efdeportes.com

Prevalência de queixas músculo-esqueléticas
em triatletas do Ironman: estudo retrospectivo

Predominio de malestares musculoesqueléticos en triatletas de Ironman: un estudio retrospectivo

 

www.bridiquiropraxia.com.br

Novo Hamburgo, RS

(Brasil)

Roberto Domingos Bridi

bridiquiropraxia@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Da mesma forma que o Triathlon se desenvolve, também cresce o número de atletas apresentando queixas dolorosas em diversos locais. Triatletas tendem a treinar mais horas que atletas de uma única modalidade esportiva o que conduz para maior incidência de lesões. O Objetivo deste estudo foi analisar a prevalência de queixas músculo-esqueléticas em triatletas participantes da competição Ironman Brazil 2008 por meio de inquérito durante atendimento quiroprático realizado durante a semana que antecedeu a prova. Metodologia: este estudo se caracterizou como uma pesquisa descritiva-retrospectiva utilizando o prontuário de atendimento preenchido durante o atendimento disponibilizado no evento e os sujeitos do presente estudo, selecionados por conveniência foram indivíduos de ambos os sexos que estavam inscritos na competição que contabilizava no total 1305 atletas. Fizeram parte 49 triatletas sendo 16 mulheres (33%) com idade entre 25-49 anos e 33 homens (67%) com faixa etária entre 25-64 anos. A prevalência foi citada conforme região de queixa em ordem decrescente para ambos os gêneros, apresentando pelos homens locais como joelho, lombar e pé, já as mulheres demonstraram queixas no quadril, coxa e pescoço apresentando uma interessante disparidade de locais de acometimento. Concluiu-se, após análise dos resultados, que a prevalência de queixas músculo-esqueléticas nos 49 triatletas da amostra do estudo apresentou concordância com estudos anteriores e bibliografia existente, no qual há uma predominância de queixas dos membros inferiores. Observou-se variação nos locais mais acometidos por problemas quando homens e mulheres foram analisados separadamente, dados que não puderam ser confrontados com estudos anteriores por não fazerem distinção de gênero nos seus relatos.

          Unitermos: Desempenho atlético. Esporte. Lesões.

 

Abstract

          Just as the Triathlon grows, so do the number of athletes presenting complaints of pain in various locations. Triathletes tend to train more hours than athletes from one sport which leads to higher incidence of injuries. The objetive of this study was to assess the prevalence of musculoskeletal complaints in triathletes participating in the competition Ironman Brazil in 2008 through a survey during chiropractic held during the week preceding the race. Method applied: This study was characterized as a descriptive and retrospective chart using the service completed during the service available in the event and the subjects of this study were selected by convenience were individuals of both sexes who were entered in the competition which counted a total of 1305 athletes. The study includes the 49 triathletes and 16 women (33%) aged 25-49 years and 36 men (67%) aged between 25-64 years. The prevalence region was cited as a complaint in descending order for both genders, with the local men as knee, back and feet, while women showed complaints in the hip, thigh and neck presenting an interesting disparity of local involvement. It was concluded, after analyzing the results, the prevalence of musculoskeletal complaints in 49 triathletes in the study sample were in agreement with previous studies and existing literature, in which there is a predominance of complaints of the lower limbs. There was variation in the most affected by problems when men and women were analyzed separately, information that could not be compared with previous studies do not distinguish by gender in their stories.

          Keywords: Athletic performance. Sports. Injuries.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O Triathlon Ironman surgiu no Havaí em 1978, idealizado pelo comandante John Collins, contando inicialmente com a participação de 15 atletas apresentando a primeira fase de natação com 3,8 km, seguido por ciclismo com 180 km e finalizando com a corrida 42 km. Um esporte popular que combina três modalidades em um único evento, cresceu muito e ampliou seu número de simpatizantes e competidores conforme os anos foram passando, tornando-se um esporte Olímpico porém, em distancias de proporções menores para aumentar ainda mais sua difusão no meio desportivo.1,2,3

    O triathlon é um esporte de resistência e envolve três modalidades esportivas em um único treino ou competição. A carga de treino e diversidade das três disciplinas pode levar a lesão características de para cada uma, devido à exposição das estruturas músculos-esqueléticas a estresse intenso e repetitivo ou também a lesões por overuse.4 Comparando-se os triatletas com os desportistas das modalidades individuais percebe-se que são mais acometidos por lesões devido à preparação para competir em um nível específico e conseqüentemente desempenhando um maior número de horas para o treinamento.5 Muitas lesões ocorrem durante a fase de corrida (65%), seguida pelo ciclismo (16%) e natação (11%). Alguns dos locais mais acometidos de lesões destacam-se tornozelo/pé, coxa, joelho, perna e região lombar. Conforme estudo anterior encontra-se destacado que lesões em tecidos moles estão associadas a esforço excessivo (25%), dor inflamatória (16%), torções (11%) e tendinites (7%).6 Estar ciente das condições e locais das queixas apresentadas proporciona os profissionais da área da saúde a explorar novos tratamentos e novas técnicas menos traumatizantes e com curta duração, associadas a melhores resultados. No presente estudo recrutamos dados de atendimentos quiropráticos aos atletas ocorridos com antecedência ao dia da prova do Ironman Brazil realizada em Florianópolis – Santa Catarina, tendo como objetivo expor os sítios de maior queixa músculo-esquelética apontados por meio de questionário e avaliados isoladamente conforme os gêneros, verificando a presença ou não da discordância de local citado.

Métodos

  • Sujeitos: a amostra desta pesquisa foi composta por 49 atletas da modalidade Triathlon Ironman sendo 16 mulheres (33%) com idade entre 25-49 anos e 33 homens (67%) com a idade entre 25-64 anos. Todos os sujeitos estavam inscritos na competição Ironman Brazil 2008 que ocorreu na cidade de Florianópolis em Santa Catarina.

  • Procedimentos: a coleta dos dados foi realizada no mês de maio de 2008 durante o atendimento de quiropraxia realizado no local do evento, os atletas respondiam de maneira voluntária ao questionário previamente elaborado, situando os locais de queixa músculo-esquelética do qual, serviria para direcionamento do tratamento quiroprático. Após a finalização dos atendimentos durante a semana que antecedeu a prova os dados foram arquivados e posteriormente levantados servindo para construção para base de dados indicando locais de prevalência de queixa músculo-esquelética. Os atletas citavam os locais que estavam disponibilizados entre membros superiores (cabeça, pescoço, ombro, braço, antebraço, punho e mão) , tronco (dorsal, lombar e quadril) e membros inferiores (coxa, joelho, perna, tornozelo e pé).

  • Análise estatística: para análise dos dados foi realizada a distribuição de freqüência de queixas relatadas de acordo com as regiões disponibilizadas no questionário. Para interpretação e análise utilizou-se a estatística descritiva com o auxílio do programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science) versão 12.0.

Resultados

    Ambos os gráficos abaixo demonstram as regiões de queixas músculo esqueléticas nos triatletas entrevistados no Ironman Brasil 2008. Os gráficos apresentados pelo trabalho estão divididos conforme o gênero, o que não é observado na literatura, na qual generaliza os triatletas quando se refere às queixas músculo esqueléticas.

    Nos gráficos referentes aos dados obtidos, observa-se que nas três regiões mais indicadas por homens e mulheres, existe uma interessante disparidade de locais de acometimento. Outra importante relação ocorre quando citamos achados dos estudos sobre queixas em locais referentes à coluna vertebral pois a região da cervical é a mais citada por mulheres e a região lombar por homens.

Gráfico A

Gráfico B

    A amostra do estudo foi obtida por meio de um questionário respondido por 49 atletas de ambos os sexos que estavam participando da competição Triathlon Ironman Brasil 2008. No gráfico C a amostra foi dividida conforme o gênero, de um total de 49 atletas, a amostra apresentou o número de 33 do sexo masculino (67,35%) e 16 do sexo feminino (32,65%). A direção responsável pela prova apresentou dados onde dos 1305 atletas inscritos, 1136 (87,05%) eram masculinos e 169 (12,95%) femininos. 7

Gráfico C

    Nos gráficos números D e E utilizou-se a amostra total de atletas entrevistados, ou seja, 49 triatletas para relatar em qual faixa etária estava inserida a maioria da amostra. Observou-se que a faixa etária que incluiu a maioria de atletas estava entre 30-34 anos do sexo masculino com 11 atletas e 35-39 anos no sexo feminino com 7 atletas. Os dados apresentados pelo Ironman Brazil Triathlon Florianópolis (2008), conforme a direção do evento demonstrou que dos 1305 inscritos, a maioria estava entre a faixa etária dos 35-39 anos em ambos os sexos sendo 281 atletas masculinos e 49 atletas femininos, diferenciando somente na segunda faixa etária onde no sexo masculino destacou-se o intervalo entre 30-34 anos e no feminino o intervalo entre 40-44 anos.

