox, Bowers e Foss (1991) e Astrand e Rodahl (1987) as adaptações mais notáveis que acompanham o treinamento aeróbico são:

As adaptações metabólicas

    Observa-se um melhor controle respiratório no músculo esquelético com o treinamento aeróbico, como resultado de adaptações em:

As adaptações cardiovasculares e pulmonares

    De acordo com Robergs e Roberts (2002), Powers e Howley (2000), Mcardle, Katch e Katch (1998), Fox, Bowers e Foss (1991) e Astrand e Rodahl (1987) os sistemas cardiovasculares e respiratórios estão intimamente ligados aos processos aeróbicos, o treinamento de endurance produz modificações nesses sistemas que são de natureza tanto funcional quanto dimensional. Essas incluem:

DC (L/min.) = V.E (L) x FC (bat/min.)

  • DC = Débito Cardíaco

  • V.E = Volume de Ejeção (Volume de sangue bombeado de cada ventrículo por batimento)

  • FC = Freqüência Cardíaca

Conclusão

    A pesquisa pode concluir que o treinamento da marcha atlética é capaz de provocar adaptações tanto metabólicas (no caso do mecanismo metabólico, do metabolismo das gorduras e dos carboidratos, adaptações no tamanho e tipo das fibras musculares) como adaptações cardiovasculares e pulmonares (com adaptações no volume cardíaco, volume plasmático, freqüência cardíaca, no volume de ejeção, no débito cardíaco, na pressão arterial, entre outros); vale ressaltar que essas adaptações ocorrem tanto em indivíduos que buscam a promoção da saúde quanto naqueles que têm essa prática com o fim de competição.

Referências

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