Escolinha de futebol e futebol na escola La escuela de fútbol y el fútbol en la escuela |
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*Licenciado em Educação Física pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC, SC) Professor da Escola de Futebol de Meleiro, SC. Projeto Tigrinhos **Professor Mestre do curso de Educação Física da Universidade do Extremo Sul Catarinense |
Giliardi da Silva Hermenegildo* Carlos Augusto Euzébio** (Brasil) |
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Resumo O presente estudo buscou verificar as contribuições do conhecimento desenvolvido nas escolinhas de futebol e nas aulas de Educação Física para crianças de 7 a 13 anos. Tendo como problema quais as influências das escolinhas de futebol no trato do conhecimento do futebol nas aulas de Educação Física? Para realizar este estudo optamos por uma pesquisa de campo, sendo consolidada com os mesmos que estavam de acordo a realizar a pesquisa, nesse caso o total de amostra foi de dezessete alunos. Pretendendo analisar o processo de ensino-aprendizagem do futebol, procuramos evidenciar como o ensino do saber futebolístico deve ser compreendido nos diferentes espaços, tanto na escolinha de futebol quanto nas aulas de Educação Física. Procuramos traçar, deste modo, um estudo comparativo para assim mostrar como a aprendizagem do futebol envolve mais do que o jogo pelo jogo. Unitermos: Futebol. Ensino-aprendizagem. Escolinha de futebol. Aulas de Educação Física.
Artigo produzido a partir do trabalho de conclusão de curso Licenciatura em Educação Física em 2010.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Futebol é o esporte mais popular do mundo e sempre fez parte da minha infância, adolescência e continua até hoje. Os primeiros chutes em uma bola foram registrados em diferentes povos da Antigüidade. Através de relatos escritos ou pinturas, os japoneses fazem menção a um jogo chamado “KEMARI”. Praticado no Japão, é uma variante de um jogo oriundo da China, 2.700 a. C., onde os escritores da época Tao Tse e Yang Tse registram um tipo de jogo em que a bola deveria passar de pé em pé sem tocar o solo e sem objetivo do gol. (FRISSELLI e MONTOVANI, 1999).
Conforme os relatos da época os romanos, adotaram o jogo, que agradou as tropas, pelo seu caráter competitivo e violento. Em civilizações nativas das Américas, esse jogo com bola, sendo ou não semelhante ao futebol atual, eram muito popular entre os índios e tinham um caráter recreativo e não violento como na Europa.
Com o Renascimento, no século XVI, surgiu em Florença, na Itália, uma competição denominada cálcio, realizada anualmente no dia de São João, que muitos consideram a primeira versão do futebol moderno.
Os campeonatos regidos por uma associação esportiva que representa os interessem dos times surgiu em meados do século XIX na Inglaterra, que vincula em nosso meio até os dias de hoje. (PRONI, 2000).
Para Giulianotti (2002), o futebol funcionava para manter a ordem social e integrar os indivíduos no âmbito local. De modo geral, o futebol alimentava um forte sentimento de solidariedade social. Os jogos eram realizados assim: paróquia contra paróquia, uma parte da cidade contra outra, solteiros contra casados, mulheres casada contra mulheres solteiras, escola contra escola, ou cidade contra campo. Essa manifestação esportiva está cada vez mais forte e vem sendo um agente mobilizador de pessoas nesta sociedade moderna.
No Brasil o futebol foi introduzido por um paulista, Charles Miller, que estudara na Inglaterra. Em 1894, tomada de um grande entusiasmo por tal esporte, Miller trouxe duas bolas, camisas e demais materiais indispensáveis à prática desse jogo. No ano seguinte, já se realizavam os primeiros jogos. (FRISSELLI e MONTOVANI, 1999).
Após toda divulgação do futebol no país, impõe-se a organização de uma entidade, que viria a ser chamada de Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atualmente se chama CBF Confederação Brasileira de Futebol. (BORSARI, 1989).
As maiores conquistas do futebol brasileiro foram os cinco títulos mundiais da FIFA (Federation Internation Football Association - Federação Internacional de Futebol): em 1958, na Suécia; em 1962, no Chile; em 1970, no México; em 1994, nos Estados Unidos e em 2002, no Japão.
