efdeportes.com

Indicadores antropométricos relacionados à composição corporal de
praticantes de musculação de academias
da cidade de João Pessoa, Paraíba

Indicadores antropométricos relacionados con la composición corporal de practicantes
de musculación de gimnasios de la ciudad de Joao Pessoa, Paraíba

Anthropometric indicators related to body composition of bodybuilding practitioners
of fitness centers in Joao Pessoa, Paraiba

 

*Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ) João Pessoa, PB

**Laboratório de Avaliação Física Unipê/Sanny, João Pessoa, PB

(Brasil)

João Carlos Batista Curioso*

Renan Lobo Santana da Silva*

Eronaldo de Sousa Queiroz Júnior*

Luciano Meireles de Pontes**

j.curioso@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi analisar as variáveis antropométricas relacionadas à composição de praticantes de musculação de academias de ginástica de João Pessoa (PB). Material e métodos: o estudo transversal e descritivo enquadrou indivíduos de ambos os sexos, participando 363 sujeitos, 218 mulheres (29,6±12,1anos) e 145 homens (26,4±12,0anos), matriculados em quatro academias de ginástica registradas no CREF 10 PB/RN e localizadas em João Pessoa. A coleta dos dados foi realizada através das fichas de avaliação física cedidas pelas academias de ginástica. As variáveis analisadas foram: massa corporal (MC), estatura (EST), circunferência da cintura (CC) e dobras cutâneas (tríceps, subescapular, supra-ilíaca e abdômen). Para determinar à estimativa da gordura relativa (%G) utilizou-se o protocolo proposto por Faulkner (1968). A classificação dos valores da composição corporal seguiu as recomendações da OMS (1997) para o índice de massa corporal (IMC), o %G classificou: homens 15% e mulheres 25% “adequado”; valores superiores indicaram “excesso”; a CC isolada foi classificada em “normal” e “risco” segundo IDF (2005). O plano analítico utilizou estatística descritiva e inferencial mediante o uso do software SPSS versão 16.0. Resultados: Os valores médios foram: homens: IMC 24,6±4,5kg/m2, %G 19,3±6,5%, CC 84,3±12,6cm; mulheres: IMC 23,1±4,3kg/m2, %G 24,7±6,0%, CC 76,5±12,5cm. Em termos gerais, as classificações dos indicadores antropométricos evidenciaram: no IMC 7,2% baixo peso, 68,9% eutrofia, 23,4% sobrepeso e 7,7% obesidade; no %G: 63,1% estão adequados e 36,9% apresentam excesso de tecido adiposo; na análise da CC isolada observou-se que 70,2% estão normais e 29,8% têm deposição de gordura centralizada. Conclusão: os participantes deste estudo apresentaram prevalências de desequilíbrio nutricional, gordura abdominal e enquadram um elevado percentual de classificações em excesso de gordura quando considerado o %G.

          Unitermos: Antropometria. Composição corporal. Obesidade.

 

Abstract

          The purpose of this study was to analyze the anthropometric variables related to the body composition of the practitioners of fitness centers in João Pessoa (PB). Material and methods: The cross-sectional descriptive study displayed individuals of both genders, participated 363 subjects, 218 women (29.6 ± 12.1 years) and 145 men (26.4 ± 12.0 years) enrolled in four fitness centers registered in CREF 10 PB/RN and located in the city of João Pessoa. Data collection was performed through the evaluation sheets provided by fitness centers. The analyzed variables were: body mass (BM), height (HEI), waist circumference (WC) and skinfolds (triceps, subscapular, suprailiac and abdomen). To determine the estimation of relative fat (%F) using the protocol proposed by Falkner (1968). The classification of the values of body composition followed the recommendations of WHO (1997) for body mass index (BMI), the %F was classified as: men 15% and women 25% "appropriate", higher values indicate "excess"; the isolated CC was classified as "normal" and "risk" according to IDF (2005). The analytical plan used descriptive and inferential statistics using the SPSS software version 16.0. Results: The mean values were: men: %F 19.3±6.5%, BMI 24.6±4.5kg/m2, WC 84.3±12.6cm; women: %F 24.7±6.0%, BMI 23.1±4.3kg/m2, WC 76.5±12.5cm. Overall, the scores of anthropometric indicators showed: BMI 7.2% in low weight, 68.9% normal, 23.4% overweight and 7.7% obesity, in %F: 63.1% are adequate and 36,9% have excess fat, the analysis of isolated WC showed that 70.2% are normal and 29.8% have central fat deposition. Conclusion: The participants of this study showed prevalence of nutritional imbalance, abdominal fat and high percentage of ratings in excess of fat when considering the %F.

          Keywords: Anthropometry. Body composition. Obesity.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    No contexto atual, os exercícios físicos, principalmente a musculação, ocupam um espaço de destaque, tanto na busca da estética, quanto na prevenção e reabilitação de doenças crônicas não-transmissíveis, além de promover uma melhora na qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etárias.

    Nas últimas décadas, têm sido crescente a procura de academias de ginástica por parte do público feminino. Segundo informações de Guedes (2003), no início os sujeitos procuravam os estabelecimentos de ginástica eram de faixas etárias mais jovens e procuravam primordialmente a beleza do físico. Atualmente, além da busca à estética, indivíduos de todas as idades estão procurando a atividade física, inclusive a musculação com o objetivo de melhorar a aptidão física e saúde.

    Notadamente, baixos níveis de prática de atividade física corroboram com o crescimento dos problemas nos índices da composição corporal, principalmente as elevadas taxas de sobrepeso e obesidade, que constituem um verdadeiro problema de saúde pública.

    Neste contexto, os índices de sobrepeso e obesidade têm crescido de forma assustadora em diversos países industrializados e em desenvolvimento, o que tem tornado o controle da quantidade de gordura corporal, uma das principais preocupações de vários órgãos de saúde pública (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2003; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS, 1997).

    No Brasil, apesar da escassez de dados atualizados e que sejam representativos da população nacional, o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN, 1997), publicou já a mais de uma década que cerca de 32,0% da população adulta apresenta algum grau de sobrepeso, destes, 38% são mulheres e 27,0% são homens.

    Sobre os benefícios dos exercícios físicos, autores como Nascimento, Pontes e Sousa (2007), Wernik, Pontes e Fernandes Filho (2007), vêm pesquisando em termos nacionais sobre a eficiência e eficácia da prática regular na diminuição do peso da massa corporal e dos outros indicadores importantes com a porcentagem de gordura e centralização da massa adiposa.

    Para Guedes e Guedes (2006), estudos relacionados à análise da composição corporal vêm sendo comumente realizados em várias populações sejam de desportistas ou do público em geral. Nesta perspectiva, a técnica antropométrica por meio das medidas de perímetros, diâmetros e espessuras de dobras cutâneas, vem recebendo importância e tem sido um recurso bastante utilizado na quantificação dos componentes corporais. O método antropométrico apresenta algumas vantagens em relação a outros métodos, principalmente pelo baixo custo, material simples, rapidez e facilidade na coleta de dados, aplicabilidade em grandes populações e também por ser um método não-invasivo (LEITE, MULINARI e CARVALHO, 2003).

    Em termos nacionais, estudos sobre os índices da composição em sujeitos de ambos os sexos, são pertinentes, pela importância de se produzir pesquisas voltadas para a investigação das condições de saúde e seus principais fatores associados, principalmente abrangendo grandes populações. Assim, com base no exposto, este estudo tem como objetivo analisar as variáveis antropométricas relacionadas à composição corporal de praticantes de musculação de academias de ginástica de João Pessoa (PB).

Objetivos específicos

Material e métodos

    A pesquisa foi caracterizada como um estudo transversal, devido à necessidade de um único momento para a coleta das informações que contou com dados primariamente já coletados pelas academias de ginástica e que foi disponibilizado para a realização do presente estudo. E teve caráter descritivo por ter o intuito de apenas descrever as características observadas na casuística. Foi utilizada uma abordagem meramente quantitativa (THOMAS, NELSON e SILVERMAN, 2007).

População e amostra

    A população de estudo foi representada por todos os indivíduos que apresentam hábito de prática de atividade física e que estavam matriculados em academias de ginástica entre os anos de 2006 e 2008. A amostra foi composta por 363 sujeitos de ambos os sexos devidamente matriculados em quatro academias de ginástica localizada na região de médio e alto poder aquisitivo da cidade de João Pessoa (PB). A média de idade dos estudados foi de 29,6±12,1anos no sexo feminino e 26,4±12,0anos no masculino, sendo todos iniciantes na prática de musculação (entre 1 e 3 meses de treino). O processo de seleção da amostra foi realizado mediante procedimento de amostragem não probabilística. O critério de inclusão foi ter idade entre 19 e 49 anos e ter no máximo três meses de treinamento.

Instrumentos e variáveis incluídas no estudo

    Por questões metodológicas os autores desta pesquisa optaram por analisar e incluir neste estudo variáveis antropométricas que fossem avaliadas pelas academias seguindo procedimentos e protocolos semelhantes e instrumentos da mesma marca e modelo. Desta forma, foram estudados:

  • Massa corporal: a mensuração realizou-se por meio de balança mecânica Filizola (capacidade de 150 kg e resolução em 100 g). Para a determinação da medida o avaliado foi pesado com o mínimo de roupa possível e descalça, posicionando-se cuidadosamente sobre a plataforma da balança, pondo um pé de cada vez no centro do instrumento de medida, em posição ereta, os pés afastados a largura dos quadris, o peso distribuído igualmente em ambos os pés, os braços lateralmente ao longo do corpo e o olhar em um ponto fixo à sua frente.

  • Estatura: Foi mensurada através de um estadiômetro portátil modelo Sanny (210 cm e precisão em 0,1 mm). O avaliado estava descalço, posicionado de pé, de forma ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os calcanhares unidos e as pontas dos pés afastadas aproximadamente em 60º entre si, o peso corporal distribuído igualmente sobre ambos os pés e a cabeça orientada no plano de Frankfurt paralelo ao solo. No momento da definição da medida, o avaliado manteve-se em apnéia inspiratória e com as superfícies posteriores dos calcanhares, da cintura pélvica, da cintura escapular e da região occipital em contato com a escala de medida.

  • Estado nutricional: foi utilizado o IMC calculado a partir da divisão da massa corporal pela estatura (em metros) ao quadrado. Para a classificação do IMC foram seguidos os pontos de corte propostos pela OMS (1997), considerando a obesidade a partir do nível I (PONTES e SOUSA, 2009), onde: IMC inferior a 18,5 kg/m2 representa “baixo peso”; IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2 “normalidade”; IMC entre 24,9 kg/m2 e 29,9 kg/m2 “sobrepeso”; e IMC superior a 30,0 kg/m2 “obesidade”.

  • Porcentagem de gordura (%G): Seguiu-se o método de dobras cutâneas, conforme o protoloco de Faulkner (1968) citado por Fernandes Filho (2003). As dobras cutâneas (tríceps, subescapular, supra-ilíaca e abdômen) foram mensuradas no hemicorpo direito, estando a avaliada em posição ortostática com a musculatura relaxada. Para tal, foi utilizado um adipômetro científico modelo Sanny (pressão aproximada de 10mm2 e divisão de 0,1mm). Todas as padronizações utilizadas na mensuração das variáveis antropométricas seguiram as recomendações da Organização Mundial de Saúde (1997). Para a classificação do %G, optou-se de maneira simplista por classificar normalidade no sexo masculino (♂) em 15% e feminino (♀) 25%. Valores superiores a estes indicaram “excesso de tecido adiposo”.

  • Gordura centralizada: Optou-se por verificar a CC isolada: para a medição da CC a avaliada foi posicionada de frente para o avaliador, a medida foi determinada no plano horizontal, no ponto coincidente com a distância média entre a última costela flutuante e a crista-ilíaca. A mensuração foi realizada ao final de uma expiração normal, sem compressão da pele. O ponto de corte para classificação de “risco aumentado” para obesidade central foi: no sexo masculino (♂) CC > 90 cm e feminino (♀) > 80,0cm (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2005).

Procedimentos para a realização da pesquisa

    Os procedimentos seguiram a seguinte ordem: inicialmente foi feito contato e pedido a autorização para a realização da coleta das informações dentro do ambiente das academias de ginástica, mediante a assinatura de um Termo de Autorização pelos proprietários dos estabelecimentos desportivos. Após a autorização por escrito, procedeu-se a coleta com a seleção das fichas de avaliação física dos alunos matriculados que se enquadraram no perfil delineado nos critérios de inclusão do estudo. As avaliações antropométricas foram realizadas durante o período de janeiro de 2006 a dezembro de 2008 nas salas de avaliação física das academias de ginástica selecionadas para este estudo

Análise dos dados

    O plano analítico utilizou estatística descritiva para valores de média, desvio padrão, mínino, máximo, dados percentuais e análise inferencial por meio de teste de probabilidade “t” de Student e o coeficiente de correlação “r” de Pearson. Para tanto foi utilizado o software Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 16.0 for Windows.

Resultados

    Para melhor caracterizar o perfil dos participantes deste estudo, foi analisado com que objetivos os sujeitos ingressaram no treinamento físico nas academias. Desta forma, foi observado que, 51,6% têm como objetivo a obtenção de hipertrofia muscular e 41,9% emagrecimento.

    A Tabela 1 expõe descritivamente as variáveis antropométricas. O perfil visto enquadra valores dentro da expectativa e do padrão de outras publicações com praticantes de atividades de academias de ginástica desta faixa etária (WERNIK, PONTES e FERNANDES FILHO, 2007). Em relação ao IMC, a média classifica ambos os sexos dentro do parâmetro preconizado para um melhor estado nutricional (IMC < 25,0kg/m2). Situação semelhante é vista na porcentagem média de gordura que apresenta condição dentro da média (♂ 15% e ♀ 25%). A medida perimétrica da cintura apresenta médias normalizadas (♂ < 90 cm e ♀ < 80,0cm).

Tabela 1. Distribuição dos valores de média, desvio padrão, mínimo e máximo das variáveis antropométricas: idade, massa corporal, estatura, gordura relativa (%G), IMC e CC (n=363)

    A Tabela 2 apresenta a distribuição relativa do estado nutricional. Os dados classificados evidenciam a maioria em condição de normalidade, porém houve valores prevalentes de baixo peso, sobrepeso e obesidade.

Tabela 2. Estado nutricional em ambos os sexos

    A Tabela 3 abaixo expõe a classificação dos níveis de gordura relativa à massa corporal. Os desportistas de academias de ginástica mostraram em sua maioria uma classificação acima da média e risco à obesidade.

Tabela 3. Percentual de gordura corporal em ambos os sexos

    No tocante a distribuição da gordura corporal, este estudo optou por analisar a CC isolada da cintura. Foi evidenciado apresentou um percentual mais elevado de mulheres com gordura central.

Tabela 4. Distribuição da deposição da gordura corporal em ambos os sexos

    Entre as correlações (Tabela 5) foram observados maiores índices entre IMC X CAB, IMC X massa corporal e IMC X CC (associações diretas). As relações entre IMC X %G, IMC X idade, também se mostraram diretas, porém mais fracas em relação à sensibilidade. O IMC X estatura apresentou associação inversa e baixa

Tabela 5. Coeficiente de correlação “r” de Pearson entre o IMC, idade e variáveis antropométricas

Discussão

    A tecnologia trouxe o progresso e, junto ao avanço, um estilo de vida menos ativo e mais sedentário, propiciando doenças associadas à hipocinesia (falta de atividade física). Entretanto, os indivíduos vêm se conscientizando da importância da prática de atividades físicas, sendo que diferentes são as razões para tal adesão, dentre elas, a estética, a saúde, o treinamento esportivo de rendimento e a qualidade de vida. Segundo as informações citadas por Fernandes, Novaes e Dantas (2004), as opções para quem busca iniciar em uma atividade física são muitas, sendo que hoje, as mais procuradas são as encontradas nas academias de ginástica. Da Costa, Novaes e Novaes (1996), afirmam que as academias de ginástica surgiram na década de 30 e, por volta de 1970, ganharam uma dimensão e desempenharam um papel social importante proporcionando o crescimento do movimento fitness, a nível mundial. Em termos nacionais, no final da década de 70 e início dos anos 80, houve uma grande explosão do contingente de academias de ginástica no Brasil.

    O presente trabalho analisou as variáveis antropométricas e a classificação dos valores da composição em iniciantes na prática de musculação em academias de ginástica localizadas em três bairros de médio e alto padrão socioeconômico na cidade de João Pessoa (PB). A necessidade de obtenção de indicadores capazes de refletir sobre o perfil epidemiológico da composição corporal, que fossem de baixo custo e maior viabilidade de aplicação, fez com que os pesquisadores deste estudo optassem pela antropometria e seus principais marcadores citados na literatura para avaliação da quantidade e distribuição da gordura corpórea. Os valores médios encontrados nos resultados deste trabalho mostraram-se próximos aos apresentados em outros estudos nacionais (FERREIRA et al., 2005; SAMPAIO e FIGUEIREDO, 2005). Sobre a composição corporal observou-se valores prevalentes e preocupantes no estado nutricional dos indivíduos de ambos os sexos, com freqüências de excesso de peso (sobrepeso + obesidade) semelhante aos estados de maior poder aquisitivo e próximo ao padrão americano. Estes valores nutricionais evidenciados são preocupantes já que estes padrões corporais (desnutrição) são percussores de transtornos do comportamento alimentar. Informações nacionais estabelecidas no Inquérito Nacional de Alimentação e Nutrição realizado em 1997 nas regiões Nordeste e Sudeste a pouco mais de uma década atrás já apresentava percentuais de obesidade chegando aos 12,4% nas mulheres. De acordo com Repetto, Rizzolli e Bonatto (2003), incluindo os casos de sobrepeso esses valores elevam-se para 39,0%. Em um estudo realizado em Campos (RJ) Souza et al. (2003), publicaram valores de 20,2% de obesidade. Sousa e Pontes (2004), também publicaram resultados de IMC superiores aos encontrados nesse estudo, em uma pesquisa com mulheres de 18-38 anos freqüentadoras de uma academia de ginástica na cidade de João Pessoa (PB) os dados mostraram valores de sobrepeso de 16,7% e obesidade 16,7%. Segundo Monteiro et al. (1995), o processo de transição nutricional, embora atingindo o conjunto da população, diferencia-se em momentos e intensidade, conforme o segmento socioeconômico investigado. No entanto vem se observando que a presença de obesidade, de forma global, tende a ser mais elevada em populações de renda mais alta. No tocante a avaliação da quantidade de tecido gordo, a mensuração da porcentagem de gordura foi realizada mediante o método de dobras cutâneas, utilizou-se o protocolo de quatro dobras cutâneas por ter característica de ser um protocolo generalizado. Em termos gerais os sujeitos apresentaram valores percentuais elevados, levando em consideração a média sugerida para a saúde de homens e mulheres. A maior quantidade de gordura demonstra uma situação de alerta devido à associação desta característica com as doenças cardiovasculares, diabetes mellitus e síndrome metabólica (PONTES e SOUSA, 2008).

    Na observação da distribuição da gordura corporal, observou-se uma maior prevalência de deposição de gordura centrípeta na medida mensurada no ponto da cintura semelhante a outros estudos nacionais e internacionais. Este trabalho utilizou as últimas orientações do International Diabetes Federation (2005), que dão ênfase a maior preocupação do monitoramento da obesidade central na região de tronco, pois aparece em vários estudos (PITANGA e LESSA, 2006a; PITANGA e LESSA, 2006b; PONTES, SOUSA e LIMA, 2006) como um discriminador de alto risco coronariano devendo ser utilizado na prática da avaliação clínica e da saúde em geral. Dentre o método antropométrico o IMC é questionado em razão de não refletir de maneira acurada a distribuição regional da gordura, porém por ser um dos indicadores mais utilizados na identificação de indivíduos com anormalidades na composição corporal, foram analisadas neste estudo as correlações com outras variáveis antropométricas, os resultados expressaram maior sensibilidade entre IMC X CC (r=0,85); variáveis como a idade e %G mostraram relação direta, porém menos robusta (r<0,600). Outros estudos realizados por Mendes e Pontes (2006), Mendes, Pontes e Sousa (2006), Santos e Sichieri (2005), evidenciaram coeficientes de correlação elevados e diretamente associados com a gordura localizada no abdômen e a massa corporal (r≥0,86).

Conclusão

    Os participantes deste estudo apresentaram prevalências de desequilíbrio nutricional, gordura abdominal e enquadram um elevado percentual de classificações em excesso de gordura quando considerado o %G. Epidemiologicamente, os valores prevalentes encontrados tanto nos casos de sobrepeso e obesidade, massa adiposa em excesso e localização de gordura corporal na região abdominal (padrão andróide) alertam para ações mais efetivas como o incentivo a hábitos alimentares adequados e maior adesão à atividade física, haja vista a associação deste perfil com as diversas doenças crônicas não transmissíveis. Tais achados podem ter sidos influenciados pelo período de sedentarismo que antecedeu a presença ativa na prática da musculação, além de hábitos alimentares inadequados, níveis elevados de estresse e negligências em outros comportamentos preventivos que não foram mencionados neste estudo por não fazer parte dos objetivos delineados.

    Sugere-se um novo estudo contemplando outras variáveis aqui citadas mais não investigadas, caso dos aspectos dietéticos, e envolvendo um protocolo experimental, para que o impacto do treinamento proposto nos estabelecimentos de atividade física seja mais bem analisado na mudança dos componentes da composição corporal.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires, Octubre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados