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Relação entre saúde e condições de trabalho
de agentes prisionais do Estado do Pará, Brasil

Relación entre salud y condiciones de trabajo de agentes penitenciarios del Estado de Pará, Brasil

Relation between health and work’s conditions in prison’s agent of Para State, Brazil

 

*Especialista em Fisioterapia do Trabalho e Mestrando em Defesa Social

e Mediação de Conflitos pela Universidade Federal do Pará – UFPA

**Professora Adjunto I da Universidade Federal do Pará – UFPA

Doutora em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido – UFPA

*** Professor do Instituto de Ensino de Segurança do Estado do Pará (IESP)

Mestrando em Defesa Social e Mediação de Conflitos pela Universidade Federal do Pará, UFPA
(Brasil)

Diego Sá Guimarães da Silva*

diegosaguimaraes@yahoo.com.br

Dra. Andréa Bittencourt Pires Chaves**

andreachaves@ufpa.br

João Francisco Garcia Reis***

garcia36911@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No Brasil, grande parte dos estudos realizados no ambiente prisional foi com presidiários. Todavia, o cotidiano e o ambiente de trabalho dos agentes prisionais assinalam sobrecarga de atividades, riscos de violência e de exposição a cargas biológicas geradoras de doenças ocupacionais, visto que, são encarregados de revistar, conter e punir os detentos. O objetivo deste estudo consiste em analisar a ergonomia e condições de trabalho de agentes prisionais da cidade de Belém no Estado do Pará, Brasil. Trata-se de um estudo de corte transversal, de natureza quantitativa com quarenta (40) agentes prisionais, de ambos os sexos e com idade entre 19 e 60 anos. Os resultados evidenciam que a postura mais freqüente é a em pé (52,5%), que há muita repetitividade (40%), achados que se relacionam com uma alta prevalência de dores lombares (57,5%) e de lesões da coluna vertebral (62,5%), sinalizando a realização de novos estudos para possibilitar a criação de medidas ergonômicas e de programas de qualidade de vida para estes profissionais.

          Unitermos: Saúde. Trabalho. Agente prisional.

 

Resumen

          En Brasil, la mayoría de los estudios se llevaron en el entorno de las prisiones fueron con los reclusos. Sin embargo, la vida cotidiana y el trabajo de los empleados de las prisiones indican sobrecarga de actividades, los riesgos de la violencia y la exposición a cargas biológicos que producen enfermedades profesionales, ya que son responsables de controlar, contener y castigar a los reclusos. El objetivo de este estudio es analizar la ergonomía y las condiciones laborales de los empleados de las prisiones en la ciudad de Belem, en el Estado de Pará, Brasil. Se trata de un estudio transversal, cuantitativo en cuarenta (40) guardias de la prisión de ambos sexos y con edades comprendidas entre 19 y 60 años. Los resultados muestran que la postura de pie es la posición más frecuente (52,5%), hay mucha repetitividad en un 40%. Los datos se correlacionan con una alta prevalencia de dolor de espalda (57,5%) y lesiones de la columna vertebral (62,5%), lo que indica que los nuevos estudios permitan la creación de medidas ergonómicas y de calidad de vida para estos profesionales.

          Palabras clave: Salud. Trabajo. Agentes penitenciarios.

 

Abstract

          In Brazil, most studies were conducted in the prison environment with prisoners. However, the everyday and work environment of correctional officers indicate overload of activities, risks of violence and exposure to biological loads generating occupational diseases, since they are responsible for search, restrain and punish the inmates. The aim of this study is to analyze the ergonomics and working conditions of prison officers in the city of Belem in Para State, Brazil. This is a cross-sectional study, quantitative forty (40) prison guards of both sexes and aged between 19 and 60 years. The results show that posture is the most frequent standing (52.5%), there is much repetition (40%), findings that correlate with a high prevalence of back pain (57.5%) and spine injuries spine (62.5%), signaling the new studies to enable the creation of ergonomic measures and quality of life programs for these professionals.

          Keywords: Health. Labor. Prison agent.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os estudos em saúde do trabalhador, em seus diferentes contextos profissionais, são cada vez mais multidisciplinares, sendo que, profissionais das diversas ciências, investigam progressivamente as relações entre trabalho e saúde e o modo como essa relação repercute na qualidade de vida.

    Cruz (2005) assinala que estudos epidemiológicos recentes apontam verdadeiras epidemias das chamadas doenças profissionais ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Esses últimos podem ser definidos como manifestações ou síndromes patológicas que se instalam insidiosamente em determinados segmentos do corpo em conseqüência do trabalho realizado de forma inadequada (ANAMT, 1998).

    Para tanto, o trabalho do agente penitenciário, por terem contato direto com os internos e serem vistos por estes como um dos responsáveis pela manutenção do seu confinamento, estão freqüentemente expostos a diversas situações geradoras de doenças ocupacionais, tais como intimidações, agressões e ameaças, possibilidade de rebeliões nas quais, entre outros, correm o risco de serem mortos ou se tornarem reféns (SANTOS, 2003).

    Stort, Junior e Rebustini (2006) constataram na prática, que pessoas que não se sentem satisfeitas e tranqüilas em seus ambientes de trabalho, e cujos níveis de tensão e insegurança são significativos, tornam-se mais propensas a sofrerem acidentes de trabalho e cometerem erros.

    No Brasil, grande parte dos estudos realizados no ambiente prisional foi realizada com presidiários. Dentre os poucos estudos que abordam as condições de trabalho de funcionários penitenciários, cabe citar o estudo de Rumin (2006) com agentes penitenciários do Estado de São Paulo, no qual identificou sobrecarga das atividades, riscos de violência e de exposição a cargas biológicas geradoras de doenças ocupacionais.

    O presente estudo tem por objetivo verificar a prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho de agentes penitenciários da cidade de Belém no Estado do Pará.

Materiais e métodos

    Estudo de corte transversal, de natureza quantitativa para investigar a relação da saúde e condições de trabalho em quarenta (40) agentes prisionais que exercem suas atividades laborais no município de Belém do Pará. A coleta de dados foi realizada no período de Abril/2012 à Maio/2012, através de dois questionários, com perguntas fechadas e estruturadas, o primeiro relacionado à caracterização sócio-profissional dos mesmos, e o segundo relacionando saúde e as condições de trabalho, assinalando a alternativa que mais relaciona o se distúrbio com o seu trabalho, e se o mesmo foi provocado ou agravado por ele.

    Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística através do software Biostat 2009 5.8.3.0. E a análise descritiva dos dados será expressa em percentuais, por meio da análise visual de gráficos e tabelas.

Resultados

    Foram avaliados quarenta (40) agentes prisionais, sendo 67,5% do gênero masculino e 32,5% do gênero feminino. Sendo que, a maioria dos entrevistados, ou seja, 35% possuíam de 5 a 7 anos de atuação profissional. Sendo que, os aspectos relacionados as condições de trabalho estão representadas na tabela 1 e os problemas de saúde e área corporal acometida estão representados na tabela 2.

Tabela 1. Aspectos relacionados as condições de trabalho

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2012.

* Porcentagem relativa sobre o número total da amostra (n=40)

 

Tabela 2. Problemas de saúde em diferentes segmentos corporais

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2012.

* Porcentagem relativa sobre o número total da amostra

Discussão 

    A alta prevalência de dores lombares em agentes penitenciários presentes no estudo (57,5%) corrobora com a pesquisa de Barreto (2000), que assinala que no Brasil, a dor na coluna ou lombalgia tem sido uma das causas mais comuns de absenteísmo e aposentadorias por invalidez, em pessoas com idade inferior a 50 anos. De acordo com Reis et al. (2003), nos dias atuais, a lombalgia tem sido considerada um sério problema na saúde pública, pois afeta uma grande parte da população economicamente ativa, incapacitando-as temporária ou definitivamente para as atividades profissionais.

    Quando comparados aos resultados de Fontoura (2005), há uma concordância com os dados desta pesquisa, visto que, as lesões da coluna vertebral foi a região que apresentou a maior prevalência de lesões (62,5%), sendo que, o ambiente de trabalho provocou em 60% tais e distúrbios e agravou em 40%.

    Segundo Detsch et al. (2007), um dos principais geradores destas alterações é o fator comportamental, as posturas dinâmicas inadequadas adotadas pelo indivíduo no seu cotidiano, seja no ambiente de trabalho ou em casa. E a cura desses distúrbios é mais complicada após atingir fases moderadas da doença, portanto necessário se faz, que os empresários tomem medidas preventivas para impedir a evolução do quadro clínico dos trabalhadores que já manifestaram os sintomas e prevenir os que ainda não manifestaram, a primeira medida que deve ser tomada em um programa de prevenção é analise dos fatores de risco, para que estes sejam controlados (BARREIRA, 2004).

    Os resultados encontrados nessa pesquisa, em sua maioria, corroboram as pesquisas de Sales (2000) e Kmita et al. (2002), quanto aos constrangimentos encontrados nos aspectos ergonômicos, organizacionais, biomecânicos, posto de trabalho e conteúdo do trabalho.

    Nahas (2001) aponta que uma das estratégias que as empresas deveriam adotar é o uso da ginástica laboral, a qual define como uma atividade física praticada no local de trabalho de forma voluntária e coletiva pelos funcionários na hora do expediente, podendo ser preparatória quando realizada no início do expediente ou compensatória quando realizada no meio do expediente.

Conclusão

    A pesquisa demonstrou que uma quantidade relativamente alta dos sujeitos apresenta lesões da coluna e dores lombares. Fatores que podem prejudicar o desempenho de seu trabalho e qualidade de vida.

    Os agentes penitenciários constituem uma população de risco para o desenvolvimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, visto que, são encarregados de revistar e conduzir presos, além de conter e punir os detentos, portanto, é necessário a realização de novos estudos para possibilitar a criação de medidas ergonômicas e de programas de qualidade de vida para estes profissionais.

    Os resultados da presente pesquisa são preliminares, pois a pesquisa encontra-se em andamento. Apesar disso, pode-se notar a presença de constrangimentos ergonômicos como postura em pé por período prolongado, muita repetitividade das tarefas e ausência de pausas ou micro pausas.

Referências bibliográficas

  • ANAMT - Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - DORT. Informativo nº 5; 1998.

  • BARREIRA, T. H. C. Abordagem ergonômica na prevenção da LER. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, V. 22, n. 84, p. 51 – 59, out. /nov. /dez. 2004.

  • BARRETO, M. A indústria do vestuário e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. Cadernos de Saúde do Trabalho, São Paulo, 2000.

  • CRUZ, R. M. Atividade docente, condições de trabalho e processos de saúde. Motrivivência. Ano XVII, Nº 24, P. 59-80. Jun. 2005.

  • DETSCH, C. et al. Prevalência de alterações posturais em escolares do ensino médio em uma cidade no Sul do Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 2, n. 4, p.231–8, 2007.

  • FONTOURA, H. S. Prevalência de lesões no pé, tornozelo, joelho e coluna vertebral no Iatismo. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires. Año 10. N° 87. Agosto, 2005. http://www.efdeportes.com/efd87/lesoes.htm

  • NAHAS. M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Londrina: Midiograf, 2001.

  • REIS, P. et al. O Uso da Flexibilidade no Programa de ginástica laboral compensatória na melhoria da lombalgia em trabalhadores que executam suas atividades sentados.In: Congresso Internacional de Educação Física, 18, FIEP. Anais.... Foz do Iguaçu, 2003.

  • RUMIN, C. R. Sofrimento na vigilância prisional: o trabalho e a atenção em saúde mental. Psicologia, Ciência e Profissão, v. 26, n. 4. 2006.

  • SANTOS, E. T. O Fenômeno da Prisionização - Uma experiência no Complexo Médico-Penal do Paraná. Monografia Faculdade Federal do Paraná, 2003.

  • STORT, R.; JUNIOR, F.; REBUSTINI, F. Os efeitos da atividade física nos estados de humor no ambiente de trabalho. Esporte, Lazer e Dança, v.1, n.1, p. 26-33 2006.

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