Quedas em idosos: uma revisão sob a ótica da fisioterapia Las caídas en personas mayores: una revisión desde la mirada de la fisioterapia Fall in the elderly: a review the perspective of physiotherapy |
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*Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Pneumofuncional **Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia da Saúde da Mulher ***Médica, Estratégia de Saúde da Família – SUS (Brasil) |
Joyce Gomide Miranda* Bethânia Borém Corrêa Pires** Fernanda Antunes Freitas*** |
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Resumo A queda pode ser definida como o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com a incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais. Ela é considerada um evento sentinela na vida de um idoso, um marcador potencial do início do declínio das funções ou evolução de uma doença. No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e esta queda tem nítida relação com a taxa de mortalidade nos idosos. Estima-se que 70% das mortes acidentais em pessoas com idade superior a 75 anos acontecem após as quedas. Na atualidade, as quedas se tornaram um dos maiores problemas de saúde pública em idosos, devido ao aumento da morbidade, mortalidade e custos para a família e a sociedade. Os principais fatores de risco para quedas nessa população estão relacionados à limitação funcional, história de quedas, aumento da idade, fraqueza muscular, uso de medicamentos psicotrópicos, riscos ambientais, sexo feminino e déficit visual. Frente a esses desafios e necessidades, surge a proposição do modelo da fisioterapia coletiva como base para reorientação do foco de atenção e da prática profissional do fisioterapeuta. O objetivo deste estudo é apresentar uma revisão da literatura atualizada acerca dos problemas relacionados à queda em idosos com uma perspectiva sob o prisma da fisioterapia. Unitermos: Idosos. Quedas. Fisioterapia.
Abstract The fall can be defined like the displacement without intention of the body for one lower level the starting position without capacity for make adjustment in timely, determined by circumstances multifactorial. It is a sentinel event in the life of an elderly, a potential marker of the beginning for the decline of the functions or the evolution of a disease. In Brazil, about 30% of elderly falls at least once a year and this fall has a clear relation with mortality in the elderly. It is estimated that 70% of accidental deaths in people aged over 75 years happened after the falls. Today, the falls have become a biggest public health problems in the elderly because the morbidity, mortality and costs for families and society increased. The main risk factors for falls in this population are related to functional limitations, history of falls, increasing age, muscle weakness, use of psychotropic medications, environmental risks, female and visual deficits. Facing these challenges and needs, there is the proposed model of collective physical therapy for reorientation of the focus of attention and professional practice of the physiotherapist. The objective of this study is to present a review of current literature about the problems related to falls in the elderly with a view through the prism of physiotherapy. Keywords: Elderly. Fall. Physiotherapy.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. No Brasil, as pessoas com 60 anos ou mais representavam 5% da população geral em 1940. Espera-se que em 2025 essa proporção seja de 14%4. Esse evento representa a passagem do tempo, não a patologia, sendo um processo natural e fisiológico onde as experiências emocionais, psicológicas e ambientais, o tornam singular e individual. Desta forma duas pessoas não envelhecem de maneira idêntica1.
O indivíduo idoso apresenta alguns aspectos próprios como: tendência a ter múltiplas patologias, doenças crônicas, recuperação lenta e as primeiras manifestações de uma doença que aparecem somente em fases avançadas1. As alterações fisiológicas que ocorrem no aparelho locomotor devido ao envelhecimento como perda de massa muscular, perda do equilíbrio corporal, diminuição da massa óssea e osteoartrose causam limitações às atividade da vida diária do idoso5.Sendo assim, essas alterações fisiológicas, ao se somarem, diminuem a capacidade funcional do indivíduo e, conseqüentemente, comprometem sua qualidade de vida1.
Com a deterioração dessas estruturas, pelo envelhecimento, os distúrbios da marcha e da mobilidade tornam-se problemas comuns, mas de grande importância entre os idosos6. O equilíbrio e a marcha dependem de uma complexa interação entre as funções nervosas, osteomusculares, cardiovasculares e sensoriais, além da capacidade de adaptar-se rapidamente as mudanças ambientais e posturais. Com a idade o controle de equilíbrio se altera, causando instabilidade na marcha, o que, associado á interação de vários fatores ambientais e do próprio indivíduo, pode resultar em queda1.
Queda pode ser definida como “um evento não intencional que tem como resultado a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial”. A queda se dá em decorrência da perda total do equilíbrio postural, podendo estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura2.
Dentro da população geriátrica em expansão, o segmento de idosos acima dos 75 anos é o que mais cresce o que nos leva a nos depararmos com idosos vivendo em situação de pobre saúde, dependência funcional e restrição ao leito. Uma vez que a situação de fragilidade do idoso chega a um nível irreversível, a equipe de saúde tem por objetivo o alívio do sofrimento deste paciente, o que requer maior humanização dos profissionais e também maior consciência e senso crítico acerca da escolha de condutas a serem aplicadas ao paciente, a fim de que estas não provoquem maior agonia3.
Frente a esses desafios e necessidades, surge a proposição do modelo da fisioterapia coletiva como base para reorientação do foco de atenção e da prática profissional do fisioterapeuta. A fisioterapia coletiva engloba e amplia a fisioterapia reabilitadora, possibilitando o desenvolvimento da prática fisioterapêutica tanto no controle de dados quanto no controle de riscos11.
O objetivo deste estudo é apresentar uma revisão da literatura atualizada acerca dos problemas relacionados à queda em idosos com uma perspectiva sob o prisma da fisioterapia.
Revisão de literatura
A tendência ao envelhecimento populacional está acarretando mudanças profundas em todos os setores da sociedade. A transição demográfica tem um crescente e profundo impacto em todos os âmbitos da sociedade mas é na saúde que tem maior transcendência, tanto por sua repercussão nos diversos níveis assistenciais como pela demanda por novos recursos e estruturas12.
O processo de envelhecimento vem acompanhado por problemas de saúde físicos e mentais provocados, freqüentemente, por doenças crônicas e quedas. Desse modo, o conceito de saúde para este grupo populacional não pode se basear no parâmetro de completo bem-estar físico, psíquico e social preconizado pela Organização Mundial de Saúde, mas deve se reger pelo paradigma da capacidade funcional. A queda é um evento acidental que tem como resultado a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil e apoio no solo. Não se considera queda quando o indivíduo somente cai de costas em um assento, por exemplo8.
Na atualidade, as quedas se tornaram um dos maiores problemas de saúde pública em idosos, devido ao aumento da morbidade, mortalidade e custos para a família e a sociedade. Os principais fatores de risco para quedas nessa população estão relacionados à limitação funcional, história de quedas, aumento da idade, fraqueza muscular, uso de medicamentos psicotrópicos, riscos ambientais, sexo feminino e déficit visual7.
Os fatores intrínsecos apresentam-se em alterações fisiológicas próprias do processo do envelhecimento como diminuição de visão, audição, doenças específicas, uso de medicamentos entre outras; e os fatores extrínsecos são aqueles encontrados nos ambientes, como por exemplo, piso escorregadio, iluminação do ambiente inadequada, presença de tapetes soltos ou com dobras, degraus altos ou estreitos, ausência de corrimãos em corredores e banheiros, via pública mal conservada e outros obstáculos no caminho10.
Sendo assim, os fatores de risco que predispõe a queda são multifatoriais e acumulativos de alterações como a disbasia relacionada à idade, a doenças e o meio ambiente, e esse evento não apenas irá afetar a sua saúde física, mas também o cognitivo e emocional do indivíduo e todos os que os cercam. Deve-se ressaltar que além do comprometimento da integridade física, a queda pode assumir significado de decadência e fracasso, potencializando sentimentos de vulnerabilidade, ameaça humilhação e culpa que interferem de forma significativa na qualidade de vida do idoso10.
Pessoas de todas as idades apresentam risco de sofrer queda. Porém, para os idosos, elas possuem um significado muito relevante, pois podem levá-lo à incapacidade, injúria e morte. Seu custo social é imenso e torna-se maior quando o idoso tem diminuição da autonomia e da independência ou passa a necessitar de institucionalização2.
O número de quedas aumenta progressivamente com a idade, pois o equilíbrio corporal depende da recepção adequada de informações de componentes sensoriais, cognitivos como memória, capacidade de cálculo, capacidade de planejamento, decisão e integrativos centrais principalmente gerados pelo cerebelo e o sistema musculoesquelético de forma altamente integrada, e no processo fisiológico do envelhecimento há perdas de diversos sistemas em ambos os sexos, em todos os grupos étnicos e raciais3,11. No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano. A participação das quedas na mortalidade proporcional por causas externas cresceu de 3% para 4,5% de 1984 a 1994. As quedas têm relação causal com 12% de todos os óbitos na população idosa. São responsáveis por 70% das mortes acidentais em pessoas com 75 anos ou mais, constituem a 6ª causa de óbito em pacientes com mais de 65 anos de idade. Naqueles que são hospitalizados após uma queda, o risco de morte no ano seguinte à hospitalização varia entre 15 e 50%10.
As quedas entre pessoas idosas constituem um dos principais problemas clínicos e de saúde pública devido à sua alta incidência, às conseqüentes complicações para a saúde e aos altos custos assistenciais. Aproximadamente 30% das pessoas de 65 anos ou mais caem pelo menos uma vez a cada ano. As conseqüências das quedas para os idosos podem ser bastante limitadoras e, em alguns casos, até fatais. Os principais problemas decorrentes das quedas são lesões na cabeça, ferimentos graves, ansiedade, depressão, o chamado “medo de cair” (medo de subseqüentes quedas), que também pode acometer idosos que nunca caíram4. Dados de internações hospitalares para a população brasileira mostraram que cerca de 70% dessas lesões são fraturas9. Entre idosos que sofrem quedas, 3% a 5% apresentam fraturas graves a cada ano. As quedas, além de produzirem importante perda de autonomia e qualidade de vida entre idosos, podem também repercutir entre seus cuidadores, principalmente familiares, que devem se mobilizar em torno de cuidados especiais, adaptando toda sua rotina em função da recuperação ou adaptação do idoso após a queda4.
Esse envelhecimento populacional requer a necessidade de um sistema de saúde mais estruturado para atender a demanda crescente de idosos, levando a uma maior expectativa de vida e melhoria da incidência de doenças relacionadas a esse período, que gera modificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, sendo mais evidentes as alterações sensoriais, as doenças ósseas, cardiovasculares e alterações da locomoção, levando ou não à dependência funcional com progressiva perda de recursos físicos, mentais e sociais, a qual tende a despertar sentimentos de desamparo14.
A capacitação de profissionais para atuar na área de envelhecimento e saúde do idoso é uma das ações prioritárias da política nacional do idoso no Brasil, em função do acelerado envelhecimento populacional do país13.
A fisioterapia, inserida em uma equipe interdisciplinar, atua na reabilitação geriátrica, tratando cada idoso de forma individual, uma vez que cada paciente/cliente apresenta suas próprias características psicológicas, físicas e sociais. Para o fisioterapeuta, intervir de forma a alcançar o objetivo e restaurar a função, é necessário conhecer além dos sinais e sintomas do paciente, que são as representações da doença e deficiências do indivíduo, saber discernir as deficiências que afetam a capacidade do paciente para a função. A proposta preventiva visa melhorar a qualidade de vida destes idosos, visto que as quedas trazem inúmeras conseqüências podendo, em casos mais graves, levar o idoso ao óbito. Além disso, a fisioterapia tem como objetivos: prevenir a imobilidade, minimizar ou retardar a dependência funcional, orientar o cuidador quanto ao atendimento com o idoso, promover as atividades de lazer, estimular a criatividade e socialização15.
Considerações finais
O tema é de extrema importância ao profissional de fisioterapia que atua no mundo contemporâneo. Ressalta-se a necessidade da educação continuada e da atualização permanente.
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