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Índice de massa corporal e percepção da
imagem corporal em dançarinos de Concórdia, SC

El índice de masa corporal y la percepción de la imagen corporal en bailarines de Concordia, SC

Body mass index and body image perception to dancers in Concordia, SC

 

*Programa de Pós Graduação Lato Sensu

da Universidade Gama Filho em Dança e Consciência Corporal

**Orientadora

***Graduação em Licenciatura Plena, UFSM. Especialista em handebol, EFP

Mestre em Ciências Multidisciplinar da Saúde Humana, UnC, Concórdia

****Graduação em Licenciatura Plena, UFSM

Mestre em Ciências Multidisciplinar da saúde Humana, UnC, Concórdia

Ivana Lima Martins Schneider* ***

Ms. Rafaela Liberali* **

Esp. Maria Ines Artaxo Netto*

Ms. Maria Cristina Mutarelli*

Alexandre Trevisan Schneider****

ivana.profe@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Através da história percebe-se que padrões de beleza que formam uma imagem corporal são impostos na sociedade através da mídia, família, amigos. Entende-se por Imagem corporal, a figura do próprio corpo formada na mente das pessoas. A dança, no decorrer dos tempos passou por transformações e desta forma propõe o desenvolvimento do individuo como um todo, desconstruindo um paradigma cultural quanto ao padrão corporal magro imposto para dançar. Este trabalho tem por objetivo verificar índice de massa corporal (IMC) e percepção da imagem corporal em dançarinos masculino e feminino. Esta pesquisa é descritiva, com uma amostra de 30 dançarinos do grupo de dança de rua de Concórdia /SC. Concluiu-se que do total de indivíduos que participaram da amostra deste estudo, 30% se encontram em uma classificação de risco de doenças (obesidade e excesso de peso) e 90% dos indivíduos da amostra possuem distorção de sua auto-imagem corporal. Percebe-se que na dança, de uma forma positiva, os paradigmas impostos historicamente vem se quebrando e mesmo na mídia já se percebe exemplos de “gordinhos” como bons dançarinos.

          Unitermos: IMC. Imagem corporal. Dançarinos.

 

Abstract

          Through the history, the standards of beauty, forming a body image, are being imposed on society by the media, family and friends clearly. The body image is being understood by the figure formed in people's minds. The dance through the ages has changed it and proposes the individual development as a whole, deconstructing the cultural paradigm of the standard lean body, enforced to dancers. This paper aims to check the Body Mass Index (BMI) and the perception of body image from male and female dancers. This is a descriptive research with a sample of 30 dancers from the street dance group, from Concordia\SC. Overall, in the total number of participates in this sample, 30% are at a risk rating of disease (obesity and overweight), and 90% of the sample population have their self-body-image distorted. It is noticed in dance, positivity, the historical paradigms of the lean body is changing and even the media is already showing examples of overweight people as good dancers.

          Keywords: Dancers. Body Mass Index (BMI). Body image.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Através da história percebe-se que os padrões de beleza, a imagem padrão de corpo bonito ou a tendência de tipo físico para agradar, vem sendo impostos na sociedade através da mídia, dos amigos e da família. Entende-se por imagem corporal, a figura do próprio corpo formada na mente das pessoas, e como uma pessoa percebe que outras pessoas as vêem (PAULUCCI e FERREIRA, 2009). A imagem corporal é um componente da identidade pessoal definido como a figura mental (KAKESHITA e ALMEIDA, 2006). A distorção de imagem gera uma expectativa irreal de possuir um modelo corporal ou grande insatisfação com o corpo (BALLONE, 2003). Para quem pratica dança, existe um padrão estético determinado culturalmente, um corpo magro para alcançar excelência na execução de movimentos, que pode ser questionado levando-se em consideração bailarinas tecnicamente perfeitas, e que geneticamente não atendem aos padrões impostos (PAULUCCI, FERREIRA, 2009).

    A dança é historicamente entendida como movimentos e ritmos naturais inerentes ao ser humano. Antes de dominar a linguagem, o meio de comunicação era a mímica através do corpo. A dança, no decorrer dos tempos passou por transformações, com a introdução de regras e definindo-se em estilos (NANNI, 2001; SEBRENSKI et al, 2009). A dança cumpriu papel respeitável no desenvolvimento das civilizações, nas crenças, como expressão dos costumes, saberes e como forma de diversão para variadas classes sociais (MENDES, 1987). É fundamental para a criança, que nasce dançando, não desaprender essa linguagem pela influência de uma educação repressiva e frustrante. (MARQUES, 1997). Desta forma o objetivo é o desenvolvimento do individuo como um todo, desconstruindo um paradigma cultural quanto ao padrão corporal imposto para dançar, independente de ser “gordo ou magro,” e poder usufruir da dança com o propósito geral (RANGEL 2002).

    O índice de massa corporal é um método de verificação das condições de peso de uma pessoa, e a partir do IMC é possível estimar o peso ideal ou desejado de indivíduos (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000). O IMC é uma medida prática e útil da adiposidade. O IMC compreende a relação entre peso em quilogramas e o quadrado da estatura em metros: IMC = peso (kg)/altura (m²), cujos resultados podem ser classificados de acordo com pontos de corte preestabelecidos, e que demonstram riscos, complicações, índices de mortalidade, e tendências a doenças crônicas não transmissíveis (CONDE e MONTEIRO, 2006; NACIF, VIEBIG, 2008 e MANUAL PROESP-BR 2009;).

    O objetivo do presente estudo é verificar e classificar índice de massa corporal e percepção da imagem corporal em dançarinos de ambos os sexos, com idade entre 10 e 20 anos, da cidade de Concórdia /SC.

Materiais e métodos

    Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de campo descritiva (LIBERALI, 2011). A instituição pesquisada é uma Fundação de cultura (Casa da Cultura) que oferece dança popular, dança de rua, ginástica, aulas de musica e que acomoda sessões de cinema. O responsável pela instituição autorizou a pesquisa mediante a assinatura de uma declaração.

    A população do estudo corresponde a N=66 dançarinos da Fundação Municipal de Cultura, do estilo DANÇA DE RUA. Destes selecionamos uma amostra de n= 30, dançarinos da Fundação Municipal de Cultura, sendo “6” do gênero masculino e “24” do gênero feminino, e por atenderem aos critérios de inclusão: -ser dançarino da Casa da Cultura; -ter entre “10” e “20” anos de idade; -freqüentar o grupo em “2011”; -ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido (em caso de menores, pais e/ou responsáveis).

    No que refere aos aspectos éticos, as avaliações não tinham nenhum dado que identificasse os indivíduos e que lhe causasse constrangimento ao responder. Além disso, foram incluídos no estudo os adultos que aceitaram participar voluntariamente, após obtenção de consentimento verbal dos participantes e uma autorização por escrito. Dessa forma, os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki e na Resolução nº 196 de 10 de Outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitados em todo o processo de realização desta pesquisa. Para a coleta de dados foi aplicado o Conjunto de silhuetas propostas por Stunkard et al. 1983 (KAKESHITA e ALMEIDA, 2006)

Escala de silhuetas de Stunkard (1983)

    A Escala de silhuetas proposta por Stunkard et al (1983), tem a finalidade de avaliar a percepção de tamanho e forma corporal. A escala consiste de um conjunto de dezoito imagens, nove desenhos de silhuetas femininas e nove masculinas, que representam figuras humanas com nove variações em ordem de tamanho corporal. A aplicação (“escolha”) consiste em a figura ser mostrada a cada indivíduo e este aponta a que mais se aproxima da sua aparência. Este instrumento é respondido individualmente, sem a presença de um interlocutor, para que não haja interferência nas respostas (KAKESHITA & ALMEIDA, 2006). A escala de figuras de silhuetas consiste em variações progressivas na escala de medida, da figura mais magra à mais larga, com IMC médio variando: 17,5 (figura 1); 20,0 (figura 2); 22,5 (figura 3); 25,0 (figura 4); 27,5 (figura 5); 30,0 (figura 6); 32,5 (figura 7); 35,0 (figura 8) e 37,5 (figura 9) (KAKESHITA E ALMEIDA, 2006). Foi coletado peso (balança Fiziola e estatura para o cálculo do IMC. Para a classificação do IMC foi utilizado o (Manual do PROESP?BR 2009; CONDE e MONTEIRO, 2006) que propõe uma classificação para adolescentes de 7 a 17 anos baseados em dados com amostras brasileiras.

    Já para os indivíduos da amostra com 18 e 20 anos de idade foi utilizada a classificação abaixo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica:

  • Baixo peso =IMC menor que 18,5/peso ideal=IMC de 18,5 a 24,9/obesidade leve=IMC de 25,0 a 29,9/obesidade moderada=IMC de 30,0 a 39,9 e obesidade severa=IMC igual ou maior a 40,0.

    Foi informado aos indivíduos o proposito da pesquisa, coletado a assinatura do formulário de consentimento. Após a assinatura, teve a coleta de estatura e peso. Definiu-se um espaço individualizado e o acompanhamento do professor responsável pelo grupo, além de avisar aos indivíduos da amostra para usarem calção, top de ginástica e short.

Resultados

    Participaram do estudo 30 dançarinos de dança de rua, dos gêneros, masculino e feminino, com idade entre 10 e 20 anos. Abaixo tabelas e gráficos apresentando os dados coletados.

Tabela 1. Dados coletados referente aos indivíduos femininos da amostra

Legenda:

* col. A = IMC da silhueta do IMC calculado

* col. B = classificação do IMC calculado

* col C = numeração da Escala de silhueta (Stunkard, 1983), relativa ao IMC calculado

* col. D = numeração da Escala de silhueta (Stunkard, 1983), como a amostra se percebe

* col E= imc da silhueta como a amostra se percebe

* col. F = classificação do imc da silhueta como a amostra se percebe 

Gráfico 1. Dados da Tabela 1 - IMC calculado a partir do peso e estatura dos indivíduos da amostra, e classificação 

de acordo com Manual do PROESP-BR 2009 (CONDE e MONTEIRO, 2006) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Gráfico 2. IMC calculado a partir de peso e estatura dos indivíduos femininos da amostra 

e IMC relativo à silhueta que demonstra como os indivíduos da amostra se percebem

 

Tabela 2. Dados coletados referente aos indivíduos masculinos da amostra

Gráfico 3. Dados da Tabela 2 - IMC dos indivíduos masculinos da amostra, calculado a partir de peso e estatura 

dos indivíduos da amostra, e classificação de acordo com Manual do PROESP-BR 2009 (CONDE e MONTEIRO, 2006)

 

Gráfico 4. IMC calculado a partir de peso e altura dos indivíduos masculinos da amostra

 e IMC relativo à silhueta que demonstra como os indivíduos da amostra se percebem

Discussão

    A maioria dos trabalhos publicados enfoca a relação entre a imagem corporal e o IMC em sujeitos diagnosticados com algum tipo de distúrbio alimentar. Observando-se os dados coletados com dançarinos, com relação a IMC, na amostra feminina verificou-se 62,5% de indivíduos da amostra em uma classificação de normalidade; 4,1% para baixo peso; obesidade para 16,7% e excesso de peso 16,7%. Para o masculino na classificação normal/peso ideal verificou-se 90% de indivíduos da amostra, e para excesso de peso 10%. Aponta-se fatores negativos, excesso de peso e obesidade, que são indicadores de risco para níveis elevados de colesterol e pressão arterial e obesidade (MANUAL PROESP-BR, 2009). Também percebe-se um fator positivo quando, o grupo independente de seus componentes serem “gordos ou magros, atende ao objetivo da dança que é o desenvolvimento do individuo como um todo, de um a forma geral, desconstruindo um paradigma cultural de que o corpo deve ser magro, padrão corporal imposto para dançar (RANGEL, 2002; PAULUCCI, FERREIRA, 2009).

    Quando nos referimos a imagem corporal, relacionando o IMC calculado a partir do peso e estatura, e o IMC relacionado a escolha da figura da silhueta de “como o individuo se percebe”, para o gênero feminino verificou-se 4,2% das meninas tem uma imagem corporal que coincide com o IMC calculado. Somente 8,3% tem a percepção da imagem corporal de ser mais magra do que realmente é, de acordo com o IMC calculado, e 87,5% dos indivíduos da amostra feminina tem a percepção de serem mais gordas do que realmente são de acordo com o IMC calculado, considerando-se que apresentam distorção, insatisfação geral com a imagem corporal. A exaltação da magreza na sociedade contemporânea, com corpos tão esguios quanto inalcançáveis pela maioria da população, configura uma situação de permanente insatisfação pessoal. Tal insatisfação poderia ser um importante fator ambiental, contribuindo para o estresse característico da vida moderna (KAKESHITA E ALMEIDA, 2006). Para o gênero masculino verificou-se 40% dos meninos tem uma imagem corporal que coincide com o IMC calculado; 50% tem a percepção da imagem corporal de ser mais magro do que realmente é, de acordo com o IMC calculado; e somente 10% dos indivíduos da amostra masculina tem a percepção de serem mais gordos do que realmente são, de acordo com o IMC calculado. Estes dados contrapõem o que se lê em publicações atuais que sugerem uma insatisfação com a imagem corporal, no sentido de que tanto homens como mulheres valorizariam os modelos de magreza (BALLONE, 2003)

Conclusões

    Do total de indivíduos que participaram desta amostra 30% se encontram em uma classificação de risco de doenças. O avanço do conhecimento nesta área contribui para a avaliação em prevenção da obesidade e conseqüente melhora no quadro geral de incidência de doenças crônico-degenerativas. De acordo com os resultados alcançados para percepção da imagem corporal, concluiu-se que 90% dos indivíduos da amostra aqui analisados possuem distorção de sua auto-imagem corporal, sendo ela menor ou maior em relação a sua imagem real, de acordo com o IMC calculado. O processo de formação da imagem corporal pode ser influenciado pelo sexo, idade, meios de comunicação, pelas crenças, valores e atitudes de uma cultura. Os modelos de beleza divulgados pela mídia exercem efeitos sobre o comportamento de adolescentes e adultos, pois colocam a magreza como uma forma de sucesso na nossa sociedade. Mesmo assim, na dança, de uma forma positiva os paradigmas vem se quebrando e mesmo na mídia já se percebe exemplos e “gordinhos” como bons dançarinos.

    Os resultados do presente estudo sugerem que estes aspectos da percepção da imagem corporal sejam pesquisados como importantes componentes subjetivos na adoção de atitudes e práticas determinantes do comportamento de outros grupos e de diferentes faixas etárias, estimulando a pratica da dança como atividade física e prevenção de doenças.

Referências bibliográficas

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