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A mídia e a sua relevância nas práticas
pedagógicas para Educação Física

Los medios de comunicación y su relevancia en las prácticas pedagógicas en la Educación Física

 

*Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física/UFS. Bolsista PIIC/UFS

**Mestre em Educação Física/UFSC. Professor DEF/CCBS/UFS

LaboMídia/UFS/UFSC

(Brasil)

Janaina Carvalho Chagas*

janainna_chagas@hotmail.com

Cristiano Mezzaroba**

cristiano_mezzaroba@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A pesquisa reflete sobre a cultura corporal de movimento, Educação Física escolar e sobre a importância da mídia na infância e nas praticas pedagógicas. Sabemos que a Cultura corporal de movimento participa da Educação Física como objeto de estudo e se relaciona cada vez mais com as questões midiáticas. Diante da sua presença marcante, a mídia exerce um grande papel em nosso cotidiano, ditando e formando novos sentidos a serem seguidos. Toda essa influência refere-se ao poder simbólico que vem sendo incorporado pelas pessoas e que se revela através das praticas corporais. O estudo bibliográfico, caracterizado por uma análise documental trará as fontes para melhor refletir e conhecer a relevância da mídia na Educação Física Escolar.

          Unitermos: Educação Física. Mídia. Práticas pedagógicas. Cultura corporal de movimento. Infância.

 

Abstract

          This research reflects upon the body movement culture, about Physical Education in school and the importance of the media in the childhood and in pedagogical practices. We know that the body movement culture is part of Physical Education as a study object and it is more and more related to issues regarding the media. Because of its remarkable presence, media plays a big role in our daily lives, dictating and shaping new directions to be followed. All this influence refers to the symbolic power that has been incorporated by people and which is revealed through bodily practices. The bibliographical study, characterized as a documental analysis, will bring the best sources to reflect upon and learn about the relevance of media in Physical Education in schools.

          Keywords: Physical Education. Media. Teaching practices. Body movement culture. Childhood.

 

          Este texto é um recorte do relatório final de pesquisa, a qual foi realizada através do Programa Especial de Inclusão em Iniciação Científica da Universidade Federal de Sergipe (PIIC/UFS).

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 174, Noviembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente trabalho foi desenvolvido a partir de um problema, que se encontra ligado aos interesses sociais. A pesquisa “A mídia e a sua relevância nas práticas pedagógicas para a Educação Física”, teve como objetivo principal identificar e conhecer as relações entre cultura corporal de movimento e a mídia no cotidiano das crianças, pensando nas possíveis implicações na Educação Física.

    A proposta da pesquisa surgiu a partir de questionamentos, para que pudéssemos estabelecer um conhecimento mais amplo sobre a função da mídia no campo educacional. Como as crianças observam mídia em seu cotidiano? Será que a cultura corporal de movimento sofre mudanças a partir do que as crianças observam na mídia? Assim, tais perguntas e outras que indagamos no decorrer da pesquisa foram importantes para ajudar na concretização dos objetivos desta pesquisa de caráter bibliográfico.

    Segundo Betti (1998), os adolescentes brasileiros dispendem em média quatro horas por dia vendo televisão. A televisão firmou-se como uma das mídias mais presentes no cotidiano das crianças, como um espelho, igual a um ídolo a ser seguido. Daí a importância de se conhecer e interpretar algumas formas desse universo midiático para mediar os conteúdos da EF, possibilitando ao professor ser mediador da cultura de movimento e midiática, e sem desconsiderar que as crianças são importantes na produção da sociedade, pois a criança também é capaz de criar representações e percepções que implicaram em sua própria cultura de movimento.

    Para Brougère (1997), a televisão fornece novas estruturas lúdicas, que as crianças podem retomar e adaptá-las aos espaços em que mais brincam, como rua, pátio, etc. Neste estudo será possível visualizar como a mídia acaba implicando o âmbito escolar, tornando-se um instrumento pedagógico dentro da escola.

    Hoje em dia o assistir tornou-se pontapé inicial para determinadas escolhas, como “qual esporte praticar?” Enfim são inúmeras e diferentes as influências que a mídia traz capaz de implicações e possibilidades para uma nova realidade para as práticas na Educação Física, pensando na mídia como objeto e meio de educação É através da tele-mediação que conhecemos algumas práticas esportivas, mesmo que esses esportes façam parte de um processo de espetacularização, a motivação a partir dessa nova visão espetacularizada é muito forte, proporcionando uma nova percepção na prática dentro da cultura de movimento.

    Para Belloni (2001), a educação é um dos espaços estruturais que sofrem fortes impactos dos avanços tecnológicos, principalmente no ensino/aprendizagem. E para as crianças esses avanços tecnológicos e visualizações se fazem cada vez mais presentes, incorporando imagens e modelando suas vidas, e só acontece por causa da facilidade de entendimento ou será por falta de orientação? Os veículos de comunicação são capazes de atingir praticamente todos os segmentos sociais, tendo em vista os amplos e flexíveis meios de linguagem utilizados na propagação de idéias, valores e conhecimentos. As crianças talvez não estejam preparadas para tanta informação e nem com usá-las. Assim é preciso acreditar na transformação dos conhecimentos por parte das crianças dentro da sua própria cultura de movimento.

    A Educação Física e a mídia ambos trabalham com a cultura de corporal de movimento. A mídia possibilita uma caracterização da cultura de movimento, mas como lidar com tantas identidades e ao mesmo tempo trabalhá-las de forma pedagógica? A importância que a mídia representa no contexto sobre a cultura de movimento é muito grande. É formadora de opinião e construtora de saberes/fazeres sociais. Neste sentido, a pesquisa presente pretendeu compreender como a mídia se insere nas práticas pedagógicas da Educação Física escolar.

    A relevância social da pesquisa estende-se ao campo da Educação Física, dando suporte para futuras práticas pedagógicas na área infantil. Esclarecendo e dialogando também como a mídia se relaciona no campo da cultura corporal de movimento das crianças e no seu espaço lúdico.

    Consideramos que o saber está em toda parte e que não se restringe somente à escola. A formação cultural também é importante para que possamos entender melhor o valor dado às novas tecnologias. A mídia está presente em nosso dia-a-dia e em função de sua onipresença, não podemos descartar a sua importância diante dos saberes e fazeres relacionados ao contexto pedagógico da Educação Física, disciplina ainda em busca de legitimação. A Educação Física está cada dia mais se relacionando com a mídia (e vice-versa), apesar de certa falta de apropriação sobre o assunto, mesmo assim fica difícil não perceber a influência da mídia diante as práticas corporais e esportivas.

    Nas crianças, os sons, discursos e as imagens criam representações, no plano simbólico, que precisam ser contextualizados, e que são expostos também dentro do ambiente escolar, durante das inúmeras atividades. É a partir daí que entramos no campo da cultura corporal de movimento, que será evidenciada a partir dessas atividades que serão realizadas dentro da escola.

    A partir de representações e percepções a pesquisa procurou se apropriar de fontes e pesquisas já realizadas, tendo, portanto, um caráter documental, do tipo bibliográfico, para que pudéssemos atingir todo objetivo esperado. Os nossos objetivos específicos foram: identificar as possíveis relações da mídia e Educação Física escolar; compreender como a cultura corporal de movimento é influenciada a partir dos interesses relacionados com a mídia; e, por fim, analisar como mídia se caracteriza nas práticas pedagógicas educacionais.

    É com relação à influência que a mídia exerce sobre o cotidiano das crianças, e que modifica sua cultura lúdica, que torna-se fundamental a discussão sobre o tema proposto na pesquisa. Pensando no campo da mídia e da cultura de corporal movimento, este estudo pretende implicar na formação profissional dos autores, enriquecendo as futuras práticas educacionais e possibilitar, esperamos, uma discussão sobre as futuras relações do campo da comunicação para o interior da Educação Física. Com o estudo teremos em mãos um material que contribuirá para uma compreensão sobre a relação mídia-educação e sua relevância na cultura de movimento.

Metodologia

    Esta pesquisa trata-se de um trabalho investigativo de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa bibliográfica, na forma descritiva. Teve como objeto de pesquisa identificar e compreender as relações entre a cultura de movimento e a mídia no cotidiano das crianças, pensando nas possíveis implicações na EF.

    O tipo de estudo configura-se do tipo bibliográfico, em que se realizou uma análise documental de abordagem qualitativa. O estudo bibliográfico nos permitiu verificar outros materiais já produzidos. Em Gil (2008), ele ressalta a importância durante o processo sobre a apropriação de cada fonte pesquisada, pois em alguns casos os resultados coletados podem estar equivocados. Severino (2007) deixa claro que é importante sempre se basear em autores registrados, que darão mais credibilidade para a pesquisa.

    A partir do referencial teórico, decorrente de pesquisas anteriores, sobre EF, mídia, cultura corporal de movimento, infância e práticas pedagógicas, é que realizamos nossa investigação teórica.

    Cabe destacar o universo midiático, as mediações culturais envolvidas e a cultura de movimento, pensando em se articular com possíveis possibilidades para um trabalho pedagógico mais crítico e criativo no âmbito da educação com as criança.

    Analisamos as possíveis relações da mídia, de modo que:

    Se o investigador, envolvido numa perspectiva de inquisição qualitativa, não é capaz de compreender estas dimensões do comportamento do sujeito, derivadas, principalmente, do contexto cultural, pode observar o fenômeno e explicá-lo equivocadamente” (TRIVIÑOS, 1987, p. 123)

    Iniciamos com estudos teóricos sobre o campo temático e com um levantamento bibliográfico das fontes como elementos norteadores da pesquisa, como leitura dos pressupostos teóricos como livros, artigos de periódicos (a partir de 2005 até 2011) na área da EF, cultura corporal de movimento, da criança, da infância e práticas pedagógicas.

