efdeportes.com

Análise epidemiológica da leishmaniose visceral
em Montes Claros, Minas Gerais

Análisis epidemiológico de la leishmaniasis visceral em Montes Claros, Minas Gerais

 

*Acadêmicos do curso de Enfermagem, das Faculdades Santo Agostinho

de Montes Claros, Minas Gerais. Membros do Grupo de Pesquisa em Enfermagem

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros

**Enfermeiro. Mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros

***Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde. Doutoranda em Ciências da Saúde

pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Líder do Grupo de Pesquisa

em Enfermagem das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros

(Brasil)

Adriana Lopes Gomes Paixão*

Elvis Henrique Ruas Rodrigues*

Luana Leal Viveiros*

Kathielle Francine Gonzaga Souto*

Thiago Luis de Andrade Barbosa**

Ludmila Mourão Xavier Gomes***

adriana.lopes18@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo descrever as características epidemiológicas dos casos de leishmaniose visceral em Montes Claros, MG, notificados no período de 2007 a 2010. Foi realizado um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa. Os dados secundários foram obtidos no Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação do Departamento de Informática do SUS (SINAN/DATASUS). A análise dos dados foi realizada mediante a estatística descritiva. Neste período foram registrados 113 casos. O ano de 2008 apresentou maior registro (30%). A faixa etária mais acometida foi de 1 a 4 anos (31%) e o sexo com maior número de casos foi o masculino (64%). O critério de confirmação do caso mais utilizado foi o exame laboratorial (97%). Quanto à evolução dos casos foi detectada a cura em 89%, 7% evoluíram para óbito, e 1% para abandono do caso e a maioria dos casos se deu na zona urbana (90%). Conclui-se a importância de monitorar e diagnosticar os casos de leishmaniose visceral em crianças, para que o tratamento seja feito em tempo ágil evitando complicações, fazendo um diagnóstico precoce.

          Unitermos: Epidemiologia. Leishmaniose visceral. Fatores de risco.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 173, Octubre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A leishmaniose visceral (LV) é uma doença crônica, sistêmica, com manifestações clínicas discretas até graves. Destaca-se que a LV é uma parasitose endêmica das Américas que está entre as sete endemias de prioridade da Organização Mundial de Saúde (GOMES et al., 2009). Tem se apresentado como uma das maiores endemias nas Américas, sendo que no continente possui 97% dos casos registrados em 19 países (MALAFAIA, 2009).

    É uma doença causada pelo gênero Leishmania que se reproduz dentro do sistema fagocítico mononuclear dos hospedeiros mamíferos. O tratamento mais utilizado é o antimoniato N-metil glucamina (Glucantime®) como droga de 1ª escolha e a anfotericina B e derivados como drogas de segunda escolha (BRASIL, 2006).

    Nos últimos anos observou-se uma grande mudança no padrão epidemiológico da doença, que antes era considerada uma doença de prevalência na zona rural, hoje vem se expandindo em um grande processo de urbanização para as grandes cidades (GOMES et al., 2009).

    Possui susceptibilidade universal podendo acometer todas as faixas etárias sendo mais frequente em crianças menores de um ano, podendo adquirir formas graves sendo até letais (BRASIL, 2006).

    Neste contexto, o objetivo deste estudo foi descrever as características epidemiológicas dos casos de leishmaniose visceral no município de Montes Claros, Minas Gerais, notificados no período de 2007 a 2010.

Metodologia

    Este trabalho foi realizado por meio de um estudo retrospectivo de caráter descritivo e abordagem quantitativa.

    A coleta dos dados secundários foi obtida no Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação do Departamento de Informática do SUS (SINAN/DATASUS) em maio de 2012.

    Os dados se referem a todos os casos confirmados e notificados de leishmaniose visceral no período de 2007 a 2010 no município de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Os dados foram analisados utilizando a estatística descritiva.

    Foram utilizadas as variáveis de faixa etária, sexo, idade, escolaridade e raça para diagnosticar os casos de leishmaniose ocorrido na cidade de Montes Claros, MG.

    O estudo respeitou todos os preceitos éticos contidos na resolução 196/96, da Comissão Nacional de Ética em pesquisa do Ministério da Saúde. A avaliação por Comitê de Ética foi dispensada por utilizar dados secundários e de domínio público.

Resultados

    Foram analisados os dados de 113 pacientes, sendo que 30% dos casos foram notificados no ano de 2008 e 29% no ano de 2009. A faixa etária mais acometida foi crianças de 1 a 4 anos (31%), sendo que 64% dos casos notificados eram do sexo masculino. Dos casos detectados 89% evoluíram para cura, seguido de 7% que foram a óbito (tabela 1).

Tabela 1. Distribuição por faixa etária, sexo e raça dos casos de Leishmaniose visceral

ocorridos no Município de Montes Claros, no período de 2007 a 2010

    Com relação à escolaridade dos acometidos pela doença, 0,88% eram analfabetos, 3,58% possuíam de 1ª a 4ª série incompleta do ensino fundamental, 2,65% apresentavam 4ª série completa, 5,30% tinham entre 5ª e 8ª série do ensino fundamental, 2,65% concluíram o ensino fundamental, 7,96% fizeram o ensino médio completo incompleto, 2,65% ensino médio completo, 43,36% não se aplica e 30,97% deixaram o campo ignorado.

    Dos casos confirmados 7,96% eram gestantes. Com relação à entrada do 98,23% dos casos eram novos e 1,77% recidiva.

Gráfico 1. Evolução dos casos de Leishmaniose Visceral ocorridos

no período de 2007 a 2010 no município de Montes Claros-MG

    Os critérios de confirmação de LV utilizados foram por meio de exames laboratoriais. Em relação ao local de ocorrência, a maioria dos casos notificados foram na zona urbana (90%).

    Na evolução do caso, 89% dos notificados foram curados, 9% foram a óbito e 2% abandonaram o caso (gráfico 1).

Discussão

    Neste estudo, verificou-se que o perfil dos casos de LV no município de Montes Claros está relacionado a crianças e pessoas com baixa escolaridade. A LV foi mais freqüente em pessoas do sexo masculino. Esses resultados corroboram com o estudo de Cardoso (2007), realizado com crianças internadas em um hospital situado na regional da Asa Sul.

    Em estudo feito por Gomes et al. (2009), observou-se que o município de Montes Claros possui ambientes propícios para ocorrência da LV, sendo que a presença de animais em domicílio é muito grande, facilitando assim a contaminação pelo flebotomíneo.

    É uma doença que pode atingir todas as faixas etárias, sendo mais frequente em crianças no seu primeiro ano de vida (BRASIL, 2006). Suas habitações são, na maioria, muito precárias, pobres com deficiência na coleta de lixo, e presença de animais domésticos no intradomicílio e peridomicílio, assim como o acúmulo de matéria orgânica proporcionando condições favoráveis para desenvolvimento da doença.

    A leishmaniose visceral tem deixado de ser uma doença rural, passando a ser frequente na zona urbana, com um índice de incidência aumentado nas cidades de médio e grande porte como foi visto em estudo feito por Brustoloni (2006).

    Estudo feito por Miranda (2008), evidencia-se que a LV é uma doença de expansão no Norte de Minas, com forte tendência para urbanização como foi citado por Silva et al. (2007).

    Para Barata (2011), quanto menor a resposta imunológica do paciente, menor será sua resposta terapêutica, e maior será o aparecimento de novas infecções.

    As medicações para o tratamento da LV mais utilizadas são o antimonial pentavalente e o antimoniato N-metil glucamina. O antimonial pentavalente como foi citado em estudo feito por Gomes et al. (2009), é o mais utilizado devido a sua eficácia no tratamento pois causa efeitos adversos de pouca gravidade.

    É importante ressaltar a necessidade de profissionais capacitados que façam o reconhecimento precoce das doenças, o monitoramento clínico e laboratorial para tratamento das possíveis complicações, bem como ações com objetivo de diminuir o número de casos de óbitos através do diagnóstico precoce e tratamento imediato.

Conclusão

    Observa-se que a leishmaniose visceral acomete mais crianças de 1-4 anos, sendo necessário um diagnóstico precoce para identificação da doença. É necessário um planejamento de ações de medidas de controle e uma busca ativa dos casos, encaminhamento para diagnóstico e tratamento.

    Conhecer as características dos casos de LV propiciará um reconhecimento adequado e um tratamento imediato dos sinais e sintomas, diminuindo as estatísticas de morbidades e hospitalizações infantis.

    Deve-se fazer o treinamento dos profissionais de saúde, incentivando a população a cuidar do meio ambiente, repassando informações de como ocorre a proliferação dos vetores objetivando a redução dos casos de LV.

Referências

  • BARATA, R.A . Controle da leishmaniose visceral no município de Porteirinha, estado de Minas Gerais, no período de 1998 a 2003. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v. 44, n. 3, 2011 .

  • Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância e controle da Leishmaniose visceral. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006.

  • BRUSTOLONI, Y.M. Leishmaniose visceral em crianças no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil: contribuição ao diagnóstico e ao tratamento. Tese de doutorado. Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; 2006.

  • CARDOSO, V.V. Manifestações clínicas, laboratoriais e a função dos fagócitos em crianças com leishmaniose visceral tratadas com Glucantime. Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2007, 144p

  • GOMES, L.M.X; COSTA, W.B; PRADO, P.F; CAMPOS, M.O;LEITE, M.T.S. Características clínicas e epidemiológicas da leishmaniose visceral em crianças internadas em um Hospital Universitário de referência no norte de Minas Gerais, Brasil. Rev. bras. epidemiol. v.12 n.4, 2009.

  • MALAFAIA, G; RODRIGUES, A.S.L; TALVANI, A; Ética na publicação de pesquisas sobre leishmaniose visceral humana em periódicos nacionais. Rev Saude Publ. v.45, n.1, p.166-72, 2011.

  • MIRANDA, G.M.D. Leishmaniose visceral em Pernambuco: a influência da urbanização e da desigualdade social. Dissertação de mestrado. Recife: Fundação Oswaldo Cruz; 2008.

  • SILVA, L.M.R; CUNHA, P.R. A urbanização da leishmaniose tegumentar americana no município de Campinas - São Paulo (SP) e região: magnitude do problema e desafios. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 82, n. 6, P.515-519. 2007 .

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 173 | Buenos Aires, Octubre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados