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Prevalência de lesões em professores de ginástica de academia

Predominio de lesiones en profesores de gimnasios

Injury prevalence in gymnastics teachers at health clubs

 

*Mestre em Ciência do Movimento Humano pela UFSM. Professora do curso

de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC

**Mestre em Cineantropometria e Desempenho Humano pela UFSC. Professora

do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC

***Mestre em Ciências do movimento Humano. Universidade autônoma de Asuncion

Professor do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC

****Especialista em Atividade Física e Saúde pela Universidade do Oeste de Santa Catarina

*****Especialista em Bases Fisiológicas do Treinamento de Força pela Gama Filho

Especialista em Treinamento Desportivo pela UNOESC

Professora do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC

******Especialista em Educação Física com Concentração em Treinamento Desportivo pela UNOESC. 

Professor do curso de Educação Física da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste/SC

*******Acadêmica do curso de Educação Física da Universidade do Oeste de 

Santa Catarina (UNOESC), CAMPUS DE São Miguel do Oeste

********Especialista em Administração e Marketing Esportivo - UGF/SP. Graduada em Educação Física

Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), São Miguel do Oeste/SC

(Brasil)

Andréa Jaqueline Prates Ribeiro*

andrea.ribeiro@unoesc.edu.br

Sandra Fachineto**

sandra.fachineto@unoesc.edu.br

Eliéser Felipe Livinalli***

elieserlivinalli@hotmail.com

Fátima Bisutti****

fatima.bisutti@unoesc.edu.br

Elis Regina Frigeri*****

elis.frigeri@unoesc.edu.br

Sandro Claro Pedrozo******

sandro.pedrozo@unoesc.edu.br

Marizete Arenhart Zuppa*******

marizetearenhartzuppa@hotmail.com

Jussara Ribeiro********

jussarabale@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi verificar qual a prevalência e os motivos de lesões nos professores de ginástica em academia (step training, jump e ginástica localizada) dos municípios de São Miguel do Oeste, Itapiranga, Mondaí e Caibi/Santa Catarina. Para a coleta de dados foi elaborado uma entrevista, a qual foi aplicado pelo pesquisador no local da prática do profissional envolvido, totalizando seis sujeitos. Para análise das respostas utilizou-se a estatística descritiva (média e desvio padrão) e o programa computacional Sphinx. Verificou-se que a maioria dos profissionais que atuam na área de ginástica em academia está a mais de cinco anos ministrando aulas, o que demonstra que possuem experiência nas modalidades em que atuam. Verificou-se, também, que todos os professores, além de ministrarem suas aulas praticam outro exercício físico. As lesões mais encontradas foram as referentes à voz, provavelmente pelo fato de não usarem microfone. Apenas um entrevistado teve lesão na articulação do joelho, antes de ter ministrado aulas de ginástica de academia e tendo a mesma se agravado com as práticas. Ao término deste trabalho, conclui-se que o principal fator que acarreta lesões nos professores de ginástica em academia, é a falta de cuidado com a voz. Sugere-se que novos estudos sejam realizados com este tema, com maior número de sujeitos avaliados.

          Unitermos: Professores. Ginástica. Lesões.

 

Abstract

          The goal of this study was to verify which are the prevalence and the reasons of injuries in gymnastics teachers at the health clubs (step training, jump and gymnastics in) in the towns: Sao Miguel do Oeste, Itapiranga, Mondaí and Caibi. For data collection an interview was prepared which was applied by the browser at the professional practice location, totalizing six subjects. For analysis of the answers written statistics was used (average and standard deviation) and the computational Program Sphinx. It has been found out that the most of the professionals who work in the gymnastics area at the health clubs have been teaching for more than five years, which shows that they have experience on the areas they work. It has been also observed that all teachers in addition to teaching their classes they also practice another workout. Most injuries found were those relating to the voice, probably because they don't use the microphone. Only one teacher interviewed had an injury in the knee, before having taught exercising classes at health clubs and having the same gotten worse with the time passing and practice. Concluding this work, it was observed that the main factor that makes the injuries appear on teachers at health clubs is the lack of care with the voice. These way new studies may be suggested to be done with the same subject, with a larger number of teachers evaluated.

          Keywords: Teachers. Gymnastics. Injuries.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A busca pela atividade física vem tornando-se uma alternativa cada vez mais popular para a promoção da boa forma e da saúde, e este é um dos motivos pelo qual as pessoas procuram por academias.

    Conforme Martins (2008) atualmente a importância da prática regular de exercícios físicos é conhecida e reconhecida na melhora da qualidade de vida, no aumento da expectativa de vida, na busca da saúde, do bem estar e da satisfação pessoal, e seus benefícios, que antes eram apenas constatados pela observação não controlada e não científica, hoje são comprovados cientificamente por diversas áreas.

    Sabe-se que quem faz exercícios físicos vive mais, trabalha melhor e tem mais disposição para enfrentar a rotina diária.

    Segundo Peterson (2002, p.7):

    A atividade física melhora a saúde reduzindo os riscos de morte por doença cardíaca ou de desenvolvimento de diabetes, hipertensão ou câncer do cólon [...] a controlar o peso, a construir e manter ossos, músculos a articulações saudáveis, além de ajudar pessoas mais velhas a se tornarem mais fortes e com melhores condições de se movimentar sem cair, promovendo, também, bem-estar psicológico.

    Nas últimas décadas tem-se observado um grande crescimento da prática de exercícios físicos, principalmente nas academias e clubes. Cresce cada vez mais o interesse por novas modalidades e exige-se muito destas quanto ao controle de intensidade, alcance dos objetivos dos praticantes e principalmente segurança na sua realização.

    As pesquisas na área de fitness têm crescido, devido ao grande aumento na procura por atividades físicas que proporcionem, além de saúde física, bem estar psicológico. A cada ano, novas descobertas são feitas e o importante é que os profissionais que trabalham na área estejam sempre em contato com os avanços da Fisiologia do Exercício, da Biomecânica, do Treinamento Desportivo, enfim, de todas as áreas ligadas ao exercício para oferecer aos atletas e aos não-atletas um trabalho moderno, seguro e eficaz.

    Os professores de ginástica em academia necessitam estar atualizados no que se refere às descobertas e transformações relacionadas à sua especialidade, e em tudo o que está relacionado à saúde psicológica e física do ser humano. Por esta razão, Malta (1998, p.29) afirma que é preciso que todos os professores de Educação Física que trabalham na área de ginástica de academia estejam conscientes da importância de seu trabalho na vida de cada aluno.

    Sendo assim, esse estudo espera poder contribuir no sentido de alertar para que as atividades de ginástica de academia sejam realizadas com maior segurança para os professores e consequentemente também aos frequentadores de academia. Dessa forma estar-se-á trabalhando em prol de mais qualidade na execução dos movimentos realizados durantes as aulas.

    A prática, para o profissional, tem efeitos muito positivos, entre eles: boa forma e condicionamento físico, mas se for praticada de maneira incorreta ou em demasiada, a longo prazo, pode ter resultados não tão promissores. O acúmulo de exercícios, isto é, a prática de várias aulas seguidas, aumenta a predisposição para as lesões.

    De acordo com Moraes (2005), os professores se lesionam muito mais do que os alunos. São 76% contra 45% para os alunos.

    O que interfere diretamente neste aspecto é a rotina diária do professor de ginástica em academia, que muitas vezes dá sua aula, mas não tem tempo para repousar, tendo outra aula, e mais outra, o que faz com que este cansaço prejudique a execução do movimento, comprometendo além das articulações de joelho, tornozelo e coluna lombar, acabam sobrecarregando as cordas vocais.

    A execução do movimento, como forma de pisar no step e ou chão, apoiar toda a planta do pé, muitas vezes passa despercebida pelo professor durante a aula. Na ginástica, o posicionamento incorreto na execução do movimento pode comprometer uma articulação, podendo causar danos irreparáveis. Além disso, o uso constante da voz combinado com os ruídos produzidos pelos alunos e música, fazem com que o mesmo tenha que elevar o tom de voz, caso não faça uso de microfone. E, consequentemente, essa combinação facilita a sobrecarga nas cordas vocais.

    Desta forma, os resultados do presente estudo servirão de subsídios para orientar os profissionais a cerca de medidas preventivas tanto a curto quanto em longo prazo.

    Em função do exposto, o objetivo do estudo foi verificar qual a prevalência e os motivos de lesões nos professores de ginástica em academia (step, jump e localizada).

Metodologia

Caracterização da pesquisa

    De acordo com Lakatos e Marconi (1999) esta pesquisa caracteriza-se de documentação direta, por meio da pesquisa de campo, de observação direta intensiva, utilizando-se a técnica de entrevista semi-estrutura, por meio de uma entrevista focalizada.

População

    A pesquisa foi realizada com professores de ginástica em academia (step training, jump e ginástica localizada), das cidades de São Miguel do Oeste/SC, Mondaí/SC, Itapiranga/SC e Caibi/SC.

Amostra

    A pesquisa foi realizada em cinco academias onde foram entrevistados seis professores de ginástica que atuam em aulas de step training, jump e ginástica localizada nas seguintes cidades: São Miguel do Oeste/SC, Mondaí/SC, Itapiranga/SC e Caibi/SC.

Instrumento de coleta de dados

    Realizou-se uma entrevista focalizada, sendo feitas perguntas relativas à prevalência de lesões dos professores de ginástica em academia.

Procedimentos para a coleta de dados

    Foi estabelecida uma comunicação prévia com as academias para explanação e esclarecimento do trabalho que foi realizado.

    Posteriormente solicitou-se a autorização dos proprietários das academias e dos professores para a realização da coleta de dados.

    Em seguida realizou-se uma entrevista, sendo que inicialmente foi feita uma apresentação, esclarecendo a importância do trabalho e um breve resumo dos propósitos do mesmo. Mediante assinatura do Termo de Consentimento, os profissionais que fizeram parte desta pesquisa responderam à entrevista. Esta foi realizada pelo pesquisador no local da prática do profissional envolvido, não podendo o pesquisador interferir nas respostas, somente conduzir a entrevista procurando sanar as possíveis dúvidas em relação ao esclarecimento das questões.

    Após a coleta dos dados através das entrevistas, foi possível avaliar os principais fatores que levam à prevalência de lesões em profissionais de step training, jump e ginástica localizada.

    Os resultados retornaram aos avaliados, sendo esses orientados em como proceder em relação às lesões, se esse fosse o caso.

Técnica de analise dos dados coletados

    Utilizou-se a estatística descritiva (média e desvio padrão) para caracterizar a amostra estudada. Para análise das respostas, a partir da entrevista, foi utilizado o programa computacional Sphinx.

Análises e discussão dos resultados

    Os profissionais que participaram da entrevista, em sua maioria, estão ministrando aulas há mais de cinco anos. Verificou-se que os professores atuam dando aulas de ginástica durante até três horas consecutivas, por dia.

    Segundo César (2001), uma sessão de treino não deve ultrapassar 60 minutos, pois o rendimento é menor e corre-se o risco de lesões. Para minimizar este problema, recomenda-se um trabalho aeróbio de baixa intensidade (50 a 60% da FCM - zona de atividade moderada - queima metabólica/gordura) e um trabalho muscular alternado por segmento. Quando o objetivo da aula é neuro muscular poderia-se trabalhar 20 minutos de atividade aeróbia e 50 minutos de atividade localizada.

    Dessa forma, verifica-se que os alunos estão tendo o tempo de sessão adequado, no entanto, o professor tem ministrado de forma consecutiva suas aulas, sem intervalo de recuperação suficiente, isso é, ministram em torno de 180 minutos de aula de ginástica, o que facilita a sobrecarga, seja articular, muscular ou nas cordas vocais.

    De acordo com César (2001), o tempo de recuperação de uma sessão de treino para outra que trabalhe os mesmos grupos musculares é de 24 a 72 horas. Em torno de 10 horas o glicogênio se recupera 60% e entre 24 e 48 horas a recuperação pode chegar a 100%. Porém, quanto maior a intensidade dos estímulos numa sessão de treino, maior será a necessidade de tempo de recuperação.

    Verificou-se, ainda, que a freqüência semanal das aulas varia de duas a cinco vezes por semana e que 100% (6 professores), praticam algum outro exercício físico, além das aulas que ministram.

    Em relação à existência de lesões antes dos professores terem iniciado a ministrar aulas de ginástica de academia, verificou-se que 33% (2) dos entrevistados apresentaram lesões antes de ter iniciado a ministrar aulas de ginástica de academia e 67% (4) não apresentaram lesões.

    Os resultados também demonstram que 17% (1) dos entrevistados, afirmam que a lesão que apresentavam antes de ministrarem aulas de ginástica de academia se agravou com as aulas. Entretanto, cinco professores (83%) relataram que apresentam lesão, mas acreditam que por praticarem outros exercícios físicos como musculação, alongamento, yoga, tenham minimizado os efeitos que poderiam, caso não praticassem outra atividade, agravar a lesão adquirida anteriormente.

    Conforme Laíra (apud CASTRO, 2005) as coreografias do step ficaram mais complexas e muitos não estavam em condições de acompanhá-las. As principais queixas relatadas variaram entre dores no tornozelo, joelho, ombro e articulações de forma geral. Tais resultados se assemelham com o presente estudo, uma vez que os professores pesquisados relataram que apresentam lesões nas articulações de joelho e tornozelo.

    Para Silva (2005) o professor é submetido a um grande nível de esforço, o que provavelmente venha piorar com o passar dos anos, levando-o a possíveis lesões, principalmente na musculatura dos membros inferiores pelo alto nível de exigência destas durante a aula.

    De Paoli (2004), recomenda que é necessário tomar cuidado com a postura, principalmente àquelas que sofrem maior sobrecarga, tais como articulações dos joelhos, tornozelos, cotovelos, ombros e coluna lombar e cervical. O excesso de cargas ou mesmo de repetições provocam na maioria das vezes micro-lesões que futuramente poderão causar estragos articulares irreversíveis. Por isso é tão importante o respeito às posições anatômicas corretas.

    Os resultados evidenciaram, ainda, que 50% dos entrevistados utilizam o microfone em suas aulas sempre e 50% nunca usam. Nesse sentido, Benedetti e Ouriques (2007) salientam que os professores de ginástica em academias usam suas vozes profissionalmente durante horas, elevando a intensidade e a freqüência, permanentemente competindo com o som alto das músicas de suas aulas incentivando seus alunos com a voz, para que sintam-se motivados a continuar a execução dos exercícios, e enquanto explicam o exercício também demonstram acompanhando o ritmo de sua explicação, muitas vezes utilizando-se de frases e palavras repetitivas. Com isto, acabam sobrecarregando as cordas vocais ocasionando lesões, principalmente pela falta de microfone.

    Bortolai e Nascimento (1998 apud LAWDER,1999) salientam que as alterações vocais são bastante freqüentes na população que utiliza a voz profissionalmente, devido à grande demanda vocal. Dentre os profissionais da voz, o professor de educação física parece atuar de maneira muito abusiva, uma vez que, além da grande necessidade de uso da voz, trabalha em ambiente com extrema competição sonora e muito desgaste físico.

    Para Wilson (1993) dentre as causas dos problemas vocais temos o abuso vocal. O mau uso do mecanismo laríngeo pode causar danos ás pregas vocais e também interferir na coordenação muscular necessária para uma boa voz. O abuso vocal também se refere ao uso impróprio do tom de voz e da intensidade. Falar muito alto pode ser considerado como abuso vocal assim como falar em excesso e usar ataque vocal brusco.

    Em função disso, os professores que relataram não usar microfone sentem dor e garganta seca ao final de suas aulas, além de perceberem que há modificação na voz.

    A maioria (75%) dos profissionais entrevistados informaram já terem procurado auxilio de um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, o que demonstra que há uma preocupação no que se refere aos cuidados com a voz.

    Assim, com o surgimento ou recorrência de problemas como dor, rouquidão e cansaço vocal crônicos, é indicado que se procure auxílio profissional imediatamente. Navas (1995 apud LAWDER, 1999) propõe que a avaliação fonoaudiológica deve ser um dos primeiros passos para o tratamento das alterações vocais. O fonoaudiólogo deve explicar ao paciente a anatomia e a fisiologia do aparelho fonador e juntamente com ele tentar identificar os abusos vocais e os agentes agressores da laringe. Um fator importante para a prevenção das alterações vocais é a expressão corporal. O corpo também fala. A postura e os gestos transmitem o que se passa no íntimo do ser humano. Por isso, atividades de risco para a voz, como a docência, exige ainda maiores precauções, sendo fundamental dormir bem, tomar bastante água, economizar a voz e travar conhecimento com os preceitos da técnica vocal.

Conclusão

    Conclui-se que as lesões mais encontradas foram as referentes à voz, provavelmente pelo fato de não usarem microfone. Apenas um entrevistado teve lesão na articulação do joelho, antes de ter ministrado aulas de ginástica de academia e tendo a mesma se agravado com as práticas. Além disso, provavelmente a prática de outras atividades físicas, como musculação, flexibilidade, alongamento e yoga, serviram para minimizar possíveis lesões.

    Sugere-se que novos estudos sejam realizados com este tema, com maior número de sujeitos avaliados.

Referências

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