    O nosso sentido foi identificar a relevância da mídia na cultura corporal de movimento, na EF Escolar e no cotidiano das crianças em geral. Para Gil (2008) e Severino (2007) a principal vantagem do levantamento bibliográfico é que o investigador poderá ter cobertura ampla dos fenômenos a serem estudados, a partir de outras produções de autores reconhecidos.

    Depois dos estudos realizados, foi feita uma análise e interpretação da relevância da mídia nas práticas pedagógicas e, por fim, produzimos o relatório final (sendo que este artigo é uma síntese de tal relatório), com base no objetivo geral citado no início serão encontrados os resultados durante a pesquisa, alguns esclarecimento sobre o tema pesquisado, que visa um esclarecimento para a sociedade, já que pesquisas de abordagem qualitativa tem com preocupação a compreensão dos fenômenos sociais. De modo que Triviños (1987, p.131) descreve:

    O denominado “relatório final” da pesquisa quantitativa naturalmente que existe na pesquisa qualitativa, mas ele se vai constituindo através do desenvolvimento do todo do estudo e não é exclusivamente resultado de uma análise última dos dados.

    Então tudo que foi estudado e pesquisado procuramos expor aqui, de maneira sintética, com uma análise e interpretação dos resultados, de modo que o relatório final, além de se referir a um projeto ou a um período em particular, visou pura e simplesmente historiar seu desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar os resultados – parciais ou finais – obtidos.

    Sendo assim descreveremos as atividades realizadas e os resultados obtidos.

Revisão da literatura

    Durante as leituras de alguns artigos e pesquisas já realizadas, encontramos alguns dados importantes para o contexto da pesquisa. Os mais importantes foram organizados em forma de periódicos. Neles foram observadas as questões sobre mídia, EF e cultura corporal de movimento. A partir da triangulação de tais elementos é que daremos prosseguimento às apresentações e análises dos dados bibliográficos encontrados.

    Inicialmente faremos uma contextualização teórica, abordando, num primeiro momento Educação Física, Mídia e Cultura Corporal de Movimento; num segundo momento, tratamos das questões sobre Criança e Mídia. A partir daí, seguimos com nossa apresentação do material recolhido e que foi analisado a partir de alguns periódicos.

Educação Física, Mídia e Cultura Corporal de Movimento

    A EF, ao longo de sua trajetória, sofreu influências que a caracterizaram no que diz respeito à sua concepção, suas finalidades, campo de atuação e à forma de ser ensinada. Segundo Bracht (1999) a EF sofreu influência, principalmente, de duas instituições: a militar (que cuidava dos exercícios sistematizados) e a instituição médica (que cuidava da parte da “promoção” e da “educação” para a saúde). Segundo Bracht (1999, p.76):

    Fica claro que a EF (no sentido lato) possuía um papel importante. No projeto de Brasil dos militares, e que tal importância estava ligada ao desenvolvimento da aptidão física e ao desenvolvimento do desporto: a primeira, porque era considerada importante para a capacidade produtiva da nação (da classe trabalhadora).

    Por isso é grande a marca militar deixada pela EF ao longo dos anos, prova disso são as práticas voltadas cada vez mais ao esporte, ao esforço, sendo que a aprendizagem hoje pode se derivar de outros tipos de práticas corporais.

    Quanto ao seu discurso no âmbito escolar, passou por debates que apontaram novas abordagens resultantes da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas. As abordagens, como a desenvolvimentista, que visava oferecer à criança alguns fundamentos de EF durante as quatro primeiras séries, com base na psicologia do desenvolvimento e aprendizagem; outra abordagem que merece destaque é conhecida, segundo Bracht (1999) como “psicomotricidade ou educação psicomotora, que exerceu bastante influência na educação física nos anos 70 e 80.” Ambas continuam presentes e sendo aplicadas na educação escolar infantil.

    Para Pires (2002, p.27):

    O currículo acadêmico dos cursos que formam profissional de Educação Física contempla também as demandas sociais contemporâneas sobre os diversos elementos da cultura de movimento.

    Muito do que se vê, infelizmente, é isso: falta uma atenção diante de outras possibilidades para ensinar. Existem outros elementos que podem fornecer o conhecimento atendendo também as distintas classes sociais, principalmente as menos favorecidas. Por isso, a formação profissional é de grande importância no aprendizado.

    Hoje a cultura corporal de movimento também pode ser encontrada através das mensagens da mídia, e o que fazer? como interferir ou mediar algo que não conhecemos durante a vida acadêmica? É importante que o profissional tenha um conhecimento ou uma experiência, para que possa tematizar alguns assuntos que estão presentes nos meios de comunicação em suas atividades.

    Em sua pesquisa publicada na Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Pires e Ribas (2005) foram justamente buscar essas conexões entre o campo educacional e a mídia, e eles descrevem que a mídia possibilita a ampliação de debates e produção na área da educação.

    Por suas origens militar e médica, o trabalho da EF tem seus fundamentos nas concepções de corpo e movimento. Atualmente a análise crítica aponta a necessidade de que se considerem também a dimensão cultural, social, política e efetiva presente no corpo das pessoas que interagem e se movimentam como sujeitos sociais e como cidadãos. É o que encontramos em Bracht (1999, p. 72):

    Sem dúvida, à educação física é atribuída uma tarefa que envolve as atividades de movimento que só pode ser corporal, uma vez que humano. No entanto, a educação do comportamento corporal, porque humano, acontece também em outras instâncias e em outras disciplinas escolares.

    Sem dúvida, a EF visa mais a parte corporal, e suas práticas, mas devemos lembrar que cada corpo é pensante também, com isso é necessário que para o mundo de hoje o comportamento também seja alvo da EF, educando assim o ser humano como um todo.

    O processo de ensino-aprendizagem em EF, portanto, não se restringe em exercícios de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa, mesmo sempre sendo vista como uma disciplina que tem como objetivo disciplinar os indivíduos a partir dos seus corpos, educadora do corpo, além de ser vista como sinônimo de esporte também.

    Para os PCN’s de Educação Física (BRASIL, 1998, p.27):

    O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura, na medida em que tudo o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui entendido como produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e transcendendo-os.

    A cultura corporal de movimento é produzida pelo ser humano, não só pelo seu “corpo”, por isso ressaltamos o valor de cada um dentro da sociedade, e é na EF que podemos visualizar/refletir nossas práticas e cultura produzida.

    Hoje já existem outras possibilidades, não é necessário só a “prática” para se aprender um conteúdo. Vimos que as pesquisas mostram que as aulas que são realizadas a partir de recursos midiáticos são motivantes, dinâmicas, devido à linguagem que por muitas vezes facilita o aprendizado, criam mais possibilidades ao professor de articular temas diferentes nas aulas, usando a mídia e as suas programações televisivas para problematizar conteúdos para a sala de aula. Mas infelizmente a EF para algumas pessoas continua sendo praticar e conhecer esportes e disciplinar o corpo.

    A EF vem sofrendo influência da mídia no desenvolvimento de suas práticas pedagógicas e na construção da cultura corporal de movimento.

    A televisão e a internet são poderosos meios de comunicação, capazes de interferir na cultura corporal de movimento. Segundo Betti (2006), isso só acontece porque a mídia dita e forma as tendências de consumo e entretenimento. Por causa do fácil acesso, e com velocidade e quantidade de informações fica evidente que há transformações no cotidiano das pessoas. No campo da EF Escolar a mídia também está presente. Isso pode ser corroborado conforme Betti (2006, p.02):

    Logo se pode concluir que as mídias colocam um problema pedagógico para a Educação Física escolar, pois se as informações e imagens provenientes das mídias são constituintes e constituidoras da cultura corporal de movimento, devem também ser objeto e meio de educação, visando preparar os/as alunos/as para estabelecerem uma relação crítica e criativa com os discurso difundidos por esses meios.

    Esse tal “problema” citado por Betti (2006) seria a capacidade de absorção da EF diante do que é produzido pela mídia. Os conteúdos, os programas, os conceitos, enfim, atrair isso como meio de conhecimento, objeto de estudo passaria a ser uma novidade para a EF, e não um problema.

    Não podemos descartar em nossa pesquisa a visibilidade que a mídia oferece às variadas formas de movimento e a sua caracterização. Por isso o contato precoce com algumas práticas corporais vem tornando a cultura corporal de movimento cada dia mais diversificada. Isso pode acontecer até através dos jogos virtuais, que podem ser utilizados como ferramenta de conhecimento pela cultura corporal de movimento.

    Em sua pesquisa, Betti (2006, p.176) descreve: “Para tal, é necessário investir em estudos e experimentações pedagógicas, no ensejo de transformar a virtualidade em atualidade, em uma possível vivência corporal na escola.”

    Pensando em uma perspectiva da mídia no âmbito escolar, Belloni (2001) refere- se à mídia como um meio de educativo, em que todas as crianças têm direito de ter contato com a comunicação como porta para o conhecimento. As tecnologias oferecem meios para aprender e também nos permitem organizar atividades construtivas de discussão e troca de idéia. As crianças estão caminhando cada vez mais próximas dos veículos midiáticos, segundo Belloni (2001, p.06):

    A criança que durante anos consome televisão de modo frenético (Isto quer dizer quase todas) absorve certo tipo de mensagens, específicas de discurso televisual, em termos de linguagens, estilos, aspectos técnicos, elementos estéticos, que são de natureza diferente dos conteúdos.

    A televisão aproxima o mundo a todos nós, de tal maneira que conseguimos absorver e caracterizar nossa vida ali. A linguagem desperta um interesse que vai sendo fixado em nosso dia a dia. Normalmente as crianças conseguem demonstrar isso durante suas práticas corporais.

    Esse contato com a mídia possibilita uma crescente no campo da cultura corporal de movimento, são novos sentidos e modalidades para serem visualizados e aprimorados. A EF Escolar não pode “parar no tempo”, e isso também serve para pensar em novas posições sobre a própria graduação dos futuros professores de EF e suas práticas precisam acompanhar uma nova atualização da sociedade, a partir das produções culturais, com conhecimentos historicamente acumulados e o socialmente transmitidos – via tecnologias, neste caso.

    A mídia produz e veicula muitas informações, que deixam a sociedade ainda mais atenciosa a tudo que é representado e oferecido por esse conjunto de veículos midiáticos. Sua instantaneidade chama muita atenção, tornando–se cada dia mais interessante, com uma linguagem de fácil entendimento. Capaz de diminuir as distâncias e inserindo, assim, padrões e bens de consumo, que podem interferir nas nossas próprias atividades diárias. É o que diz Pires (2002, p. 51):

    Pode-se dizer que a mídia já alcança quase todos os recantos e cidadãos do globo, levando a eles suas mensagens e, no seu interior, valores, normas e comportamentos tendencialmente homogêneos, que lhes permite compartilhar identidades comuns.

    Progressivamente a mídia foi tomando conta do nosso dia a dia, nossas vidas são influenciadas pelo seu conteúdo, às novas formas de se fazer algo, vestir-se, alimentar-se, e também em relação às práticas corporais. E para a EF não foi diferente, as práticas se reconfiguram, caracterizando uma nova forma de ver e criar a cultura corporal de movimento.

    Se a EF faz uma interseção na sociedade, com a mídia não é diferente, até durante as próprias práticas corporais. E lembrar também que muito do que é produzido pela mídia é descartável, não tem “prazo de validade” e muito menos “manual de instrução”.

    Cada um vai interpretar e agir de uma forma diferente diante daquilo que está vendo. A cultura de movimento pode ser conhecida como mais um bem produzido pela mídia, são inúmeros elementos da cultura estão se renovando diante os discursos midiáticos, essa é uma característica marcante da comunicação de massa. Pires (2002) escreve que a comunicação de massa é um porta-voz da nova corporalidade, que pode ser representada através dos ídolos, alvos e também produtos da mídia.

    É necessário ressaltar as mais variadas informações que temos hoje sobre a cultura de movimento, e dentre outras atividades do nosso cotidiano.

Criança e mídia

    Brougère (1997) comenta que as mídias transformaram a vida e cultura das crianças, e o avanço tecnológico causa um impacto na construção social, na educação, relações sociais, na família e no lazer.

    Em sua pesquisa, Munarim (2009) revela que nas duas escolas pesquisadas as crianças demonstraram, nas escolhas de suas brincadeiras, um interesse maior por programas ou personagens da TV. A televisão fica parcialmente presente em quase todas as atividades das crianças.

    Lisboa (2009, p.123) aponta:

    Percebemos durante nossa pesquisa que o hábito de assistir televisão ocupa espaço cativo na vida das crianças, sendo uma atividade que “gostam muito” de realizar, e quando podem fazem o tempo todo, es­pecialmente pela manhã e noite – períodos em que não estão na escola.

    Então a televisão passou a ser uma nova brincadeira, um passatempo na vida das crianças. Quando estão em casa, para algumas delas a TV é a maior distração. A televisão atingiu as crianças pela variedade de programas e por ter uma linguagem de fácil acesso.

    Em Pires e Ribas (2005) eles constataram também que a televisão é considerada um dos maiores produtos de informação, e nas crianças a apropriação desses produtos são realmente pelo que se assiste, as crianças imitam o que elas assistem, pois a linguagem da televisão e os seus programas se tornam cada vez mais fáceis de entender através de imagens e sons atrativos.

    Para Belloni (2001) a educação para as mídias possibilita uma formação mais ativa, mais crítica e criativa. Ou seja, é importante o contato com a mídia, mesmo que a criança não tenha entendimento sobre como é, quais interesses há por trás de tudo que ela vê/ouve, seja num simples programa de esporte, uma novela ou um desenho animado, mas é a partir desse contato que ela poderá ressignificar a informação que a mídia lhe apresenta.

    O contato precoce com algumas práticas corporais vem tornando a cultura de movimento cada dia mais diversificada. As crianças estão atentas nas imagens da TV e tudo que ela apresenta forma e um sentido em sua cultura infantil. Betti (2006) apresenta que as crianças também são usuários da mídia e fazem escolhas e interpretações.

    Os conceitos das crianças estão cada vez mais modificados, outras formas de brincar e a novos movimentos são ocasionadas pela influência da mídia. As crianças são mais que reprodutoras da mídia, elas também são capazes de criar características próprias, Para Betti (2006, p.175-76), a produção cultural também irá influenciar no cotidiano das crianças:

    “Assistir”, praticar, jogar vídeo games, falar sobre os jogos, as aventuras e as lutas dos personagens de desenhos, filmes e jogos eletrônicos, brincar e fantasiar com eles e sobre eles, todas essas experiências são constituintes e constituidoras da cultura lúdica infantil e devem ser apropriadas de “Modo crítico e criativo”

    O que podemos perceber é a quantidade de jogos infantis, desenhos, filmes, enfim, os produtos que a mídia apresenta despertam nas crianças uma nova forma de brincar, inventar suas brincadeiras, tomando de partida essas criações que a mídia apresenta no dia a dia.

    Então é importante que crianças tenham oportunidade de conhecer esse mundo midiático, pois, é enquanto brincam que elas constroem seus universos imaginários, se apropriam de temas do cotidiano, ressignificando a realidade em suas brincadeiras.

    A cultura de movimento também é integrada na cultura lúdica. Sua importância na EF é notável, pois há uma apropriação de um novo conteúdo ou movimento gerada pela mídia. Se pararmos para pensar, hoje, boa parte das brincadeiras são constituídas a partir de uma virtualização de imagens e sons. Para Munarim (2009, p.147):

    Vale ressaltar que entendemos aqui a criança não como receptora passiva, mas como sujeito de autoria, que cria e produz significados a partir dos conteúdos a que tem acesso na televisão. Portanto, consi­deramos a capacidade criativa das crianças de não apenas imitar seus personagens favoritos, mas de recriar ações a partir daquilo que obser­vam. Seguindo certos sentidos de movimento, as crianças descobrem outras formas gestuais e de interpretação que são desdobradas pela ação na brincadeira. E é na relação construída pela criança entre o seu “se-movimentar” e a ressignificação do imaginário midiático que pensa­mos no quanto há de elaboração e reflexão crítica dos conteúdos da TV nas brincadeiras das crianças.

    É importante perceber que a criança tem o poder de recriar e criar suas práticas corporais. As brincadeiras hoje trazem uma relação com aquilo que se vê na TV, porque as crianças participam de um momento criativo, momento onde elas vão expressar toda sua parte lúdica a partir de um referencial, que aqui é dito como mídia.

    A televisão faz parte dos elementos externos que influenciam na cultura infantil, sua linguagem vem se adaptando cada vez mais fácil ao mundo infantil. Orozco (1993) fala sobre a criança como transformadora e produtora de conhecimento, que não apenas recebem informações da, mas que são capazes de ressignificá-las. Por isso é importante ressaltar que as crianças também são criadoras da cultura.

    O mundo infantil vem absorvendo grande parte de tudo que é produzido pela mídia. As crianças apresentam uma abertura maior, uma adaptação, facilidade e percepção diferente de nós adultos. Por isso a grande mudança nas brincadeiras. Mídia e crianças parecem se dar muito bem, pois cada dia mais estão atreladas. Apesar dos meios estarem bem adaptados, ainda podemos observar a escola como lugar importante para as possíveis discussões sobre a mídia

    Na maioria dos artigos pesquisados conseguimos perceber que pode haver uma dinâmica entre mídia e a EF Escolar, campo em que mais se observa a infância. A criança se aproxima da mídia até como forma de lazer, por diversas vezes em casa, nas horas vagas, muitas vezes tem acesso livre em casa, ou possuem limites determinados pelos pais.

    É interessante pensar que o brinquedo mais querido das crianças virou a internet ou algo que está permanentemente na mídia. Por isso a diversidade de novas brincadeiras. Para as crianças a televisão se tornou uma forma de ressignificar as formas e os saberes. A linguagem marcante da TV participa do processo de novas idéias para as crianças.

    Em nosso estudo, portanto, foram estudados os periódicos: Revista Movimento, Revista Brasileira de Ciência do Esporte e Motrivivência.

    Nessas revistas procuramos artigos que falassem sobre EF escolar, cultura de movimento, infância, criança, mídia e práticas pedagógicas a partir de 2005 até 2011.

Quadro 1. Publicações de 2005 a 2011 sobre Mídia, EF, Cultura Corporal

de Movimento, Criança, Infância e Práticas Pedagógicas.

Periódicos

Quantidade analisada

RBCE

3

MOTRIVIVÊNCIA

2

MOVIMENTO

1

    No Quadro 1 podemos visualizar os periódicos e o número de artigos encontrados em cada um deles.

    A Revista Brasileira de Ciência do Esporte é publicada trimestralmente, exibe artigos em português, espanhol ou inglês. Esse periódico é marcado por artigos que relatam pesquisas mais profundas e rigorosas, exigindo temas que estão voltados para a área de EF e Ciência do Esporte. A revista está dividida em artigos originais, artigos de revisão, resenhas. Sua periodicidade é quadrimestral, em formato impresso e eletrônico.

    A Revista Motrivivência é uma produção científica como as demais relacionadas no quadro, tendo como objetivo promover trocas de experiência através dos artigos expostos. A avaliação dos artigos enviados para a revista é realizada por pareceristas do campo da EF e do campo da Ciência do Esporte. Possui política de seção com periodicidade semestral e é publicada pela editora da UFSC.

    A Revista Movimento é um periódico organizado pela escola de EF da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o objetivo de publicar pesquisas científicas sobre EF de forma mais humanista (sócio-cultural), em seus aspectos pedagógicos, históricos, políticos e culturais. Antes de serem publicados os artigos passam por uma avaliação dos pareceristas. Possui a política de acesso livre. A revista é organizada e dividida da seguinte maneira: editorial, temas polêmicos, artigos originais, em foco, resenhas e mídias e ensaios.

