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Fatores interferentes na integração dos alunos com deficiência
mental em uma escola municipal, no município de Jequié, BA

Los factores que interfieren en la integración de los alumnos con discapacidad mental
en una escuela municipal, en el municipio de Jequié, BA

 

* Educador Físico. Graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB. 

Especializando em Metodologia em Educação Física e Esportes pela UESB

** Fisioterapeuta. Graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB

(Brasil)

Leonardo Lopes Santana*

Ricardo Gomes dos Santos*

Ricardo Silva Moraes*

Glícia Freitas Souza**

ospleolopez@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo teve como objetivo principal, observar os fatores interferentes na integração dos alunos com deficiência mental em uma escola municipal, no município de Jequié-BA. Foi utilizado o método de pesquisa com caráter qualitativo, sendo que o estudo teve como método de avaliação a aplicação de um questionário voltado ao quadro docente de uma instituição escolar no município de Jequié-BA. Dentre os oito professores que responderam ao questionário, todos diziam-se graduados, sendo que possuíam três alunos especiais. Dos oito, seis professores afirmaram que seus alunos especiais participavam normalmente das aulas, enquanto dois professores disseram não haver participação alguma desses alunos. De acordo com o estudo realizado por meio de análise de dados, foi exemplificada a importância de várias vertentes para o sucesso na integração e compreensão de alunos especiais diante da educação e em meio à sociedade. Sendo uma delas, maior contratação e capacitação do quadro docente voltado para a educação especial, ou seja, quantidade aliada e qualidade. Outra vertente também seria a diferenciação no planejamento de aulas voltadas para integração e compreensão destes alunos.

          Unitermos: Educação especial. Diferenças. Integração. Desigualdade. Desempenho.

 

Abstract

          This present study aimed to observe the interference factors in the integration of students with learning disabilities in a public school in Jequié-BA. Method was used with qualitative research, and the study was evaluation method applying a questionnaire returned to the faculty of an educational institution in Jequié-BA. Among the eight teachers who responded to the questionnaire said they were all graduates, and had three special students. Of the eight, six teachers said their students typically attending special classes, while two teachers said there was no any participation of these students. According to the study through data analysis, was exemplified the importance of various aspects for the successful integration and understanding of students on special education and in the midst of society. Being one of them, most hiring and training of faculty focused on special education, or allied quantity and quality. Another aspect would also be differentiation in lesson planning aimed at understanding and integration of these students.

          Keywords: Special education. Differences. Integration. Inequality. Performance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Um dos temas bastante discutidos atualmente a respeito da educação como ferramenta de inclusão social, trata-se de um questionamento avaliativo sobre a eficiência deste processo para o alcance dos seus objetivos. Frequentemente, são formuladas questões que examinam a que medida a educação caminha nesse sentido. Um dos problemas que tocam diretamente este assunto, está relacionado justamente com as propostas de ensino dos alunos com necessidades educativas especiais. Segundo Carneiro (1996), essa questão é discutida por influência da lei, que insere um número cada vez maior de alunos desta clientela, dentro da escola regular dita para todos numa perspectiva de educação inclusiva, que antes eram segregados numa proposta de ensino especial. Porém, esse novo processo educativo ainda possui falhas que rotulam os alunos especiais numa categoria de excluídos da escola.

    Esta fragilidade no ensino de alunos especiais é referente, dentre outros, à falta de conhecimento de propostas pedagógicas que garantam esta integração social, a falta de qualificação dos professores e os poucos qualificados para este serviço. Em contrapartida, as concepções e métodos já cristalizados sobre o processo pedagógico dos alunos especiais, que os colocam em condições de marginalidade social.

    A partir da leitura de Leontiev (1991), podemos observar que existem dois paradigmas que se sustentam a partir de teste e estudos que interpretam a capacidade e eficácia dos considerados deficientes no ambiente educacional. Alguns pontos de vista acreditam que existem limites para uma educação desses indivíduos no ensino regular, e outros pontos de vista que veem esta ideia como um avanço, além de ser uma medida que preza o direito à cidadania. É nesta perspectiva que no Brasil a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelece este desafio às instituições de ensino, como a afirma Silva (2007), neste trecho:

    “Um dos grandes desafios enfrentados da escola nos últimos anos é, sem sombra de dúvidas, efetivar, na prática, Os princípios que fundamentam o processo de uma escola inclusiva. Na escola inclusiva a educação assume uma trajetória comprometida com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), com os princípios orientadores internacionais referentes às políticas de “direitos humanos”, e também, com as diretrizes emanadas pelos Estados e Municípios da República Federativa do Brasil”.

    Esta iniciativa surgiu a partir de diversos estudos, discussões, encontros internacionais que inserem a proposta de educação inclusiva, dentro do âmbito do movimento de inclusão social, ao fundamentar-se em uma política de direitos humanos que inclui o direito a mesma educação para todos, ou seja, o acesso a rede regular de ensino, tendo como um dos principais momentos, a Conferência Mundial de Educação Especial (1994), em Salamanca, na Espanha. Esta proposta de educação deve ser implantada por lei no projeto político pedagógicos das escolas.

    De acordo com a Declaração de Salamanca, a inserção destes alunos no ensino regular numa educação para todos, é compreendida como uma forma evitar atitudes discriminatórias, ao criar vínculos de respeito às diferenças, qualificação do ensino, além de propiciar um melhor custo financeiro ao sistema educativo.

    Porém, esta iniciativa em termos práticos é questionada, pois existem diversas barreiras que devem ser superadas para o alcance destes objetivos.

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) expõem que:

    “O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstáculos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos humanos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em futuro remoto, supõe-se, são exeqüíveis na atualidade, em condições restritamente específicas de programas-modelos ou experimentais”.

    O que se pode inferir é que no Brasil esta proposta ainda não se encontra bem fundamentada, devido às diversas limitações e peculiaridades no seu sistema de ensino. Segundo os PCNs é necessário pensar uma política educativa para o alcance destas metas no país, que priorize principalmente a área de recursos humanos, visto que a capacitação docente é essencial para a concretização do ensino adaptado. Além de outros fatores como a proposta do projeto político pedagógico, a diversidade regional, as barreiras físicas, entre outras.

Deficiência Mental e Inclusão Escolar

    Diante das questões apresentadas sobre este novo paradigma da educação, a deficiência mental está entre um dos temas envolvidos, e grande parte dos alunos considerados com necessidades especiais que agora estão inseridos no ensino regular possuem esta deficiência. (REYES, 2011).

    O quadro de deficiência mental é caracterizado pelos alunos os quais apresentam um nível funcional geral da mente muito abaixo em relação aos demais, durante o desenvolvimento de vida, dentro de duas ou mais áreas via adaptativas na sociedade, em outras palavras, seria um desvio na capacidade de adaptação aos diversos campos sociais: família, comunidade, saúde, escola, lazer e trabalho, segurança, locomoção (Inácio e Moraes apud. AAMD,1994).

    Com a chegada do novo paradigma há uma diferença na concepção de ensino dos alunos especiais que antes era estabelecido um critério de integração destes na sociedade, a partir das escolas de educação especial, que tinham o intuído de adaptar estes alunos a sociedade, como afirma Reis e Ross 2008:

    “O estímulo original desse debate teria sido o questionamento de uma visão tradicional e profundamente arraigada na sociedade, que percebia a necessidade de integração como uma responsabilidade a ser assumida, fundamentalmente, pela pessoa com deficiência dispensando, conseqüentemente, a sociedade de participar desse processo. É precisamente esta concepção que vai perder força. As idéias relativas à normalização e integração, antes predominantes, foram paulatinamente substituídas pelo princípio do combate sistemático a qualquer tipo de exclusão”.

    Com o novo paradigma educacional esta questão se inverte pelo fato de serem as escolas do ensino regular que devem estar adaptadas a essa população. É notável que estes alunos precisam de adaptações curriculares, estratégias de ensinos, metodologia e avaliação que favoreçam o aprendizado e estes devem possuí-las por direito. Portanto, é preciso que as escolas do ensino regular se preparem em função de qualificar o ensino do deficiente mental.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, de campo realizada em uma escola municipal da rede regular de ensino do município de Jequié/BA, utilizando-se de um questionário como instrumento de coleta das informações.

    Tendo em vista que esta investigação limitou-se a observar o processo de inclusão do aluno com Deficiência Mental na rede regular municipal de ensino em Jequié/BA, a amostra foi selecionada de forma intencional, sendo que todos os professores da escola, inclusive o professor responsável por estes alunos, participaram da pesquisa.

    Quanto ao questionário, instrumento adotado no presente estudo, foi composto de seis questões, o qual abordava questões como grau de formação, quantidade de alunos com deficiência mental, a ocorrência da participação destes alunos nas aulas, se estes alunos praticam as atividades propostas, assim como compreensão dos conteúdos e quanto a realização de adaptações nestes para facilitação do processo de aprendizagem. Os questionários foram preenchidos no prazo de duas semanas no mês de março/2012 e todos retornaram para os pesquisadores.

Resultados

    Dentre os oito professores que responderam ao questionário, todos diziam-se graduados, sendo que possuíam três alunos especiais. Dos oito, seis professores afirmaram que seus alunos especiais participavam normalmente das aulas, enquanto dois professores disseram não haver participação alguma desses alunos. Sete discentes responderam que todos os alunos praticam as atividades propostas, porém o conteúdo não fica compreendido, enquanto uma afirmou que seus alunos especiais não compreendem, tão pouco praticam as atividades. Sete dos pesquisados responderam não realizar nenhum tipo de adaptação das aulas, enquanto apenas uma modifica e adapta as atividades para facilitar o processo de aprendizagem.

Discussão

    De acordo com resultado encontrado pode-se dizer que, todos os professores apresentaram parâmetros de capacitação adequada, tal como, uma grande quantidade de docentes disponibilizados para a educação especial. Resultando deste modo, em maior êxito, a integração e participação dos alunos especiais.

    Mas há também, nas interações de sala de aula, possibilidade de tratamento diferenciado objetivando favorecer os desfavorecidos. Sabe-se também que existem muitos professores que procuravam diversificar as tarefas de sala de aula para atender a diferentes interesses e níveis de desenvolvimento dos alunos. Sabe-se, também, que muitos organizam projetos, atividades, tarefas especialmente destinadas àqueles alunos que tem dificuldades de acompanhar o ritmo geral da classe. (Marli André, 1999).

    Foi também compreendido a partir dos resultados, que grande parte da participação destes alunos, não quer dizer que eles tenham alguma elevação da compreensão por meio das atividades propostas. Levando em consideração que o fracasso escolar é originário no interior da instituição, a partir do seu modo de organizar o trabalho pedagógico e de estruturar as relações e práticas pedagógicas.

    As pedagogias diferenciadas assumem as ideias mestras da escola nova: o aluno deve ser o centro do processo educativo e o professor deve ser um orientador, uma fonte de recursos e de apoio. (Marli André, 1999).

    Ficando assim deste modo, em que os professores utilizando-se da sua capacitação adequada, possam continuar a formular atividades integrantes, mas, que as tornem facilitadoras do conhecimento, ou seja, que esse meio de capacitação não transforme o quadro docente em “dadores” de aula, mas sim em facilitadores do conhecimento.

Conclusão

    De acordo com o estudo realizado por meio de análise de dados, foi exemplificada a importância de várias vertentes para o sucesso na integração e compreensão de alunos especiais diante da educação e em meio à sociedade. Sendo uma delas, maior contratação e capacitação do quadro docente voltado para a educação especial, ou seja, quantidade aliada e qualidade. Outra vertente também seria a diferenciação no planejamento de aulas voltadas para integração e compreensão destes alunos, sendo utilizada uma diferenciação intencional, adequada para beneficiar os alunos, as discriminações positivas que buscam baixar o nível de desigualdade, por meio de ajudar os alunos com mais dificuldades. São estratégias em que os docentes podem estar pondo em prática, onde não podemos confundir tais diferenças empregadas neste método, pois elas estão basicamente envolvidas nos recursos de apoio utilizados diante o caminho a ser percorrido, objetivando a educação de qualidade.

Referências

  • ANDRÉ, M. Pedagogia das diferenças na sala de aula. 3º Ed. Campinas Papirus, 1999.

  • BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

  • BRASIL. Ministério da Educação e do desporto secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptaçoes Curriculares Estratégias Para A Educação De Alunos Com Necessidades Educacionais Especias. Brasília, 1998. Disponível em: http://www.conteudoescola.com.br/pcn-esp.pdf. último acesso em 01 de Setembro de 2012.

  • BRASIL. Ministério da Justica/CORDE. Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília, 1994.

  • CARNEIRO, MSC. Alunos considerados portadores de necessidades educativas especiais nas redes públicas de ensino regular: integração ou exclusão? Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1996.

  • LEONTIEV, AN. Os princípios do desenvolvimento mental e o problema do atraso mental. In: LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. VYGOTSKY, L. S. et al. Psicologia e Pedagogia I: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento.Lisboa: Estampa, 1991.

  • MORAES, LC de, INACIO, HW. A construção do significado da deficiência mental: Possibilidades e desafios. Simpósio Internacional de Educação Inclusiva. 2006. Disponível em: http://www.artigocientifico.com.br/uploads/artc_1165584045_57.pdf último acesso em 4 de setembro de 2012.

  • REIS, RL dos, ROSS, PR. A inclusão do aluno com deficiência intelectual no Ensino Regular. SEED e UFPR pelo Programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2008. Apud: American Association of Mental Deficiency (AAMD). Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2216-8.pdf último acesso em 04 de setembro de 2012.

  • REYES, ACR. Deficiente mental e a Educação Física Adaptada. EFDeportes.com, Revista Digital Buenos Aires – Ano 16 – Nº 156, Maio de 2011. http://www.efdeportes.com/efd156/deficiente-mental-e-a-educacao-fisica-adaptada.htm

  • SILVA, KFW da. Inclusão escolar de alunos com deficiência mental: possíveis causas do insucesso. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS, 2007.

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