Avaliação da composição
corporal de acadêmicas do curso de Educação Física e Nutrição de uma instituição
de ensino superior Evaluación de la composición
corporal del curso de estudiantes Educación Física |
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Licenciada em Educação Física Licenciatura UNILASALLE, CANOAS, RS (Brasil) |
Carina Ferreira Prestes |
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Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar o perfil da Composição Corporal e o Nível de Atividade Física das acadêmicas do curso de Educação Física e Nutrição de uma instituição de Nível Superior do município de Canoas, RS. Caracteriza-se como um estudo de cunho transversal de caráter descritivo, no qual foi avaliado o IMC- Índice de Massa Corporal, e o Nível de Atividade Física, onde o IMC foi calculado com base na Massa Corporal (Kg) e Altura (m) de cada aluna, utilizando à seguinte fórmula: IMC: Massa Corporal/estatura², e para a medida do nível de atividade física foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), em sua versão curta. A amostra foi constituída por 40 estudantes do sexo feminino de quaisquer idades, sendo 20 do curso de Educação Física e 20 do curso de Nutrição. Foi encontrada para as estudantes de Nutrição a média de IMC 23,61 ± 3,59977 Kg/m² , e para as estudantes de Educação Física a média de 21,733 ± 2,295781Kg/m². Quanto ao nível de Atividade Física as Estudantes de Nutrição tiveram o item Sedentário com valor de 55%, e as alunas de Educação Física com apenas 20%. Unitermos: Composição corporal. Nível de atividade física. Obesidade.
Resumen
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os profissionais da saúde ocupam um lugar de destaque na sociedade contemporânea, pelo fato de atuarem na prevenção, controle e reabilitação de certas patologias.
Dentre estes profissionais podemos citar os professores de Educação Física e os Nutricionistas.
Os Professores de Educação Física atuam diretamente com o corpo e o movimento. Utiliza de seu próprio corpo como elemento de mediação das práticas corporais. A todo tempo estão envolvidos com técnicas corporais ou com a cultura do corpo, seja na escola, na academia de ginástica, no clube, ou demais espaços sociais (LÜDORF, 2010).
Já os Nutricionistas atuam no sentido de auxiliar as pessoas a selecionarem e consumirem os alimentos necessários ao seu organismo, na saúde e na doença. Sua função é promover a saúde por meio da melhoria do padrão alimentar, elevando a qualidade de vida das populações e contribuindo para a solução dos problemas nutricionais dos indivíduos.
Podemos verificar que a ao longo dos anos vem modificando seus hábitos alimentares o que causaram alterações significativas na qualidade de vida da humanidade.
A obesidade é uma doença crônica que envolve fatores sociais, comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos. Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura corporal resultante do excesso de consumo de calorias e/ou inatividade física (BRASIL, 2004).
A obesidade é um dos principais problemas de saúde nos países em desenvolvimento e também nos industrializados (HOLLO, LEITE, NAVARRO, 2007).
Segundo ROSA et al (2007) A obesidade aumenta a incidência de fatores de risco, incluindo doenças cardíacas, hipertensão, distúrbios no metabolismo dos lipídios e glicídios, doenças articulares,ósseas.
Em 2002, estimativas da OMS apontavam para a existência de mais de um bilhão de adultos com excesso de peso, sendo 300 milhões considerados obesos. Atualmente, estima-se que mais de 115 milhões de pessoas sofram de problemas relacionados com a obesidade nos países em desenvolvimento (BRASIL, 2004).
A prática regular de atividade física está usualmente associada à melhoria da saúde e qualidade de vida de seus adeptos. Grande número de evidências cientifica demonstram que o habito de praticar exercícios físicos regularmente constitui instrumento fundamental nos programas voltados à promoção da saúde, trazendo inúmeros benefícios. Essas atividades físicas podem provocar alterações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas (PITANGA, 2001).
PINHO (1999) menciona que a prática habitual de atividade física é um fator relevante quando se trata das variáveis que intervêm na qualidade de vida na adolescência, principalmente para aqueles indivíduos que residem em regiões onde o espaço para o lazer é limitado e as condições de segurança passam a ser um risco para a vida.
Antigamente para entrar em no curso de Educação Física os alunos deveriam passar por provas práticas para avaliar as condições físicas e habilidades motoras do futuro acadêmico.
Estas provas acabaram sendo extintas, devido, principalmente pelas universidades estarem preocupadas aos interesses financeiros e este instrumento de avaliação acabava reprovando alguns candidatos, barrados em sua maioria pela condição física deficiente.
A intenção dos Cursos de Educação Física não é a de formar atletas, mas, não podemos esquecer que quem escolhe esta profissão precisa ter uma condição física privilegiada e inúmeras habilidades motoras, sem contar que, em algumas profissões, é extremamente difícil para o aluno, dissociar a imagem estética da capacidade do profissional.
Segundo AINHAGNE et al. (2006) o aluno espera do professor de Educação Física uma boa saúde física e mental , além de um porte físico atlético, pois o aluno tem o educador como espelho.
Conforme PALMA et al (2007) a imagem do professor de Educação Física é retratado pela sociedade como sendo atlético, jovem, disposto, com baixo percentual de gordura e imune a problemas de saúde.