    A partir de então, passamos a comentar individualmente cada periódico e os artigos encontrados em cada um deles.

    O segundo quadro, abaixo, mostra os artigos encontrados na Revista Brasileira de Ciência do Esporte:

Quadro 2. Publicações da Revista Brasileira de Ciência do Esporte

Ano

Autores

Título

2006

COSTA, Alan Queiroz; BETTI, Mauro

Mídia e Jogos do Virtual para uma Experiência Corporal Educativa

2005

RIBAS, Márcio Romeu; PIRES, Giovani de Lorenzi

O Primeiro Olhar Experiência com Imagens na Educação Física Escolar

BATISTA, Sidnei; BETTI, Mauro

A Televisão e o Ensino da Educação Física na escola

    No primeiro artigo (COSTA; BETTI) relacionado acima podemos encontrar a cultura corporal de movimento ligada com os jogos virtuais. Ressaltando a dinâmica das crianças em compreender e transformar tudo que é visualizado para as suas brincadeiras no cotidiano. Os autores tiveram como objetivo analisar as possibilidades de correlação entre o jogo e as mídias, pensando numa transformação do virtual em uma possível experiência corporal na escola.

    O artigo revela uma grande realidade criada através do olhar das crianças, evidenciando assim o impacto das mídias sobre as crianças, e a necessidade de intervenções pedagógicas através da virtualidade.

    O artigo de Ribas e Pires (2005) esclarece que a mídia pode ser um produto de forte e amplo aliado na formação cultural. O objetivo desta pesquisa foi proporcionar e refletir sobre a inserção de meios técnicos na produção de imagens no âmbito da EF escolar.

    Podemos entender em sua conclusão que o campo educacional também ganha com o uso das mídias, o poder das imagens se tornam muito importantes na infância, usando as oficinas como método de experimentação, foi possível visualizar essas reflexões, em que as oficinas serviram para identificar manifestações da cultura de movimento através das crianças que se expressaram através de suas próprias criações.

    O terceiro artigo encontrado (BATISTA; BETTI) fala sobre a televisão no ensino das escolas. A pesquisa revela ser possível uma aprendizagem nas aulas de EF sem que necessariamente precise ter “aulas práticas”.

    Aborda uma intensa relação da televisão com a cultura corporal de movimento, onde som e imagem podem ser utilizados com ferramenta nas aulas deste componente curricular. Conforme o artigo, as crianças são cada vez mais motivadas através de imagens e do discurso midiático que se torna muito atrativo e de fácil acesso e entendimento.

    No próximo quadro, os artigos relacionados da Revista Motrivivência.

Quadro 3. Publicações da Revista Motrivivência

Ano

Autores

Título

2010

BARBOSA, Raquel Firmino Magalhães; FERREIRA, Cleomar

Brincadeira, mídia e pós-modernidade: reflexões e dilemas na sociedade atual.

CAMILO, Rodrigo Cordeiro; BETTI, Mauro

Multiplicação e convergência das mídias: desafios para a Educação Física Escolar

    O primeiro artigo (BARBOSA; FERREIRA) revela uma nova era na vida de nossas crianças, por causa da mídia, encontram na brincadeira propriedades que renovam as questões sobre os modelos que a mídia transmitem às crianças. Neste artigo é encontrado a possível relação de adaptação das crianças com a mídia e a sua facilidade de sintetizar para suas brincadeiras. Esclarece que a escola ainda é o lugar de maior troca de informação durante a produção da cultura infantil.

    O segundo artigo (CAMILO; BETTI) vem dialogar com possíveis relações de praticas pedagógicas entre a mídia e a necessidade da EF Escolar se apropriar dos meios de informação e comunicação. Destaca-se aqui a relevância da mídia no cotidiano das pessoas, assim ressaltando a grande atenção voltada para a cultura corporal de movimento, pois sua concretização é dada também através da EF Escolar, aumentando assim a responsabilidade da escola na relação com a mídia e a transferência dessas informações para as crianças.

    No quadro 4, o único artigo da Revista Movimento que mais se encaixou em nosso tema:

Quadro 4. Publicações da Revista Movimento

Ano

Autores

Título

2006

BETTI, Mauro

Imagens em ação: Uma pesquisa-ação sobre o uso de matérias televisivas em programas de educação física ensino fundamental e médio.

    Em sua pesquisa, Betti (2006) buscou junto às matérias televisivas avaliar uma possível forma de usar a mídia como estratégia de ensino na aulas de EF escolar, com a idéia inicial de que realmente a mídia possibilita novos sentidos e ditam formas. A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação.

