Estado nutricional de crianças
praticantes Estado nutricional de niños que practican natación en un gimnasio de Sao Paulo |
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*Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo **Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo FSP/USP. Docente e Supervisora de Estágios do Centro Universitário São Camilo - São Paulo, SP |
Carla Gonzáles* Renata Furlan Viebig** (Brasil) |
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Resumo Introdução: A prevalência de excesso de peso em crianças é um problema de saúde pública. A prática de natação traz benefícios para a saúde da criança. A avaliação antropométrica é bastante utilizada para verificar o estado nutricional. Objetivo: Avaliar o estado nutricional de nadadores de uma academia de ginástica no município de São Paulo. Métodos: O presente estudo foi realizado com crianças de ambos os sexos, com idade entre 5 a 10 anos. Aplicou-se um questionário com perguntas sobre as características gerais da criança e foram mensuradas as medidas antropométricas, de cada participante do estudo. Foram calculados o Índice de Massa Corpórea (IMC) e o percentual de gordura corporal. Resultados: O número de crianças avaliadas foi de 36, sendo 19 do sexo feminino (53%) e 17 do sexo masculino (47%), com média de idade de 7,4 anos. As crianças foram dividas em 2 grupos: Grupo A (5 a 7 anos) e Grupo B (8 a 10 anos). As crianças do grupo A apresentaram melhor estado nutricional do que as do grupo A. Ao todo, 50% das crianças foram identificadas com excesso de peso (19% sobrepeso e 31%obesidade), de acordo com o índice IMC/Idade; e 31% estavam com excesso de peso, de acordo com o índice Peso/Idade. O percentual de gordura esteve fora do padrão em 53% dos participantes (8% baixo e 47% em excesso). Conclusão: Metade das crianças estudadas está acima do peso e com percentual de gordura alto. A prática de natação não é determinante de bom estado nutricional nesta população. Unitermos: Natação. Crianças. Antropometria. Atividade física. Estado nutricional.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
No Brasil, o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade e a redução dos índices de desnutrição na população são uma realidade. Esse aumento da prevalência de sobrepeso atinge tanto a população adulta, quanto as crianças e adolescentes (COSTA et al., 2009).
De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), em 2009, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos de idade está acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A epidemia de excesso de peso e obesidade em crianças está presente em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras (IBGE, 2009).
A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal em detrimento da massa magra, decorrente da ingestão de energia maior que o seu gasto, o que resulta em desequilíbrio do balanço energético (COSTA et al., 2009). A obesidade infantil é um fator de risco á doenças do aparelho circulatório, ortopédico, e metabólicas e está diretamente relacionada à obesidade na vida adulta. Crianças obesas também estão sujeitas a desenvolverem baixa auto-estima, o que pode afetar o desenvolvimento escolar e suas relações sociais (FELISBINO-MENDES; CAMPOS; LANA, 2010; FERNANDES; GALLO; ADVÍNCULA, 2006).
Vários fatores interagem de forma a favorecer o ganho excessivo de peso em crianças: a suscetibilidade biológica individual, o balanço energético positivo, a hereditariedade e a influência sócio-ambiental (FERNANDES; GALLO; ADVÍNCULA, 2006). O aumento do peso em excesso da população infantil é resultante dos padrões de alimentação atuais, caracterizados por aumento do consumo de alimentos industrializados como bolachas, salgadinhos, doces e refrigerantes; e a redução de consumo de frutas e hortaliças. O sedentarismo também é um fator determinante para o ganho de peso em excesso de crianças (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). As práticas alimentares e de atividade física são hábitos adquiridos na infância e que persistem freqüentemente na vida adulta (NOVAES et al., 2009; RECH; SIQUEIR, 2010; JOSE et al., 2011).
A OMS (2010) aponta a prática de atividade física como um dos fatores de prevenção, reversão e controle de diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT's). É recomendado que a crianças e adolescentes pratiquem no mínimo 30 minutos ou, de preferência, 60 minutos diários de atividade física moderada, sendo que a maior parte deve ser aeróbica. A atividade física na infância deve incluir jogos, esportes, transporte, recreação, educação física ou exercício planejado, no contexto de família, escola, e atividades em comunidade (SBC, 2005).
Atualmente a natação é bastante valorizada por seus benefícios fisiológicos, terapêuticos e utilitários (este último relacionado à segurança de saber nadar, principalmente para crianças), podendo ser praticada por indivíduos de todas as idades e biótipos físicos, desde indivíduos saudáveis até portadores de necessidades especiais (MORES, 2011). Em relação ás crianças, a prática de natação ajuda a aprimorar e acelerar o desenvolvimento motor das crianças (GONZALES et al, 2010).
A avaliação do estado nutricional permite acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança e verificar se ela está se afastando do padrão esperado, seja por doenças e/ou condições sociais desfavoráveis. A identificação da presença de desvios nutricionais permite a instituição de intervenções que visam melhorar a saúde e qualidade de vida geral do individuo avaliado (ESPÍNDOLA; SARDINHA; GALANTE, 2009; SBP, 2009).
Assim, este estudo se propõe a identificar o estado nutricional e a composição corporal de crianças nadadoras de uma tradicional academia da cidade de São Paulo, por meio da realização da avaliação antropométrica.
Materiais e métodos
O delineamento do estudo é transversal, com coleta de dados primários nos meses de Fevereiro de 2012 a Março de 2012. A pesquisa foi realizada com crianças de 5 a 10 anos de idade, de ambos os sexos, praticantes de natação de uma academia.
A avaliação antropométrica foi efetuada por duas avaliadoras, graduandas em nutrição. Os parâmetros mensurados foram: massa corporal (Kg), estatura (cm), dobra cutânea tricipital (mm) e dobra cutânea subescapular (mm).
Para estimar a estatura (cm) das crianças foi utilizada uma fita inelástica, flexível e milimetrada, com precisão de 0,1 cm, fixada à parede, sendo que o indivíduo avaliado mantinha posição ortostática, com os pés unidos, descalços, utilizando o mínimo possível de roupas. As crianças foram instruídas a permanecer em apnéia respiratória e com a cabeça no plano horizontal de Frankfurt, tendo as superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura-escapular e região occipital em contato com o instrumento de medida (SBP, 2009). A massa corporal (kg) foi mensurada em balança digital portátil, antes do início das aulas de natação, com o avaliado em posição ortostática, no centro da plataforma, descalço e utilizando os trajes de banho. Em seguida, foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) mediante a utilização do Índice de Quetelet, expressado pela fórmula: IMC=massa corporal/estatura². Para a classificação da estatura, do peso e do IMC foram utilizados os percentis, conforme sexo e idade, das curvas de crescimento definidas pela OMS (2007).
Para determinação das dobras cutâneas, foi utilizado um adipômetro da marca Sanny ®. As dobras cutâneas foram mensuradas no hemicorpo direito, com o avaliado na posição ortostática, com o avaliado com a musculatura relaxada. A dobra cutânea tricipital (DCT) foi mensurada na face posterior do braço, no ponto médio entre o processo acromial da escápula e o olécrano da ulna. A dobra cutânea subescapular (DCSE) foi mensurada 2 centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula (FREIBERG; ROSSI; CARAMICO, 2009).
A partir do somatório das duas dobras cutâneas mensuradas, foi estimado o percentual de gordura corporal (%G), utilizando-se a equação de Boileau et al. (1985): %G = 1,35 (tríceps + subescapular) - 0,012 (tríceps + subescapular)² - C, onde C é uma constante diferenciada por sexo. No sexo masculino, C é igual a 4,4; no sexo feminino, esse valor corresponde a 2,4. Os resultados obtidos foram classificados segundo os pontos de corte propostos por Deurenberg et al. (1990).
Resultados
O número de participantes do estudo totalizou 36 crianças, sendo 19 do sexo feminino (53%) e 17 do sexo masculino (47%), com média de idade de 7,4 anos. Todos foram submetidos à avaliação antropométrica e seus pais/responsáveis responderam ao questionário aplicado. Para análise comparativa, o grupo estudado foi distribuído em 2 grupos: Grupo A, composto de crianças de 5 a 7 anos de idade; e Grupo B, composto de crianças de 8 a 10 anos de idade.
1. Características gerais do grupo estudado
As características gerais dos participantes estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1. Características demográficas e socioeconômicas da população estudada
O número de crianças do sexo feminino (53%) foi um pouco maior do que o de crianças do sexo masculino (47%), e as crianças de 5 a 7 anos forma as maioria (61%). Os participantes da pesquisa se encontravam nas distribuídos na classe A e a B1, de acordo com a classificação proposta pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2012).
A média de anos de prática de natação foi de 2 anos, sendo que o menor tempo de prática de natação foi de 2 meses, e o maior, de 5,5 anos. A maior parte dos participantes (n=29; 81%) freqüentava as aulas de natação 2 vezes por semana, e o restante (n=7; 19%) o fazia 3 vezes por semana. Cada aula tinha duração de 45 minutos.
Além da natação, 50% dos participantes praticavam outra atividade física além da natação. Entre essas atividades, o ballet (58%) e a dança (25%) foram as mais praticadas pelas nadadoras; e o futebol (38%) e judô (31%) foram as mais praticadas pelos nadadores. Todas as crianças participavam de aulas de educação física na escola, sendo que 47% das crianças freqüentavam essa aula 1 vez por semana, 39% 2 vezes por semana, e 6% 3 vezes por semana.
2. Características antropométricas do grupo estudado
As características antropométricas da amostra, separadas por idade e sexo, são apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2. Valores médios das variáveis antropométricas
avaliadas da população estudada, segundo sexo e idade
Os resultados da avaliação antropométrica apresentados na Tabela 2 mostraram maiores médias de peso, estatura, IMC e DCT em meninos, em relação às meninas, em ambos os grupos. As meninas apresentaram médias maiores de percentual de gordura corporal (%GC).
Os valores médios do %GC foram muito maiores no Grupo B, em relação ao Grupo A, apresentando variação de 31%. A média de %GC das meninas do Grupo A foi de 18,94%, valor considerado adequado de acordo com a classificação proposta por Deurenberg (1990) para meninas (15,01 - 25,00%). A média de %GC dos meninos do Grupo A foi de 18,76%, também considerado adequada segundo Deurenberg (10,01 - 20%). Já no Grupo B, ambos os sexos apresentaram excesso de %GC. A média de %GC das meninas do Grupo B ficou dentro da faixa de percentual de gordura moderadamente alto (25,01 - 30%). Entre os meninos do Grupo B, o valor médio de %GC encontrado foi classificado como alto (25,01 - 31%).
Foi encontrada variação significativa entre as médias de peso dos meninos e meninas do Grupo B, com os meninos apresentando 20% a mais de média de peso do que as meninas. Já no Grupo A, a variação foi de apenas 7% a mais na média de peso dos meninos em relação às meninas.
Após a identificação da posição de cada participante na curva do índice E/I, da OMS (2007), foi verificado que todos os participantes se encontravam no percentil ≥ 3, ou seja, todos apresentaram estatura adequada para a idade.
A classificação do estado nutricional dos participantes, realizada através da verificação da adequação dos índices antropométricos Peso/ Idade, e IMC/Idade do grupo estudado, de acordo com os padrões da OMS (2007), está apresentada nas Tabelas 3 e 4, estratificada de acordo com o sexo e idade.
Tabela 3. Distribuição (%) da classificação do estado nutricional da população estudada
segundo o índice antropométrico Peso/ Idade em percentil, de acordo com o sexo e a idade
Quanto à classificação do estado nutricional segundo o índice P/I, 82% dos participantes do Grupo A foram identificadas no percentil ≥ 3 e ≤ 97 (peso adequado para a idade) e 18% no percentil >97 (peso elevado para idade), com pouca diferença entre os sexos. No Grupo B, 58% das crianças foram identificadas no percentil >97, valor bem maior ao encontrado no Grupo A. No Grupo B, o peso elevado para a idade foi mais prevalente nos meninos (83%), em relação às meninas (33%).
Tabela 4. Distribuição (%) da classificação do estado nutricional da população estudada,
segundo o índice antropométrico IMC/Idade em percentil, de acordo com o sexo e a idade
Quanto à classificação do estado nutricional segundo o índice IMC/I, 64% das crianças do Grupo A anos foram identificadas no percentil ≥ 3 e ≤ 85 (eutrofia). Nenhuma criança foi classificada como tendo baixo peso. O excesso de peso foi encontrado em 37% das crianças desse grupo. No Grupo B, o excesso de peso foi identificado em 71% das crianças, ou seja, quase o dobro de crianças do Grupo B apresentou excesso de peso, em relação às crianças do Grupo A. O excesso de peso foi mais expressivo nos meninos do Grupo B (86%), de acordo com a classificação do IMC/I, sendo que 72% meninos foram classificados como obesos, e 14% com sobrepeso; quanto às meninas do Grupo B, 57% apresentaram excesso de peso, com 43% classificadas com sobrepeso e 14% classificadas com obesidade.
A classificação do estado nutricional segundo os índices antropométricos Peso/idade e IMC/Idade do grupo estudado, segundo sexo, estão apresentadas nos Gráficos 1 e 2.
Gráfico 1. Distribuição (%) da classificação do estado nutricional da população
estudada, segundo o índice antropométrico P/I em percentil, de acordo com o sexo
Verifica-se que os participantes encontram-se, em sua maioria (71%), com o peso adequado para a idade. A prevalência de peso foi encontrada em 29% dos participantes, sendo que a prevalência é maior nos meninos (37%) em relação às meninas (23%).
Gráfico 2. Distribuição (%) da classificação do estado nutricional da população
estudada, segundo o índice IMC/I em percentil, de acordo com o sexo
A metade dos participantes encontra-se em eutrofia, portanto a metade da população estudada está com excesso de peso. A prevalência de eutrofia é maior nas nadadoras (63%) do que nos nadadores (35%). O excesso de peso foi mais prevalente nos participantes do sexo masculino (65%), segundo do índice IMC/I.
O excesso de peso foi identificado em mais crianças através da classificação do índice IMC/I (50%) do que pela classificação do índice P/I (29%).
A classificação da %GC de gordura corporal, está apresentada no Gráficos 3.
Gráfico 3. Distribuição (%) da adequação do percentual de gordura corporal
da população estudada, segundo a classificação de Deurenberg et al. (1990)
O %GC foi classificado nas faixas não desejáveis na maioria dos participantes (53%), com 45% dos participantes classificados com excesso de gordura, e 8% (3 participantes do sexo feminino) classificados com baixo %GC. O excesso de gordura corporal foi encontrado mais nos meninos (59%) do que nas meninas (31%). Comparando com as classificações dos índices P/I e IMC/I, a classificação do excesso de gordura corporal parece ter maior concordância com a classificação do IMC/I.
Discussão
Dentre os participantes, 29% apresentaram peso elevado para a idade, segundo o índice P/I. Segundo o índice IMC/I, 19% e 31% apresentaram sobrepeso e obesidade, respectivamente, totalizando 50% das crianças avaliadas com excesso de peso, de acordo com esse índice. A prevalência de excesso de peso encontrada através do IMC/I foi maior no presente estudo do que o encontrado por Alves, Berbigier e Petkowicz (2010), em estudo realizado no município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com 204 crianças praticantes de natação, e com média de idade de 8,25 anos. Nesse estudo, 31% das crianças nadadoras apresentaram excesso de peso, segundo o IMC/I; e apresentaram menores médias de peso, estatura, IMC, DCT, DCSE e %GC do que as médias das crianças do Grupo B da presente pesquisa (composta de crianças com idade média de 9,1 anos), para as respectivas variáveis antropométricas. Outra diferença encontrada no estudo de Alves, Berbigier e Petkowicz foram os valores de %GC, que foram classificados em muito altos em mais meninas do que nos meninos; e classificados em baixo, em mais meninos do que em meninas, o oposto do encontrado no presente estudo, onde o %GC classificado em baixo foi encontrado apenas nas meninas (16%), e o %GC classificado como elevado foi encontrado em mais meninos (59%) do que nas meninas (31%). No entanto, o grupo estudado por Alves, Berbigier e Petkowicz (2010) foi muito maior (n=204), em comparação com este estudo (n=36), o que pode ser uma influência importante nas diferenças encontradas.
Dentre as crianças do Grupo B, os nadadores apresentaram maior peso e estatura do que as nadadoras. As nadadoras apresentaram maior adequação de % de gordura do que os nadadores. Em estudo com 48 meninos e meninas pré-púberes e púberes atletas de natação no município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul (SCHNEIDER; MEYER, 2005), as crianças pré-púberes atletas (com idade média de 9,3) apresentaram médias de % de gordura corporal, IMC, DCT, DCSE menores em relação aos participantes do Grupo B deste estudo (com idade média 9,1). Quanto à estatura, as crianças atletas de natação do estudo de Schneider e Meyer (2005) apresentaram maior média de estatura (1,46m) em relação às crianças do Grupo B do presente estudo (1,39), com variação de 5%. Em outro estudo comparando 165 meninas atletas e não-atletas de natação, entre 9 e 17 anos de idade, residentes no município de Recife, em Pernambuco, também foi observado que atletas de natação apresentam valores médios menores de percentual de gordura corporal do que não-atletas de natação (SANDRO; LEANDRO; GUIMARÃES, 2007). As diferenças na composição corporal entre atletas e não atletas podem ser explicadas pelo treino de natação diferenciado das crianças atletas.
Em estudo realizado por Melo e Fernandes (2011) com 15 crianças praticantes de natação, de 7 a 12 anos de idade (idade média de 10,3 anos), no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, foram encontrados valores bem próximos, de peso (41,4kg), estatura (1,40m) e IMC (21,12) do que as crianças do Grupo B (idade média de 9,1) do presente estudo, que apresentaram: média de peso de 40,2kg, média de estatura de 1,39m, e média de IMC de 20,51kg/m².
Viebig e Patton (2006) em estudo realizado com 30 nadadores mirins competitivos com idade entre 4 e 11 anos (média de 9 anos de idade), no município de São Paulo, encontraram as valores médios próximos de IMC (20,05kg/m²), DCSE (14,00mm) em comparação às crianças do Grupo B do presente estudo, que apresentaram: média de IMC de 20,51kg/m² e DCSE de 13,46mm; já o valor médio de DCT (24,65mm) desse estudo foi bem mais alto do que no presente estudo (19,82mm). Em relação à classificação do índice P/I, 10,0% das crianças do estudo de Viebig e Patton se encontravam no percentil >97 (peso elevado para idade); no presente estudo, 29% das crianças se encontraram nessa faixa de percentil. Nessa mesma pesquisa, as autoras encontraram, quanto à classificação do índice IMC/I, que 16,7% das crianças se encontravam entre os percentis 85 e 97 (sobrepeso); no presente estudo, 19% das crianças se encontraram nessa faixa de percentil. A obesidade (percentil >97), de acordo com o IMC/I foi encontrada em 6,7% dos nadadores mirins; no presente estudo foi encontrada em 31% da população estudada. Viebig e Patton (2006) observaram, assim como no presente estudo, que embora os indivíduos estudados fossem fisicamente ativos, eles apresentaram excesso ponderal.
As crianças de 1 a 6 anos de idade (pré-escolares) tem redução do apetite, o que está relacionado à velocidade de crescimento reduzida, mas constante, característica desta faixa etária. Já entre crianças de 7 a 10 anos (idade escolar), ocorre a repleção de energia, ou seja, meninas e meninos têm maior velocidade de ganho de peso, como uma forma de guardar energia para ser usada na fase de intenso crescimento pubertário, que ocorre logo depois da idade escolar (VITOLO, 2008). Essa repleção energética é, portanto, um dos fatores determinantes do excesso de peso encontrado nas crianças de 8 a 10 anos (idade escolar) do Grupo B.
Se o pré-púbere apresentar excesso de peso e outros fatores de risco não forem encontrados (como pais obesos, hábitos alimentares inadequados, sedentarismo importante, fatores emocionais), e se houver certeza de que é apenas o fenômeno biológico da repleção energética, não há necessidade de intervenção (VITOLO, 2008).
Conclusão
No presente estudo, o maior tempo de prática de natação aparentemente não teve influência positiva no estado nutricional das crianças, de acordo com todos os parâmetros de classificação do estado nutricional utilizados neste estudo (IMC/I, P/I e %GC). A realização de natação por um período de tempo prolongado não impede por si só que a criança acumule peso em excesso. Outros fatores como a prática de outras atividades físicas além da natação e os hábitos alimentares adequados têm influência no estado nutricional das crianças.
Devido à restrições no tempo da pesquisa, uma avaliação mais aprofundada tanto da ingestão alimentar, como do gasto energético das população estudada, não pôde ser realizada. Portanto, é necessária uma investigação nesse sentido, a fim de identificar os fatores determinantes do excesso de peso nesta população.
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