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Aptidão física relacionada à saúde de idosos:
influência do treinamento de força

La aptitud física relacionada con la salud en personas mayores: la influencia del entrenamiento de la fuerza

 

*Graduada em Bacharelado em Educação Física

Universidade Federal de Santa Catarina

**Graduada em Educação Física. Mestre em Psicologia

Universidade Federal de Santa Catarina

(Brasil)

Fernanda Reinert Rodrigues*

fernanda_reinert@hotmail.com

Patrícia Barbosa Martins Trichês**

patriciatriches@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo é uma revisão de literatura que objetiva compreender a influência do treinamento de força na aptidão física relacionada à saúde de idosos. O envelhecimento é um processo natural dos seres humanos que leva à perdas na capacidade funcional muscular; através da prática de exercício físico estas perdas podem ser atenuadas. Particularmente, o treinamento de força parece ser um importante aliado na qualidade de vida de indivíduos idosos, melhorando a aptidão física e possibilitando assim melhor realização de tarefas do cotidiano dos mesmos

          Unitermos: Aptidão física. Idosos. Treinamento de força. Envelhecimento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é um processo inexorável aos seres vivos (ALVES et al., 2004) que conduz a perdas progressivas das aptidões funcionais do organismo. É a soma de todas as alterações biológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o passar dos anos (ZAGO; GOBBI, 2003). Segundo dados do IBGE (2000), atualmente o Brasil possui aproximadamente 14 milhões de idosos e poderá atingir no ano de 2020, 31 milhões de idosos.

    Fatores como sedentarismo, maus hábitos alimentares, stress e obesidade são fatores desencadeantes de diversas doenças cardiovasculares; isto pode levar o idoso a perder qualidade de vida por ter uma diminuição de suas aptidões físicas, impossibilitando-o de realizar atividades básicas do dia-dia. A manutenção da aptidão física tem o poder de prevenir e melhorar capacidades físicas, dando mais independência ao idoso.

Aptidão física relacionada à saúde de idosos

    Estudos epidemiológicos sustentam o efeito positivo de um estilo de vida ativo e do envolvimento dos indivíduos em programas de atividade física e exercício na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1998).

    Segundo o livro de Guedes, “Orientações Básicas sobre Atividades Físicas e Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e Saúde”, defini-se como aptidão física como “um estado dinâmico de energia e vitalidade que permite a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevistas sem fadiga excessiva, mas, também, evitar o aparecimento das funções hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentindo uma alegria de viver”.

    De acordo com PIRES et al. (2002), "com o declínio gradual das aptidões físicas, o impacto do envelhecimento e das doenças, o idoso tende a ir alterando seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividade e formas de ocupação pouco ativas. Os efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade são muito sérios. Podem acarretar numa redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão".

Treinamento de força e aptidão física relacionada à saúde de idosos

    A prática de exercício físico contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde, como nas capacidades funcionais, especialmente nas expressões da força muscular (força muscular concêntrica, excêntrica e isométrica máxima, resistência de força, potência muscular, entre outras).

    O treinamento de valências que possam contribuir ao aprimoramento geral do aparelho motor assume papel de destaque, com particular importância no contexto da aptidão global do indivíduo. Dentre os trabalhos que podem ser realizados com essa finalidade, o de força muscular aparece como um dos mais importantes e, apesar e aparentemente apenas dizer respeito à aspectos musculares, possui um aspecto bem mais amplo de atuação.

    Segundo Barbanti (1979), força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam em algum movimento particular. O treinamento de força tem se mostrado a mais eficiente e segura forma de condicionamento físico para idosos, especialmente para a manutenção da aptidão física, possibilitando o idoso a realizar com segurança suas tarefas do cotidiano.

    Contudo, a perda da capacidade funcional dos músculos começa mais precocemente (FLECK e KRAEMER, 2006). A perda da força e da massa muscular predispõe os idosos a uma limitação funcional, a qual pode levar a um aumento da imobilidade e mortalidade (CARVALHO, 2004; RABELO et al, 2003).

    Já se sabe que após os 30 anos, estima-se que a perda de força seja de 1% por ano até os 60 anos, de 15% por década entre os 60 e os 70 anos e, daí em diante, 30% por década, (KRAEMER; FLECK, 1999).

    Grimby e Saltin (1983) apontam para o fato de o declínio de força com o envelhecimento poder ser acompanhado de perda real de tecido muscular. Isso, dentre outros problemas, provocaria uma diminuição das taxas metabólicas de repouso, trazendo como conseqüência imediata uma maior deposição de gordura corporal.

    Estudos demonstram que através do treinamento de força se pode aumentar a agilidade de pessoas idosas, possibilitando maior destreza para realizarem deslocamentos alterando seu centro de gravidade, e a partir daí, incrementar seu equilíbrio possibilitando a estes idosos realizarem com segurança os movimentos do cotidiano (BARBOSA et al, 2000), além de aumentar a força muscular e melhorar o desempenho para a realização das atividades da vida diária como: caminhadas, subida de escadas, compras em supermercados, entre outras (RABELO et al, 2003).

Considerações finais

    Faz-se necessário que se crie oportunidades de incentivo para a pratica regular de exercícios físicos durante toda a vida, especialmente na velhice. Para que o idoso possa melhorar sua aptidão física através do treinamento de força, é importante que o profissional de Educação Física dê atenção especial a este grupo de pessoas, para que possam realizar suas atividades cotidianas, mantendo sua saúde, autonomia e disposição.

    Se os indivíduos pudessem envelhecer mantendo−se autônomos e independentes, as dificuldades seriam minimizadas para eles, para a família e para a sociedade. Portanto, é de fundamental relevância que o exercício físico sistematizado seja incluso nos programas de saúde pública, de modo que a população possa adotar hábitos de vida mais saudáveis, beneficiando-se de melhores condições de vida.

Referências

  • ALVES, R.V. et al. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica. Rev Bras Med Esporte, v.10, n.1, Jan/Fev, 2004.

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand on the recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in adults. Med. Sci. Sports Exerc., v. 30, p. 975-991, 1998b.

  • BARBANTI, V. J. Teoria e Prática do Treinamento Desportivo. 2ª edição - São Paulo – SP. Editora Edgard Blucher. 1979.

  • BARBOSA, A.R. et al. Efeitos de um programa de treinamento contra-resistência sobre a força muscular de mulheres idosas. Revista brasileira de atividade física & saúde v.5, n.3, 2000.

  • FLECK, S.J.; KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 

  • GRIMBY, G. & SALTIN, B. The ageing muscle. Clinical Physiology, 3, p. 209-218, 1983.

  • GUEDES, D.P. Atividade física, aptidão física e saúde. In: Carvalho T, Guedes DP, Silva JG (orgs.). Orientações Básicas sobre Atividade Física e Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde e Ministério da Educação e do Desporto, 1996.

  • IBGE. Pesquisa sobre o padrão de vida. Brasília: IBGE, 2000.

  • PIRES, T.S. et al. A recreação na terceira idade. Cooperativa do fitness. 2002.

  • RABELO; H.T.O. et al. O treinamento de força e sua relação com as atividades da vida diária de mulheres idosas. In: Exercício, Maturidade e Qualidade de Vida. 2.ed. Rio de Janeiro: Shape, p.81-95, 2003.

  • ZAGO, A.S.; GOBBI, S. Valores normativos da aptidão funcional de mulheres de 60 a 70 anos. R. Bras. Ci. e Mov. Brasília, v.11, n. 2, p.77-86, junho 2003.

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