Considerações preliminares sobre
a importância do xadrez Consideraciones preliminares sobre la importancia del ajedrez en el ámbito escolar: un estudio a partir de la mirada del alumno |
|||
*Graduação em Educação Física, é Especialista em Pedagogia do Movimento. Mestre em Educação Escolar e Doutorando pela FCLAR, UNESP, Araraquara. Docente nas Faculdades Network e na Secretaria da Educação de São Paulo, na regional de Americana, SP **Graduado em Ciências Sociais, Mestre em Educação Escolar e Doutorando pela FCLAR, UNESP, Araraquara. Professor do curso de Pós-Graduação das Faculdades Metrocamp em Campinas, SP e na FAC São Roque. ***Licenciado em Educação Física, bacharel em Educação Física, mestre em Pedagogia do Esporte e doutor em Pedagogia. Atualmente é docente na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) e coordenador do curso de Ciências do Esporte da UNICAMP Responsável pelas pesquisas do LEPE (Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte) |
Kleber Tuxen Carneiro* Eliasaf Rodrigues de Assis** Alcides José Scaglia*** (Brasil) |
|
|
Resumo O presente texto dedica-se a compreender os benefícios do xadrez no ambiente escolar, a partir de um estudo pautado na metodologia da pesquisa-ação. Deste modo, o estudo descreve o entendimento dos alunos sobre os benefícios da prática do jogo de xadrez inseridos em aulas em uma escola pública do interior do estado de São Paulo. O trabalho está organizado da seguinte maneira: inicia-se com uma breve introdução sobre a temática, posteriormente apresenta a problemática da incerteza quanto à historicidade da modalidade. Contudo,optou-se por discorrer sobre uma das interpretações possíveis de sua origem, que embora não seja a única, mas apenas uma das muitas existentes sobre a gênese do xadrez, é a que oferece uma conotação metafórico/mítica que ressalta ainda mais a beleza, integralidade e a complexidade do jogo de xadrez. Não obstante,apresenta-se o percurso metodológico e posteriormente a análise dos dados encontrados fazendo analogias e algumas considerações sobre os mesmos. E por fim, são feitas as considerações finais que alentam a proficuidade do xadrez para o desenvolvimento dos alunos e enfatiza seu importante papel como ferramenta pedagógica para o processo de escolarização. Unitermos: Xadrez. Desenvolvimento humano. Pesquisa-ação. Concepção discente. Espaço escolar.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
O xadrez é um elixir que prolonga a vida, é um
culto à sabedoria e um canto à virtude.
Alexander Kotov 1
Introdução
Há quase uma década temos buscado compreender a densa e complexa teoria do jogo. Com investigações em diferentes ambientes e imbricações, como se vê em Carneiro (2003, 2005, 2007, 2009 e 2012).
Embora nesse estudo, nosso objetivo não seja discorrer sobre a teoria do jogo, gostaríamos de ressaltar, que o fato de vincular a denominação de jogo, não garante ao xadrez necessariamente sua concretude. Dito de outra forma, não basta receber o nome de jogo para que uma prática ou atividade assim se conceitue. É preciso que ela preserve as características (endógenas e exógenas) a fim de garantir um ambiente para suas manifestações.
Como destaca Freire (2001; 2002), o jogo existe através de suas manifestações. Para o autor o ato de jogar revela o jogo. Ou seja, não são considerados jogos as atividades ou situações específicas, apenas por, comumente, ou culturalmente, serem chamadas de jogo.
Na mesma ótica, Scaglia (2003) adverte que o jogo é abstrato. Ele se concretiza por intermédio de suas manifestações – jogo/brincadeira, jogo/esporte, jogo/dança, jogo/lutas,jogo/xadrez, jogo/ginástica..., constituindo-se como uma família – conceito a priori abstrato – que se concretiza por seus componentes (indivíduos – pai, mãe, filhos...).
Ou seja, como diriam Freire & Scaglia (2003) o jogo é uma categoria maior (abstrata), que se manifesta à partir de circunstâncias externalizadas, como as que o xadrez pode oferecer, por exemplo.
Feito tal contextualização para o entendimento da manifestação do jogo, no ambiente do xadrez e não simplesmente pelo emprego de sua denominação, observamos que a literatura que aborda o xadrez é muito grande e antiga, como destaca (SILVA, 2011, p.15):
A literatura que versa sobre o jogo de xadrez é muito grande,sendo que as três maiores coleções em bibliotecas são: John G. White Chessand Checkers Collection, na Cleveland Public Library (EUA), com 32.568 volumes sobre xadrez e damas2 (Cleveland Public Library, 2009); a Bibliotheca Van der Linde-Niemeijeriana, na Koninklijk e Bibliotheek (Holanda) com aproximadamente 30.000 volumes de xadrez e damas3 (Koninklijk e Bibliotheek, 2009); e a Anderson Chess Collection, na State Library of Victoria (Austrália), com aproximadamente 12.000 itens,incluindo livros, relatórios de torneios, revistas e panfletos4 (State Library of Victoria, 2009).
Acompanhando essa amplitude literária que trata do xadrez, está também, o aumento de investigações que aludem ao fenômeno. Assim, temos notado um crescimento significativo no aumento de pesquisas que observam os benefícios do xadrez atualmente. Só em nível de pós-graduação stricto sensu, foram encontrados trinta estudos realizados no Brasil, nos últimos anos, como destaca Silva (2011).
Notadamente, a maioria das pesquisas se referem aos benefícios do xadrez no âmbito escolar, conforme o autor destaca:
Nos últimos anos tem havido um crescente interesse pela utilização do jogo de xadrez em contextos escolares, interesse este que na maioria das vezes se baseia na premissa que o estudo e a prática sistemática do xadrez podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo do aluno, mais especificamente nas questões ligadas ao raciocínio lógico. (SILVA, 2011, p.11)
O autor continua descrevendo esse crescimento, tomando como exemplo três projetos em níveis, municipal, estadual e federal:
Para exemplificar este interesse pedagógico no xadrez, vale a pena destacar três projeto sem andamento no Brasil: um de âmbito municipal, outro estadual e outro federal.Em Curitiba, a Secretaria Municipal da Educação possui,desde a década de 90, um programa de ensino de xadrez nas escolas que atende 90 das 168 escolas públicas municipais, proporcionando a prática do xadrez para 27.815 alunos.No Paraná, a Secretaria de Estado da Educação mantém um projeto desde 1980 que atinge aproximadamente 300.000 crianças de 5ª a 8ª séries de 1.200 escolas.Em 2003, o Governo Federal, por intermédio dos Ministérios do Esporte e da Educação e em parceria com os Governos Estaduais,levou a experiência desenvolvida no Paraná para 4 capitais (Recife/PE, Belo Horizonte/MG, Campo Grande/MS, Teresina/PI) implantando um projeto piloto de xadrez em 39 escolas e buscando estabelecer os parâmetros para um projeto que atendesse todo o país. (SILVA, 2011, p. 11)
Embora reconheçamos o aumento do interesse sobre a modalidade existem poucos estudos ainda investigando a percepção do discente sobre os benefícios da prática do xadrez. Seu universo ainda é circundado de mitos e crenças, das mais variadas, especialmente no espaço escolar. Como exemplificam narrativas que mencionam que o xadrez restringe-se apenas aos mais inteligentes, que sua estrutura é muito complexa e difícil e, portanto, não é para todos, apenas para a elite. Expressões que vinculam os enxadristas a loucos ou a alguém que perderá a saúde das faculdades cognitivas, entre tantos outros mitos e crenças que envolvem o jogo.
Considerando tal conjectura, buscamos averiguar a partir do olhar dos discentes inseridos nas aulas de xadrez em uma escola pública do estado de São Paulo, como eles notavam as aulas e se os mesmos conseguiriam perceber melhoras em seu desenvolvimento e se tais benefícios tinham desdobramentos em seu rendimento escolar.
Contudo, para compreender melhoro xadrez apresentaremos sua historicidade, perpassando pela dificuldade em conhecer sua gênesis até a apresentação de uma interpretação de sua história com uma conotação mítica/metafórica, tornando-o ainda mais encantador, como descreveremos a seguir.
O impasse da historicidade do xadrez: uma vereda mítico/metafórico
A prática do xadrez é remota, constituindo-se numa atividade muito antiga. E várias são as histórias que circundam sua origem.Rodeado de mistérios, lendas e incertezas,não há consenso sobre o local de sua origem.
Encontramos nos estudos de Klein (2003) um rigoroso detalhamento da multiplicidade de hipóteses que envolvem a modalidade. Contudo, como nosso objetivo não é apresentar uma historiografia exaustiva do xadrez, apresentaremos algumas hipóteses, ainda que lhes faltem elementos empíricos que as corroborem.
Deste modo, o documento mais antigo é provavelmente a pintura mural da câmara mortuária de Mera, em Sakarah (nos arredores de Gizé, no Egito). Ao que parece, essa pintura, representa duas pessoas jogando xadrez e data de aproximadamente 3000 anos antes da era cristã.
Uma teoria muito aceita é que ele se originou na Índia por volta do século VI d.C. Era conhecido como "o jogo do exército" ou "Chaturanga" e podia ser jogado com dois ou mais jogadores. Graças às viagens dos mercadores e dos comerciantes o jogo se espalhou para leste (China) e oeste (Pérsia). Mais adiante os árabes estudaram profundamente o jogo e se deram conta que ele estava bastante relacionado com a matemática, escreveram vários tratados sobre isto e aparentemente foram os primeiros a formalizar e escrever suas regras.
O mesmo também é mencionado na poesia épica de Firdousi (940-1021), em Schanamekh - O livro dos reis, no qual ele menciona presentes que são dados por uma caravana do Rajah da Índia na corte do rei Persa Chosroe-I. Entre esses presentes, se encontrava um jogo que simulava uma batalha entre dois exércitos. Registros mostram que havia originalmente quatro tipos de peças usadas no xadrez. O Shatrang (sânscrito Hindú) significa "quatro" e anga significa "lados".
Na dinastia Sassanid (242-651 d.C.) um livro foi escrito no idioma Médio Persa Pahlavi chamado "Chatrangnamakwor" (Um manual de xadrez). O shatrang (xadrez) representa o universo de acordo com o antigo misticismo Hindú. Os quatro lados representam os quatro elementos (fogo, ar, terra e água) e as quatro virtudes do homem. Embora os nomes das peças sejam diferentes em vários países hoje, seus movimentos são surpreendentemente parecidos. Na Pérsia, a palavra "Shatrang" se usou para nomear o mesmo xadrez.
Cabe ressaltar, há existência de várias tipologias do xadrez, tais como: xadrez ocidental, xadrez chinês, xadrez japonês (shogi), xadrez coreano, xadrez burmês, xadrez cambojano, xadrez tailandês, xadrez malaio, xadrez indonésio, xadrez turco e possivelmente até xadrez etíope. No entanto, encontramos um elemento consensual entre todos: o objetivo do xeque-mate no rei e todos contendo o rei no centro, uma torre no canto, um cavalo próximo a ela e peões.
Contudo, em nosso trabalho de investigação,optamos por utilizar como aporte para discorrermos sobre a nebulosa historicidade do xadrez uma versão que alude a uma dimensão metafórica/mítica que em nosso entendimento, embeleza ainda mais a história deste inebriante jogo.
Assim, fomos auxiliados pela mesma apropriação e descrição encontrada nos estudos de Oliveira (2005), que nos auxiliou a enveredarmos por esse caminho da busca pela história do xadrez, e a situar nosso leitor.
Deste modo, a partir da versão de Cardo (1944) o autor descreve a lenda do Sissa. Segundo a lenda, há muitos anos, uma guerra ocorreu entre duas nações no cenário de uma grande ilha. A trégua demorava a ser assinada. E muitos soldados já haviam perdido a vida, quando os reis dessas nações prometeram recompensar qualquer pessoa que pudesse criar uma representação dos horrores da guerra, para que ela nunca mais se repetisse. As tentativas foram inúmeras e nas mais variadas formas de representação. Até que um homem chamado Sissa, chegou ao reino e declarou ter a resposta aos desejos reais.
As duas cortes, aborrecidas e céticas, foram reunidas e aos pés dos monarcas o homem depôs uma caixa e um tabuleiro e passou a narrar os acontecimentos da guerra, na forma de jogo, em um tabuleiro que era a réplica da ilha, dividida por sete paralelos e sete meridianos, exatamente como em um mapa, formando um número igual de quadrados brancos e pretos: sessenta e quatro ao todo.
As peças desse jogo representavam na madeira cada um dos membros das duas cortes envolvidos no conflito. Cada peça permitia que a batalha fosse revivida, reproduzindo, em cada jogo disputado,seus movimentos exatamente como cada um deles fora realizado na realidade.
Assim sendo, os reis, as damas, os bispos, as torres, os cavalos e os peões, representam em seus movimentos determinados os papéis adotados na batalha entre as duas cortes.
O mito revela que o sábio Sissa iniciou seu relato contentando convenientemente a vaidade dos dois reis presentes,dizendo que, por serem as figuras de maior importância no tabuleiro,atribuíra a eles todos os movimentos estratégicos e porque o rei possui cauteloso exercício do discernimento pode se mover de uma casa para outra de cada vez.
Sissa acentuou que apesar de sua majestade real, o rei não pode jogar sozinho. Ele precisa pelo menos da presença de um outro rei, do outro lado do campo de batalha. A animosidade dos reis havia ido tão longe que foram condenados ao distanciamento para sempre, separados por pelo menos uma casa. Por essa razão, no tabuleiro eles nunca poderão ocupar casas adjacentes.
Dito isto, o sábio continuou a introduzir os demais personagens de sua história, dizendo que para levarem adiante a mais simples das batalhas eles precisariam da ajuda de um dos membros de sua corte, respectivamente.
Apresentou assim as rainhas, denominando-as damas.Afirmou serem elas as peças mais importantes depois dos reis, em suas respectivas cortes. A dama cintila e brilha como uma estrela e sua luz permite mover-se rapidamente em todas as direções, alcançando até os pontos mais distantes do tabuleiro com um movimento apenas. Visando aplacar a indignação dos reis quanto aos poderes das rainhas, Sissa lhes disse que as damas, ao contrário dos reis, tem uma séria restrição - não sendo essenciais ao jogo.
As próximas peças a serem apresentadas foram os quatro bispos, com a justificativa de que todo rei que se preza tem como seu conselheiro particular o bispo. O sábio acentuou que os conselheiros começam o jogo ao lado de seus reis e damas para que possam sussurrar-lhes os conselhos mais facilmente. Estes por sua vez, movem-se na direção de suas vozes, ou seja, nas diagonais. E podem mover-se a grandes distâncias justamente porque o poder da palavra é imenso.
As torres foram as próximas e a justificativa do sábio para o movimento de cruz das torres foi que abrigam os combatentes e por isso são responsáveis pelos pontos cardeais, podendo se mover até o fim do tabuleiro desde que não haja nenhuma peça em seu caminho.
Os cavalos foram em seguida apresentados como os únicos que pulam. O sábio assegurou-lhes que por ser o cavalo forte em uma luta a meia distância, mas não conseguir golpear com segurança quando o inimigo está a apenas um braço de distância, e ainda pela falta de jeito para lutar no corpo a corpo, foi provido de um movimento em que pudesse pular dentro de um círculo determinado pelo alcance da lança do cavaleiro, podendo saltar de um quadrado de uma cor para um quadrado de outra cor.
Os dezesseis peões, oito de cada cor, foram então apresentados. Explicou-lhes o sábio que são os soldados a pé, da infantaria, a força mais numerosa do tabuleiro. Os peões,acentuou o sábio, movem-se vagarosamente de um quadrado para o próximo, pois eles andam a pé. Além disso, eles só avançam por serem leais a seu rei,nunca aceitam recuar.
Concluíram os monarcas que os peões por estarem na linha de frente, sofrem as maiores baixas e que deveriam ser recompensados. Sissa confirmou a recompensa dizendo que qualquer peão que alcance a última defesa inimiga, depois de avanços sucessivos, seria instantaneamente convertido em qualquer peça de valor maior, com exceção, é claro, do rei. Chamou essa transformação de “coroação” de um peão. Seria a sagração de um soldado a cavaleiro do rei, por ter ele demonstrado valor em combate. Quanto às regras, o sábio comunicou que todas as peças deveriam atacar e defender-se das investidas dos adversários de acordo com o poder de cada uma. Cada peça que enfrenta um rival em seu caminho pode tomá-la como prisioneira, retirando-a do campo de batalha e ocupando seu lugar no tabuleiro. Lembrou-lhes que os peões só podem capturar adversários diagonalmente, a uma casa de distância,porque é só até aí que sua arma alcança.
A disposição das peças no tabuleiro fica assim definida,apresentou o sábio: o rei branco no quadrado preto e o rei preto no quadrado branco, porque lutarão para tomar os domínios do rival. As damas são colocadas ao lado dos reis, no centro do tabuleiro. Postados ao lado dos monarcas ficam os conselheiros ou bispos. Um deles é o conselheiro do rei o outro da dama. Em seguida, ao lado dos bispos,ficam os cavalos e, ocupando os cantos, as torres. Os peões protegerão toda a formação, alinhando-se à frente.
Conta a lenda ainda que, após explicar todas as regras e estratégias do jogo tais como xeque, xeque-mate, roque, passagem ou in passant, Sissa garantiu aos monarcas que esse jogo poderia ser praticado em diferentes estilos, por diferentes pessoas, de acordo com sua personalidade. Ensinou aos monarcas ainda, que é possível através da prática, tirar vantagem de nossas forças e superar nossas fraquezas.Os reis, estupefatos, ofereceram a Sissa qualquer compensação que ele desejasse.
Sissa então respondeu aos reis que sua recompensa seria que todos continuassem a praticar o jogo, tentando compreender seus significados e ensinamentos. Os reis consideraram isto muito pouco,embora Sissa continuasse a afirmar que essa recompensa era suficiente.
Tentaram persuadir Sissa dizendo que em seus reinos havia riquezas suficientes para construir um palácio inteirinho com tijolos de ouro. Sissa então, diante da insistência dos reis, fez seu pedido. Pediu uma moeda de ouro para a primeira casa do tabuleiro, duas para a segunda,assim sucessivamente em progressão geométrica. Os reis magnanimamente assentiram.
E os cálculos começaram a ser feitos.Os especialistas começaram imediatamente a contar: uma moeda de ouro para a primeira casa, duas para a segunda, quatro para a terceira, dezesseis para a quarta - continuamente multiplicando o próximo número por dois - 32 para a quinta, 64 para a sexta, 128 para a sétima, e assim por diante.
Ao chegar à décima casa, os especialistas começaram a se preocupar, pois o número já alcançava 1.024. Na trigésima, quando eram necessárias mais de um bilhão de moedas, eles concluíram que o total excederia a soma de todos os tesouros do mundo.O autor encerra a História do Xadrez comentando que talvez por causa disso, o jogo de Xadrez ainda continue sendo praticado hoje em dia e continuará a ser jogado enquanto a humanidade existir.
Embora essa não seja a única, das muitas outras histórias que permeiam a gênese do xadrez, como dito anteriormente, acreditamos que ela, com seu tom metafórico/mítico, ressalte ainda mais a beleza, integralidade e complexidade do jogo de xadrez. Deste modo, após apresentarmos uma de suas muitas interpretações históricas, passaremos aos procedimentos metodológicos da pesquisa.
Objetivo
A presente pesquisa teve por objetivo refletir sobre a relevância do xadrez no espaço escolar, a partir da percepção dos discentes, participantes da Atividade Curricular Desportiva (ACD5) projeto desenvolvido na Escola Estadual Joaquim Rodrigues Azenha na cidade de Nova Odessa - São Paulo - Brasil.
Definição do problema
Nos últimos anos temos observado um crescimento significativo de pesquisas que investigam o xadrez. Segundo Silva (2009) no Brasil,foram encontrados trinta estudos de pós-graduação stricto sensu que utilizaram o jogo de xadrez, o que de alguma forma, corrobora sua importância para o desenvolvimento humano
Tal fato, nos levou a elucubrar se essa mesma importância também era percebida pelos discente, ou seja: será que os alunos conseguiriam cotejar os benefícios propiciados por sua inserção nas aulas de xadrez? Assim, todo o intuito da presente investigação, reside na tentativa de responder tal interpelação.
Hipótese
Consideramos o jogo de xadrez um importantíssimo recurso pedagógico, especialmente para intervenção no espaço escolar, podendo contribuir para o processo de escolarização e desenvolvimento dos discentes.
