efdeportes.com

Uso de esteróides anabólicos androgênicos por 

praticantes de musculação em academias de Vila Velha, ES

El uso de esteroides anabólicos androgénicos por parte de físicoculturistas en gimnasios de Vila Velha, ES

 

Universidade Vila Velha, ES

(Brasil)

Leonardo Raposo Rocha Gomes

Karla Leão Borges

Robison Pimentel Garcia Júnior

Gustavo Lírio Meneghel

Karla Danielly Wagner de Oliveira

leonardor@uvv.br

 

 

 

 

Resumo

          Anabolizantes sintéticos são medicamentos que contêm o hormônio “testosterona” que possui características anabólicas, de crescimento e de desenvolvimento sexuais masculinos. Estes medicamentos estão sendo vendidos com a finalidade de se obter o aumento na massa muscular indiscriminadamente. Julgou-se necessário conhecer a percepção dos praticantes de atividades físicas sobre o uso não-clínico de anabolizantes e alertar os atletas e a população em geral sobre os riscos do uso desses esteróides anabólicos androgênicos (EAAs), tendo-se assim como objetivos avaliar a utilização de esteróides anabolizantes por praticantes de musculação nas principais academias dos Bairros de Itapoã e Praia da Costa da cidade de Vila Velha (ES), traçando o perfil dos usuários, além de identificar as principais motivações para o uso, as fontes de orientação e acesso e descrever as principais substâncias utilizadas. Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter descritivo e quantitativo em que foram usados questionários auto-aplicáveis, nos alunos das academias que possuíam mais de 100 matriculados. O estudo teve duração de 05 meses. Atendendo à Portaria 196 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto dessa pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa, da Universidade Vila Velha (ES) – UVV e os entrevistados assinaram um termo de esclarecimento e concordância com a mesma. A amostra constituiu-se de 94 alunos, 67% homens e 37% mulheres e os dados coletados foram agrupados por questões e itens. Os resultados foram tabulados por meio de gráficos e tabelas e analisados usando a estatística descritiva. Verificamos que 40% dos alunos entrevistados fazia uso de esteróides anabólicos androgênicos. O principal EAA usado é o Winstrow e que é normal os alunos usarem a mistura de vários EAAs, como a mistura Winstrow, Decadurabolin, Deposteron e Durateston, que prevaleceu entre os entrevistados. A preferência é pela combinação da via de administração oral com a injetável. A maioria dos alunos estava usando os EAAs de um a seis meses e foi orientada por amigos ou por automedicação. A principal forma de aquisição é feita junto aos amigos, seguido de balcão da farmácia. Verificamos que 52% dos usuários usam os EAAs com objetivos estéticos e 24% usa para aumentar a força e melhorar a estética e ainda que 74% perceberam efeitos colaterais durante o uso dos EAAs, que são drogas potentes que estão sendo usadas amplamente no âmbito das academias de ginástica, por um público de idades variadas e por ambos os sexos. Como é normal o uso de vários anabolizantes simultaneamente, potencializa-se os riscos de ocorrerem efeitos colaterais e outras complicações causadas pelo uso incorreto de medicamentos, como complicações cardíacas, metabólicas e hemodinâmicas.

          Unitermos: Esteróides anabólicos. Musculação. Academias.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Os esteróides anabólicos androgênicos constituem um grupo de substâncias naturais ou sintéticas formadas a partir da testosterona e seus derivados. Como o próprio nome sugere esses compostos apresentam duas atividades distintas: a atividade androgênica, responsável pelo desenvolvimento das características sexuais masculinas, incluindo as características secundárias ao sexo; e atividade anabólica, relacionada ao crescimento do tecido muscular (FERREIRA et al., 2007).

    Assim, os anabolizantes sintéticos são medicamentos que contêm o hormônio masculino “testosterona” que possui características anabólicas, de crescimento e de desenvolvimento sexuais masculinos, e que também é usado em tratamento de doenças, tais como: anemia, alguns tipos de câncer, reposição hormonal, e atrofias musculares produzidas por doenças ou por acidentes traumáticos. No entanto, os anabolizantes estão sendo vendidos com a finalidade de se obter o aumento na massa muscular, na força e melhora na estética corporal.

    No meio esportivo, no início dos anos 50, fisiculturistas e halterofilistas foram os primeiros a utilizar os anabolizantes com o objetivo de melhorar a estética e ficarem musculosos. Verificamos que o uso vem aumentando, e se alastrando entre indivíduos praticantes de outros esportes, mesmo sendo consideradas substâncias de uso proibido (Moreau e Silva, p.328, 2003).

    Observou-se também um aumento significativo no abuso dessas substâncias não só por atletas de competição, mas também por atletas recreacionais e mulheres para fins estéticos (FORTUNATO; ROSENTHAL; CARVALHO, 2007). Contudo, o uso indiscriminado dessas substâncias pode acarretar numa série de efeitos adversos que, por vezes, não são conhecidos ou considerados relevantes entre os usuários.

    O uso indiscriminado dos EAAs acarreta em aparecimento de efeitos adversos que são relacionados com a dose e período de administração, sendo os principais, atrofia do tecido testicular, causando impotência e infertilidade, tumores de próstata e ginecomastia em homens; masculinização, incluindo a alteração da voz, irregularidade menstrual e aumento do clitóris em mulheres; e ainda, em ambos os sexos pode ocorrer calvície, erupções acneéicas, aumento da libido, irritabilidade, disfunção hepática, agressividade, etc. (CUNHA et al., 2004; KATZUNG, 2006).

    Estudos realizados em diferentes academias do país demonstraram uma alta prevalência do uso de EAAs entre praticantes de musculação, motivados pela melhora na estética e aumento de força física (SILVA et al., 2007; FRIZON; MACEDO & YONAMINE, 2005; SILVA & MOREAU, 2003). Levantamentos realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) em 2001 e 2005, revelaram que o uso destas substâncias triplicou, passando de 0,3% em 2001 para 0,9% em 2005. Isto significa um número superior a 1,2 milhões de pessoas que declararam fazer uso ou ter usado EAAs, de acordo com os últimos dados do CEBRID, obtidos em 108 cidades brasileiras com população superior a 200 mil habitantes (CARLINI, 2005). Em outro estudo realizado em 2004 sobre o uso de drogas por estudantes da rede pública de ensino em 27 capitais brasileiras, foi revelado uma prevalência de uso de anabolizantes de 1% em Vitória, capital do Espírito Santo (GALDURÓZ et al., 2004).

    Diante do crescente uso de EAAs revelado por estudos anteriores e dos riscos causados pelo uso inadequado dessas substâncias, o presente trabalho buscou evidenciar o uso indiscriminado de EAAs, tendo como objetivos avaliar a utilização de esteróides anabolizantes por praticantes de musculação nas principais academias do Bairro de Itapoã e Praia da Costa da cidade de Vila Velha (ES) traçando o perfil dos usuários, além de identificar as principais motivações para o uso, as fontes de orientação e acesso e descrever as principais substâncias utilizadas e os efeitos colaterais percebidos.

    Neste contexto, julgou-se necessário conhecer a percepção dos praticantes de atividades físicas sobre o uso não-clínico de anabolizantes e alertar os atletas e a população em geral sobre os riscos do uso indiscriminado desses esteróides anabólicos. O problema do uso de EAAs, portanto, precisa ser investigado para que possam ser tomadas medidas preventivas e educativas informando sobre os riscos de seu uso.

1.     Metodologia

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo de caráter descritivo e quantitativo em que foram usados questionários auto-aplicáveis que proporcionaram o alcance dos objetivos. O estudo foi realizado nas principais academias dos bairros de Itapoã e Praia da Costa da cidade de Vila Velha (ES), considerando como principais as que possuíam mais de 100 (cem) alunos matriculados, cujos nomes foram omitidos para preservar a privacidade dos mesmos; durante um período de cinco meses, compreendidos de maio a setembro de 2011. Atendendo à Portaria 196 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto dessa pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Vila Velha (ES) – UVV.

    O critério de inclusão e o de exclusão das academias participantes do estudo foi baseado no número de alunos matriculados nas academias. Foram selecionadas aquelas que possuíam mais de 100 alunos, enquanto as que possuíam menos de 100 alunos matriculados foram excluídas do mesmo. A coleta de dados foi efetuada em academias dos bairros citados acima, durante os períodos matutino, vespertino e noturno. Os questionários foram aplicados nos alunos matriculados na atividade de musculação, escolhidos aleatoriamente, nas academias que compreenderam o universo empírico da pesquisa. Os sujeitos participantes assinaram o termo de esclarecimento e de livre consentimento antes de iniciarem a sua participação na mesma, por meio de respostas às perguntas do questionário.

    O instrumento de coleta de dados desenvolvido foi baseado em um questionário já aplicado em outro estudo (FRIZON; MACEDO; YONAMINE, 2005) com adaptações para atender aos objetivos atuais. O questionário estruturado foi aplicado em uma única seção e visou avaliar informações sobre a faixa etária, sexo e nível de escolaridade, principais motivações para o uso, fontes de orientação e possíveis reações adversas, que permitem quantificar os usuários de esteróides anabolizantes e analisar o perfil dos mesmos.

    Assim, a população do estudo foi representada por praticantes de musculação do sexo masculino e feminino, onde os alunos que se submeteram a participação da pesquisa foram esclarecidos quanto aos objetivos da mesma. A amostra constituiu-se de 94 alunos e os dados coletados foram agrupados por questões e itens e os resultados tabulados por meio de gráficos e tabelas, usando o programa Microsoft Excel 2007 for Windows e analisados usando a estatística descritiva.

2.     Resultados obtidos

Gráfico 1. Relaciona o percentual de alunos entrevistados e suas faixas etárias

 

Gráfico 2. Relaciona o percentual de alunos entrevistados por gênero

 

Gráfico 3. Relaciona o nível de escolaridade dos alunos entrevistado:

 

Gráfico 4. Relaciona o tempo de prática esportiva dos entrevistados

 

Gráfico 5. Relaciona a prevalência do uso de esteróides anabólicos androgênicos entre os alunos

 

Gráfico 6. Relaciona a incidência dos esteróides anabólicos entre os entrevistados

    Verificamos com o gráfico acima que 6 alunos usavam a combinação de Winstrol, Decadurabolin, Deposteron e Durateston; 5 usavam Winstrol; 3 usavam Oxandrin; 2 Oxandrin e Durateston; 2 Winstrol e Oxandrin; 2 Winstrol e Clembuterol; 2 Winstrol e Dianabol; 2 Winstrol, Decadurabolin e Durateston; 2 Winstrol e Durateston; 2 marcaram todas as opções; um aluno usava Winstrol, Decadurabolin, Deposteron, Equipoise, Durateston, Equifort, Testogar e Clembuterol; um aluno usava Winstrol, Decadurabolin, Durateston e Hemogenin; um aluno usava Winstrol, Dianabol, Decadurabolin e Durateston; um usava Winstrol, Oxandrin, Deposteron e Durateston; um aluno Winstrol e Deposteron; um aluno Decadurabolin, Equipoise e Durateston; um aluno Decadurabolin, Deposteron e Durateston. Verificamos que a maioria dos usuários (71% dos usuários) prefere a combinação de pelo menos dois esteróides anabólicos.

Gráfico 7. Relaciona a via de administração do esteróide anabólico androgênico pelos usuários entrevistados

 

Gráfico 8. Relaciona o tempo de utilização do esteróide anabólico androgênico pelos usuários entrevistados

 

Gráfico 9. Relaciona quem orientou o uso do EAA pelos usuários entrevistados

    Com relação à orientação para o uso dos EAAs, verificamos que dez alunos foram orientados por amigos, nove por vontade própria ou automedicação, seis alunos foram orientados por médicos, três alunos responderam que foram orientados por médico, nutricionista e amigos, dois por orientação do professor/instrutor, dois por professor e amigos, um pelo médico e professor/instrutor, um pelos meios de comunicação, um por vontade própria e pelos meios de comunicação, um pelo nutricionista e um afirma que foi orientado por outros meios.

Gráfico 10. Relaciona a forma de aquisição do EAA pelos usuários entrevistados

    Quanto à forma de aquisição dos EAAs, 11 alunos adquiriram com os amigos, 8 na farmácia sem receita, 6 na farmácia com receita, 3 na farmácia com ou sem receita e com os amigos, 2 com o instrutor da academia, um na farmácia com ou sem receita, um na farmácia com receita e com os amigos, um na farmácia sem receita, com o instrutor e com os amigos, um na farmácia sem receita e com os amigos e 3 adquiriram de outras formas.

Gráfico 11. Relaciona qual a finalidade do uso do EAA pelo usuário entrevistado

    O gráfico 11 demonstra que 52% dos alunos usam os esteróides com objetivos estéticos; 24% por aumento da força e estética; 14% para aumentar a força; 5% para aumentar a força e por outros motivos sem escrever qual e 5% afirmam que usam por outros motivos, mas também não citam quais. Nenhum aluno respondeu que usa o esteróide para tratar doenças.

Gráfico 12. Relaciona o uso de suplementos alimentares pelos entrevistados

 

Gráfico 13. Relaciona quais suplementos alimentares foram citados pelos entrevistados

    Em relação aos suplementos usados, 07 usam creatina e proteínas, 06 usam proteínas e aminoácidos; 06 usam vitaminas, proteínas e creatina; 02 usam vitaminas e proteínas; 02 usam todos; 01 usa creatina e carnitina; 01 usa creatina, proteínas e ervas.

Gráfico 14. Relaciona o uso de outros medicamentos pelos entrevistados

 

Gráfico 15. Relaciona quais outros medicamentos são usados pelos entrevistados

    Em relação aos outros medicamentos usados, foram anotadas 04 vezes efedrina e diuréticos; 02 vezes somente efedrina; 01 vez efedrina, clembuterol e diuréticos; 01 vez efedrina, clembuterol, diuréticos e GH; 01 vez somente GH e 01 vez para o uso de outro medicamento.

Gráfico 16. Relaciona se os usuários de EAAs observaram algum efeito colateral

 

Gráfico 17. Relaciona os efeitos colaterais observados pelos usuários de EAAs

    Verificamos no gráfico 17 que quatro alunos tiveram aumento da pressão arterial, aumento da libido e da agressividade; três relataram aparecimento de espinhas e aumento da libido; três aumentaram a libido e a agressividade; um relatou aumento da libido e atrofia dos testículos; um teve aumento da pressão arterial, diminuição da libido, aumento da agressividade e atrofia dos testículos; um disse que houve aumento da pressão arterial, da libido, das espinhas e da agressividade; um teve alteração de humor e outros efeitos; um teve pressão alta, aumento da libido, da agressividade, espinhas e queda de cabelo; um teve pressão alta, aumento da agressividade e outros; um teve somente queda de cabelos; uma teve engrossamento da voz e queda de cabelo; uma teve engrossamento da voz e aumento do clitóris; uma teve somente aumento do clitóris; um teve somente aumento da libido; um teve somente diminuição da libido; um teve hipertensão.

Gráfico 18. Relaciona se o entrevistado indicaria EAAs para outras pessoas

 

Gráfico 19. Relaciona quais outros esportes são praticados pelos entrevistados além da musculação

3.     Discussão

    Segundo Moreau e Silva (2003), os efeitos colaterais mais observados com o uso dos esteróides anabólicos foram o aumento da libido, alteração do humor, agressividade, o aparecimento de acne e ginecomastia, atrofia dos testículos e estrias nos homens. Nas mulheres verificou-se atrofia das mamas, aumento do clitóris, aumento da quantidade de pêlos, engrossamento da voz, irregularidades no ciclo menstrual, aumento da libido e aparecimento de acne.

    Em nossa pesquisa obtivemos resultados semelhantes, onde verificamos que os efeitos colaterais mais observados pelos alunos foram o aumento da agressividade, aumento da libido e hipertensão arterial. Estes efeitos são acometidos, segundo Iriart e Andrade (2002), pela grande quantidade de hormônio masculino que encontramos nestes medicamentos, tendo em vista que os usuários não se importam com os possíveis problemas ocasionados pelo uso excessivo e continuado dessas substâncias.

    Trabalho realizado por alunos de graduação do curso de Farmácia, da Universidade Vila Velha (ES) em 2006, com usuários de EAAs freqüentadores de academias da Grande Vitória, revelou que a maioria dos indivíduos fazia uso de EAAs por motivos estéticos (86%). Os EAAs mais citados foram o decanoato de nandrolona (61,8%) e estanozolol (14,7%). Esses indivíduos utilizavam em média 1,4 EAA, obtido na maioria das vezes de forma ilícita (89%) (SERAFINI et al., 2006). Iriart, Chaves e Orleans (2009), citam que o uso dos esteróides acontece pela preocupação em se obter o corpo perfeito, pois o corpo se faz alvo de uma atenção redobrada nos últimos tempos, investindo-se cada vez mais recursos financeiros nestes produtos para maior ganho de massa muscular.

    De acordo com Gomes (2007), quando a mídia apresenta os seus ídolos, ela busca criar uma imagem mental ou uma subjetividade nos indivíduos que atinge os seus corpos por meio de uma promessa de satisfação dos desejos e prazeres. Os indivíduos passam a acreditar naquilo que ela expõe e isto se torna verdadeiro para os corpos. Logo, aquilo que é exposto pela mídia dita os padrões comportamentais e estéticos que eles irão adotar.

    Portanto, os usuários de anabolizantes também usam produtos que prometem a satisfação de seus desejos e a obtenção dos seus objetivos estéticos e de performance atlética. Como vimos em nossa pesquisa, o principal objetivo de uso dos EAAs é estético, seguido pelo aumento da força muscular e melhora da performance nos treinos. Para obter isso os alunos passam a usar os EAAs e suplementos alimentares que são vistos como fundamentais para a obtenção de suas metas.

    Da Silva e colaboradores concluíram, em sua pesquisa sobre prevalência do consumo de agentes anabólicos na cidade de Porto Alegre, que o uso dos EAAs é um grave problema com características potencialmente epidêmicas que demandam uma série de medidas oficiais, além de uma postura adequada nas diferentes áreas da saúde. Assim, os profissionais da saúde como endocrinologistas e outras especialidades médicas, farmacêuticos, professores de educação física, fisioterapeutas, enfermeiros, entre outras profissões, poderão tomar medidas preventivas e de intervenção nos potenciais distúrbios de saúde causados pelo uso abusivo dos anabolizantes.

    Pelo fato dos EAAs serem encontrados nas academias em geral, que atraem praticantes de todas as classes sociais e também devido à presença massiva de corpos hipertrofiados exibidos nos veículos midiáticos, esta potencial epidemia atinge todos os estratos sociais, sem distinção. Sendo assim, a busca por uma estética corporal forte e volumosa conjuntamente com o problema do uso abusivo dos EAAs, não está localizada em determinadas regiões, classes sociais, ou grupos de pessoas, mas está difundida em um grande contingente populacional e, portanto a nossa pesquisa, realizada nos bairros de Itapoá e Praia da Costa, ilustra a realidade que vivenciamos sobre a temática em nosso país.

4.     Conclusão

    Os Esteróides Anabólicos Androgênicos são drogas potentes que estão sendo usadas amplamente no âmbito das academias de ginástica por um público de idades variadas e por ambos os sexos. O principal objetivo de uso é o estético e o anabolizante mais usado é o Winstrow. Porém, também observamos que é normal o uso de vários anabolizantes simultaneamente como a combinação de Winstrow, Decadurabolin, Deposteron e Durateston, que prevaleceu entre os entrevistados e a preferência é pela administração por via oral juntamente com a via injetável, o que potencializa os riscos de ocorrerem efeitos colaterais e outras complicações causadas pelo uso incorreto desses medicamentos, como complicações cardíacas, metabólicas e hemodinâmicas. Apesar de 74% dos usuários de anabolizantes terem notado efeitos colaterais, eles continuam usando o esteróide, muitas vezes motivados e iludidos pelo apelo estético de um corpo forte, definido e sem defeitos, propagado pelos veículos de comunicação, que vendem uma figura sintética do corpo humano. Além do mais os alunos movidos por esse apelo estético, também consomem vitaminas, energéticos, estimulantes do sistema nervoso e outros suplementos alimentares, visando melhorar suas performances nos treinos e maximizar os efeitos dos anabolizantes. Tudo isso nos leva a inferir que a situação do uso de esteróides anabólicos androgênicos é perigosa e torna-se urgente e necessário que sejam realizadas campanhas e ações amparadas por políticas públicas educativas e punitivas que visem orientar e combater o uso e venda indiscriminada dessas substâncias tão nocivas para os seus usuários e que atinge uma grande parcela de nossa população.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 172 | Buenos Aires, Septiembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados