Desenvolvimento motor em escolares do 4º ano do ensino El desarrollo motor en escolares de 4º grado de educación primaria de una escuela estatal del municipio de Maravilha, SC. Una propuesta orientada a la capoeira |
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*Mestre em ciências do movimento Humano. Universidade Autônoma de ASUNCION Professor do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC **Acadêmico da 7º fase do Curso de Educação Física – UNOESC – SMO ***Mestre em Ciência do Movimento Humano pela UFSM Professora do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC ****Especialista em Bases Fisiológicas do Treinamento de Força pela Gama Filho Especialista em Treinamento Desportivo pela UNOESC Professora do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC *****Especialista em Educação Física com Concentração em Atividade Física e Saúde pela UNOESC. Professora da Academia Universitária da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC ******Mestre em Cineantropometria e Desempenho Humano pela UFSC. Professora do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC *******Especialista em Educação Física com Concentração em Treinamento Desportivo pela UNOESC. Professor do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC (Brasil) |
Eliéser Felipe Livinalli* Luis Carlos Grando** Andréa Jaqueline Prates Ribeiro*** Elis Regina Frigeri**** Fátima Bisutti***** Sandra Fachineto****** sandra.fachineto@unoesc.edu.br Sandro Claro Pedrozo******* |
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Resumo O desenvolvimento motor é um processo que se inicia na concepção e continua ao longo da vida. A presente pesquisa vem no sentido de verificar os efeitos de um programa de atividades direcionadas a capoeira no desenvolvimento motor em escolares do 4ª ano do ensino fundamental de uma escola estadual do município de Maravilha/SC. Utilizou-se a EDM - Escala de desenvolvimento motor, conforme Rosa Neto (2002), para verificar a motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização temporal, organização espacial e lateralidade. O procedimento de coleta de dados deu-se da seguinte maneira: primeiramente contato com a escola e professora da área de educação física. Em seguida foi entregue o TCLE para os pais ou responsáveis liberarem os alunos para a pesquisa. Na seqüência foram realizados os pré-testes (motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização temporal, organização espacial e lateralidade). Por último foram aplicados os pós-testes. Para analisar as alterações de pré e pós testes foi utilizado o Teste T de Student (P≤0,05). Conforme os resultados propostos pode-se observar que a motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização temporal, organização espacial e lateralidade. apresentaram resultados positivos com a aplicação das aulas de Educação Física. Com relação à motricidade global, o resultado de pré-teste era de 114 meses, e no pós-teste foi para 118 meses. Na motricidade fina, o pré teste foi de 111 meses e no pós-teste foi para 112 meses. Na organização temporal, o pré teste foi de 111 meses e no pós teste foi para 112 meses. No esquema corporal o pré teste foi de 111 meses e no pós teste foi para 114 meses. Na organização espacial o pré teste foi de 111 meses e o pós teste foi para 113 meses. No equilíbrio o pré teste foi de 122,57 meses e o pós teste foi para 123,43 meses. Na idade motora geral o pré teste foi de 113 meses e o pós teste foi para 116 meses. Já em relação à de lateralidade no pré teste, observou-se 10 alunos destros, 03 indefinido e 01 sinistro. No pós teste ficaram 12 destros, 02 sinistros, sendo que nenhum indivíduo apresentou lateralidade cruzada. Todos os alunos demonstraram interesse e boa participação nas aulas, pois para a maioria foi à primeira vez que tiveram a possibilidade de executar esse tipo de atividade, ocorrendo uma grande aceitação da proposta realizada por parte das crianças. Conclui-se com o presente projeto que através das aulas de educação física com base em atividades de capoeira, houve uma melhora no desenvolvimento motor das crianças pesquisadas. Sugere-se que mais pesquisas relacionadas ao desenvolvimento motor sejam feitas. Unitermos: Desenvolvimento motor. Capoeira. Educação Física Escolar.
Abstract
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O desenvolvimento motor é um processo que se inicia na concepção e continua ao longo da vida. (GALLAHUE, 2003).
Pode-se definir o movimento motor em varias características: Ele é um processo continuo de mudanças na capacidade funcional. O desenvolvimento esta relacionado à idade. É uma mudança seqüencial, ou seja, um passo leva ao passo seguinte. (HAYWOOD, 2004).
Existem alguns aspectos que fazem parte do desenvolvimento motor, como, motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade. (ROSA NETO, 2002).
A motricidade fina é uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de força mínima, sendo executada principalmente pelas mãos e dedos, como por exemplo, pegar pequenos objetos e alcançá-los, desenhar, entre outros. (ROSA NETO, 2002 p. 14).
Através da motricidade global, podemos conhecer e compreender melhor as crianças, através de seus gestos, suas atitudes, seus deslocamentos e seus ritmos, pois ela é considerada como a possibilidade de controle dos movimentos amplos de nosso corpo. (ROSA NETO, 2002 p. 16).
Já em relação ao equilíbrio, segundo Rezende et al. (2003), o mesmo reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção
Em relação ao esquema corporal, tem-se uma aquisição lenta, ela se constrói no decorrer da evolução da criança, os primeiros contatos corporais que a criança manipula são os do seu próprio corpo, como: o choro e a alegria. Ou seja, o esquema corporal é a organização das sensações relativas da criança o seu próprio corpo (ROSA NETO, 2002 p. 20).
Já na organização espacial, as crianças tomam o conhecimento das dimensões corporais, e a habilidade de avaliar com precisão a relação entre corpo e o ambiente. E a Organização temporal diz respeito ao tempo que se estrutura sobre as mudanças percebidas, sendo que nesse os aspectos relacionados à percepção do tempo evoluem e amadurecem com a idade (ROSA NETO, 2002).
Sendo assim, a Educação Física escolar tem um importante papel na formação do indivíduo no ensino fundamental, dessa forma Marques e Krug (2008) consideram que “a Educação Física como parte da cultura humana, ou seja, práticas, ligadas ao corpo e ao movimento, criadas pelo homem ao longo de sua história. Ela se constitui numa área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de: jogos, ginásticas, lutas, danças e esportes. É nesse sentido que se tem falado atualmente de uma cultura corporal, ou cultura física, ou ainda, cultura de movimento”.
Nesse sentido, a Capoeira surge como uma possibilidade de desenvolvimento de atividades voltadas ao desenvolvimento motor. A capoeira é uma arte criada no Brasil que envolve além de movimentos técnicos, a dança, musicalidade, respeito e aspectos históricos. Ao contrário das demais artes marciais, a Capoeira é um esporte sem contato físico voluntário. É um exercício muito completo, une agilidade, força, flexibilidade e equilíbrio. A Capoeira é hoje praticada por muitos, no Brasil e no exterior, num ambiente disciplinar e saudável. (PORTO, 2010).
A capoeira na escola é um vinculo muito importante, pois, os alunos poderão ter contato com manifestações próprias da sociedade brasileira, e o que elas representam. É importante também salientar que através da capoeira podemos trabalhar diversas variáveis, como a motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade. (JERÔNIMO et al, 2010).
Dessa forma, a presente pesquisa vem no sentido de verificar os efeitos de um programa de atividades voltadas a capoeira no desenvolvimento motor em escolares do 4ª ano do ensino fundamental de uma escola Estadual do município de Maravilha/SC.
2. Metodologia
Caracterização da pesquisa
O presente projeto de pesquisa é de característica qualitativa de cunho participante e quantitativa de cunho quase-experimental.
População
A população foi composta por alunos do ensino fundamental de uma escola estadual do município de Maravilha/SC.
Amostra
A amostra foi composta por 14 alunos da 4° ano de uma escola estadual do município de Maravilha/SC, sendo 11 do gênero masculino e 03 do gênero feminino com idades de 09 a 11 anos.
Quadro 1. Valores da instituição de ensino que compreende a amostra deste estudo de acordo com o total de alunos matriculados. Maravilha, 2011
Como critério de inclusão, para participação na pesquisa os alunos tinham o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelos pais ou responsáveis.
Instrumentos de coleta de dados
Foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM, conforme Rosa Neto (2002) para verificar a motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade.
Foi utilizado um Diário de Campo, onde foram coletadas informações sobre os alunos, sendo verificados os seguintes aspectos: interesse, participação, motivação e outros que possam ocorrer com os alunos durante o desenvolvimento das aulas.
Procedimentos de coleta de dados
Antes de realizar o inicio da pesquisa foi feito contato com a direção da escola, para pedir autorização da diretora e da professora de educação física e entregue o PAE e o TCE.
Em seguida foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para os alunos que participarão da intervenção, mediante apresentação do termo assinado (TCLE).
Após, foram aplicados os testes da Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (pré-teste). (ROSA NETO, 2002).
Em seguida foi desenvolvida a intervenção pedagógica, com base em atividades voltadas à capoeira, através da abordagem desenvolvimentista, durante um período de cinco semanas. Também foi utilizado um Diário de Campo, onde serão coletadas informações sobre interesse, participação, e outros aspectos que possam ocorrer com os alunos durante o desenvolvimento das aulas. Por fim foram aplicados os pós-testes de acordo com a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM. (ROSA NETO, 2002).
A partir disso os dados foram analisados e tabulados conforme os objetivos propostos.
Ao final da pesquisa os dados foram retornados à escola, sendo que uma copia foi entregue a secretaria, e outra entregue a professora de educação física, onde os resultados foram expostos perante os participantes do projeto, com o intuito de estar auxiliando nas aulas de Educação Física. Será entregue um laudo e explicado para cada aluno participante os resultados obtidos de pré para pós-testes.
Proposta de intervenção
As aulas foram realizadas utilizando-se atividades voltadas à capoeira. Foram aplicadas em um período de cinco semanas, contabilizando 15 aulas, com duração de 45 minutos cada aula.
A abordagem metodológica utilizada foi a desenvolvimentista.Também foi utilizado um diário de campo para coletar dados sobre o dia a dia dos alunos com relação às atividades, sobre o comportamento dos alunos entre outros aspectos que possam ocorrer durante cada aula proposta. As aulas foram divididas em parte inicial (alongamento e aquecimento), parte principal (desenvolvimento das atividades) e parte final (volta á calma).
Quadro 2. Proposta de intervenção da pesquisa
Técnica de análise dos dados
Para analisar as alterações de pré e pós testes foi utilizada á estatística descritiva (média e desvio padrão) e o Teste T de Student (P≤0,05).
Para analisar o diário de campo foi utilizado o método hermenêutico-dialético.
3. Analise e discussão dos resultados (pré x pós testes)
Tabela 1. Relação entre idade cronológica e idade motora geral dos alunos participantes
Na tabela 1 verificam-se os resultados com relação ao déficit motor antes do programa de intervenção e o resultado após a proposta. Pode-se observar que houve uma diminuição no déficit motor das crianças presentes na pesquisa, utilizando-se de atividades direcionadas à capoeira para esta intervenção.
Gráfico 1. Idade motora geral
Verificando os dados, pode-se identificar uma melhora estatisticamente significativa (P ≤ 0,05) em relação à idade motora geral, comparada com os resultados encontrados antes da proposta de intervenção (Gráfico 1). Esta melhora teve um resultado de P = 0,003, comparado os resultados de pré e pós-teste.
Crippa (2003) cita que a criança que não apresenta na pré-escola uma idade motora geral condizente com sua idade cronológica está em desvantagem, necessitando de reforços para que consiga sobrepor seu processo de aquisição de habilidades antes que atinja uma idade em que as mudanças tornam-se mais difíceis.
Neste sentido Rosa Neto (2002) ressalta que: a Educação Física é um papel indispensável na escola, pois é através de suas práticas corporais, de seus aspectos motores, cognitivos, afetivos, sociais, que a criança aumentará sua capacidade motora, melhorando e aprimorando cada vez mais seus movimentos.
Gráfico 2. Idade motora global
A idade motora global também apresentou um aumento quando comparados os dados de pré e pós-testes (Gráfico 2). Este aumento é considerado estatisticamente significativo (P ≤ 0,05) em relação à idade motora global dos sujeitos avaliados, sendo que a mesma apresentou um valor de P = 0,019. Dessa forma pode-se dizer que as atividades de capoeira contribuíram no aumento da idade motora dos alunos.
Sendo assim Gallahue e Ozmun (2003) afirmam que: as atividades recreativas vêm como uma possibilidade de estar desenvolvendo trabalhos voltados á melhora da coordenação e do desenvolvimento motor.
Gráfico 3. Esquema corporal
O gráfico 3 mostra as alterações no esquema corporal apresentou um aumento quando comparados os dados de pré e pós-testes. Este aumento é considerado estatisticamente significativo (P ≤ 0,05) em relação à idade motora global dos sujeitos avaliados, sendo que a mesma apresentou um valor de P = 0,040. Com esses dados, pode-se evidenciar a influência das atividades de capoeira na melhora do esquema corporal.
De acordo com Souza; Oliveira (2001 apud MONTEIRO et al. 2011) a prática da capoeira na escola possibilita o desenvolvimento das estruturas motoras como esquema corporal.
Os gráficos 4, 5, 6 e 7 apresentam os resultados da motricidade fina, equilíbrio, organização espacial e organização temporal, respectivamente.
Gráfico 4. Motricidade fina
Gráfico 5. Equilibrio
Gráfico 6. Organização espacial
Gráfico 7. Organização temporal
Verifica-se que nos gráficos 4, 5, 6 e 7 não houveram melhoras estatisticamente significativas (P≤ 0,05). Mesmo assim, observam-se melhoras nos resultados de pré para pós-testes em todos os elementos. A partir disso, acredita-se que se o grupo participante tivesse um trabalho mais prolongado com atividades voltadas à capoeira, as melhoras poderiam ser maiores.
Em relação a Motricidade Fina, Fernandez (2008, p.1) diz que ‘’ Cada criança tem sua fase e suas etapas, e elas se diferem de acordo com o nível de aprendizado e conforme a evolução de seu desenvolvimento motor.’’
Já Paim; Pereira, (2004 apud MONTEIRO et al. 2011) citam que o desenvolvimento das estruturas motoras como o equilíbrio deve ser trabalhado na capoeira nas aulas de educação física. Com a ausência do conteúdo, impossibilita os alunos adquirirem conhecimentos e também todo repertório motor na especificidade dos movimentos que a capoeira apresenta.
Quando se fala em noção do espaço, verifica-se que é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo, é finita e infinita. A organização espacial depende simultaneamente da estrutura de nosso próprio corpo. (ROSA NETO, 2002 p. 21).
A relacionar com a Capoeira, verifica-se com a imitação que os jogadores fazem uns dos outros, o seu próprio jogo vai ficando marcado e constroem sua visão de mundo e formas de expressão a partir de categorias pré-existentes. A ênfase que ele tenta nos mostrar é de fazer a criança buscar a espontaneidade dos movimentos, a liberdade de poder escolher a forma de se comunicar com o mundo e com os outros. (PERREIRA; BRITO, 2011).
Nesse sentido Monteiro (2007, p. 04) afirma que a organização temporal é a capacidade de avaliar tempo dentro da ação, organizar-se a partir do próprio ritmo, é avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido do lento. E saber situar o momento do tempo em relação aos outros.
Já para Oliveira (2001 apud BALBÉ et al. 2009),os aspectos relacionados à percepção do tempo, evolucionam e amadurecem com a idade.
Tabela 2. Lateralidade
Com relação aos resultados apresentados na tabela 2, alguns indivíduos tiveram diferentes resultado no pré e no pós teste para a variável lateralidade.
No pré teste haviam 10 crianças que eram destras, 01 sinistra, e 03 indefinidas. Após a intervenção houve a aplicação do pós teste, onde os resultados foram: 12 destros e 02 sinistros, sendo assim podemos concluir que nenhum dos participantes ficou com sua lateralidade indefinida.
Serafin (2000) comenta que a lateralidade é definida a partir dos 7 anos, com a entrada das crianças na escola. Nesta fase a criança tem a capacidade de distinguir entre lado direito e esquerdo.
Análise e discussão da docência
Foram realizadas aulas com uma turma do 4º ano, onde utilizou-se a capoeira como estratégia para o desenvolvimento da mesma. Na parte inicial era feito o aquecimento com atividades dinâmicas, como por exemplo: pego gato (o individuo que esta pegando deve andar como um gato, de cúbito ventral com as mão e pés no chão, para pegar o outro deve encostar com uma das mão na perna do colega), pego bode (o individuo que esta pegando deve andar como um bode, de cúbito ventral com as mão e pés no chão, para pegar o outro ele deve encostar a cabeça na perna do colega), pego caranguejo (o individuo que esta pegando deve andar como um caranguejo, de cúbito dorsal com as mão e pés no chão, para pegar o outro ele deve encostar um dos pés na perna do colega).
Na parte principal, nas primeiras aulas, iniciou-se com atividades mais simples, pelo motivo de a maioria dos participantes não terem conhecimentos dos movimentos a serem executados. Dentre algumas atividades desenvolvidas nas primeiras aulas, podemos citar: a ginga (consiste na movimentação constante de braços e pernas executados pelo aluno, em movimentos de vai e vêm, avanços e recuos). O AU (o praticante leva as duas mão ao solo subindo imediatamente as duas pernas, geralmente esticadas e caindo geralmente de pé. É sempre feito para um dos lados, sendo que possui diversas variações). Queda de Quatro (é uma esquiva em que o praticante desce ao solo, para trás, e se apóia nas duas mãos, ficando, portanto com um total de 4 apoios ao solo: as duas mãos e os dois pés). Ponteira (chutando-se o adversário com a ponta do pé, estando totalmente de frente e esticando-se a perna. Consiste em um chute reto, forte e bem rápido).
Segundo Carneiro (1977 apud PORTO, 2010), os golpes de capoeira utilizam exclusivamente os pés, servindo as mãos de apoio aos movimentos de todo o corpo. A ginga da capoeira, ao som de berimbaus e pandeiros, dá ao jogo uma aparência de dança. No geral, os golpes são ao mesmo tempo de ataque e de defesa, não sendo fácil estabelecer uma fronteira entre os movimentos ofensivos e defensivos.
Após algumas aulas, os alunos já com um melhor conhecimento dos movimentos, foram desenvolvidas atividades mais complexas, como: a armada (aplica-se estando em pé, e consiste em firmar-se com um pé no chão e com a outra perna livre, fazer um movimento de rotação, varrendo na horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé). Martelo de Chão (é o martelo aplicado tendo-se como base uma das mãos no solo. A mão que vai ao solo é a oposta à perna que aplica o martelo). Meia Lua de Compasso (é um golpe no qual o praticante agacha-se sobre a perna da frente, e com a outra perna livre, faz um movimento de rotação, varrendo na horizontal ou diagonal. Quando inicia-se o movimento de rotação, as duas mãos vão ao solo para melhor equilíbrio). Durante todas as aulas, o professor auxiliava os alunos no movimento, bem como no jogo em si.
Na parte final das aulas formamos uma circulo para verificar a percepção dos alunos frente as atividades desenvolvidas, bem como suas dúvidas e sugestões, as quais serviam de subsídio para a continuidade das aulas.
Aceitação dos alunos
Foi utilizado o diário de campo para coletar dados sobre o dia a dia dos alunos com relação às atividades, comportamento dos mesmos, entre outros aspectos que ocorreram durante as aulas.
Dessa forma é importante ressaltar o papel indispensável que a Educação Física dispõe na escola, assim melhorando e aprimorando cada vez mais seus movimentos, ajudando-a em seus relacionamentos tanto com os colegas, quanto com seus familiares. A relação entre movimento e o seu fim se aperfeiçoa cada vez mais como resultado de uma diferenciação progressiva das estruturas integradas do ser humano. (ROSA NETO, 2002).
A relação professor aluno durante a aplicação da docência foi tranqüila, pois os alunos tiveram a liberdade de se adaptar da maneira em que os mesmos ficavam confortáveis para a execução dos movimentos. Os alunos participantes tinham pouco conhecimento referente ao conteúdo, mas em nenhum momento deixaram de participar das atividades propostas.
Todos os alunos demonstraram interesse e participaram das aulas de capoeira, pois para a maioria foi à primeira vez que tiveram a possibilidade de executar os movimentos e a aprender a utilizar os instrumentos de percussão, como o pandeiro e o berimbau.
4. Conclusão
A partir dos resultados do presente estudo pode-se concluir que:
Após a intervenção nas aulas de Educação Física com base em atividades direcionadas à capoeira, houve uma melhora estatisticamente significativa no desenvolvimento motor das crianças de 10 e 11 anos, na motricidade global, no esquema corporal e na idade motora geral.
Nos elementos motricidade fina, organização temporal, organização espacial e equilíbrio, não apresentaram melhora estatisticamente significativa, mesmo assim houveram melhoras nos valores de pré para pós testes.
Através das atividades, pode-se perceber que além de estarem participando da aula, os alunos fazem algo que gostam, sendo que relataram que as aulas aconteceram de forma atrativa. Todos os alunos demonstraram interesse e boa participação nas aulas, pois para a maioria foi à primeira vez que tiveram a possibilidade de executar esse tipo de atividade, ocorrendo uma grande aceitação da proposta realizada por parte das crianças.
Assim, essa pesquisa é de grande importância, mostrando que através da proposta capoeira, pode-se melhorar o desenvolvimento motor, fundamental também para o desenvolvimento de cada individuo. Nesse sentido, sugere-se que sejam realizadas mais pesquisas relacionadas ao desenvolvimento motor em crianças, utilizando-se da capoeira como conteúdo das aulas de Educação Física.
Referências
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CRIPPA, Liamara Regina. Avaliação motora de pré-escolares que praticam atividades recreativas. Maringá, v.14, n.2, p. 13-20. Sem. 2003.
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GALLAHUE, David L; OZMUN. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2003. 641 p.
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