Método
O método que utilizamos foi o da "pesquisa-ação". Neste método o pesquisador ocupa uma posição importante não só na produção de um conhecimento (fruto de sua investigação), mas também no processo de transformação da realidade pesquisada. Após a investigação e estudos de autores como Pereira (1998), Betti (2009) e Franco (2005), encontramos em Thiollent (2008), o pertinente conceito de pesquisa-ação, para Thiollent (2008) ela se refere a:
[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2008, p. 16)
Para Franco (2005) há uma variabilidade metodológica que o termo pesquisa-ação pode proporcionar, validando-se em três vertentes de pesquisa: pesquisa-ação colaborativa, pesquisa-ação crítica e pesquisa-ação estratégica. Sendo assim, Franco (2005) constata que pesquisa-ação crítica é organizada a partir da necessidade que o pesquisador encontra, valorizando a construção cognitiva da experiência, sustentada por construção crítica coletiva, visando à emancipação dos sujeitos e das condições consideradas opressivas ao coletivo.
Ainda segundo Franco (2005), ao investigar as origens da pesquisa-ação nos trabalhos de Kurt Lewin, a autora identifica uma investigação que se direciona para a transformação da realidade, a partir da participação direta dos sujeitos que estão envolvidos no processo, sendo função do pesquisador assumir dois papéis, o de pesquisador e do participante e ainda sinalizando para a necessária emergência dialógica da consciência dos sujeitos na direção de mudança de percepção e de comportamento.
Local
Esta pesquisa foi realizada na Escola Joaquim Rodrigues Azenha situada na cidade de Nova Odessa, no interior do Estado de São Paulo - Brasil. Esta unidade escolar está localizada à uma relativa grande distância do centro da cidade. Ela comporta um contingente de aproximadamente 1.300 alunos, ao longo de seus três períodos de funcionamento (matutino, vespertino e noturno).
Participantes
Participaram desta pesquisa 48 alunos, estudantes do Ensino Fundamental II, dos sextos e sétimos anos, do período vespertino. Com idade variando entre 12 e 14 anos.
Materiais
Para a coleta dos dados, foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado, mais as observações e informações contidas no “diário de bordo” do professor/pesquisador.
Procedimentos relativos à verificação da hipótese
Para avaliarmos se o jogo de xadrez constitui-se importante no espaço escolar a partir do entendimento dos discentes, utilizamos além da observação e registro sistemático das atividades desenvolvidas por meio de um caderno de campo, um questionário de entrevista semi-estruturada que foi respondido por 48estudantes que participaram das aulas e intervenções realizadas.
Procedimentos gerais relativos à intervenção
Como anunciamos anteriormente, as aulas são partes constituintes do projeto denominado Atividade Curricular Desportiva. Assim, elas foram divididas em duas turmas, a turma feminina e a turma masculina. Cabe ressaltar, que essa divisão não tem relação alguma com distinção de gênero, ou qualquer manifestação sexista, mas por uma questão operacional, já que a escola não desfruta de um espaço específico para a prática. As aulas ocorriam hora no pátio, hora na biblioteca, ou mesmo na sala de informática quando a proposta de aula vinculava-se ao jogo virtual.
As aulas para as meninas ocorreram as terças-feiras das 9:00 até às 10:40 e a dos meninos às quintas-feiras no mesmo horário, entre os meses de Fevereiro e Novembro de 2012. A proposta engendrada tinha o objetivo de ensinar o xadrez, seus fundamentos básicos, algumas jogadas e as principais regras da modalidade.
Ao longo das aulas buscamos abordar o conteúdo (xadrez) dentro de suas três dimensões, como destaca Zabala (1998): procedimental (saber fazer), conceitual (conhecer e entender) e enaltecendo a dimensão atitudinal (saber ser), entendendo que o ambiente e as interações sociais do jogo são facilitadores de aprendizagens morais. Apresentamos a seguir os dados encontrados na pesquisa.
Apresentação e análise dos resultados
A apresentação dos resultados, está organizada na mesma seqüência das questões presentes no roteiro semi-estruturado. Além do conteúdo das respostas, ao analisá-las fizemos uso de outras falas e expressões dos participantes, estando estas registradas, como mencionado anteriormente, no “diário de bordo” ou no caderno de campo.
Questão 01. A Quantos anos você estuda na Escola?
Como já descrito anteriormente, 48estudantes dos sextos e sétimos anos do Ensino Fundamental II responderam ao questionário. Assim sendo, no que se refere ao tempo que estuda na escola, 30 discentes estudam a mais de um ano e 18 a quase um ano. Considerando que a instituição só contempla séries do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, os alunos migram das escolas municipais de Ensino Fundamental I, para ingressar no Ensino Fundamental II. Sendo assim os que ingressam nos sextos anos (18) estão em seu primeiro ano na escola e os remanescentes (30) estão indo para o segundo ano de permanência na instituição.
Questão 02. Você já conhecia o jogo de xadrez, antes de participar das aulas?
Nesta questão encontramos o seguinte cenário: dos 48 estudantes, 36 não conheciam o jogo e os outros 12 já conheciam a modalidade. O que revela a importância do ensino do xadrez na escola. Cabe ressaltar, que algumas escolas municipais possuem projetos de ensino do xadrez. Todavia como pudemos constatar, o mesmo não contempla todos os alunos. O que lamentamos, uma vez que o trabalho poderia ser continuado e aprimorado.
Questão 03. Você tinha vontade de aprender a jogar xadrez?
Quanto a esta questão, todos foram unânimes em enfatizar o desejo em aprender a modalidade, corroborando a relevância das aulas. Confrontados sobre os motivos, as respostas foram agrupadas em duas categorias, sendo elas: benefícios de diferentes saberes (raciocínio, concentração, criatividade, etc.) com 35 participantes destacando-os. Os outros 13 participantes referem-se à preparação para participação em torneio e campeonatos.
Questão 04. Você acha o jogo de xadrez interessante e importante?
Mais uma vez encontramos unanimidade nas respostas. Assim, os 48 participantes foram enfáticos em afirmar o caráter intrigante e relevante do xadrez. Cabe destacar que alguns discursos são alentados pelos responsáveis ou tutores dos discentes.
Questão 05. Há quanto tempo você joga xadrez?
As respostas encontradas nesta questão guardam semelhança com o ingresso na unidade escolar. Portanto, 30 alunos praticam a modalidade à 9 meses aproximadamente, uma vez que este é o primeiro ano na escola. E os outros 18 praticam à quase dois anos, porque incidem no segundo ano na unidade escolar.
Questão 06. Você aprendeu a jogar xadrez: () Na escola ( ) Outro local
Semelhantemente a constatação da resposta anterior, que atribui o tempo de início da prática ao ingresso na escola, todos os 48 alunos aprenderam a jogar xadrez no espaço escolar, ratificando a necessidade desse espaço de aprendizado.
Tal comprovação é um indicativo de que a ausência dessa prática empobrece a escola, como destacam Freire & Scaglia (2003). O que se depreende desses autores é que o xadrez é mais que um componente de motivação pedagógica. Por suas próprias características como jogo, ele deve ser integrado aos currículos escolares.
Questão 07. Você considera o jogo de xadrez importante para escola?
Todos os 48 pesquisados afirmam a relevância do xadrez no espaço escolar, contudo, interpelados sobre as razões dessa importância, 36 vinculam os benefícios a questões relativas ao aprendizado e os outros 12 mencionam questões relacionadas ao desenvolvimento pessoal.
As afirmações à partir da concepção dos discentes abrem margem para investigações futuras que visem conhecer mais a fundo e com detalhes os benefícios de ordem de aprendizagem, ou seja: quais os reais desdobramentos cognitivos que estão presentes no ato de jogar xadrez? E quais os impactos dessa vivência sobre a evolução e o desenvolvimento taxonômico cognitivo?
Não obstante, também merece um melhor detalhamento sobre os benefícios do desenvolvimento pessoal que mencionam os discentes, averiguando: que benefícios são estes? Eles estão realmente restritos a prática do xadrez? Ou, se ele compõe apenas um, sobre tantos outros estímulos importantes para formação humana. E até mesmo investigar os impactos de tais contribuições para além do ambiente escolar, ou seja: haveria uma causalidade sobre a prática do xadrez e melhor desempenho nas diferentes áreas da vida?
Considerando que a investigação pautou-se na metodologia da pesquisa-ação, ou seja, não só na produção de um conhecimento (fruto de sua investigação), mas também no processo de transformação da realidade pesquisada, procuramos saber como os alunos classificavam as aulas, o que constitui a próxima pergunta.
Questão 08. Você considera as aulas de xadrez... :
Na busca de compreender o entendimento dos discentes sobre a qualidade das aulas, foram apresentados nove adjetivos para classificarem o trabalho de intervenção e os mesmo poderiam assinalar quantos entendessem necessários.
Para melhor visualizar a classificação eleita pelos alunos, apresentaremos um gráfico que elucida os resultados:
Notemos que os alunos percebem, ainda que no restringido universo que estão inseridos, que o projeto do xadrez é desempenhado com diligência.
Questão 09. Além das aulas de xadrez na escola, você pratica xadrez em outro local?
Questionados sobre a prática da modalidade fora do ambiente escolar, 36 alunos mencionam que jogam em outros lugares, considerando que todos os 48 aprenderam a modalidade na escola. É possível afirmar que os saberes vinculados a está prática estão sendo estendidos para outras esferas da vida, atribuindo assim, uma atitude formativa da escola, que transcende o limite institucional. E os outros 12 alunos só praticam o xadrez dentro do espaço escolar, o que reforça sua importância.
Questão 10. Você acredita que o xadrez pode contribuir com o seu desenvolvimento pessoal, escolar e social?
Perguntados sobre a contribuição do xadrez para seu desenvolvimento, todos são unânimes e enfáticos que sim, como já afirmaram anteriormente em outra questão levantada. Cabe destacar, que acreditamos que mereceria uma melhor descrição quais são esses benefícios pontuados. Contudo os limites deste estudo não nos permitiram um melhor aprofundamento, sugerindo estudos futuros que possam detalhar essas contribuições.
Questão 11. Com a prática do jogo de xadrez você obteve alguma melhoria na nota de outras disciplinas (matéria)?
Interpelados sobre o desdobramento do aprendizado em outras áreas (disciplinas) todos afirmaram que a prática ajudara ou repercutira no desempenho escolar. Questionados ainda, sobre as razões desse benefício, foi solicitado algum exemplo concreto. Estes exemplos foram agrupados em três categorias, sendo eles: concernente ao raciocínio lógico/matemático (contas), concernente à criatividade e concernente à memorização/concentração.
Deste modo, 16 alunos afirmaram que melhoraram seu desempenho em matemática, outros 16 afirmaram melhoras nas disciplinas que envolvem criação e criatividade, como Artes, por exemplo.E16 vinculam a melhora em disciplinas que exigem maior memorização e leitura. Mais uma vez reconhecemos que essas categorias mereceriam melhores e mais amplas pesquisas.
Questão 12. Você concorda que o xadrez desenvolve mais o seu raciocínio?
Todos os 48 participantes afirmam que o xadrez produz desenvolvimento do raciocínio. Resta-nos saber como conseguem aferir esse desempenho visando otimizá-lo dentro do espaço escolar. Esse resultado corrobora nossa hipótese: que a prática do xadrez pode contribuir para o processo de desenvolvimento e escolarização dos discentes
Questão 13. Você acha que realmente a prática do xadrez melhora o desenvolvimento em Matemática?
Esta questão só ratifica a questão da pergunta anterior, dando mais especificidade sobre a questão lógico/matemática. Assim, 32 alunos afirmam que o xadrez repercutiu no seu desenvolvimento em Matemática e 16 não conseguem fazer essa associação. Talvez lhes falte elementos concretos para que consigam visualizar essa proximidade.
Entretanto, veremos mais a frente, que quando questionados utilizando elementos comparativos (além dos restritos a questão da lógica), eles identificaram a prática do xadrez com um melhoramento de um pensar de forma lógica, elemento muito presente no ensino da matemática.
Questão 14. Você concorda que a prática contínua do xadrez pode contribuir para uma melhoria quanto ao relacionamento entre colegas e aos familiares?
Quanto a esta questão buscamos verificar se os alunos identificavam contribuições a partir da prática do xadrez em suas relações interpessoais com colegas e familiares. Para nossa surpresa todos os 48 participantes afirmaram que sim, que a prática da modalidade pode colaborar com a convivência social.
Ao longo das aulas, foi enfatizada a dimensão atitudinal existente no jogo, ou seja, foi reforçada a idéia de jogar como o outro e não somente contra o outro. O que ressalta a importância do respeito mútuo, da reciprocidade e do respeito as alteridades, enaltecendo o saber ser.
Questão 15. O Xadrez, em sua opinião...
Retomando a questão treze, onde 16 dos 48 alunos não conseguem visualizar as contribuições da prática do xadrez vinculando-as à melhora no desempenho na disciplina de matemática, nos parece que talvez lhes falte elementos concretos para que consigam visualizar essa aproximação,o que já foi dito anteriormente.
Entretanto, agora na pergunta quinze, onde se solicita que assinalem uma das alternativas sobre os benefícios associados ao xadrez, a partir de elementos de comparação (Ajuda a pensar de forma mais lógica; Auxilia nas outras disciplinas; Considera o Xadrez apenas uma recreação) os 48 pesquisados vincularam a contribuição do mesmo na construção de um pensar de forma lógica, ratificando talvez, a necessidade do uso de elementos comparativos para aquisição dos saberes escolares, vinculados à necessidade do uso do raciocínio lógico para essa faixa etária.
Questão 16. Assinale com um (x) outros fatores que você concorda estão associados ao ensino de xadrez na Escola:
Almejando compreender o entendimento dos discentes sobre mais fatores que poderiam ser incluídos nas contribuições da modalidade, lhes foram apresentados sete fatores que pudessem vincular aos benefícios do xadrez (alguns já apresentados e outros ainda não). Os alunos poderiam assinalar quantos fatores entendessem necessários.
Para melhor visualizar desses fatores elegidos pelos alunos, apresentaremos um gráfico que elucida os resultado:
Como pode-se observar, são muitos os atributos elegidos pelos discentes como derivados da prática do xadrez. Alguns mais perceptivos, outros ainda um pouco obscuros. Contudo, com base nas extensas bibliografias e nos resultados que coletamos, nos parecem inegáveis suas contribuições, tornando nossa hipótese fidedigna sobre os inúmeros benefícios do xadrez enquanto recurso pedagógico. Nos deparamos com a necessidade de pesquisas posteriores que possam aferir ou mensurar tais benefícios, o que só reforça a premissa da necessidade de mais investigações sobre a temática. Apresentaremos a seguir nossas impressões (considerações finais) sobre o estudo.
Considerações finais preliminares
Em nosso estudo pudemos observar o quanto o xadrez se mostra pertinente no espaço escolar. Por diversas vezes fica corroborado os muitos benefícios encontrados através de sua prática, especialmente observados a partir do olhar discente. Cabendo ressaltar que poucas vezes na escola abre-se espaço para manifestação do olhar discente, ou melhor, para o aluno expressar sua compreensão.
Em nosso entendimento a pesquisa a partir da metodologia da pesquisa-ação possibilita maior abertura para expressividade docente. Até mesmo, para avaliar a qualidade da intervenção que lhes foi proposta, como apontam os dados por nós encontrados.
Cabe destacar que ao longo do trabalho a atmosfera que permeavam as aulas aludia a preservação de um espaço que garantisse a manifestação do jogo. Como explicado anteriormente, não bastaria ao xadrez a denominação de jogo, mas esmeramo-nos para preservar as características (endógenas e exógenas) que concretizam o fenômeno, objetivando garantir um ambiente para suas manifestações.
Embora no presente estudo não apresentemos um enfoque que enalteça apenas os aspectos do desenvolvimento cognitivo, em nossa análise fica explícito que a prática da modalidade se constitui num recurso diagnóstico pedagógico ou psicopedagógico, porque promove a compreensão de processos de construção interna do jogador, reforçando a premissa da necessidade de mais investigações sobre a temática, como dito anteriormente.
Não obstante, a opção pôr apresentar a historicidade pela vereda metafórico/mítico, se ressaltou ainda mais a beleza, integralidade e complexidade do jogo de xadrez, como dissemos outrora! Embora essa não seja a única opção hermenêutica, em nosso entendimento é a mais melodiosa.
Por fim, concordamos com a narrativa expressa em nossa epígrafe, de autoria do russo Alexander Kovoc: que o xadrez é um elixir que prolonga a vida,é um culto à sabedoria e um canto à virtude. Um depoimento pessoal e poético que a pesquisa empírica comprova, uma vez que todos os 48 alunos mencionaram o interesse em aprender o jogo. Também foram enfáticos quanto a seu caráter envolvente e unânimes sobre os benefícios de ordem de desenvolvimento pessoal. Quanto ao processo de escolarização a partir da prática da modalidade, ratificou-se a importância do jogo, especialmente o de xadrez, no espaço escolar.
Notas
Segundo o Wikipédia, a enciclopédia livre, Alexander Alexandrowitsch Kotov (em russo, АлександрКотов) nasceu em Tula, Rússia, em 12 de agosto de 1913 e faleceu em 8 de janeiro de 1981, foi um grande mestre internacional russo e um dos maiores escritores da literatura enxadrística. Foi um campeão soviético e candidato ao título mundial por duas vezes. É autor da trilogia Pense como um Grande Mestre, Jogue como um Grande Mestre e Treine como um Grande Mestre.
http://spc.cpl.org/?q=node/5 (acesso em: 4/11/2009).
http://www.kb.nl/vak/schaak/inleiding/geschiedenis-en.html (acesso em: 4/11/2009).
http://www.slv.vic.gov.au/collections/chess/index.html (acesso em: 4/11/2009).
As Atividades Curriculares Desportivas - ACD - são desenvolvidas nas escolas regulares da Rede Pública Estadual de Ensino de São Paulo, ministradas por professores portadores de licenciatura plena em Educação Física, fora do horário regular de aulas dos alunos, para turmas de no mínimo vinte e cinco (25) alunos em cada turma, alunos estes agrupados por idade (categorias), gênero e modalidades. Receberam essa denominação e esse formato em 2002, quando as antigas Turmas de Treinamento (Res. SE 275/93-revogada) foram ampliadas e deram lugar às turmas de Atividades Curriculares Desportivas - ACD - atualmente regidas pela Res. SE 14/2010.
Referências bibliográficas
BETTI, M. Educação Física escolar e pesquisa-ação. Ijuí: Ed. Unijui, 2009.
CARDO, H. A história do xadrez; trad. Pedro Bandeira - Rio de Janeiro: Salamandra, 1944/2000.
CARNEIRO, K. T. O jogo/brincadeira como elemento pedagógico no sistema prisional. 2003. 114f.(TCC) Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Educação Física, Unasp, 2003.
_________________ CAMARGO, R. L. O jogo e educação. In: ANGOTTI M. Educação Infantil: Por quê? Para que? E Para onde? Araraquara: Autores Associados, 2007.
_______________. O jogo na educação física escolar: uma análise sobre as concepções atuais dos professores. 168f Dissertação (Mestrado em Educação Escolar) Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2009.
_______________. O Jogo na Educação Física. São Paulo: Phorte Editora, 2012.
CARNEIRO, K. T., CAMARGO, R. L.,SCAGLIA, A., PATT, H, O jogo como espaço de transcendência: uma análise dos filmes “A vida é bela” e “Um estranho no ninho” a partir da teoria do jogo. In ASSIS, M. C. & ASSIS, O. Z. M. Anais do XXII Encontro Nacional de Professores do PROEPRE: Campinas: Gráfica F.E, 2005.
CARDO, H. A história do xadrez; trad. Pedro Bandeira – Rio de Janeiro: Salamandra, 1944/2000.
FRANCO, M. A. S. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set/dez, 2005.
FREIRE, J. B. Investigações preliminares sobre o jogo. Campinas: FEF- UNICAMP (Tese de livre docência), 2001.
___________ Jogo: entre o riso e o choro. Campinas: Autores Associados, 2002.
FREIRE, J. B., SCAGLIA A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.
KLEIN, E. C. Xadrez: a guerra mágica. Canoas: ULBRA, 2003
OLIVEIRA, F. N. de Um estudo das interdependências cognitivas e sociais em escolares de diferentes idades por meio do jogo Xadrez simplificado. 2005. 337f. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade de Campinas, Campinas, 2005.
PEREIRA, E. M. de A., Professor como pesquisador: o enfoque da pesquisa-ação na prática docente. In GERALDI, C.M.G.; FIORENTINI, D.; PEREIRA, E. M. de A. (Orgs.). Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas: Mercado das Letras; ALB, 1998.
SCAGLIA, J. A. O futebol e os jogos/brincadeiras de bola com os pés: todos semelhantes, todos diferentes. 2003. 164f. Tese (Doutorado em Pedagogia do Movimento) Faculdade de Educação Física, Universidade de Campinas, Campinas, 2003.
SILVA, W. Raciocínio lógico e o jogo de xadrez: em busca de relações. 2009. 578f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação. Universidade de Campinas, Campinas, SP, 2009.
__________.Xadrez para todos - A ginástica da mente. Curitiba: Bolsa do Livro, 2011.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 16 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 17 · N° 174 | Buenos Aires,
Noviembre de 2012 |