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Período dos padrões fundamentais (motricidade fina)

El período de los esquemas básicos (motricidad fina)

 

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano

Escola de Educação Física

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof. Dr. Guilherme Garcia Holderbaum

ghgarcia@ibest.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desta resenha foi discutir questões relacionadas as habilidades motoras-finas manipulativas, mais especificamente na forma como estas se desenvolvem ao longo dos primeiros meses de vida da criança. Também são apresentadas as diferentes classificações e categorias destas habilidades. Esta discussão foi realizada a partir da visão dos autores HAYWOOD & GETCHELL (2004) e PAYNE & ISAACS (1999) apontando os pontos de concordância e discordância entre os mesmos e tentando relacionar os fenômenos presentes neste tema com desenvolvimento das habilidades esportivas.

          Unitermos: Habilidades motoras. Desenvolvimento. Habilidades esportivas.

 

          Resenha crítica realizada na disciplina de Desenvolvimento Motor do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da ESEF, UFRGS, Brasil. Disciplina Ministrada pela Profa. Dra. Nadia Valentini.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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    As habilidades motoras-finas manipulativas são consideradas como as características mais marcantes na diferenciação entre os seres humanos e outras espécies. Estas habilidades são provenientes de estímulos capazes de desenvolver a maturação neuromotora (HAYWOOD & GETCHELL, 2004).

    Uma vez que o córtex motor seja desenvolvido, pode favorecer a aquisição das habilidades motoras manipulativas. O processo de estimulação para a aquisição das habilidades motoras manipulativas requer contatos diretos do bebê com as mais variadas cores, texturas, tamanhos, temperaturas, etc. Dessa forma a criança poderá explorar diferentes padrões motores-finos.

    De acordo com PAYNE & ISAACS (1999), as habilidades motoras manipulativas apresentam uma classificação tradicional. Esta consiste de movimentos intrínsecos (movimentos coordenados dos dedos para administrar um objeto que já esta na mão) e de movimentos extrínsecos (deslocar as mãos e os abjetos nas mãos através de movimentos dos membros superiores). Estes autores explicam que movimentos intrínsecos e extrínsecos são utilizados para organizar os movimentos das mãos e que ELLIOT & CANNOLLY (1984) desenvolveram um sistema de categorias para enquadrar os padrões motores-finos manipulativos.

    As categorias apresentadas desenvolvidas por ELLIOT & CANNOLLY (1984) e apresentadas por PAYNE & ISAACS (1999) são: (1) sinergia recíproca e (2) padrões seqüenciais.

    A sinergia recíproca tem como uma de suas características a combinação de movimento na interação do polegar e outros dedos reciprocamente e simultaneamente para produzir movimentos relativamente dissimilares. Outra característica da sinergia recíproca consiste de movimentos como girar os polegares e rolar um objeto entre o polegar e o dedo indicador. Já os padrões seqüenciais apresentam como características: (1) o desenvolvimento dos padrões em sequência e não simultâneos, (2) sequência sistemática para obter um objetivo e (3) movimentos como dar nós e abrir tampas, etc.

    PAYNE & ISAACS (1999) também abordam a percepção tátil da mão. As percepções de temperatura, tamanho, textura, solidez, peso e forma surgem de forma sequencial e previsível. A percepção da temperatura pode ser percebida mesmo antes do sexto mês de vida do bebê. Já, a partir do sexto mês são identificadas, além da temperatura, a solidez e as primeiras percepções de textura. A partir do nono mês os bebês percebem temperatura, solidez, textura e iniciam as percepções de peso. Entre o décimo segundo e décimo quinto mês de vida do bebê, além das percepções de temperatura, solidez, textura e peso, iniciam-se também, as percepções de forma.

    PAYNE & ISAACS (1999) apresentam os resultados de algumas pesquisas abordando as percepções táteis da mão. Segundo PAYNE & ISAACS (1999), CASE-SMITH, BIOSBY & CLUTTER (1998) realizaram um estudo sobre os efeitos das percepções táteis no ato de pegar de bebês de seis meses e encontraram habilidades mais maduras quando as características táteis dos objetos estavam proximamente ligadas aos níveis de habilidade do bebê. Outro achado do estudo de CASE-SMITH, BIOSBY & CLUTTER (1998), foi de que as características táteis causam impacto no padrão de movimento e esta influência muda conforme a idade. Estes autores concluem o estudo afirmando que o desenvolvimento do ato de pegar pode ser potencialmente facilitado pelas tentativas de equiparar características táteis com o nível de habilidade do bebê.

    PAYNE & ISAACS (1999) também apresentam uma consideração de LEDERMAN & KLATZKY (1987) de que o emergir das percepções táteis está proximamente vinculado com as habilidades do indivíduo de executar tipos específicos de movimentos das mãos sobre a superfície do objeto para detectar textura e segurar sem suporte.

    Outro estudo citado por PAYNE & ISAACS (1999) foi o de BUSHNELL & BOUDREAU (1993). Os referidos autores estudaram bebês com idades entre quatro e nove meses. Os achados do estudo mostraram maior controle visual do movimento e variedade de movimentos como: (1) fricção, (2) acenar, (3) bater, (4) ensacar objetos, (5) segurar sem suporte e (6) trocar objetos de mãos. Estes autores concluem o estudo afirmando que novas manipulações levam ao desenvolvimento das habilidades táteis. BUSHNELL & BOUDREAU (1993), também realizaram considerações sobre os três primeiros meses de vida do bebê. Estes relatam que do nascimento até os três meses de vida, o bebê agarra o objeto devido ao reflexo de pressão plantar. Também nesta faixa etária é percebido que o bebê segura o objeto com uma das mãos e ocasionalmente o leva a boca ou auxilia com a outra mão. Os autores também salientam que são os procedimentos exploratórios que levam a detecção de propriedades táteis de temperatura e tamanho e, possivelmente, solidez. BUSHNELL & BOUDREAU (1993), colocam que a entre os nove e doze meses, a ação bimanual permite o segurar o objeto com uma das mãos e deixar a outra livre para seguir o contorno do objeto. Eles destacam a importância desta habilidade, pois a mesma contribui para o desenvolvimento da percepção de forma que emerge por volta dos doze aos quinze meses.

    HAYWOOD & GETCHELL (2004), apresentam uma visão diferenciada dos padrões motores-finos manipulativos. Estas autoras dividem o movimento de alcançar em três fases distintas: (1) pré-alcançar, (2) alcançar visualmente orientado e (3) alcançar visualmente evocado. HAYWOOD & GETCHELL (2004) destacam a importância da visão e da coordenação óculo-manual para o desenvolvimento dos padrões motores-finos manipulativos. Estas autoras afirmam que mesmo que algum grau de coordenação olho-mão esteja presente em recém-nascidos, ainda existem diferenças importantes entre a fase de pré-alcançar a o ato de alcançar de crianças mais velhas. Segundo HAYWOOD & GETCHELL (2004), recém-nascidos não utilizam a informação visual para guiar suas mãos até o objeto bem como não conseguem corrigir seus movimentos no meio do curso, como fazem as crianças mais velhas. Outra diferença destacada pelas autoras é que os recém-nascidos não configuram suas mãos para corresponder ao formato e ao tamanho do objeto em direção ao qual eles executam o movimento de alcançar.

    Com relação aos movimentos de mão-boca e manipulação bimanual, pode-se perceber alguns pontos em comum entre HAYWOOD & GETCHELL (2004) e PAYNE & ISAACS (1999) quanto à realização de determinadas ações e a faixa etária onde estas ações ocorrem.

    De modo geral, gostaria de manifestar a minha satisfação pela abordagem realizada por PAYNE & ISAACS (1999). Destaco a quantidade relevante de informações sobre a manipulação de objetos e, também, a forma clara e objetiva em que o texto é apresentado o que proporciona uma leitura fácil e agradável. Já a abordagem de HAYWOOD & GETCHELL (2004), embora apresente informações também relevantes sobre o assunto em questão, não propõe uma discussão aprofundada do assunto.

    Em particular, destaco como ponto principal do estudo de PAYNE & ISAACS (1999), a abordagem de outros autores sobre o assunto. Acredito que isto tornou o texto muito consistente e sólido. Apreciei a abordagem sobre as percepções táteis da mão e manifesto minha humilde opinião de que é indispensável estimular adequadamente cada fase do desenvolvimento do ser humano para posteriormente poder explorar seus potenciais. Às vezes meu posicionamento parece estar voltado apenas para o esporte, mas, na verdade, a minha preocupação é de tentar fazer com que os indivíduos desenvolvam todas as suas possíveis potencialidades para que, no futuro, estes possam utilizá-las, não somente no esporte, mas também na sua profissão. Logo, a estimulação das habilidades motoras-finas manipulativas pode auxiliar não só na execução de gestos esportivos, mas também na execução de tarefas como as de um artista plástico, um pianista, um desenhista, etc.

Referências

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