efdeportes.com

Características bioquímicas e fisiológicas de atletas de
futsal masculino adulto da região oeste de Santa Catarina

Características bioquímicas y fisiológicas de jugadores de futsal masculino adulto de la región oeste de Santa Catarina

 

*Acadêmico da Nona fase do Curso de Educação Física da UnC, Concórdia/SC

**Professor da Universidade do Contestado/UnC, Concórdia/SC e Doutorando

em Fisiologia do Exercício pela Universidade de La República do Uruguay – UDELAR

(Brasil)

Roger Luiz Rotta*

Alessandro Vernize**

rogerrotta@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O futsal é uma modalidade coletiva que se caracteriza pela necessidade de execução de ações motoras de elevada instabilidade e imprevisibilidade, levando em consideração aspectos táticos, técnicos, físicos e psicológicos para que o atleta alcance um bom desempenho. Diante disso, o objetivo do estudo é determinar e correlacionar às características bioquímicas e fisiológicas de atletas de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina na Pré e Pós temporada 2011. O presente estudo é de caráter descritivo e quantitativo. A amostra constitui–se de 12 atletas no naipe masculino, da região oeste de Santa Catarina. Foram avaliados o Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 máx), Índice de Creatinafosfoquinase (CPK) e o Limiar de Lactato. Os resultados obtidos foram VO2 máximo pré 55,09 ml/kg.min e pós 56,46 ml/kg.min, importante para se determinar o condicionamento cardiorrespiratório do atleta; CPK pré 472,42 U/L e pós 463,89 U/L que auxilia no processo de avaliação do dano muscular; Limiar de lactato pós imediato, pré 10,2 mmol/L e pós 10,3 mmol/L, após 3’ pré 9,5 mmol/L e pós 8,6 mmol/L, um dos melhores indicadores da intensidade e evolução do treinamento. Os resultados obtidos nessa pesquisa servem para a elaboração de um programa de treinamento individualizado, visando uma melhora da performance dos atletas, além de contribuir para que a Comissão Técnica possa avaliar todo o processo de treinamento aplicado, ou até mesmo reestruturar o planejamento de treinos seja ele voltado à preparação física ou técnico-tático.

          Unitermos: Biomarcadores. Futsal. Treinamento desportivo.

 

Abstract

          Soccer is a collective modality that is characterized by the necessity for execution of motors actions of high instability and unexpected, considering the tactics, technical, physical and psychological aspects for the athlete to achieve a good performance. Therefore, the aim of this study is to determine and correlate the biochemical and physiological characteristics of adult male indoor soccer players of the West Region of Santa Catarina in Pre and Post season 2011. This project is a descriptive and quantitative. The sample consisted of 12 male athletes, the west region of Santa Catarina. Were evaluated the Maximum Oxygen Consumption (VO2 máx), índex of creatinephosphokinase (CPK) and Lactate Threshold. The results obtained were VO2 max pré 55,09 ml/kg.min. and post 56,46 ml/kg.min, this is important to determine the cardiorespiratory fitness of the athlete; CPK pre 472,42 U/L and post 463,89 U/L which assists in the evaluation process of muscle damage; post immediate lactate threshold, pre 10,2 mmol/L and post 10,3 mmol/L, after 3’ pre 9,5 mmol/L and post 8,6 mmpl/L, one of the best indicators of the intensity and development of the coaching. The results obtained in this project are for the development of an individualized coaching program, meant an improved performance of the athlete, beside contributing to the Technical Committee to evaluate the entire coaching process applied, or even restructure the planning of training, independent if it is returned to physical preparation or technical-tactical.

          Keywords: Biomarkers. Indoor soccer. Athletic training.

 

Artigo produzido a partir de Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física da Universidade do Contestado, UnC, Concórdia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O futsal é uma modalidade coletiva que se caracteriza pela necessidade de execução de ações motoras em um contexto (jogo) de elevada instabilidade e imprevisibilidade, ou seja, é uma modalidade que exige a execução de habilidades motoras abertas. As ações técnicas (fundamentos) devem ocorrer em função das requisições momentâneas do jogo. (RÉ, 2008). Sendo assim, isoladamente, os diferentes fundamentos não são capazes de predizer a capacidade de desempenho Ré, 2007 apud Ré (2008), pois existe uma interação entre as ações motoras (com e sem bola) coletivas e individuais e o sistema de jogo. Desta forma, o futsal é considerado um esporte dinâmico realizado em um longo período, exigindo de seus praticantes uma boa preparação física, afim de alcançarem um excelente desempenho durante a partida.

    Ré (2008) expõe que o futsal por ser compreendido como uma modalidade coletiva, leva em consideração aspectos táticos, técnicos, físicos e psicológicos para que o atleta alcance um bom desempenho. Classificado como um esporte onde ocorre a execução de esforços intermitentes, a preparação física é um dos aspectos mais levados em conta. Para Avelar, et al. (2008), “a preparação física nos esportes coletivos de alto rendimento é elaborada de acordo com a função tática, haja vista que as exigências específicas, características morfológicas e de desempenho motor são diferentes”. Baseado nisso é possível ressaltar que o trabalho específico sobre os sistemas energéticos utilizados pela modalidade de futsal, visa aumentar a resistência cardiovascular do indivíduo, considerada de extrema importância no trabalho de preparação física do atleta.

    Neste contexto, as características bioquímicas entram neste processo de preparação. Foss e Keteyian (2000, p. 545) afirmam que “o limiar de lactato é o ponto em que ocorre um aumento não-linear no lactato sanguíneo, durante o exercício”. Diante disso, pode-se inferir que essa característica se configura em um importante indicador, que se não for treinado pelo atleta, o seu acúmulo na musculatura provoca facilmente a entrada em fadiga muscular.

    Já a creatinafosfoquinase (CPK), segundo Wilmore e Costill (2001, p. 694) “é um composto rico em energia que tem um papel fundamental na provisão de energia para a ação muscular, mantendo as concentrações de ATP”. Importante biomarcador fisiológico que se controlado seu processo de depleção pelo atleta, evita também a fadiga muscular.

    Com relação às características fisiológicas, o VO2 máx é considerado o principal parâmetro para se avaliar. Destacado por Junior et al. (2006), o VO2 máx pode ser definido como o maior volume de oxigênio por unidade de tempo que um indivíduo consegue captar, sendo alcançado a partir dos níveis máximos de débito cardíaco e de extração periférica de oxigênio. Neste princípio, este é um índice comumente empregado para classificar a capacidade funcional cardiorrespiratória, sobretudo em atletas.

    Barela, Eleno e Kokubun (2002), enfatizam que características morfológicas dos atletas são de fundamental importância, uma vez que as mesmas fornecem elementos para o treinamento das qualidades físicas necessárias para um bom desempenho do atleta.

    Desta forma, a importância das qualidades morfofuncionais na melhora do rendimento nos esportes aumentou o interesse no aprimoramento dos níveis de aptidão física dos atletas. Nestes princípios, o presente artigo visou determinar e correlacionar às características bioquímicas e fisiológicas em atletas de futsal masculino adulto da região oeste de Santa Catarina na Pré e Pós temporada 2011.

Materiais e métodos

    A amostra foi constituída por 10 atletas no naipe masculino, da região oeste de Santa Catarina, e que estiveram aptos a realizar os testes nos dias previstos, durante o ano de 2011, que não apresentaram lesões osteomioarticulares em fase aguda ou crônica, não tenham sofrido intervenções cirúrgicas durante o ano de qualquer natureza e que não apresentaram nenhum atestado médico afastando-os de suas atividades físicas. Cinco atletas foram excluídos por não contemplarem com os critérios de inclusão.

    No primeiro momento ocorreu a elaboração do projeto, em seguida houve o contato com a direção da equipe para obter a autorização necessária para o desenvolvimento do estudo. A partir disso, foi constituído um levantamento do banco de dados (Consumo Máximo de Oxigênio, VO2 máximo, Índice de Creatinafosfoquinase e Limiar de Lactato), relacionados à pré temporada de 2011.

    Os dados da reavaliação após a temporada 2011 foram realizados (mês de dezembro), onde teve a participação do pesquisador na coleta dos dados.

    Os atletas integrantes da amostra foram informados sobre os objetivos e os protocolos de avaliação, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (CNS 196/96).

    Após assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os atletas foram submetidos aos seguintes testes: potência aeróbia máxima, índice de creatinafosfoquinase (CPK) e limiar de lactato. Os atletas passaram por uma avaliação de acordo com os protocolos estabelecidos e aceitos cientificamente.

    Para a avaliação do consumo máximo de oxigênio - VO2 máx, o procedimento foi realizado em uma clínica especializada. O grupo de 12 atletas foi dividido em diferentes horários, para todos foi utilizado o protocolo de Bruce, onde o VO2 máx é encontrado a cada minuto de exercício de acordo com a condição cardíaca. Os resultados dos cálculos básicos foram determinados a partir das seguintes variáveis: duração da prova, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica máxima, frequência cardíaca máxima, distância percorrida em milhas, pressão arterial pré esforço, VO2 máximo, aptidão cardiorrespiratória, grupo funcional na escala de NYHA, respostas de pressão arterial sistólica e diastólica.

    Em um período matutino, todos os integrantes da amostra em jejum se encontraram no Laboratório de Análises Clínicas, local onde realizaram a coleta de sangue, para assim, ser possível verificar o índice de Creatina fosfoquinase (CPK). Biomarcador Fisiológico importante no processo que evita a fadiga muscular.

    Para a avaliação do limiar de lactato, foi realizado o Teste de Leger e Lambert (1982), no Complexo Esportivo UnC – Concórdia. O Consumo máximo de oxigênio – VO2 máx foi avaliado nos testes de esforço máximo (esteira rolante) e Leger e Lambert (1982), sendo que para as análises foi utilizado o resultado verificado pelo teste de esforço máximo (esteira rolante).

    Para coleta dos dados foi utilizada uma ficha de avaliação onde consta informações a respeito do atleta bem como os resultados alcançados por eles em cada protocolo avaliativo. Um aparelho de som para a realização do Teste Leger e Lambert (1982), um Accutrend Puls Cobas, aparelho portátil, com tiras padronizadas para quantificar o limiar de lactato. Uma esteira rolante Micro Med, Senturium 300, utilizada para determinar o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx), e o exame laboratorial de sangue, realizado em um laboratório de Análises Clínicas, para a verificação do índice de creatinafosfoquinase (CPK).

    Após a coleta de dados, os mesmos foram analisados através dos programas Microsoft Excel 2000 (Remond, WA, EUA) e BIOESTAT 3.0 2007 (Universidade Federal do Pará), realizando-se análise descritiva dos dados por meio de diferença média, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação, sendo os resultados representados através de tabelas e gráficos, comparando com a literatura recente.

    Para a realização de pesquisas em seres humanos, este trabalho atendeu as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996) e foi submetido ao Comitê Local de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade do Contestado – UnC – Concórdia/SC, sendo aprovado no nº 288/11.

Resultados e discussões

    A seguir, estão sendo apresentados os resultados, análises e discussões dos dados alcançados com a pesquisa, sendo estes demonstrados por meio de gráficos.

Gráfico 1. Consumo Máximo de Oxigênio – VO2 máximo – Pré e Pós Temporada 2011

de atletas de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    No gráfico 1, observa-se que na pré temporada o atleta 3 alcançou o maior valor de VO2 máx, chegando a 60,73 ml/kg.min, sendo que o menor valor foi obtido pelo atleta 9, chegando a 45,3 ml/kg.min. É possível entender esta grande diferença de um atleta para o outro, pelo fato de um atuar na posição de ala e o outro ser goleiro e apresentar uma condição cardiorrespiratória menor. Neste sentido, Santi Maria et al. apud Santa Cruz e Pellegrinotti (2011), enfatizam que a alta intensidade dos movimentos realizados pelos jogadores de futsal, exigem um VO2 máx que atenda as necessidades energéticas impostas pelo exercício. Acrescentam ainda, que algumas variáveis podem influenciar no VO2 máx dos atletas, tais como: idade, nível técnico, período da temporada, padrões de treinamento e posições táticas desempenhadas pelos jogadores.

    Na pós temporada, o maior valor de VO2 máx foi alcançado pelo atleta 2, 67,47 ml/kg.min, e o menor valor foi obtido pelo atleta 1, chegando a 49,58 ml/kg.min. É possível analisar que alguns atletas tiveram uma queda no valor de VO2 máx comparando a pré e pós temporada, um motivo para este acontecido pode ter sido uma sobrecarga de jogos ao final de temporada que influenciaram no momento de realizar o teste. Esta análise também serve como parâmetro para que a comissão técnica possa rever sua metodologia de trabalho, entendendo o porquê de não ter alcançado uma melhora significativa.

    Em um contexto geral a avaliação encontrada foi de baixa correlação entre as duas variáveis.

Gráfico 2. Avaliação do VO2 máximo – Pré e Pós Temporada 2011

de atletas de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    No gráfico 2, pode-se observar uma avaliação geral da equipe em que o maior resultado referente ao VO2 máx da equipe na pré temporada, foi de 60,73 ml/kg.min, e o menor foi de 45,3 ml/kg.min. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 45,42 a 58,97 ml/kg.min.. Dessa forma a média do grupo na pré temporada ficou em 55,09 ml/kg.min.

    Na pós temporada, o maior resultado referente ao VO2 máx da equipe foi de 67,47 ml/kg.min e o menor de 49,58 ml/kg.min. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 49,77 a 64,45 ml/kg.min. Sendo assim, a equipe na pós temporada alcançou uma média de 56,46 ml/kg.min.

Gráfico 3. Segundo Protocolo de Bruce – Aptidão Cardiorrespiratória na Pré e Pós

temporada 2011 de atletas de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    Este gráfico demonstra a pouca variação do desempenho entre as coletas pré e pós temporada, o que reflete nos resultados em ter pouca análises, ou seja, os atletas já apresentavam na pré temporada em sua maioria um excelente desempenho o que foi apenas confirmado na pós temporada não havendo muita margem para crescimento no desempenho.

    Neste princípio, Castagna et al. apud Santa Cruz e Pellegrinotti (2011) concluem que no futsal atual os esforços são realizados em altas intensidades, e que um VO2 elevado auxilia em uma recuperação mais rápida entre os estímulos intensos, desta forma, elevando a eficiência na remoção do lactato e mantendo o atleta por um período maior em quadra. Segundo Medina (2002), jogadores de futsal bem treinados apresentam um consumo máximo de oxigênio situado em torno dos 55-60 ml/kg/min. Contudo, se for comparado à média da equipe com o estudo apresentado, pode-se entender que a preparação física em todos os sentidos teve um bom planejamento durante a temporada, consequentemente alcançando um resultado positivo.

Gráfico 4. Índice de Creatinafosfoquinase – CPK – Pré e Pós Temporada 2011

em atletas de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    No gráfico 4 é possível analisar uma grande variabilidade entre os dados. Observa-se que alguns atletas alcançaram um grau maior de desgaste muscular durante a pré temporada, devido a toda uma preparação física que estava ocorrendo para se buscar uma aptidão cardiorrespiratória excelente. Enquanto outros apresentaram um grau maior de lesões no tecido muscular na pós temporada, podendo ser entendido pelo fato dos atletas terem desenvolvido uma sequência maior de jogos, sem ter o período de descanso necessário.

    O ponto a ser destacado é o atleta 10, tanto na pré como pós temporada alcançou uma concentração elevada de CPK na musculatura. Katirji B, Al-Jaberi apud Silva et al (2007), explicam que quando ocorrem danos nos tecidos musculares, a enzima creatinofosfoquinase (CPK), com uma grande distribuição no tecido contrátil, é transportada para a linfa, via interstício entrando na corrente sanguínea geral.

Gráfico 5. Avaliação da CPK – Pré e Pós Temporada 2011 em atletas

de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    Observa-se no gráfico 5 uma avaliação geral da equipe em que o maior resultado referente ao Índice de Creatinafosfoquinase (CPK) da equipe na pré temporada, foi de 570 U/L, e o menor foi de 158,9 U/L. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 174,9 a 479,4 U/L. Dessa forma a média do grupo na pré temporada ficou em 472,42 U/L.

    Na pós temporada, o maior resultado referente à CPK da equipe foi de 684,5 U/L e o menor de 254,3 U/L. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 295,8 a 485 U/L. Sendo assim, a equipe na pós temporada alcançou uma média de 463,89 U/L.

    O gráfico detecta (pontos pretos isolados) outliers, isto é: valores atípicos para a série de dados. Ou seja, o atleta 10 da amostra possui avaliação bem superior aos demais tanto na pré como na pós temporada. O motivo deste elevado valor é explicado, pois o atleta apresentava altas concentrações de Creatinafosfoquinase (CPK), indicando a presença de lesões no tecido muscular, oriundas de uma forte preparação física na pré temporada e no segundo semestre da temporada precisou ser submetido a uma cirurgia de menisco o que fez com que os seus resultados permanecessem os mesmos ou piorassem, devido ao tempo em que permaneceu parado e uma grande sequência de jogos ao final da temporada.

Gráfico 6. Limiar de Lactato – Pré e Pós temporada 2011 em atletas

de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    De acordo com Foss e Keteyan (2000), em repouso, o lactato sanguíneo é de aproximadamente 0,5 mmol/L a 1,0 mmol, durante ou após o exercício pode ultrapassar os 10 a 12 mmol/L e em atletas de alto nível, o lactato pode até mesmo aproximar-se de 14 a 16 mmol/L durante um exercício exaustivo.

    Segundo a Basic Lactate Testing, o lactato está presente no corpo quando em repouso e durante nossas atividades diárias, mesmo sendo em níveis muito baixos. Porém, quando a atividade vai aumentando, ocorre simultaneamente à produção de piruvato de forma rápida. Nem toda quantidade deste piruvato é utilizada como energia aeróbica, portanto, o excesso é transformado em lactato.

    Neste gráfico, é possível analisar que na pré temporada o atleta 6 obteve o maior nível de produção de lactato, chegando a 12,6 mmol/L. De acordo com a Basic Lactate Testing, quando o lactato é produzido nos músculos, também ocorre à produção de íons de hidrogênio, se houver acúmulo desses íons, o músculo se torna ácido provocando problemas nas contrações musculares. Este fenômeno é sentido pelo atleta em forma de queimação e endurecimento da musculatura que está em exercício.

    Pode-se observar ainda que na pré temporada, o atleta 8 após 3 minutos alcançou o maior índice de remoção do lactato produzido, de 10,6 mmol/L para 6,7 mmol/L, apresentando uma remoção após 3 minutos de 3,9 mmol/L. Um valor expressivo que auxilia no processo de recuperação física.

    Na pós temporada, o atleta 1 apresentou o maior índice de produção de lactato no pós imediato ao exercício, chegando a 13,8 mmol/L. Após 3 minutos o atleta 2 foi o que conseguiu a melhor remoção de 12,9 mmol/L para 7,9 mmol/L, alcançando uma excelente remoção de 5 mmol/L.

    Outro ponto importante no gráfico que pode ser analisado tanto na pré como na pós temporada, é que o atleta 4 continuou tendo produção de lactato mesmo após 3 minutos ao término do teste.

    Desta maneira, o atleta deve se interessar pelo Lactato, segundo a Basic Lactate Testing por dois motivos, primeiro se um atleta conseguir reduzir a produção de lactato ou reduzir o período necessário para eliminação do mesmo, ele também reduzirá a produção e eliminação dos íons de hidrogênio que certamente afetam o nível de performance muscular do atleta. O segundo motivo que se apresenta é que em eventos em que a duração é menor de dez minutos, a habilidade de produzir grandes quantidades de energia na parte final destes eventos é crítica para o desempenho de alto nível, quando mais alto melhor.

    De acordo com a Basic Lactate Testing, é de suma importância realizar um acompanhamento dos níveis de lactato. Primeiramente, pois o lactato é um dos melhores indicadores da evolução do treinamento e, em segundo lugar o lactato é a melhor medida para a intensidade do treinamento, pois sua presença no sangue indica que o sistema aeróbico não está suportando a demanda de energia necessária para que o atleta conclua a atividade. Sendo assim, o papel do técnico juntamente com o preparador físico é aplicar um treinamento que produza um stress necessário no metabolismo, nem acima e nem abaixo dos níveis ideais.

Gráfico 7. Avaliação do Lactato – Pré e Pós temporada 2011 em atletas

de futsal masculino adulto da Região Oeste de Santa Catarina

    No gráfico 7 observa-se uma análise geral da avaliação do lactato. Na pré temporada o maior resultado referente ao Lactato no pós imediato, foi de 12,6 mmol/L, e o menor foi de 9,0 mmol/L. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 9,1 a 11,7 mmol/L. Dessa forma a média do grupo na pré temporada ficou em 10,2 mmol/L. Após 3’ o maior resultado referente à remoção do Lactato foi de 12,7 mmol/L e o menor de 6,7 mmol/L. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 7,2 a 11,7 mmol/L. Sendo assim, a média da equipe fechou em 9,5 mmol/L.

    Na pós temporada, o maior resultado referente ao Lactato no pós imediato foi de 13,8 mmol/L e o menor de 7,0 mmol/L. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 9,9 a 12,9 mmol/L. Sendo assim, a equipe na pós temporada alcançou uma média de 10,3 mmol/L. Com relação à coleta após 3’, o maior resultado alcançado foi de 11,2 mmol/L e o menor de 6,6 mmol/L. No que se refere ao coeficiente de variabilidade a média do grupo se concentra entre 7,4 a 10,8 mmol/L. Dessa forma, a média da equipe ficou em 8,6 mmol/L.

    Apesar de não ter ocorrido uma melhora significativa, ocorreu sim uma pequena diferença o que facilita na remoção do lactato podendo ser utilizado em outros órgãos alvos, não tornando-se prejudicial no desempenho muscular do atleta.

Conclusão

    As características bioquímicas e fisiológicas dos atletas de futsal masculino adulto da região oeste de Santa Catarina foram buscadas por meio de diferentes testes e instrumentos.

    O presente estudo conclui que a média geral do Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 máximo) dos atletas teve um aumento, mas não de maneira significativa. De 55,09 ml/kg.min na pré temporada passando para 56,46 ml/kg.min na pós temporada. Esta pouca variação de desempenho entre as coletas pode ser entendida, pois os atletas já apresentavam na pré temporada em sua maioria um excelente desempenho o que foi apenas confirmado na pós temporada não havendo muita margem para o crescimento. Poderia também ter sido realizado um acompanhamento do VO2 máx dos atletas com maior frequência, para com isso ter a possibilidade de trabalhar com os resultados de maneira individualizada afim de alcançar um ganho e um aumento na média da equipe na pós temporada.

    As médias apresentadas pela equipe no índice de Creatinafosfoquinase (CPK), não teve diferença significativa. Na pré temporada a média chegou a 472,42 U/L e na pós temporada obteve uma pequena diminuição, alcançando a média de 463,89 U/L. Estes resultados são expressivos, já que o valor referência está em 190 U/L e demonstram que a equipe estava realizando uma preparação física com um desgaste bem maior na pré temporada e na pós vinha de uma sequência elevada de jogos.

    Com relação ao valor médio do Limiar de Lactato, observa-se um aumento da média na coleta pós imediata ao teste, mas sem diferença significativa. Na pré temporada apresentou 10,2 mmol/L e na pós temporada alcançou 10,3 mmol/L. Já na coleta dos 3’ após o término do teste, a equipe teve uma pequena diminuição na média de remoção. De 9,5 mmol/L na pré temporada para 8,6 mmol/L na pós temporada. Mesmo tendo um aumento na média da coleta no pós imediato, a importância desta pequena redução na média da coleta após 3’, auxilia o atleta no seu processo de recuperação e fazendo com que o lactato não torne-se prejudicial no desempenho muscular do atleta.

    Os resultados obtidos nessa pesquisa servem para a elaboração de um programa de treinamento individualizado, visando uma melhora da performance dos atletas, bem como contribuir para que a Comissão Técnica possa avaliar todo o processo de treinamento aplicado, ou até mesmo reestruturar o planejamento de treinos seja ele voltado à preparação física ou técnico-tático, otimizando a melhora da performance de seus atletas durante os treinamentos, jogos e competições.

Referencias

  • A FISIOLOGIA DO LACTATO E O TREINAMENTO ESPORTIVO: SEÇÃO 1 - TERMINOLOGIA E CONCEITOS BÁSICOS. Disponível em www.lactate.com/ptlact1a.html. Acessado em 21 de Abril de 2012.

  • AVELAR, Ademar, et al. Perfil Antropométrico e de Desempenho Motor de Atletas Paranaenses de Futsal de Elite. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. p. 76 – 80. Londrina – PR, 2008.

  • BARELA, José A; ELENO, Thaís G; KOKUBUN, Eduardo. Tipos de esforços e Qualidades Físicas do Handebol. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. V. 24. n.1. p.83-98. Campinas, 2002.

  • FOSS, Merle L.; KETEYAN Steven J. Bases Fisiológicas do Exercício e do Esporte. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2000.

  • JUNIOR, Ernesto C.P.L, et al. Estudo comparativo do consumo de oxigênio e limiar anaeróbio em um teste de esforço progressivo entre atletas profissionais de futebol e futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol.12 nº 6. Niterói - SP Novembro/Dezembro, 2006.

  • LEGER, L. A; LAMBERT, J. M. Maximal multistage 20m shuttle-run test to predict VO2max. European Journal of Applied Physiology, 49, p.1-5, 1982.

  • MEDINA, JA.; Salillas, L. G.; Viron, PC.; Marqueta, PM. Necessidades cardiovasculares y metabólicas del fútbol sala: análisis de la competición. Apunts: Educación Física y Deportes,v. 67, n.1, p. 45-51, 2002.

  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil. Resolução 196/96. O Plenário do Conselho Nacional de Saúde resolve aprovar diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Em 23 de dezembro de 2008.

  • RÉ, Alessandro N. Características do Futebol e do Futsal: implicações para o treinamento de adolescentes e adultos jovens. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 13, nº 127. http://www.efdeportes.com/efd127/caracteristicas-do-futebol-e-do-futsal.htm

  • SANTA CRUZ, Ricardo A.R; PELLEGRINOTTI, Ídico Luiz. Efeitos de Dois Programas de Treinamento sobre o VO2 máx de Atletas Juvenis de Futsal. Rev. Acta Brasileira do Movimento Humano – Vol.1, n.1, p.14-22 – Out/Dez, 2011

  • SILVA, et al. Respostas agudas pós-exercício dos níveis de lactato sanguíneo e creatinofosfoquinase de atletas adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol.13. nº6. Niterói – RJ.  Novembro/Dezembro, 2007.

  • WILMORE, Jack H; COSTILL, David L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 1. ed. São Paulo, 2001.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires, Octubre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados