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Narrativa de uma experiência docente em Educação Física
no ensino médio. Implicações com a formação profissional

Narrativa de una experiencia docente en Educación Física en escuela media. Implicancias con la formación profesional

 

Licenciado em Educação Física pela URI Campus de Santo Ângelo (RS)

Especializando em Orientação Educacional pela UFFS, Universidade Federal

da Fronteira Sul – Campus de Cerro Largo, RS. Professor da Rede

Municipal de Ensino do Município de Guarani das Missões (RS)

GIEF – Grupo de Estudos em Educação Física

Linha de Pesquisa: Pedagogia do Movimento Humano

Samuel Nascimento de Araújo

araujoedf@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem como finalidade relatar as experiências vivenciadas em estágio realizado com uma turma de 24 alunos do 1º ano do ensino médio de uma escola estadual do município de Guarani das Missões (RS), sendo parte integrante do componente curricular (estágio supervisionado no ensino médio), do curso de Educação Física da URI, Santo Ângelo. Visamos apresentar a proposta de trabalho, os aspectos relacionados à construção de conhecimento, critérios de avaliação e a própria prática em si mesma, sendo esta fundamentada e constantemente repensada com o intuito de proporcionar uma prática pedagógica que seja interessante e que se encaixe no perfil do público a que se destina a mesma, modificando conceitos e produzindo conhecimentos, fazendo com que a Educação Física seja vista como parte integrante do currículo e que promova o enriquecimento não só de repertório motor, mas sim do papel da Cultura Corporal de Movimento em sua vida.

          Unitermos: Educação Física. Estágio supervisionado. Prática pedagógica.

 

Abstract

          The present article aims to describe the experiences on stage performed with a class of 24 students in 1st year high school to a state school in the municipality of Guarani Missions (RS), being an integral part of the curriculum component (supervised teaching average), the Physical Education course of URI, Santo Angelo. We aim to present the proposed work, the aspects related to the construction of knowledge, evaluation criteria and the very practice itself, being grounded and constantly rethought in order to provide a pedagogical practice that is interesting and that fits the profile of the public it is designed the same, changing concepts and producing knowledge, making physical education is seen as an integral part of the curriculum and promotes the enrichment of not only motor repertoire, but the role of Corporal Culture Movement in your life.

          Keywords: Physical Education. Supervised. Pedagogical practice.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Revisão de literatura

    A prática pedagógica atual deve ser repensada, em suas implicações aos objetivos deste componente curricular, deve haver uma transformação de sua prática (Betti 2002). “A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar um cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das novas formas de movimento...” (Betti, 2002).

    O mesmo autor complementa dizendo que a Educação Física na Educação Básica deve: “... assumir então outra tarefa: introduzir e integrar os alunos na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la...” desta forma utilizando os conhecimentos sobre a CCM e fazer destas algo benéfico voltado a sua qualidade de vida enquanto cidadão (Betti, 1992, 1994a; apud Betti 2002) ainda reforça que “a integração que possibilitará o usufruto da cultura corporal de movimento há de ser plena – é afetiva, social, cognitiva e motora” e completa afirmando ser esta a integração da própria personalidade do aluno.

    A prática pedagógica à luz desta percepção não pode apenas fazer com que os alunos desenvolvam-se em nível de movimento apenas, ou que construa conhecimentos técnicos e táticos de esportes coletivos, ele deve construir conceitos onde o mesmo tenha a possibilidade de “organizar-se socialmente e praticá-lo”, além de compreender as regras interpretando-as e aplicando-as a si próprio, bem como os demais integrantes do jogo, além das atitudes de respeito aos seus colegas e adversários (Betti, 2002).

    Esta tarefa não é fácil, implantar em nossas intervenções conteúdos que de certa forma busquem valorizar as atitudes, os procedimentos e os conceitos que serão os ingredientes para que o aluno após seus anos de escola, saia dela com uma visão critica relacionada à cultura corporal de movimento e com opiniões formadas, principalmente relacionadas a hábitos saudáveis e qualidade de vida.

    Betti (2002) diz que este é um processo que mostrará seus resultados em longo prazo, e que a EF deve fazer com que os alunos descubram motivos e sentidos às praticas corporais, levando algum tipo de conhecimento, mas que este conhecimento se incorpore a sua vivencia.

    Os conteúdos nas aulas de EFE, pela complexidade e gama de conhecimentos que este componente curricular abrange muitas vezes segue a concepção esportivista, direcionando-se quase que basicamente ao ensino dos esportes coletivos, principalmente futsal e voleibol, e além deste olhar restrito, “estes conteúdos são distribuídos sem nenhuma sistematização e são apresentados de forma desordenada e aleatória” (Rosário e Darido, 2005) isto sendo baseado no saber fazer.

    Desta forma a sistematização ou planejamento curricular vem trazer uma ordem lógica aos conteúdos, justificando assim a prática pedagógica com um aprofundamento não só relacionado a conceitos e técnicas, mas um aprofundamento numa gama maior de conteúdos que constituem a cultura corporal de movimento. Este planejamento deverá servir como referencia ao professor como base em um programa com conteúdos e objetivos previamente definidos para cada ciclo de ensino, isto de certa forma contribuirá para que o docente faça constantemente reflexões e avaliações em relação à sua prática pedagógica. (Daolio, 2002; Kunz, 1994; Darido, 2001; Betti, 2005; Rosário e Darido, 2005).

    Caberá ao professor o papel de “debater, refletir e contextualizar o documento que sistematiza os conteúdos” adequando-os aos anseios, limites e possibilidades dos alunos, bom como a realidade em que a escola esta inserida.

    Vale a pena lembrar que a sistematização dos conteúdos deverá servir para auxiliar o professor na sua pratica pedagógica, sendo flexível e não como algo que devemos seguir a risca, parece ser bem contraditório, mas não devemos basear nossa pratica como é vista nos livros didáticos, que são seguidos tal qual este vem formatado, sendo o professor o responsável pelo emprego das atividades, não o autor destas, por este motivo a prática pedagógica deve ser reflexiva.

    A realidade enfrentada no âmbito escolar é de certo descaso ao planejamento e vê-se então a Educação Física frente a outros componentes curriculares, marginalizada pela nossa própria práxis, onde inúmeras vezes o discurso é incoerente com a prática e isto é levado pelas faltas que cometemos, por não demonstrarmos que a Educação Física é fundamental na escola e por quê? Buscar enfim um significado à nossa pratica, partindo de uma matriz curricular progressiva, acerca disto González (2006) afirma que:

    “o projeto curricular de educação física é praticamente ausente na maioria das aulas, e é um elemento do qual os professores, ou pelo menos parte deles sentem falta para auxiliá-los no desenvolvimento da matéria de ensino.”

    Compreendemos que a matriz curricular deve buscar além das bases expressas nos PCN’s, desenvolver conhecimentos utilizando para tal, a realidade local, os anseios, limites e possibilidades do publico no qual esta se insere, buscando atingir as dimensões atitudinais, procedimentais e conceituais.

    O mesmo autor falando em projeto curricular afirma:

    “... não é outra coisa senão um esforço de explicitação dos saberes que se entendem fundamentais em nossa área do conhecimento, sistematizados numa sequência teoricamente facilitadora do processo de assimilação ativa e criativa...”.

    Para Kunz (1994: 31):

    “O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida através da reflexão critica”.

    Não basta a repetição estereotipada de movimentos, sem que haja uma compreensão e contextualização destes enquanto cultura corporal e que esta pratica venha a contribuir tanto no desenvolvimento da capacidade de argumentar e questionar as temas a serem abordados, bem como a legitimação da pratica pedagógica.

    De acordo com Darido (2005) “as ações dos alunos orientam-se pelas ações dos professores” e neste contexto há uma interação das ações tanto passadas, quanto presentes ou futuras que de forma recíproca irá caracterizar esta relação social e fazer com que o processo de trocas de saberes aconteça, onde o professor e aluno em constantes interações irão concretizar o processo de ensino-aprendizagem, resultado da interação (Nassar, 1994: 26; apud Darido, 2005: 109).

    Ao relacionar interação social e as relações estabelecidas entre professor/aluno no processo de ensino aprendizagem, que é firmado pelos conteúdos estratégias e metodologias, Zabala (1998) e Darido (2005) afirmam que não basta elaborar e planejar, se as estratégias não são atraentes para o aluno, pois somente atingem-se os objetivos se houver interação e participação efetiva dos alunos, isto aponta para o papel que o professor assume, não somente em conhecimentos específicos, mas especificamente na forma de transmissão destes conhecimentos, e que estes conhecimentos não abranjam somente a área motora ou cognitivo-motora, mas que contemple a formação integral, criando conceitos, tomando decisões, construindo valores morais, formas de pensar e padrões sociais de comportamento que lhe proporcionem resultados significativos e que venham a influenciar em suas atitudes na sociedade de um modo geral.

    Já o planejamento, este deve contemplar não somente a área motora, mas abranger aspectos cognitivos e emocionais ou sociais (Darido e Rangel, 2005), no entanto Zabala (1998) afirma que este deve se flexível e sempre respeitar as necessidades e anseios dos alunos. Eles devem considerar a participação dos alunos, as metas a ser alcançado, oferecer ajudam adequadas na elaboração e construção do conhecimento, o ambiente deve facilitar a autoestima e autoconceito promovendo comunicação entre professor/aluno facilitando e possibilitando ao aluno a aprender a aprender com autonomia, tomando decisões e sendo participativo de acordo com suas potencialidades e capacidades.

A Educação Física no Ensino Médio, implicações pedagógicas

    No ensino médio a Educação Física deve buscar aproximar o aluno não só para a realização de atividades, mas para uma articulação entre teoria e prática criando conceitos de o que se faz, como se faz e para que se faça, atribuindo um maior envolvimento professor/aluno no processo de construção do conhecimento em Educação Física buscando desenvolver no aluno um maior interesse pela pratica de atividade física e realizando somente a mera repetição ou reprodução de conhecimentos (Paiano, 1998 apud Martinelli et al, 2006).

    O contexto escolar o qual nos é concebido atualmente percebeu uma grande dúvida em relação aos temas da Educação Física escolar, ou melhor, quais os objetivos propostos pela disciplina e qual a melhor forma de atingi-los, o que se percebe é um descaso cultural, pois a Educação Física na escola passou a ser somente lazer ou jogos, sem objetivos pré-estabelecidos, fato este relevante para o empobrecimento de um currículo que inexiste, e torna cada vez mais irrelevante os conteúdos trabalhados na escola (futsal e voleibol).

    Uma das maiores frustrações que se presencia é o descaso feito pelos alunos (parte deles) em não dar importância à disciplina de Educação Física no ensino médio, é o que presenciamos nos estágios realizados anteriormente com educação infantil e séries iniciais e finais do ensino fundamental, onde os alunos não dão importância para o que se pretende realizar nas aulas, eles somente querem jogar, mas jogar por jogar sem construção de conceitos em relação aos jogos realizados, sendo então meros reprodutores de uma cultura de expectadores.

    Aí então concordamos com Paiano (1998) citado por Martinelli et al (2006) quando fala que a postura adotada pelo professor é fundamental e de grande importância na decisão pela pratica de Educação Física se colocando numa postura de mediador do conhecimento incentivando os alunos e demonstrado se não pela prática, com conhecimentos a importância desta na vida escolar e cotidiana do aluno.

    Vemos no ensino médio alunos, que pela lógica deveriam estar com um repertório motor generalizado bem desenvolvido, mas o que percebemos é que muitos destes não possuem conhecimento das mobilidades básicas das modalidades que por muitos anos repetiram em todas as aulas, além disto, percebemos em muitos uma grande vontade de aprender e conhecer e quando vamos aos estágios percebemos isto, pela forma de agir dos alunos, mesmo que muitos nos primeiros momentos sentem-se constrangidos por não possuir um acervo motor que contemple as generalidades das modalidades esportivas realizadas na escola.

    Aí então, concordamos com Darido e Rangel (2005) ao abordar na escola o conhecimento em três dimensões, sendo atitudinal, conceitual e procedimental dentro de um programa de Educação Física na escola, pois o aluno deve perceber o mundo que o cerca e as dimensões que as modalidades praticadas na escola podem atingir qual seu papel para a sociedade, para a economia, enfim todas as esferas que o esporte pode atingir.

    Mas indo além das modalidades esportivas, o que trabalhamos na escola em relação à saúde e qualidade de vida? Qual a importância da atividade na sociedade? Qual a relação desta com a obesidade? Com as doenças cardiorrespiratórias? Enfim, o que estamos construindo de conceitos em nossos alunos? Muito percebemos estes temas bem longe das salas de aula, fato que nos desanima, pois é na escola que devemos instigar a estas dúvidas, fazendo com que o aluno pense e problematize estes temas.

    E nada mais justo que no ensino médio para criarmos estes conceitos e atitudes em relação a estes temas, sendo que esta forma de criação deve iniciar-se nos primeiros anos de escola.

Metodologia

    A presente pesquisa possui características qualitativas, sendo também um estudo de caso utilizando a técnica de pesquisa-ação, onde o professor/estagiário esta inserido no contexto das intervenções pedagógicas estando inserido na pesquisa de forma qualitativa e cooperativa nas situações de ensino-aprendizagem (Thiollent, 2007).

    Para a realização deste estágio foi realizado um diagnóstico da turma, com a finalidade de averiguar a realidade escolar, seus anseios e necessidades. A realidade que nos confrontamos foi à seguinte: uma turma de 1º ano composta por 24 alunos, na faixa etária dos 15 aos 18 anos de idade. As aulas eram realizadas duas vezes por semana e os temas destas eram: futsal e voleibol; sendo que era distribuído meio período para os meninos e meio para as meninas, e cada aula abordava um dos temas.

    Propomos então uma mudança neste paradigma que vinha sendo vivido por estes alunos, onde inicialmente as modalidades em questão seriam divididas em capítulos a serem abordados como um todo e não sendo realizado o jogar por jogar, nesta perspectiva inserimos também a modalidade de handebol, que segundo diagnóstico não era conhecido e praticado por eles.

    Para a realização deste estágio docente foi realizado um diagnóstico da turma, com a finalidade de averiguar a realidade escolar, seus anseios e necessidades. A realidade que nos confrontamos foi à seguinte: uma turma de 1º ano composta por 24 alunos, na faixa etária dos 15 aos 18 anos de idade. As aulas eram realizadas duas vezes por semana e os temas destas eram: futsal e voleibol; sendo que era distribuído meio período para os meninos e meio para as meninas, e cada aula abordava um dos temas.

    Propomos então uma mudança neste paradigma que vinha sendo vivido por estes alunos, onde inicialmente as modalidades em questão seriam divididas em capítulos a serem abordados como um todo e não sendo realizado o jogar por jogar, nesta perspectiva inserimos também a modalidade de handebol, que segundo diagnóstico não era conhecido e praticado por eles. Diante disto realizamos um planejamento voltado ao ensino destas modalidades esportivas com uma visão que envolvesse não somente o saber fazer, mas também ir além e construir conhecimentos na aula de Educação Física escolar.

    As aulas seguiam o mesmo ritual uma vez na semana futsal e outra voleibol com espaço de tempo dividido entre meninos e meninas. Apresentamos uma metodologia voltada ao saber fazer (procedimental), saber compreender (conceitual) e saber a serem (atitudinal) onde os conteúdos pudessem contribuir para uma aprendizagem de maior significância.

Proposta de intervenção pedagógica

    Para darmos um tratamento de maior significância aos conteúdos abordados buscamos uma forma de organizá-los de maneira que possam assim, contribuir com o desenvolvimento do aluno, atribuindo assim uma ordem lógica aos conteúdos (Coletivo de autores, 1992). Esta atribuição caberá ao professor, que possui um papel de grande relevância no processo educacional, sendo o responsável e conhecedor de sua matéria, do seu programa de ensino, na busca de uma troca de experiências que venha a tornar o ensino mais intenso e estimulante (Tardif, 2002) unindo intimamente o seu conhecimento com as expectativas dos alunos (Freire, 1996).

    Compreendemos que o currículo escolar deve, além das bases expressas nos PCN’s (Brasil, 1997), desenvolver conhecimentos utilizando para tal, a realidade, os anseios, limites e possibilidades do publico no qual esta inserido, na busca de atingir as dimensões atitudinais, procedimentais e conceituais do conhecimento na área de Educação Física escolar, nas mais diversas possibilidades de manifestações da cultura corporal de movimento (Zabala, 1998; Darido e Rangel, 2005; Betti, 2002).

    A seguir apresentamos a proposta de ensino que foi aplicada nestas intervenções.

Tabela 1. Conteúdos propostos e desenvolvidos no estágio supervisionado

Unidades Handebol

Unidade Futsal

Unidades Voleibol

Controle do corpo e condução de bola;

Controle do corpo e condução de bola;

Noções das regras básicas do Handebol.

Finalizações;

Posições básicas;

Movimentações específicas

Controle do corpo e condução de bola;

Jogos de transição, com inferioridade e superioridade numérica;

Toque por cima;

Jogos situacionais, com igualdade e desigualdade numérica;

Movimentações ofensivas;

Saque por baixo;

Sistema defensivo e ofensivo;

Movimentações defensivas;

Manchete;

Jogos adaptados à realidade escolar;

Futsal cooperativo;

Regras adaptadas e cooperativas no voleibol.

Noções das regras básicas do Handebol.

Regras básicas do desporto.

Regras básicas do desporto.

    O impacto causado na primeira abordagem foi a seguinte: os alunos de forma alguma aceitavam a mudança em seu plano de atividades, o qual foi proposto um teste, onde seria realizada uma aula de cada um destes temas e após isto a turma decidiria como realizar as intervenções. Durante a realização destas, o professor realizava diversos questionamentos a cerca dos aspectos motores relacionados a desempenho dos alunos, bem como dos conceitos já formados, ou que deveriam ser formados por estes alunos.

    A prática pedagógica à luz desta percepção não pode apenas fazer com que os alunos desenvolvam-se em nível de movimento apenas, ou que construa conhecimentos técnicos e táticos de esportes coletivos, ele deve construir conceitos onde o mesmo tenha a possibilidade de “organizar-se socialmente e praticá-lo”, além de compreender as regras interpretando-as e aplicando-as a si próprio, além das atitudes de respeito aos seus colegas e adversários (Betti e Zuliani, 2002).

    A prática pedagógica atual deve ser repensada, em suas implicações aos objetivos deste componente curricular, deve haver uma transformação de sua prática. Nesta percepção não pode apenas fazer com que os alunos desenvolvam-se em nível de movimento apenas, ou que construa conhecimentos técnicos e táticos de esportes coletivos, ele deve construir conceitos onde o mesmo tenha a possibilidade de “organizar-se socialmente e praticá-lo”, além de compreender as regras interpretando-as e aplicando-as a si próprio, bem como os demais integrantes do jogo, além das atitudes de respeito aos seus colegas e adversários (Betti e Zuliani, 2002).

    Esta tarefa não é fácil, implantar em nossas intervenções conteúdos que de certa forma busquem valorizar as atitudes, os procedimentos e os conceitos que serão os ingredientes para que o aluno após seus anos de escola, saia dela com uma visão critica relacionada à cultura corporal de movimento e com opiniões formadas, principalmente relacionadas a hábitos saudáveis e qualidade de vida.

    Betti e Zuliani (2002) diz que este é um processo que mostrará seus resultados em longo prazo, e que a EF deve fazer com que os alunos descubram motivos e sentidos às praticas corporais, levando algum tipo de conhecimento, mas que este conhecimento se incorpore a sua vivencia.

    Esta tarefa não é fácil, implantar em nossas intervenções conteúdos que de certa forma busquem valorizar as atitudes, os procedimentos e os conceitos que serão os ingredientes para que o aluno após seus anos de escola, saia dela com uma visão critica relacionada à cultura corporal de movimento e com opiniões formadas, principalmente relacionadas a hábitos saudáveis e qualidade de vida.

Análise dos resultados

    Depois de realizadas as observações das aulas, colocamos aos alunos a nossa proposta de intervenção a qual compreendia a realização unidades de ensino, sendo realizado: o handebol, voleibol e futsal.

    O impacto causado na primeira abordagem foi a seguinte: os alunos de forma alguma aceitavam a mudança em seu plano de atividades, o qual foi proposto um teste, onde seria realizada uma aula de cada um destes temas e após isto a turma decidiria como realizar as intervenções. Durante a realização destas, o professor realizava diversos questionamentos a cerca dos aspectos motores relacionados a desempenho dos alunos, bem como dos conceitos já formados, ou que deveriam ser formados por estes alunos.

    Ao final da terceira intervenção a aluna A comentou o seguinte: “vamos fazer como o profe. pede, pois não sei nada destas modalidades”.

    A visão que há em um bom profissional esta ligada estritamente a sua experiência docente e reflexão constante de suas ações do cotidiano escolar, vemos o desenvolvimento profissional ligado à práxis profissional, apontamento de Krug et al (2012a) indicam um significativo favorecimento e compreensão para a concretização de uma melhor qualidade na formação inicial destes docentes, dando um aumento progressivo na qualidade de experiências e repertório técnico pedagógico destes acadêmicos, onde em muitos casos há uma significativa falta de habilidades para lidar com os alunos que apresentam algum tipo de dificuldade, sejam elas ligadas às áreas físicas, motoras, afetivas, sociais (Krug, 2011; Conceição, Souza e Krug, 2012; Krug et al, 2012b; Krug, 2012c).

    A experiência de estágio docente se apresenta como um primeiro contato com um universo totalmente diferente ao qual o acadêmico se encontra, mas é um espaço animador e cheio de desafios e responsabilidades, onde se tem contato com o reconhecimento dos alunos e comunidade, pelo trabalho que é desenvolvido. Os fatores ligados à aprendizagem apresentam diferentes sentimentos que podem ser expressados numa experiência destas, os quais são ora positivos e ora negativos, pressões estas que na organização e execução de um plano de trabalho possui momentos com diferentes sentimentos, situações que concretizam de forma significativa para uma formação docente de qualidade (Krug et al, 2012a; Krug et al, 2012b; Krug, 2012b).

    Também afetam diretamente no desempenho profissional os aspectos ligados a infraestrutura e disponibilidade de materiais didático-pedagógicos, mas o que apontamos como principal nesta fase de formação inicial, são aspectos ligados ao docente propriamente dito, nossos achados corroboram com Krug (2012a) e estão relacionados a : falta de controle da turma, falta de conhecimento sobre o conteúdo que se está trabalhando, dificuldades em realizar os planejamentos, bem como dificuldades em enfrentar a realidade escolar relacionada com a falta de sequencia das aulas. Desta forma consideramos o estágio docente como um espaço de construção de conhecimento de uma futura identidade profissional que seja ligada a vivencia e investigação ao mesmo tempo (Krug, 2012c).

Conclusão

    Desta forma compreendemos que a Educação Física escolar poderá cumprir fielmente o seu papel dentro do contexto escolar no momento em que os educadores assumirem uma postura onde venham a construir uma proposta de ensino voltada a produção de conhecimento no contexto escolar, sendo fundamental para a formação docente a busca por uma relação de práxis pedagógica, ligando os conhecimentos adquiridos com a prática propriamente dita.

    Acredito que desta forma pode-se chegar a uma Educação Física de maior qualidade, aí então concordamos com Paiano (1998) citado por Martinelli et. al (2006) quando fala que a postura adotada pelo professor é fundamental e de grande importância na decisão pela pratica de Educação Física se colocando numa postura de mediador do conhecimento incentivando os alunos e demonstrado se não pela prática, com conhecimentos a importância desta na vida escolar e cotidiana do aluno.

Referências bibliográficas

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