Gráfico D

 

Gráfico E

Discussão

    Os achados da pesquisa confirmam os achados gerais em outros autores quando relatam a maior prevalência de queixas nos triatletas estarem ligadas aos membros inferiores. 8,9

    Algumas das regiões citadas em estudos que integram a pesquisa indicam maior incidência, locais como joelho, tornozelo e ombro o que inicialmente confere uma igualdade de queixas em membros inferiores, mas difere quando não citam locais como quadril e coxa como segmentos também mais afetados e relatados pelos próprios atletas. 10,11

    Regiões como a articulação do tornozelo está entre as três primeiras regiões mais acometidas e citadas nas pesquisas porém, no presente estudo, para os resultados obtidos, esta região não é mencionada entre as sete primeiras tanto em homens quanto mulheres. 6, 8, 12.

    A cervicalgia não demonstra uma incidência alta como a lombalgia, mas surpreende que estas queixas nem sequer incluem a maioria dos estudos no qual relatam a estimativa de lesões em triatletas, o que não condiz com os achados do presente trabalho.1

    Alguns estudos citam a região lombar como queixa devido ao ciclismo, porém a queixa não consta entre as primeiras cinco mais relatadas. Outros autores de pesquisas mais recentes citam a cervical e lombar junto a queixas na coxa e perna como as regiões de maior acometimento. Desigualdade está de estudos pode estar relacionada ao momento em que estes estudos foram produzidos pois existe uma diferença significativa de 12 anos, sendo que alterações quando a rotina, modelo e carga de treinos dos atletas podem ter modificado e influenciado nos resultados. 6,2

    Observou-se variação nos locais mais acometidos de queixas quando homens e mulheres foram analisados separadamente, dados que não puderam ser confrontados com estudos anteriores por não fazerem distinção de gênero nos seus relatos.

    Os resultados obtidos estão de acordo com outros estudos sobre ocorrência de lesões crônicas em triatletas onde a faixa etária predominante estava entre os 30-50 anos, sendo que uma grande relação de queixas incidia em torno da faixa etária de 35 anos.8,10,12

Referências

  1. Villavicencio A.T., Burneikiene S., Herne1ndez T.D., Thramann J. Back and neck pain in triathletes. Journal of Neurosurgery and American Association of Neurological surgeons 2006; 21: 1-7.

  2. Silveira M.A., Haupenthal A., Mannrich G.,Torres S.F. Atuação fisioterapeutica no Ironman Brazil. Fisioterapia em movimento 2006; 19:35-40.

  3. Gosling C. McR, Gabbe J. Belinda, Andrew B. F. Triathlon related musculoskeletal injuries: The status of injury prevention knowledge. JSci Med Sport 2007; 231: 1-11.

  4. Galera O, Gleizes-Cervera S., Pillard F., Rivière D. Prevalence of injury among a sample of French amateur triathletes. J.Scispo 2009; 24:288-292.

  5. Strock G. A., Cottrell E. R, Lohman J.M.Triathlon. Phys Med Rehabil Clin N Am 2006; 17: 553–564.

  6. Korkia P.K.,Tunstall-Pedoe D.S., Maffulli N. Br J Sports Med 1994; 28: 191-196.

  7. IRONMAN BRAZIL TRIATHLON FLORIANÓPOLIS 2008. Tri Sport, São Paulo, v.68, p.24-47, maio 2008.

  8. McHardy A., Pollard H., Fernandez M. Triathlon injuries: A review of the literature and discussion of potential injury mechanisms. Clinical Chiropractic 2006; 9:129-138.

  9. Engermann M., Brocai D., Lill C.A. Schmitt H.. Analysis of injuries in long-distance triathletes. Int J Sports Med 2003; 24: 271-276.

  10. Pen L.J., Barret R.S., Neal R.J., Steele J.R. An Injury profile of elite Ironman Competitors. Aust J Sci Med Sport ;28:7-11.t

  11. Oliveira M.R., Faggioni R.I., de Lucas R.D. Ocorrência de lesões crônicas em triatletas do Ironman. Motriz, 2008;14:S1-S141

  12. COHEN, M.; ABDALLA, R. J. Lesões no esporte: diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

  13. SHAW T., Howat P., Trainor M. Maycock B. Training patters and sports injuries in triathletes. JSci Med Sport 2004;7:4 , 446-450.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 174 | Buenos Aires, Noviembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados