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Eletroterapia e termoterapia no tratamento da dor. Uma análise

La electroterapia y la termoterapia em el tratamiento del dolor. Un estudio

 

Graduanda/o de Fisioterapia pela UFJF

(Brasil)

Emília Eduarda Duarte Neves

Victor de Paula Pinheiro

victtorpp@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Percebe-se uma necessidade de maior discussão para o entendimento cabal - não por parte de todos, mas por uma parcela de profissionais e uma significativa porção de acadêmicos, que na teoria são fundamentais para contribuírem com o desenvolvimento de temas que diretamente os afetarão em um futuro não distante - de técnicas e procedimentos, não de forma generalizada, mas de forma tal que contribua para a formação do acadêmico e corrobore para prática de sua atividade profissional. Compreender ainda, como o paciente, o foco da atenção do profissional, sente-se e é beneficiado pela prática de um do fisioterapeuta. Reconhece-se a impossibilidade de desenvolver dita discussão nessa análise inicial, porém essa análise propõe encaminhar acadêmicos para os trilhos da pesquisa. Foi desenvolvida uma análise literária concernente ao tratamento fisioterápico da dor com uso de termoterapia – por adição ou subtração de calor - e eletroterapia – Eletroestimulação Transcutânea do Nervo (TENS) e Eletroestimulação Transcutânea (EET), além de Eletroacumputura. Foram selecionados três artigos científicos que atendiam às exigências da pesquisa. As quais eram artigos publicados de revistas Brasileiras de fácil acesso dos profissionais e acadêmicos nos últimos dez anos. Percebeu-se a efetividade do tratamento da dor com eletroterapia bem como com termoterapia em pacientes de distintos quadros clínicos, porém ressalta-se a necessidade de estudos futuros para elucidações mais aprofundadas sobre o tema.

          Unitermos: Recursos físicos. Termoterapia. Eletroterapia. Reabilitação. Dor.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Partindo de uma simplificada definição de dor como sendo uma experiência sensorial e emocional desagra­dável, que é descrita em termos de lesões teciduais, reais ou potenciais; o tratamento da dor envolve intervenções biológicas e psicossociais que visam à minimização do desconforto, à melhora da função e à adaptação do indivíduo para o desempenho das atividades. Isto significa que é a melhora da qualidade de vida e não apenas o alívio da dor o objetivo da equipe interdisciplinar que assiste os doentes com dor; a completa eliminação da sensação dolorosa, possível na maioria dos casos de dor aguda, não é a preocupação primordial da maioria das intervenções realizadas em doentes com dor. Qualidade de vida deve ser compreendida como sensação íntima de conforto bem estar no desempenho das atividades físicas e psíquicas, de acordo com as realidades pessoais e familiares e as tradições do ambiente.

Discussão

    Primeiramente apresenta-se uma resenha dos três artigos selecionados, os quais foram: ‘Medicina física e reabilitação de doentes com dor crônica.’, ‘Estudo comparativo da eficiência do calor e frio no tratamento da dismenorreia primária’ e ‘Recursos eletroterapêuticos no tratamento da dor oncológica’ .

1.     Análise do artigo: Medicina física e reabilitação de doentes com dor crônica

    Inicialmente reconhece-se a eficácia do tratamento com recursos físicos em diversos casos clínicos, porém  destaca-se que “Os métodos terapêuticos podem proporcionar melhora da dor não apenas relacionada a afecções do aparelho locomotor, como também de afecções do tegumento, das vísceras, do sistema nervoso e do comportamento psíquico, os quais possibilitam que a reabilitação seja mais rápida e apropriada.” Destaca-se ainda a importância da avaliação e um bom exame clínico “A avaliação e a precisão dos diagnósticos são elementos determinantes para a instituição dos programas de reabilitação. A identificação da natureza nociceptiva ou por desaferentação da dor e da ocorrência de mecanismos de ativação e de sensibilização das unidades nociceptivas ou da disfunção e lesão das unidades supressoras de dor, é importante para a implementação do tratamento e para prever o prognóstico.” Sendo assim parte do sucesso do tratamento já se põem a disponibilidade.

    Uma vez diagnosticado o acometimento do paciente o profissional depara-se com outra questão de suma importância: Qual recurso escolher?  Deve-se verificar a vantagem de cada recurso, nesse primeiro artigo “Os meios físicos representados pelo calor, frio, eletricidade e ondas eletromagnéticas promovem alívio sintomático da dor relaxamento muscular e previnem deformidades. O efeito analgésico deve-se à ativação do sistema supressor dor, ao relaxamento muscular, à remoção de substâncias algiogênicas, à melhora da circulação regional à melhora da extensibilidade do tecido colágeno e das condições mecânicas ósteo-articulares e musculares”.

    No referido artigo foi apresentado a comprovação da efetividade do tratamento com Eletroestimulação Transcutânea (EET) “Um trabalho meta-analítico envolvendo 117 estudos, demonstrou que a EET foi mais é eficaz estatisticamente no controle da dor em relação aos doentes tratados com placebo e grupo controle. Todavia, o efeito foi menos satisfatório no tratamento da dor crônica do que na dor aguda. Esses dados indicam que a EET é aplicável no tratamento da dor aguda e crônica. Os trabalhos de meta-análise revelam que os resultados podem ser variados, dependendo do tipo de estudo.” 

2.     Análise do artigo: Estudo comparativo da eficiência do calor e frio no tratamento da dismenorreia primária

    Primeiramente o artigo apresenta uma definição de dismenorreia: “O termo dismenorreia é derivado do grego e significa fluxo menstrual difícil. É um dos sintomas mais frequentes em ginecologia que aparece normalmente na maioria das mulheres em maior ou menor grau, durante a menstruação, e ainda que não ocorra em todas; sua incidência varia consideravelmente entre distintas populações e culturas.”.

    De acordo com sua forma clínica a dismenorreia é classificada como primária e secundária. A primária tem como característica a ausência de anormalidade estrutural visível ou qualquer doença pélvica ginecológica e é o tipo mais comumente diagnosticado entre as adolescentes. A dismenorreia funcional coincide com o início dos ci­clos ovulatórios e regulares, o que costuma ocorrer com maior frequência cerca de dois anos após a menarca.

    A partir dos primeiros episódios de cólicas, a frequência eleva-se continuamente, alcançando um pico máximo por volta de 20 anos de idade e diminui a partir desta faixa etária e a secundária quando há presença de doença orgânica como, por exemplo, endometriose ou doença inflamatória pélvica, que compreende 5% das disme­norreias onde há uma causa orgânica que explique sua origem.

    O objetivo deste estudo foi comparar os métodos crioterapia e termoterapia no controle da dor da dismenorreia primária. 

    No método, foram incluídas 20 alunas do curso de Fisioterapia da Faculdade Santo Agostinho (FSA). Os critérios de inclusão foram: mulheres portadoras de dismenorreia primária, com idade entre 18 e 30 anos. Elas precisavam “Apresentar ciclo menstrual regular, não poderiam ter tido filhos, não fazer uso de contraceptivo oral, injetável e subcutâneo, não fazer uso de dispositivo intrauterino (DIU), não possuir malformação de órgãos pélvicos, não possuir dismenor­reia secundária”.

    As participantes foram divididas em dois grupos: O grupo A composto por 10 alunas que foram tratadas com calor por 20 minutos “bolsa contendo gel térmico, aquecida em um recipiente com água no micro-ondas, em segui­da envolvida em uma fralda”; e o grupo B composto por 10 alunas que foram tratadas com frio por 20 minutos “bolsas contendo gel térmico, resfriada e conservada no congelador, em seguida envolvida em uma fralda”.

    “O tratamento fisioterapêutico foi aplicado no dia que a paciente referiu sentir mais dor. Os dados foram co­letados em um período de três meses consecutivos, sen­do um dia de tratamento por mês”.

    Os resultados mostraram que a utilização do frio no tratamento apresentou maior significância na redução da dor do que o calor em mulheres portadoras de dismenorreia primária.

3.     Análise do artigo: Recursos eletroterapêuticos no tratamento de dor oncológica

    Inicialmente os autores reconhecem a demanda e urgência pela compreensão dessa variação de dor uma vez que já é estatisticamente comprovado o crescimento progressivo “Atualmente as neoplasias malignas estão se tornando um problema de saúde pública dada sua crescente importân­cia como causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Estima-se que, para o ano de 2020, o número de novos casos anuais seja da ordem de 15 milhões em todo o mundo, e cerca de 60% desses ocorrerão nos países em desenvolvimento.”. Expõem também a recorrência da dor em oncológicos “Atinge 50% no curso da doença, podendo estar presente em até 90% nas fases avançadas.”. Logo, suscita uma problemática referindo-se a dor “Por ser algo subjetivo, difícil de interpretar ou descrever, muitas vezes, a dor torna-se um sintoma subdiagnosticado e, por isso subtratado, sobretudo em pacientes com câncer, cujas variáveis psicológicas e ou­tras comorbidades clínicas contribuem para a inadequa­da abordagem da dor e consequente redução da qualida­de de vida.

    Seguindo essa introdução os autores faz conhecer os métodos de sua pesquisa que foi uma revisão literária e adentram nos recursos físicos propriamente ditos. “A estimulação elétrica pode trazer inúmeros benefí­cios quando indicada no controle da dor oncológica, pois, com a redução da dor, o paciente aumenta o seu nível de função e atividade, pode participar de pro­gramas de exercícios físicos e melhorar a sua quali­dade de vida. É um recurso não invasivo e de fácil aplicação, que pode ser utilizado em pacientes jovens, adultos e idosos, com possibilidades de induzir anal­gesia prolongada. Não provoca efeitos colaterais, tem pouquíssimas contraindicações e não apresenta custo elevado.”. Buscando dados que demonstrassem como a estimulação elétrica transcutânea do nervo (TENS) pode promover analge­sia para casos de dor associados à doença oncológica. Os autores verificaram que há na literatura, vários sub­sídios que tentam explicar como a TENS pode atuar como adjuvante no controle da dor oncológica, porém, concluem que muito se tem a discutir e descobrir sobre o real papel desta modalidade analgésica uma vez que a maioria dos estudos enfatiza que a dor associada ao câncer é multifatorial e, por isso, a grande dificuldade de encontrar comprovações científicas mais concretas para tal tratamento. Em seguida os autores citam outro estudo, mas infelizmente não publicam a fonte, mas como esse estudo chegou a conclusões significativas sobre a fisiologia da atuação do TENS assim, cabe destaca-lo. “Estudo de revisão da literatura nacional realizado com objetivo de verificar os principais recursos fisio­terapêuticos utilizados no controle da dor oncológica demonstrou que o tratamento com a TENS foi o que apresentou resultados mais confiáveis, pois, o seu me­canismo analgésico de baixa frequência, é mediado por receptor do tipo m., o mesmo receptor que medeia à ação analgésica da morfina.”

    Passando para efetividade do tratamento da dor oncológica com Eletroacumputura os autores citam outro estudo desenvolvido por Wong RH, Lee TW, Sihoe AD, et al. Analgesic ef­fect of electroacupuncture in postthoracotomy pain: a prospective randomized trial. Ann Thorac Surg 2006;81(6):2031-6. “para avaliar o papel da eletroacupuntura na gestão do início da dor pós-toracotomia, mostrou que de um total de 27 pacientes com carcinoma do pulmão de não pequenas células operável que receberam toraco­tomia foi recrutado e aleatorizado para receber eletroa­cupuntura ou acupuntura simulada em adição à rotina de analgésicos orais e controlados pelo paciente por via venosa para controle analgésico da dor pós-operatória. Todos os pacientes receberam acupuntura duas vezes por dia e a dor foi registrada com a escala analógica visual (EAV) nos primeiros sete dias pós-operatórios. Analge­sia controlada pelo paciente foi utilizada para os três pri­meiros dias de pós-operatório em todos os pacientes, e a dose cumulativa usada foi registrada.”. A conclusão desse estudo é que a eletroacupuntura pode reduzir o uso de analgésico narcótico no pós-ope­ratório precoce. Estudo aleatório prospectivo controlado por meio de frequências diferentes de eletroacupuntura é garantido para verificar esse benefício.

Conclusão

    Ao analisar esses três artigos contata-se uma grande eficácia dos recursos –eletroterápicos e termoterápicos– no tratamento de alguns tipos de dor. Claro está à impossibilidade de comparação ente os recursos escolhidos uma vez que não foi feita uma comparação entre os mesmos já que não é esse o objetivo proposto. A proposta é analisar as obras e suscitar discussões posteriores. Como análise queda a eletroterapia promove analgesia porque melhora a circulação local e exerce, por efeito contra irritativo, ativação do sistema supressor de dor, retarda a amiotrofia, mantém o trofismo muscular e é método de treinamento proprioceptivo e cinestésico. Concernente a termoterapia intende-se que tanto o calor como frio podem ser formas efetivas no tratamento de certas condições, como lesões musculoesqueléticas, dor e espasticidade. A seleção, contudo se baseia em vários fatores que no momento poderão ser empíricos, mas que são de elevada importância. Na dor devida à inflamação, geralmente, o frio é preferível durante o estágio agudo da inflamação para aliviar a dor, reduzir o sangramento e possivelmente reduzir o edema. Já o calor pode exacerbar o processo inflamatório inicial. Na presença de edema, o calor tende a aumentá-lo, especialmente nos estágios iniciais de inflamação e lesão. O TENS e a Eletroacumputura também provaram ser eficazes em devolver ao paciente a possibilidade de desenvolver suas atividades de vida diária sem dor.

    Ressalta-se ainda, que todas essas possibilidades de tratamentos mencionadas aqui são de baixo custo, fácil acesso, não são invasivas e possuem efeitos colaterais diminutos quando existem. Por esse motivo tem tornado tão recorridas no tratamento de dor.

    Como foram destacados tipos diferentes de dor, cabe ao profissional analisar qual recurso deve ser utilizado tento em vista a indicação e as contra indicações de cada recurso fisioterapêutico. Não deixando de colocar o bem estar do paciente e sua recuperação em primeiro lugar.

Bibliografia

  • ARAÚJO, Izabella Matos de, LEITÃO, Thyago Costa, VENTURA, Patrícia Lima. Estudo comparativo da eficiência do calor e frio no tratamento da dismenorreia primária. Rev. Dor. São Paulo, 2010 jul-set.

  • FERREIRA, Lucas Lima, CAVENAGHI, Simone, MARINHO, Laís H. Carvalho. Recursos eletroterapêuticos no tratamento da dor oncológica. Rev Dor. São Paulo, 2010 out-dez.

  • YENG, Lin Tchia, STUMP, Patrick, KAZIYAMA, Helena Hideko Seguchi, TEIXEIRA, Manoel Jacobsen, IMAMURA, Marta, GREVE, Júlia M D’Andrea. Medicina física e reabilitação em doentes com dor crônica. Rev. Med. São Paulo, 2009(ed. esp. pt. 2).

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