    Betti (2006) utilizou em sua pesquisa seis professores de EF, turmas de 5º, 7º, 8º series do Ensino Fundamental e as três séries do Ensino Médio, em quatro escolas públicas e duas privadas. As aulas foram desenvolvidas a partir de matérias televisivas levando em conta conteúdos de ensino das escolas. Foram encontrados resultados bem satisfatórios as conclusões indicam que o uso de matérias televisivas que colocam um problema para a EF Escolar, pois falta uma apropriação e uma renovação na forma de usar a mídia nas aulas. A televisão ainda coloca desafios, pois possui uma comunicação de fácil acesso, deixando uma valorização a vista no cotidiano das crianças.

Algumas considerações finais

    As práticas pedagógicas diárias de EF podem ser inovadas, tanto nas atividades mais simples até aquelas que podem servir na construção da cultura corporal de movimento. A EF se prendeu muito à idéia da prática, só que ao passar do tempo essas coisas foram mudando, a mídia passou a ganhar destaque e espaço no cotidiano das crianças, e isso tomou o espaço das práticas.

    Hoje é possível criar aulas que há um tempo não se podia, um ponto marcante dessa relação da mídia com a EF Escolar foi que existe uma EF de “antes e depois” da influência da mídia, tanto por parte de veículos midiáticos e também pela alta compreensão das informações produzidas, e que as crianças estão mais disponíveis para as novidades em sala de aula. É possível transformar as aulas de EF sem ser na quadra em aulas com grande motivação e sendo esclarecedoras através das relações com a mídia.

    A influência da mídia sobre a cultura corporal de movimento é bem visível, com relação às práticas corporais na EF Escolar porque cada dia mais a vinculação de produtos simbólicos se torna presente no cotidiano das crianças. A EF Escolar está diretamente ligada à cultura corporal de movimento, encontramos que a mídia permite a concretização de novas formas de movimento a partir de seus produtos. Contudo, aproxima novas possibilidades para EF Escolar na construção das aulas.

    A televisão abre portas para diversos movimentos, tirando a ‘tradição” de movimentos já conhecidos, a mídia estimula as práticas e se tornando cada vez mais diversa e midiáticas com os elementos da cultura corporal de movimento.

    A caracterização da mídia nas práticas pedagógicas está relacionada muito mais com a cultura corporal do que com a própria presença nas aulas de EF.

    Falta um diálogo direto e aberto com a mídia e sua presença nas aulas como material de conhecimento. Para que isso aconteça é preciso que os professores e a própria escola tenham conhecimento da importância da mídia nas aulas e que tenham o domínio ou a melhor maneira de orientar seus alunos sobre o que está sendo apresentado pela mídia.

    Então identificamos assim a relevância da mídia diante de todos esses fatores apontados durante a pesquisa e pelos autores citados. Com isso, consideramos que as discussões e possibilidades com a mídia devem estar presentes na formação dos professores – de Educação Física! –, para que eles também possam desempenhar uma nova função nas suas práticas educativas, ou seja, como estimuladores de opinião, orientando a criança sobre a mídia e seus produtos, no que se refere ao universo da cultura corporal de movimento. Vimos aqui durante a pesquisa que é possível provocar situações que permitam atribuir outros sentidos nas crianças sobre esses conhecimentos que a mídia oferece em seus símbolos, imagens e representações.

    Nossa pesquisa, acreditamos, apesar de suas limitações, deixou claro que a EF tem possibilidades presentes de integrar e entender as diferentes formas de representação que a mídia dispõe a todo o momento no âmbito escolar em atividades dinâmicas que possibilitem esclarecer o diálogo entre a chegada das informações na vida das crianças.

    A pesquisa foi importante para que nós pudéssemos pensar melhor em novas práticas e no uso da mídia sobre as práticas pedagógicas da EF escolar, dando ênfase a assuntos interessantes e que estão presentes no cotidiano das crianças. Observamos que as crianças, assim como nós adultos, também possuem um olhar sobre a mídia capaz de interagir sobre suas brincadeiras e sobre as sua práticas corporais durante as próprias aulas de EF Escolar.

    Como o nosso objetivo principal era identificar e compreender as relações entre a cultura corporal de movimento e a mídia no cotidiano das crianças, pensando nas possíveis implicações na EF, encontramos durante a pesquisa que a cultura corporal de movimento está em constate mudança, acompanha um nova era para as crianças, em que a mídia se tornou peça-chave na vida das pessoas.

    A mídia trouxe uma nova fase para a vida das crianças criando uma grande diversidade de movimentos e brincadeiras, criações essas que são por muitas vezes derivadas das imagens produzidas pela mídia. A cultura infantil acompanha essa nova fase, trazendo novos significados para a cultura corporal de movimento.

    Nossa pesquisa serviu para pensar em novas possibilidades dentro das práticas pedagógicas da EF Escolar, com a idéia de que a mídia possibilitará um novo discurso para nossa vida acadêmica e para o cotidiano das crianças e suas práticas corporais. Concluímos nossa pesquisa e encontramos que as relações entre cultura corporal de movimento e a mídia estão cada vez mais presentes no cotidiano das crianças, realizando as constantes mudanças nas práticas da EF Escolar.

Referências

Outros artigos em Portugués

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 174 | Buenos Aires, Noviembre de 2012
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