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Tarefas alternativas para o ensino e aperfeiçoamento
das partidas e das viragens em natação

Tareas alternativas para la enseñanza y el perfeccionamiento de las partidas y vueltas en natación

 

*Departamento de Ciências do Desporto. Instituto Politécnico de Bragança/CIDESD

**Departamento de Ciências do Desporto. Universidade da Beira Interior/CIDESD

***Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/CIDESD

****Departamento de Supervisão e Prática Pedagógica

Instituto Politécnico de Bragança

(Portugal)

Mário Costa*

Daniel Marinho**

António Silva***

Telma Queirós****

Tiago Barbosa*

mario.costa@ipb.pt

 

 

 

 

Resumo

          Quer no contexto educativo quer no contexto competitivo, grande parte do tempo das sessões de natação é despendida no ensino e aperfeiçoamento do momento de nado. No entanto, o contributo da partida e das viragens para o rendimento final também é significativo. Adicionalmente, a aplicação constante das tarefas denominadas “clássicas” tendem a originar constrangimentos que poderão afetar um saudável processo de ensino-aprendizagem. Assim, tem sido vulgar a criação de tarefas “alternativas” que facilitem a assimilação dos conteúdos propostos. Pretendeu-se com este trabalho apresentar uma seleção de exercícios “alternativos” para o ensino e aperfeiçoamento das partidas e das viragens em natação.

          Unitermos: Natação. Partida. Viragem. Exercícios.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O ensino em Natação Pura Desportiva (NPD) visa a capacidade do aluno cumprir com sucesso uma prova. A prova de NPD é decomposta em diversos momentos críticos. Com base na literatura, e de acordo com as ações técnicas efetuadas pelo nadador, podemos destacar os seguintes momentos de intervenção (Hay e Guimarães, 1983; Hay, 1988): (i) a partida; (ii) o nado propriamente dito e; (iii) a viragem. Assim, o processo de ensino-aprendizagem da NPD deve corresponder à abordagem das técnicas de partir, de nadar e de virar.

    Quer no contexto educativo quer no contexto competitivo, a maior parte do tempo das sessões de natação é despendido no ensino e aperfeiçoamento das técnicas de nado. Numa fase inicial tal abordagem poderá ser justificada pela necessidade que alunos “principiantes” têm em adquirir as competências essências das diversas técnicas de nado. Mais ainda, pode-se dizer que essas técnicas têm de alguma forma pontes de contacto com os benefícios que habitualmente se atribuem à prática da natação de um ponto de vista da saúde. Numa fase mais avançada do ensino, permite um maior aperfeiçoamento técnico, confluindo com um nado mais eficiente. Não obstante a este tipo de intervenção, por vezes a prova de natação é decidida em detalhes. A capacidade de reagir ao sinal sonoro, ou a habilidade de mudar o sentido de deslocamento pelo uso eficaz da parede da piscina são alguns pontos críticos para o rendimento final do nadador. Desta forma, o momento da partida e da viragem deverão ser tomados como pertinentes e trabalhados com maior ênfase nas unidades de ensino/treino. Adicionalmente, e em especial as técnicas de viragem, permitem o aumento das distâncias a percorrer em cada tarefa de ensino com o concomitante aumento do volume da aula/treino.

    De acordo com a macro-sequência de ensino da NPD proposto por Barbosa e Queirós (2005), após a adaptação ao meio aquático do sujeito, as partidas e viragens específicas, deverão ser abordadas simultaneamente com a técnica de nado a ser ensinada naquele momento. Para tal, existe um conjunto de tarefas-tipo (i.e. tarefas clássicas) que são recorrentemente citadas na literatura técnico-científica (p.e., Chollet, 1990; Barbosa e Queirós, 2004; 2005) como se especulando serem as mais eficazes para o ensino-aprendizagem das partidas e viragens em NPD. No entanto, a sua aplicação constante poderá não ser aconselhada por exigir (Barbosa et al., 2011): (i) a sobrecarga sobre algumas estruturas do aparelho locomotor; (ii) a monotonia das sessões; (iii) a menor plasticidade e riqueza imposta no domínio motriz ou do controlo motor. Com o intuito de atenuar e de minimizar tais aspetos é vulgar a comunidade técnica propor aos alunos tarefas de ensino diferenciadas, que possam ser consideradas como “alternativas” às tarefas predominantemente tomadas como “clássicas”. Estas tarefas alternativas não visam relegar as clássicas para um segundo plano. Apenas têm como objetivo quebrar a supracitada monotonia e propor a exercitação dos conteúdos em situações inabituais ou de níveis de complexidade diferenciados para facilitar a consolidação dos conteúdos (Barbosa et al., 2010).

    Neste sentido, foi objetivo deste trabalho apresentar uma seleção de tarefas alternativas para o ensino das partidas e viragens em natação apontando as principais vantagens e desvantagens de cada uma.

2.     O modelo de ensino

    A literatura tradicional (p.e. Maglisho, 2003; Barbosa e Queirós, 2005; Barbosa, 2008) sugere a divisão das partidas em ventrais e dorsais. Nas partidas ventrais são várias as técnicas de execução possíveis de ser adotadas: (i) partida tradicional; (ii) partida de Kristin Otto; (iii) partida engrupada na variante duck start e; (iv) partida engrupada na variante track start. No caso da partida dorsal, podemos distinguir duas técnicas de execução: (i) partida engrupada na variante closed chest e; (ii) partida engrupada na variante open chest. No domínio do ensino em NPD parece que a abordagem da partida tradicional, e da partida engrupada na variante closed chest são as mais recorrentes. Já na vertente de treino, nas últimas décadas forte ênfase tem sido despendida no ensino e aperfeiçoamento da partida ventral na variante de track start e na partida dorsal na variante open chest. Para além da posição corporal inicialmente assumida, a colocação dos pés e das mãos devido ao estado de qualidade da borda e desenho do bloco de partida poderão ser pontos adicionais a considerar.

    De igual forma nas provas de NPD estão descritas vários tipos de viragens: (i) viragem aberta (de estilo livre para estilo livre, de mariposa para mariposa e de bruços para bruços); (ii) viragem rolamento (de crol para crol e de costas para costas); (iii) viragem de estilos (de mariposa para costas, de costas para bruços e de bruços para crol).

    O ensino das viragens faz-se quando o aluno apresenta uma capacidade mínima para efetuar dois percursos consecutivos na piscina onde decorrem as aulas. Assim, será possível integrar o ato de virar com o de nado propriamente dito. De pouco servirá a abordagem isolada das viragens quando o aluno ainda não tem a capacidade de efectuar um percurso completo e continuamento executar a viragem. Com o intuito de facilitar o processo de ensino-aprendizagem, é recorrente numa fase de ensino abordar-se essencialmente duas técnicas: (i) viragem de rolamento e; (ii) viragem aberta. Numa primeira fase é ensinada a viragem aberta (de crol para crol, bruços para bruços e mariposa para mariposa). No caso de crol para crol, mais tarde é ensinada a viragem de rolamento e com posterior transfere para a viragem costas para costas. Por fim, quando o aluno dominar minimamente as várias técnicas de nado formal, são ensinadas as viragens de estilos.

    O modelo de ensino das partidas e viragens fundamenta-se exclusivamente num modelo de ensino global (Barbosa e Queirós, 2005). A impossibilidade de dissociar o movimento para um trabalho mais analítico implica a execução da totalidade do movimento na maioria dos exercícios propostos. Ao contrário das técnicas de nado, no ensino das partidas e viragens procede-se à apropriação do movimento global ainda que algumas das ações que o compõem se apresentem num estágio de execução muito embrionário. Mesmo assim, é essencial que os pontos críticos a focar sejam trabalhados de uma forma progressiva. Por mera facilidade didática, e para melhor entendimento, pode-se dizer que o ensino das partidas deve focar-se particularmente nas questões de: (i) posição inicial; (ii) impulsão; (iii) voo e entrada na água; (iv) deslize e; (v) o início do nado. No caso das viragens pode-se repartir os elementos de ensino em: (i) aproximação da parede; (ii) viragem propriamente dita; (iii) impulsão; (iv) deslize e; (v) reinício do nado. Assim, tanto quanto possível, abordagem analítica das técnicas de partir e de virar será feita tendo como referência estas fases de cada técnica. Contudo, há que estar consciente que nem sempre tal é possível. A título meramente exemplificativo, parece um tanto limitativo dizer que se pode abordar isoladamente o voo de uma partida sem tomar em consideração a impulsão que lhe antecede.

3.     As tarefas de ensino: o “drill” técnico

    Considera-se como drill técnico uma tarefa motora com o objetivo de aumentar a eficiência técnica (Marinho, 2003). Consoante a natureza da tarefa, o drill técnico pode ser classificado em (Lucero, 2008): (i) analítico, quando ocorre exercitação parcial de um aspeto isolado ou particular de uma ação segmentar; (ii) de contraste, quando uma ação é aplicada em pelo menos duas condições que contrastam no grau de eficiência; (iii) de exagero, quando a ação é realizada de forma superlativa no sentido do aluno entender a técnica desejada ou; (iv) progressivo, quando uma ação mais básica progride sucessivamente para condições mais complexas. Consoante a frequência da tarefa o drill técnico pode ser classificado em (Barbosa et al., 2011): (i) tarefa clássica, referida como a mais eficaz para o processo ensino-aprendizagem e recorrentemente utilizada nas sessões de ensino, ou; (ii) tarefa alternativa, a qual procura atenuar ou combater as limitações das tarefas “clássicas” sendo utilizada de uma forma mais conservadora e moderada.

    No âmbito da competência do professor, existe a necessidade de se dominarem alguns elementos fundamentais que contribuem para um maior sucesso no processo de ensino-aprendizagem, como sejam: (i) itens da tarefa; (ii) bases pedagógicas. Na área da natação as situações de aprendizagem frequentemente aplicadas assumem uma filosofia com dificuldade crescente. Numa primeira fase de ensino criam-se tarefas que visem despertar no aluno uma sensação de “segurança” durante a execução e que ao mesmo tempo promovam uma visão global do movimento pretendido. Numa fase mais avançada pretende-se que os drills propostos foquem sobretudo a otimização do movimento trabalhado. Com efeito, são vários os itens da tarefa que os professores poderão conjugar com o intuito de aumentar a eficácia de intervenção, dos quais se destacam (Langendorfer, 2010): (i) a profundidade da piscina; (ii) a distância a ser nadada; (ii) o suporte (equipamento de flutuação ou de peso); (iv) a assistência de terceiros e; (v) os equipamentos usados (equipamento de propulsão ou de arrasto). Adicionalmente deve-se tomar em consideração um conjunto de elementos complementares que também eles concorrem para a eficácia do drill técnico. Com efeito, não é a pura apresentação da tarefa per si que assegura a qualidade do processo ensino-aprendizagem. Há de igual modo que tomar em consideração outras bases pedagógicas, como sejam (Barbosa et al., 2010; 2011): (i) a clara definição do objetivo do drill; (ii) assegurar um tempo potencial de aprendizagem, ou pelo menos, uma densidade motora satisfatória, permitindo a repetição/exercitação da habilidade; (iii) o constante reforço por parte do professor; (iv) a emissão tão frequente quanto possível de feedbacks no sentido da correção da execução.

4.     Proposta de drills técnicos

    De seguida é apresentada uma seleção de tarefas de ensino “alternativas” que se agrupam em drills de partidas (Figura 1) e viragens (Figura 2). Esta divisão de tarefas de ensino visa ser coerente com o modelo de ensino global proposto focando os pontos críticos determinantes de cada execução.

Figura 1. Proposta de drills técnicos para ensino e aperfeiçoamento da técnica de partida

Figura 2. Proposta de drills técnicos para ensino e aperfeiçoamento da técnica de viragem

Referências

  • Barbosa TM, Queirós TM (2004). Ensino da natação. Uma perspectiva metodológica para abordagem das habilidades motoras aquática básicas. Ed. Xistarca. Lisboa.

  • Barbosa TM, Queirós TM (2005). Manual Prático de Actividades Aquáticas e Hidroginástica. Ed. Xistarca. Lisboa.

  • Barbosa TM. (2008) Identificação das principais faltas técnicas das partidas e viragens durante o ensino da natação pura desportiva. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.13, nº 121, jun. http://www.efdeportes.com/efd121/faltas-tecnicas-nas-partidas-e-viragens-durante-o-ensino-da-natacao.htm

  • Barbosa TM, Costa MJ, Marinho DA, Silva AJ, Queirós TM (2010). Tarefas alternativas para o ensino e aperfeiçoamento das técnicas alternadas de nado. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 143. http://www.efdeportes.com/efd143/ensino-das-tecnicas-alternadas-de-nado.htm

  • Barbosa TM, Costa MJ, Marinho DA, Garrido ND, Silva AJ, Queirós TM (2011). Tarefas alternativas para o ensino e aperfeiçoamento das técnicas simultâneas de nado. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 156. http://www.efdeportes.com/efd156/aperfeicoamento-das-tecnicas-simultaneas-de-nado.htm

  • Chollet D (1990). Une approche scientifique de la Natation. Editions Vigot. Paris.

  • Hay J, Guimarães A. (1983) A quantitative look at swimming biomechanics. Swimming Tech, v. 20, p. 11-17.

  • Hay J. (1988) The status of research on the biomechanics of swimming. In: B. Ungerechts, K. Wilke, K. & Reischle (eds.). Swimming Science V., Illinois: Human Kinetics Books Champaign, pp. 3-14.

  • Langendorfer SJ. (2010). Applying a development perspective to aquatics and swimming. In: Kjendlie PL, Stallman RK, Cabri J (eds.). Biomechanics and Medicine in Swimming XI. pp. 20-22. Norwegian School of Sport Sciences. Oslo.

  • Lucero B. (2008). The 100 best swimming drills. Meyer & Meyer Sport. Maidenhead.

  • Maglischo E. (2003). Swimming fastest. Human Kinetics. Champaign, Illinois

  • Marinho, D. (2003). O treino da técnica. Espelho d’ Água, 11, 12-13. Revista de Natação do Clube Fluvial Vilacondense.

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