Em estudos feitos para sua tese de doutorado LUDORF (2004) identificou que os professores de Educação Física se preocupa com aparência e funcionalidade do seu corpo, pelo fato de se utilizarem dele em suas práticas, quer como mediador da intervenção profissional quer como referência ou modelo almejado pelos alunos.
Com base no exposto, o presente estudo teve como objetivo analisar o perfil da composição corporal e o nível de atividade física das acadêmicas de Educação Física e acadêmicas da Nutrição de uma Instituição de Ensino superior do município de Canoas-RS.
O trabalho se justifica pela necessidade de retratar a realidade dos futuros profissionais, já que os mesmos têm a responsabilidade de atuar na sociedade como agentes de saúde, e saber como utilizam o conhecimento para seu próprio corpo é de extrema importância para todos nós.
Será utilizada a avaliação do IMC, através do peso e altura e o nível de atividade física através do IPAQ, por serem mais simples e não invasivos. O diagnóstico de obesidade em adultos é feito a partir do IMC, que é obtido a partir da divisão do peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros (kg/m²). Valores entre 25,0 e 29,9 kg/m² caracterizam sobrepeso.
A obesidade é definida como um IMC igual ou superior a 30,0 kg/m², podendo ser subdividida em termos de severidade. Desta forma, IMC entre 30-34,9 kg/m²denomina-se obesidade I, entre 35- 39,9 kg/m² denomina-se obesidade II e maior que 40 kg/m² denomina-se obesidade III (BRASIL, 2006).Para análise das atividades praticadas por estas alunas, utilizamos os parâmetros estabelecidos pelo IPAQ versão 8.0 (International Physical Activity Questionarie),proposto pela Organização Mundial de Saúde (World Health Organization). É importante ressaltar que, como citado por DISHMAN, SUNHARD (2000), é um requerimento mínimo de um instrumento de coleta, a fidedignidade e validade das medidas físicas e PARDINI e ARAÚJO (2001) comprovaram estas especificidades do questionário em estudos realizados no ano de 2001.
Metodologia
Para a verificação da Massa Corporal foi utilizada uma balança digital com capacidade de até 130 kg para uso domestico. As alunas tiveram retirar seus calçados, usando roupas leves e sem portar objetos pesados, ficar em posição ortostática, ou seja, em pé, posição ereta, pés afastados à largura do quadril, com o peso dividido em ambos os pés, mantendo a cabeça ereta paralela ao solo, ombros descontraídos e braços relaxados para medição do peso. No momento da medida os avaliados foram orientados a realizar apneia respiratória.
Para aferição da estatura foi utilizada uma fita métrica, fixada na parede. Para podermos obter os dados as alunas tiveram que ficar de costas para a fita, em posição ortostática, braços estendidos ao longo do corpo, descalçados, pés unidos e calcanhares encostados na parede.
O IMC foi calculado com base na Massa Corporal (Kg) e Altura (m) de cada aluna, a formula utilizada foi à seguinte: IMC: Massa Corporal/estatura².
O instrumento utilizado para medida do nível de atividade física foi o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), em sua versão curta. Este teve sua validade testada no Brasil por Matsudo et al.(2001) em um estudo realizado numa amostra de 257 homens e mulheres que se submeteram ao questionário (versão longa e curta). Dentre as várias conclusões observadas, o IPAQ em suas duas formas teve sua validade e reprodutibilidade comparadas com as de outros instrumentos já aceitos e utilizados internacionalmente para medir nível de atividade física.
Classificação do IPAQ
As perguntas do questionário estão relacionadas às atividades realizadas na última semana anterior à aplicação do questionário. Os alunos tiveram seus dados tabulados, avaliados e foram posteriormente classificados de acordo com a orientação do próprio IPAQ, que divide e conceitua as categorias em:
Sedentário – Não realiza nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a semana;
Irregularmente Ativo – Consiste em classificar os indivíduos que praticam atividades físicas por pelo menos 10 minutos contínuos por semana, porém de maneira insuficiente para ser classificado como ativos. Para classificar os indivíduos nesse critério, são somadas a duração e a freqüência dos diferentes tipos de atividades (caminhadas + moderada + vigorosa). Essa categoria divide-se em dois grupos:
Irregularmente Ativo A – Realiza 10 minutos contínuos de atividade física, seguindo pelo menos um dos critérios citados: freqüência 5 dias/semana ou duração – 150 minutos/semana;
Irregularmente Ativo B – Não atinge nenhum dos critérios da recomendação citada nos indivíduos insuficientemente ativos A;
Ativo – Cumpre as seguintes recomendações: a) atividade física vigorosa – > 3 dias/semana e > 20 minutos/sessão; b) moderada ou caminhada – > 5 dias/semana e > 30 minutos/sessão; c) qualquer atividade somada: > 5 dias/semana e > 150 min/semana;
Muito Ativo – Cumpre as seguintes recomendações: a) vigorosa – > 5 dias/semana e > 30 min/sessão; b) vigorosa – > 3 dias/semana e > 20 min/sessão + moderada e ou caminhada 5 dias/semana e > 30 min/sessão.
Resultado e discussão
Na Tabela 1 o grupo de nutrição apresentou-se mais heterogêneo na variável idade do que o grupo de educação física. A altura se manteve quase que igual. O peso não teve alteração significativa entre os grupos. O IMC teve valores próximos, ficando ambos dentro da normalidade.
Tabela 1. Classificação da amostra quanto ao curso, idade, altura, peso, e IMC
Na Tabela 2 podemos comparar que o grupo das alunas de Nutrição, 11 são sedentárias e 9 praticam alguma atividade física.
O grupo das alunas de educação física, 4 são sedentárias e 16 praticam alguma atividade física.
Os grupos se mostram bem heterogêneos em relação aos dados coletados.
Tabela 2. Classificação da amostra quanto ao nível de atividade física das alunas de Educação Física e Nutrição
Gráfico 1. Classificação da amostra quanto ao IMC das acadêmicas de Educação física e Nutrição
Gráfico 2. Classificação da amostra quanto ao nível de atividade física das alunas de Nutrição
Gráfico 3. Classificação da amostra quanto ao nível de atividade física das alunas de Educação Física
Conclusão
Concluímos que não houve diferença significativa na composição corporal entre os dois grupos de avaliados, mantendo-se os dois com resultados dentro da normalidade, segundo a tabela de referência.
Em relação à variável Atividade Física foram classificadas como Sedentárias 55% das acadêmicas de Nutrição, já as acadêmicas de Educação Física classificadas como sedentárias os valores encontrados foram 20%.
Com isso concluímos que as acadêmicas de Educação Física apresentaram-se mais ativas do que as Acadêmicas de Nutrição.
Considerações finais
Ter uma vida fisicamente ativa é de fundamental importância não apenas no sentido estético, mais principalmente visando a prevenção de doenças desencadeadas pelo estilo de vida não ativo. Espera-se dos profissionais da Educação Física e da Nutrição, boa saúde física e mental, pois o aluno tem o educador como espelho.
Medidas devem ser tomadas, como a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável para que futuramente os mesmos não desenvolvam patologias associadas ao excesso de peso, assim como problemas que venham a interferir no desempenho de suas atividades profissionais
Referências
AINHAGNE, M.; FUMAGALLI, A. R.; GUIZARDE, A. P. E. . Perfil dos acadêmicos do curso de Educação Física das Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina, em relação ao índice de massa corporal e fatores de risco. Ciência Agrárias e da Saúde, v. 6, p. 23-27, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Rio de Janeiro: INCA, 2004. 186p.
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DISHMAN R. e SUNHARD M. “Reliability and concurrent validity for a 7- d re-call of physical activity in college students”. Medicine and Science in Sports and Exercise, 20 (1), 14-25.
HOLLO, Rita A.M.; LEITE, Monaliza D.O.; NAVARRO, Francisco. A educação nutricional como forma de viabilizar o tratamento de mulheres com sobrepeso e obesidade, com baixa renda, atendidas numa unidade básica de saúde (UBS), no município de Cabreúva, SP. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. São Paulo, v. 1, n. 4, p. 109-118, jul./ago. 2007.
LÜDORF, S. M. A. Do corpo design à educação sociocorporal: o corpo na formação de professores de Educação Física. 2004. 264 f. Dissertação (Doutorado em Educação)-Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
LÜDORF, S. M. A.. Formação de professores de Educação Física: retratos de uma instituição. Revista Brasileira de Docência, Ensino e PesquisaemEducação Física, v. 2, p. 126-136, 2010
MATSUDO, SM, Araújo TL, Matsudo VKR, Andrade DR, Andrade EL, Oliveira LC, et al. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Rev Bras Ativ Saude. 2001;10:5-18.
PALMA, A.; JARDIM, S.; LUIZ, R. R.; SILVA FILHO, J.F. Trabalho e saúde: o caso dos professores de Educação Física que atuam em academias de ginástica. Cadernos IPUB (UFRJ), Rio de Janeiro, v. 13, p. 11-30, 2007.
PARDINI, R., MATSUDO, S., ARAUJO, T., MATSUDO, V., ANDRADE, E., BRAGGION, D. A, et al. (2001), “Validação do questionário internacional de nível de atividade física (IPAQ - versão 6): estudo piloto em adultos jovens brasileiros”. Rev. Bras. Ciên. e Mov. 9 , 3: 45-51.
PINHO, R. A. (1999), “Nível Habitual de Atividade Física e Hábitos Alimentares de Adolescentes Durante Período de Férias Escolares”. Dissertação de Mestrado. Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina.
PITANGA, F. J. G.; PITANGA, C. P. S. (2001), “Epidemiologia da Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida”. Revista Baiana de Educação Física. 2, 2 :22 – 28.
ROSA, Maria Luiza Garcia; MESQUITA, Evandro Tinoco; ROCHA, Emanuel Ribeiro Romeiro da and FONSECA, Vânia de Matos. Índice de massa corporal e circunferência da cintura como marcadores de hipertensão arterial em adolescentes. Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2007, vol.88, n.5, pp.
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