Seus requisitos básicos são simples e não muito numerosos, proporciona uma atividade física bastante variada, favorece o desenvolvimento social do indivíduo através da necessidade de colaboração, permite ações individuais e coletivas de grande habilidade.
Segundo Borsari (1989), futebol é uma modalidade de jogo esportivo, praticado por duas equipes com 11 jogadores cada, na qual somente o goleiro pode pegar a bola com as mãos e em sua grande área, jogado em campo de grama, utilizando uma bola, pelo período de 90 minutos divididos em dois tempos de 45 minutos, e cujo objetivo é fazer a bola entrar na baliza adversária.
O futebol está integrado à cultura brasileira, portanto, observa-se o grande número de praticantes desse esporte nas mais diferentes faixas etárias e com objetivos distintos. Muitos o praticam dentre outros fatores, como simples meio de lazer ou recreação, alguns como promoção da saúde e muitos, principalmente crianças e adolescentes, com perspectivas de se tornarem profissionais.
Adentrando nesse universo, dúvidas surgiram, e nos remetem a pensar sobre o que é desenvolvido nessas escolinhas e quais as suas finalidades. Portanto, pode-se questionar: se as escolas de esportes estão proliferando e ampliando suas atuações para várias modalidades, quais devem ser os objetivos do trabalho nessas escolinhas não formais de ensino? Para Freire, (2003, p. 08), “é prática comum, tanto no futebol de várzea ou de rua, como nos clubes ou escolinhas, dar atenção somente àqueles que, por algum motivo, apresentam maiores habilidades”.
Segundo Voser e Giusti (2002), a criança tem o futebol presente tanto na vida escolar quanto fora dela e mesmo durante os pequenos intervalos de recreio e entrada escolar, se deparam com o jogo. Muitas vezes, de forma brilhante, esse jogo é criado por elas mesmas e tem suas próprias regras, sendo realizado em pequenos espaços e com material alternativo, como bolas de papel, de meia, latas, tampinhas entre outras coisas. Isso possibilita momentos de proezas físicas, como a imprevisibilidade do drible, a harmonia de jogadas coletivas. É uma atividade que aplicada na escola com uma boa orientação não é apenas saudável para quem pratica como também a quem assiste.
Para Garganta (apud REZER, 2005), o ensino dos esportes coletivos deveria despertar o interesse nos praticantes, através de formas jogadas e motivam-te, que implicam situações-problema que contenham as características fundamentais do jogo. O ponto crucial não é a competição para crianças e adolescentes, mas a orientação para uma boa aula de Educação Física, na intenção de ensinar as crianças e jovens à tolerância e a aceitação das diferenças individuais. “Nesse pensamento ainda está longe o dia em que maioria das escolas irá encarar o futebol como mais um jogo de bola, no qual o importante é ver a alegria da criança brincando”. (VOSER e GIUSTI, 2002, p. 94).
O futebol descomprometido com a vitória e com o confronto facilitaria o aprendizado de meninos, meninas e de crianças com menor experiência motora, que, pelo conhecimento do jogo, com certeza desenvolveriam aspectos motores afetivos e cognitivos.
Segundo Rezer (2006), o caminho que o esporte de alto rendimento vem tomando, sua relação com desenvolvimento do processo civilizatório, e suas influências nos espaços de intervenção pedagógica das escolinhas precisam ser postos na mesa para uma discussão mais aprofundada.
“O problema que as crianças encontram hoje, no meio competitivo das escolinhas é que a participação delas no futebol está além do interesse da própria criança, pois tem o envolvimento de pessoas com diferentes interesses”. (REZER, 2005. p. 59). Estes interesses são de treinadores, dirigentes e muitas vezes sem conhecimento e até mesmo dos pais que vão além dos seus sonhos frustrados de não ter sido um jogador profissional. Tais discussões alimentaram a construção do seguinte objetivo: verificar as contribuições do conhecimento desenvolvido nas escolinhas de futebol e nas aulas de Educação Física para crianças de 7 a 13 anos.
Métodos
Tratou-se de uma pesquisa de campo, que segundo Minayo (2004), é um recorte que o pesquisador faz, em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada, a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação.
O trabalho foi desenvolvido com base nas experiências dos alunos na escolinha de futebol, realizada em uma escola do ensino público no município de Meleiro, e foi motivado pelo complexo confronto entre o ensino do futebol na escolinha e pelo ensino nas aulas de educação física. Foi definida como critério para aplicação do questionário a seleção de ex-alunos do pesquisador no período em que foi treinador na escolinha de futebol.
Os dados foram coletados através de questionários com perguntas abertas e fechadas, composto por treze questões referentes ao conhecimento dos alunos, aos conteúdos e aos objetivos propostos pelo pesquisador. Segundo Molina e Triviños (2004), perguntas aberta permite o entrevistado dê qualquer resposta e também quando o investigador não tem idéia de qual será a resposta, e perguntas fechadas, em contrapartida, somente permitem respostas específicas. Sendo realizada no dia dezoito de maio de dois mil e dez, no período matutino, numa escola pública municipal de Meleiro. Sendo consolidada com os mesmos que estavam de acordo a realizar a pesquisa, nesse caso o total de amostra foi de dezessete alunos. Este número foi definido em função da escolinha ter o número de cento e cinqüenta alunos no período em que o pesquisador atuou como professor, representando cerca de doze por cento da população.
O produto final da análise de uma pesquisa, por mais conclusiva que possa ser, deve ser sempre encarada de forma transitória e aproximativa, pois se tratando de ciência, as afirmações podem ser superadas e superar. (MINAYO, 2004).
Análise dos dados
Participaram da pesquisa espontaneamente dezessete alunos do sexo masculino da rede pública municipal de Meleiro. Estes eram ex-alunos do pesquisador na escolinha de futebol da cidade. Entre os dezessete alunos havia um com oito anos, dois com nove anos, dois com dez anos, três com onze anos, três com doze anos e seis alunos com treze anos.
Figura 1. Faixa etária - Fonte: Da Silva (2010)
Inicialmente o pesquisador expôs brevemente sobre a pesquisa esclarecendo as dúvidas, porém tendo cuidado para não interferir na compreensão dos alunos acerca da temática da pesquisa. Também houve a ajuda da professora de Educação Física da escola.
A aplicação do questionário durou cerca de vinte minutos e a maioria dos participantes foi bastante colaborativa quanto à aplicação, mostrando interesse. Destacamos a fala de um ex-aluno dias antes da pesquisa: “o Gi, quando que nós vamos fazer aquelas perguntas?”. “Bah Gi, é uma prova?”.
Dentre os participantes, seis estava há um ano na escolinha, dois alunos há dois anos, cinco alunos há três anos, um aluno há quatro anos e três alunos estava há cinco anos. Com relação aos ídolos no futebol tivemos alguma surpresa, como ídolos do passado e do presente, com um voto apenas tivemos: André (Santos), Dagoberto (São Paulo), Marcos (Palmeiras), Robinho (Santos), Guinazul (Internacional) e o Rei Pelé, com dois votos Borges (Grêmio) e com quatro votos Ronaldinho Gaúcho (Milan). Um dos mais votado foi jogador Ronaldinho Gaúcho o qual possui uma habilidade extraordinária e apresenta muitos dribles novos que as crianças adoram e o que mais está presente na mídia. Mas, o que mais chamou atenção foi que em um país com grandes jogadores de futebol o que mais recebeu votos foi o argentino Messi (Barcelona) com cinco votos. Podemos ressaltar mais uma produção proveniente das diversas relações do esporte na mídia. Levanta-se como hipótese a influência crescente da mídia. Muito deles são estrelas que alcançaram essa magnitude através de proezas realizadas dentro de campo, sem qualquer tipo de interesse econômico e politico.
Figura 2. Ídolo no futebol. Fonte: DA SILVA (2010)
Quando perguntado na questão 1 sobre o local da prática do futebol, obtivemos as seguintes respostas:
Figura 3. Onde você pratica o futebol. Fonte: DA SILVA (2010)
Quatro alunos apontaram que o único local de prática do futebol é a escolinha. Nesse sentido compreende-se que não praticam o futebol em outros espaços sociais e surpreendentemente não tem o futebol como conteúdo da Educação física. Um dos alunos apontou além da escolinha, o pátio em frente de casa. Esse dado contradiz, contudo, boa parte dos questionários. Nove alunos responderam que o futebol é praticado na escola, sendo que cinco destes ainda identificam outros espaços de prática como na rua, frente da escola, campo de futebol nos finais de semana, etc.
Três alunos curiosamente não apontaram praticar futebol na escolinha de futebol. Um destes justificou não participar mais da escolinha por decisão dos pais.
Os outros dois questionários permanecem como uma incógnita, porém o pesquisador considera a hipótese dos alunos não terem compreendido a pergunta.
Na questão 2, perguntamos o que os alunos aprendem na escolinha de futebol.
Figura 4. Aprendem na escolinha de futebol. Os participes optaram por mais de uma resposta. Fonte: DA SILVA (2010)
Dos questionários analisados, 12 alunos responderam que aprendem mais o aperfeiçoamento dos fundamentos do futebol, (passe, domínio, chute, cabeceio, marcação, posicionamento...). Quatro alunos além de aprenderem os fundamentos, optaram também pelo sistema tático, nessa perspectiva o futebol na escolinha não vem sendo ensinado somente o jogo e sim uma forma correta de jogar futebol para participar de competições. Um dos alunos assinalou a opção “outros”, aprende os fundamentos e sistema tático, e diz que “menos só joga???”. Querendo dizer que não apenas jogar futebol na escolinha, que além de jogar também é orientado a fazer outros exercícios para que depois jogue o futebol. Prevalecendo não apenas o jogo pelo jogo, tendo a importância de aprender a jogar futebol de forma correta.
Na questão 3, foi perguntado quais os conteúdos eram abordados nas aulas de educação física em sua escola.
Figura 5. Conteúdos. Os participes optaram por mais de uma resposta. Fonte: DA SILVA (2010)
Três alunos responderam que realizam apenas futebol, em suas aulas de educação física, compreende-se que o professor não utiliza outros temas, como basquetebol, voleibol, ou brincadeiras motivam-te, etc. Mas, seis alunos apontaram que além do futebol, praticam o vôlei e o handebol, é relevante lembrar que estudam no mesmo local, constituindo uma clara contradição entre os alunos ou professores diferentes. Dois alunos apontaram que aprendem o vôlei, handebol, futebol e ginástica, porém o pesquisador entende que os mesmos responderam ginastica alegando os alongamentos e exercícios antes de começar as aulas de educação física. Sendo que dois alunos optaram pela opção outros, um aluno comentou que realiza todos os itens a cima (vôlei, basquete, futebol e handebol) e um aluno questionou que não joga basquete. Para finalizar dois alunos responderam que além do futebol, sendo a preferência de todos, tem como conteúdos o vôlei, basquete, handebol, ginástica e luta. Percebe-se ainda forte presença do Esporte, refletindo-se sobre as diversas possibilidades educativas. Um aluno indicou que além do futebol, vôlei e handebol teve como conteúdo o atletismo. Dos questionários um aluno respondeu que pratica vôlei e futebol em suas aulas de educação física, não é de hoje que o esporte vem sendo difundido por intermédio das aulas de Educação Física. Sendo que alguns dos participes optaram por mais de uma resposta.
Na questão 4, foi perguntado qual o esporte você prefere aprender nas aulas educação física?
Figura 6. Esporte. Fonte: DA SILVA (2010)
Doze alunos apontaram que preferem aprender o futebol nas aulas educação física, compreende-se a preferência ou interesse em conhecer o esporte ou apenas jogar por jogar. O esporte mais difundido no Brasil é o futebol, conhecido como paixão nacional. A mídia consegue relaciona a imagem dos grandes ídolos e a apresentação de um grande evento esportivo “Copa do Mundo 2010”, e provoca a identificação desejada com o público e as produções relacionadas à figura do ídolo. Dois alunos apontaram o futebol e futsal, embora sejam modalidades esportivas com gestos motores semelhantes, as diferenças nas dimensões do local da dinâmica do jogo geram demandas fisiológicas distintas. Um aluno apontou que prefere o futsal, percebo pelo espaço que são utilizados nas aulas e também pelo jogo que torna mais participativo tendo mais contato com a bola. Um aluno apontou a preferência de aprender o futebol e o basquete o último vejo de praticar um esporte novo, o qual não é muito praticado na escola. Um aluno prefere o basquete, que deixou curioso o pesquisador, que na escola não existe quadra para a prática do esporte, apenas uma cesta colocada no pátio que é usado no recreio com essa resposta acredito uma influência da mídia.
Perguntado na questão 5, se existe diferença na forma que o futebol é ensinado nas escolinhas e durante as aulas de Educação Física.
Figura 7. Diferença no futebol. Fonte: DA SILVA (2010)
A grande maioria dos questionários respondeu que “sim’, é diferente o ensino na escolinha de futebol, do que ele aprende na escola, quatorze alunos apontou essa diferença alegando que na escolinha tem “preparação física”, e sete alunos que optaram por sim apontaram que na escola só jogam futebol não tendo nenhum conhecimento sobre o jogo, e mostram que na escolinha fazem mais exercícios físicos, fundamentos, alongamentos, etc. “Na escolinha é mais exercícios e na aula de educação física é mais jogado”, “Na escolinha aprende mais, a educação física, só joga futebol direto”. Um aluno, entre os quatorze optaram pelo “sim”, o pesquisador considera que compreendeu a pergunta dizendo que, “Na escolinha você joga para vencer e nas aulas para participar!”. Com essa afirmação vimos como o futebol poderia ser mais debatido em aula, pois são muito ricos os saberes que o cercam aproveitando os diálogos durante as aulas de educação física. Três alunos apontaram não há diferença entre o futebol ensinado nas aulas de educação física e o ensinado na escolinha, sendo que dois alunos responderam que “porque é mais fácil”, e “porque na escola eu aprendo diferentes formais e na escolinha eu aprendo as coisas mais diferentes”, porém o pesquisador considera que não compreenderam bem a pergunta pelas respostas que deixaram.
Na questão 6, perguntamos o que eles mais gostam na escolinha de futebol e o futebol nas aulas de Educação Física.
Figura 8. Escolinha de futebol. Fonte: DA SILVA (2010)
Figura 9. Escola. Fonte: DA SILVA (2010)
Sete alunos apontaram que só gostam de jogar futebol na escolinha. Três alunos responderam que gostam de jogar os campeonatos entre as escolinhas. Um dos alunos apontou os coletivos, um dos alunos que além dos coletivos também as atividades de fundamentos. Um aluno apontou que gosta dos exercícios feitos na escolinha. Um aluno gosta de cobrança de pênalti, um deles apontou a atividade de chute a gol. Um aluno respondeu que gosta de sair para jogar. Pode-se afirmar que na visão do pesquisador o futebol na escolinha está muito restrito, deve valorizar mais o aprendizado deste esporte que é tão rico em conteúdo, não ficando apenas o jogo pelo jogo. Treze alunos apontaram que gostam de jogar futebol nas aulas de educação física, mostra a preferência, como vimos na questão 8, uma paixão nacional. Ressaltando por ser algo valorizado socialmente, o uso do futebol nas aulas de educação física, significa isso uma facilidade pedagógica. Dois alunos responderam que gostam de chute a gol. Um deles apontou que aprende sistema nas aulas de educação física. Um aluno apontou que nas aulas gosta, “quando ganhamos e se divertimos”, compreendo a falta de conteúdo aplicada pelo professor durante as aulas de educação física. Nesse princípio vejo uma acomodação, porque o futebol tem suas regras, que precisam ser seguidas.
Conclusão
Diante das respostas obtidas pelos alunos em nossa pesquisa, fica evidente, que os conteúdos da Educação Física escolar são, predominantemente, voltados à prática desportiva. Podemos destacar alguns pontos que nos dão sustentação para uma reflexão, para a prática da Educação Física em ambientes escolares. A falta de conhecimento por parte dos alunos sobre os conteúdos que podem e deveriam ser trabalhados nas aulas de educação física. Então, de modo geral, o esporte educacional é muito mal compreendido pelos alunos e pelos educadores.
Este trabalho não tem a intenção de ser um modelo pronto de crítica à forma de aplicação do Futebol na escola, mas sim de ser uma apresentação de uma perspectiva mudança nas aulas de Educação Física, abordando um esporte em que é possível a participação de todos. O conteúdo se restringe, via de regra, ao futebol, e este é aplicado de uma forma em que os alunos muitas vezes não imaginam o porquê da sua prática e como vai repercutir em sua vida.
Uma diferença encontrada que a escolinha é apontada como melhor do que as aulas de Educação Física, porque o treinamento tem um tempo maior de duração, reservando, portanto mais tempo para a realização de jogos e atividades especificas para o futebol. O jogo é considerado a atividade de maior expectativa e interesse dos alunos. Vale ressaltar o que os alunos querem mesmo é ter o prazer e alegria de jogar, é o que fala mais alto do que todo o conhecimento que traz o futebol, e passar tudo isso a uma criança não seria o certo e sim atividades recreativas onde eles possam adquirir sua coordenação motora, através do jogo, brincadeiras, etc.
O professor deve influenciá-los em relação às ações sociais e culturais no âmbito esportivo e questionar o verdadeiro sentido do futebol, e através de uma visão crítica. Ensinando com brincadeiras, com diversão, com carinho, com atenção, com liberdade, possivelmente isso ficará guardado para sempre.
A indisciplina de boa parte dos alunos, seja ela na escola ou fora dela, é fruto do desserviço que alguns pais e professores insistem em praticar na formação dos alunos. Isso se da pelo desrespeito a regras e a uma vida regrada tem clara relação com a negligência dada à educação destes jovens quando ainda se é possível educar. Quando adultos, resta aceitar e tentar tolerar.
Sabendo do conhecimento de cada um, deixo os seguintes questionamentos para os leitores:
Para que servem os conhecimentos que oferecemos?
Que resultado esperou destes conhecimentos para a pessoa e para a sociedade?
Referências
BORSARI, José Roberto. Futebol de campo. São Paulo, SP: EPU, 1989.
FREIRE, João Batista. Pedagogia do futebol. Campinas, SP. Autores associados. 2003.
FRISSELLI, Ariobaldo. MONTOVANI, Marcelo. Futebol: Teoria e Prática. São Paulo, SP: Phorte. 1999.
GIULIANOTTI, Richard. Sociologia do futebol – dimensões históricas e sócio-culturais do esporte das multidões. Tradução de Wanda Nogueira Caldeira Brant e Marcelo de Oliveira Nunes. São Paulo, SP: Nova Alexandria, 2002.
GOMES, Antonio Carlos. SOUZA, Juvenilson de. Futebol: Treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes. 23 ed. 2004.
MOLINA NETO, Vicente. TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. (Org). A pesquisa qualitativa na Educação Física: Alternativas metodológicas. 2ª ed. Porto Alegre, RS: UFRGS. 2004.
PRONI, Marcelo Weishaupt. A metamorfose do futebol. Campinas, SP: Unicamp. IE, 2000.
REZER, Ricardo (Org.). O fenômeno esportivo: Ensaios crítico-reflexivos. Chapecó, SC: Argos, 2006.
REZER, Ricardo; SAAD, Michel A. Futebol e futsal: possibilidades e limitações da prática pedagógica em escolinhas. Chapecó, SC: Argos/UNOCHAPECÓ, 2005.
VOSER, Rogério da Cunha. GIUSTI, João Gilberto. Futsal e a Escola: uma perspectiva pedagógica. Porto alegre, RS: Artmed. 2002.
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Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires,
Octubre de 2012 |