Habilidades motoras fundamentais | |||
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano Escola de Educação Física Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
Prof. Dr. Guilherme Garcia Holderbaum (Brasil) |
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Resumo O objetivo desta resenha foi discutir questões relacionadas ao desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais na infância, mais especificamente na seqüência em que estas habilidades se desenvolvem. Além disso, apresenta um método simplificado para diagnosticar os estágios desta fase motora proposto por GALLAHUE & OZMUN (2001). Esta revisão também pretende ampliar o conhecimento dos Professores de Educação Física que atuam em escolas de educação infantil, ensino fundamental e médio, uma vez que estes representam um papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Pretende-se com esta discussão aumentar os diálogos sobre a qualidade da educação física escolar estimulando os professores a um trabalho mais consistente e efetivo no desenvolvimento desta atividade. Unitermos: Habilidades motoras fundamentais. Desenvolvimento. Educação Física.
Resenha crítica realizada na disciplina de Desenvolvimento Motor do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da ESEF, UFRGS, Brasil. Disciplina Ministrada pela Profa. Dra. Nadia Valentini.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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A aquisição de habilidades motoras fundamentais não é dependente da idade, embora exista uma estreita relação com a mesma. A fase de desenvolvimento motor fundamental pode ser muito influenciada pelas condições ambientais, pelo indivíduo e pela tarefa em si. O desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais obedece a uma progressão sequencial. As sequências desenvolvimentistas foram propostas, segundo GALLAHUE & OZMUN (2001), com base em avaliações biomecânicas de crianças em faixas etárias diferenciadas, filmes, videoteipes e avaliações empíricas de numerosas crianças. O conhecimento destas sequências desenvolvimentistas possibilita que os profissionais de Educação Física ou áreas afins relacionadas ao movimento humano, sejam mais efetivos no diagnóstico de todas as incapacidades desenvolvimentistas e na programação de experiências motoras significativas. As experiências motoras fornecem múltiplas informações sobre a percepção que as crianças têm de si mesmas e do mundo que as cerca. Esta vasta quantidade de experiências contribui, também, para a construção de um repertório motor diversificado, o que permitirá o aprendizado posterior de ações adaptadas e habilidosas que flexivelmente podem ser guiadas em contextos de movimentos diferentes e específicos.
O domínio das habilidades motoras fundamentais é básico para o desenvolvimento motor de crianças. Certos movimentos locomotores como: (1) correr, (2) pular, (3) girar ou (4) manipulativos como: (a) arremessar (b) apanhar (c) chutar e (d) impedir são exemplos de habilidades motoras fundamentais dominadas pela criança, de início, separadamente. Esses movimentos, gradualmente, combinam-se e aperfeiçoam-se, por meio de uma série de formas, tornando-se habilidades esportivas.
No esporte, tanto a capacidade de improvisação, quanto a quantidade de recursos do corpo em produzir os mais variados movimentos com grande habilidade é indispensável. Por esta razão, torna-se necessário a estimulação bem como a avaliação dos padrões motores fundamentais.
GALLAHUE & OZMUN (2001) apresentam três domínios do comportamento motor: (1) padrões locomotores, (2) padrões coordenativos de interação e (3) padrões motores finos manipulativos (este último abordado na resenha referente à aula nove).
Entre os padrões locomotores citados por GALLAHUE & OZMUN (2001) estão: (1) caminhar, (2) correr, (3) galopar e corrida lateral, (4) saltar de uma superfície mais alta, (5) salto vertical, (6) salto horizontal, (7) saltar com um pé e (8) saltito. Já os padrões coordenativos de interação são divididos em: (1) projeção de objetos, (2) recepção de objetos e (3) defleção de objetos.
A projeção de objetos consiste de arremessar determinados objetos. Este gesto requer mudanças na produção de força e aprendizado eficiente da coordenação total do corpo para aplicar força no objeto projetado. Já, a recepção de objetos consiste de controlar o mesmo (pegada) e, a defleção de objetos consiste de interceptar e mudar a direção de um objeto (chutar, rebater, etc). A defleção de objetos requer que o indivíduo apresente a capacidade de continuamente atualizar o padrão de movimento usando concomitantemente feedbacks visuais e proprioceptivos para julgar se a trajetória do movimento está destinada para o sucesso ou fracasso.
GALLAHUE & OZMUN (2001) propõe, a partir de uma de uma recente revisão realizada por este mesmo autor em 1996 do método McCLENAGHAN – GALLAHUE (1978), uma forma de identificação de estágios na fase motora fundamental. Esta consiste de um sistema prático e confiável e é aplicada para classificar os indivíduos nos estágios inicial, elementar, amadurecido ou de habilidade esportiva. Para desenvolver esta técnica GALLAHUE & OZMUN (2001) utilizaram uma variedade de experiências motoras desenvolvimentistas apropriadas para cada estágio nas habilidades motoras fundamentais já citadas anteriormente. Para sua aplicação o examinador deve observar a tarefa motora usando a abordagem de avaliação corporal total, pois isto fornece a idéia do estágio em que o indivíduo, grupo ou classe está desempenhando determinada habilidade motora específica. Uma vez observado que este indivíduo encontra-se no estágio amadurecido, é desnecessária a avaliação observacional para um diagnóstico mais minucioso. Do contrário, se for observado que a habilidade motora fundamental está no estágio inicial ou no estágio elementar em sentido geral, então uma avaliação segmentária é realizada para identificar especificamente as partes do corpo que estão com atraso no desenvolvimento.
Com esta classificação proposta por GALLAHUE & OZMUN (2001) torna-se possível avaliar cada padrão de movimento, seja ele locomotor, coordenativos de interação ou finos manipulativos, de forma detalhada e separada. Considero este método simples e de fácil utilização e acredito que o mesmo deveria ser aplicado nas escolas para que se possa, a partir dos resultados encontrados, discutir e planejar e reorganizar as aulas de educação física. As aulas de educação Física passam hoje por um processo de depreciação, ou seja, muitos professores de escolas de ensino infantil, fundamental e médio ensinam ser saber o que e nem por que estão ensinando. A aplicação do método de GALLAHUE & OZMUN (2001) nas escolas, principalmente nas escolas de ensino fundamental, pode mostrar aos professores onde estão as necessidades ou dificuldades no desenvolvimento dos alunos e com isso, possibilitar um novo direcionamento das aulas de educação física para suprir estas necessidades bem como corrigir as falhas no ensino.
Referências
GALLAHUE, D. L. & OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2001, 641p.
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EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires,
Octubre de 2012 |