Treinamento físico em bailarinos Physical training in dancers |
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*Doutoranda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná **Professor do Departamento de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (Brasil) |
Andressa Melina Becker da Silva* Cláudio Marcelo Tkac** |
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Resumo O objetivo deste estudo foi identificar a interferência do treinamento físico na performance de um bailarino. Como participantes foram determinados de forma intencional 11 bailarinos da modalidade Jazz, que dançam em um grupo da cidade de Curitiba. Foram aplicados os testes de Impulsão Vertical e Shutle Run para avaliar força e agilidade, respectivamente. Utilizou-se o goniômetro para quantificar a flexibilidade através do ângulo das articulações. Esses testes foram aplicados antes e depois do treinamento para poder comparar se houve melhora dessas capacidades. Além de os indivíduos testados participarem de uma banca examinadora, sendo avaliado: qualidade artística, qualidade técnica, tempo musical e adequação ao grupo; antes e após os testes para se comparar o treinamento com a performance. A análise estatística foi realizada de forma descritiva, utilizando média, desvio padrão, teste t - pareado, com nível de significância de 0,05. Houve significância para a agilidade, força e para os seguintes movimentos na flexibilidade: extensão de quadril, rotação medial de quadril, rotação lateral de quadril, flexão dorsal de tornozelo, flexão plantar de tornozelo, flexão lateral, flexão cervical e extensão cervical. Após passarem pela segunda banca examinadora ficou comprovado que o treinamento físico interfere de forma positiva a performance dos bailarinos. Unitermos: Treinamento físico. Bailarinos. Jazz.
Abstract The purpose of this study was to identify the interference of physical training in the performance of a dancer. As participants were determined with intent to form Jazz 11 dancers, who dance in a group of the city of Curitiba. We applied the tests of Vertical Thrust and Shutle Run to assess strength and agility, respectively. It was used to quantify the goniometry the flexibility through the angle of the joints. These tests were applied before and after training to be able to compare whether there has been improvement of these capabilities. In addition to the individuals tested part of a bank examiner, being evaluated: artistic quality, technical quality, time and suitability for musical group, before and after the tests to compare the training with the performance. The statistical analysis was performed in a descriptive way, using average, standard deviation, t test - paired with significance level of 0.05. There was significant for agility, strength and flexibility in the following movements: extension of hip, hip, medial rotation, rotation of hip side, bending back of the ankle, plantar flexion of the ankle, bending side, bending neck and neck extension. After becoming the second bank examiner was proven that the physical training interferes in a positive way the performance of the dancers. Keywords: Physical training. Dancers. Jazz.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente estudo apresentará a influência do treinamento físico em bailarinos, baseando-se no treinamento esportivo, abordando a força, flexibilidade e agilidade. Sendo assim, o treinamento físico e técnico quando trabalhados simultaneamente objetivam melhorar o desempenho do bailarino.
Como justificativa a esse estudo, têm-se que poucos estudos sobre a interferência do treinamento físico na dança são realizados, pois pensa-se somente na técnica. Porém, não existe técnica suficientemente adequada se não existir uma capacidade física para executá-la. O educador físico pode sim trabalhar com a dança, conjuntamente com o coreógrafo e professor de dança, cada um respeitando as suas particularidades profissionais. Através da multidisciplinariedade poder-se-á potencializar a capacidade do bailarino e com ela a qualidade técnica, artística e plástica do movimento. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a interferência do treinamento físico na performance de bailarinos.
Material e métodos
O presente estudo foi de cunho quantitativo, do tipo quase experimental, tendo como participantes um grupo de 11 pessoas do sexo feminino e masculino, com idades entre 18 a 23 anos, bailarinos da modalidade Jazz, que dançam em um grupo da cidade de Curitiba. Apresentam um bom condicionamento físico, com treinamento de alto nível.
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com o registro número 1865, e devolução dos consentimentos informados assinados, os bailarinos foram avaliados por uma banca julgadora que analisou a performance dos bailarinos em uma coreografia perante os seguintes aspectos: qualidade artística, qualidade técnica, tempo musical, adequação ao grupo. Então foram submetidos aos testes que serão explicados um por um.
Para realização do teste de potência de Salto Vertical (Fernandes, 2002, p.192-193) foi necessário uma tábua para salto marcado a cada meio centímetro e apoiado em uma parede a uma altura de 30 cm e pó de giz. O pó de giz foi colocado nos dedos indicadores da mão dominante, para poder marcar a altura de salto. O avaliado deve agachar e saltar tocando a tábua de marcação no ponto mais alto que conseguir alcançar. Não é permitido andar ou tomar distância para saltar. O resultado é registrado medindo-se a distância entre a melhor marca e a sua estatura com o membro superior estendido, registra-se em cm; são permitidas três tentativas. Para parâmetros, há uma tabela normativa de desempenho para este teste, que é apresentado na tabela 1.
Tabela 1. Padrão de desempenho no teste salto vertical
(Benjamin, 1988 apud FERNANDES, 2002, p. 193)
O teste de Goniometria se realiza da seguinte maneira, segundo Marques (1997, p. 2,3), quando o corpo estiver alinhado, com postura próxima a posição anatômica, ensina-se o paciente a movimentar a articulação em toda a sua amplitude, a fim de localizar, o eixo aproximado do movimento. Os dados devem ser registrados de forma cuidadosa e correta. O registro deve incluir o nome do avaliador, data e se foi utilizado movimento passivo ou ativo. Conhece-se os valores considerados normais, esses são apontados no quadro abaixo:
Tabela 2. Valores considerados normais para a população em graus de flexibilidade
Já o teste Shuttle Run (Dantas, 1998, p. 107) tem o objetivo de avaliar a agilidade do indivíduo. O material necessário é: dois blocos de madeira (5 cm x 5 cm x 10 cm), cronômetro. O avaliado corre na sua maior velocidade possível até os blocos, pega um deles, retorna ao ponto de onde partiu, e o deposita atrás da linha de partida. Sem interromper a corrida, vai e busca do segundo bloco procedendo da mesma forma. O teste estará terminado e o cronômetro será parado quando o avaliado colocar o último bloco no solo e ultrapassar, com pelo menos um dos pés, as linhas que delimitam os espaços demarcados. O bloco não deve ser jogado, mas colocado no solo. Sempre que houver erros na execução, o teste será interrompido e repetido novamente. Este teste, assim como o anterior também apresenta categorias de desempenho, como apresentado na tabela 3.
Tabela 3. Escores em percentis e desempenho do teste
Shuttle Run segundo Mathews (1980, p. 419)
Nos intervalos entre pré-teste e pós-teste houve como intervenção um treinamento de 7 semanas, sendo de 3 vezes por semana, com duração de 1 hora e 15 minutos (20 parte preparatória, 45 parte principal e 10 parte final). Após os testes foram feitas novas bancas examinadoras onde os bailarinos apresentaram uma coreografia apropriada. Os indivíduos foram avaliados segundo quatro parâmetros: qualidade artística, qualidade técnica, tempo musical e adequação ao grupo; componentes esses utilizados em festivais renomados de dança.
O estudo utilizou análise estatística de forma: descritiva, utilizando média, desvio padrão; teste t- pareado, com nível de significância em 0,05.
Resultados e discussão
Nesse trabalho mais especificadamente foi trabalhada a força explosiva, também conhecida como potência. Ressalta Dantas (1998, p.170) que essa é uma das qualidades físicas de maior importância. Diz ainda que “este parâmetro é função da velocidade de execução do movimento e da força desenvolvida pelo músculo considerado”. Deve-se ficar atento ao seguinte apontamento, “Após um trabalho de força não é recomendado exercícios de flexibilidade sob o risco de provocar lesões. Ao contrário, é indispensável a aplicação de exercícios de alongamento” (LEAL, 1998, p. 48). E assim foi feito no treinamento.
Para se avaliar a força foi usado o teste de salto vertical, pois essa força para impulsão é de grande importância na dança tendo-se em vista que os bailarinos sempre realizam saltos e quanto mais alto for, melhor seu desempenho.
O desempenho dos indivíduos avaliados foi realizado da seguinte maneira: foi registrado o valor da primeira marca e da segunda em metros, retirou-se o melhor valor e calculou-se a diferença entre o melhor desempenho e a estatura do indivíduo com os membros superiores estendidos. O quadro resultante dos cálculos é mostrado abaixo:
Tabela 4. Desempenho dos avaliados no teste de salto vertical
Neste teste, portanto, os indivíduos apresentaram desempenho superior a 80% o que é muito bom, com exceção de um bailarino que esteve com marca de desempenho entre 40 e 50%, portanto esse cidadão avaliado teve nos treinos maior ênfase na força. A média para o grupo em score foi de 38,75, tendo um desvio padrão de 3,284.
É necessário ainda observar que o indivíduo 8 não realizou o teste, isso porque estava lesionado e não poderia executar os movimentos propostos. Por esse motivo o examinado foi excluído da pesquisa como consta nos critérios de exclusão.
O desempenho de pós-teste dos bailarinos avaliados é mostrado na tabela abaixo:
Tabela 5. Resultados de Pós-teste de Impulsão Vertical
Através da tabela é possível observar que 100% dos indivíduos apresentaram desempenho entre 90 e 100% o que é muito bom considerando que os bailarinos executam muitos e muitos saltos. A média para o grupo em score foi de 46,00, tendo um desvio padrão de 7,445.
O gráfico abaixo compara os indivíduos em pré-teste e pós-teste, mostrando a evolução de cada um em decorrência do treinamento físico especializado.
Gráfico 1. Comparação individual entre pré-teste e pós-teste do teste Impulsão Vertical
Percebe-se que o indivíduo 3 é o que superou a marca consideravelmente acompanhado do indivíduo 4, além do que apenas 1 indivíduo manteve seu desempenho igual ao pré-teste. Em relação ao grupo em geral o gráfico 2 mostra o desempenho em pré-teste e pós-tese de maneira ampla e generalizada. Nesse caso houve significância em relação ao grupo, tendo em vista que p= 0,020.
Gráfico 2. Comparação coletiva entre Pré-teste e Pós-teste do teste impulsão vertical
A agilidade segundo Dantas (1998, p.95) é “a valência física que possibilita mudar a posição do corpo ou a direção do movimento no menor tempo possível”. Segundo Garcia (2003, p. 128 -130), o Jazz é um estilo de dança audacioso, energético, descontraído, forte, sensual, solto e vibrante, que, portanto, necessita de agilidade. Nesse caso o teste utilizado foi o Shuttle Run, os tempos realizados pro cada indivíduo são apresentados no quadro abaixo:
Tabela 6. Desempenho no Shuttle Run
Observando-as, vê-se que os bailarinos estavam com baixo índice de desempenho na agilidade. A média para o grupo em score foi de 12,04, tendo um desvio padrão de 0,820. Foi necessário trabalhar intensamente esse fator, tendo em vista que o jazz necessita de muita agilidade, sendo uma dança que apresenta muitas mudanças de direção.
Em pós-teste obteve-se os seguintes resultados:
Tabela 7. Resultados pós-teste Shuttle Run
Isso significa que, todos os indivíduos, independente do tempo, conseguiram melhorar seus escores e classificação. Marca essa significativa, pois p= 0,003. A média para o grupo em score foi de 10,80, tendo um desvio padrão de 1,107.
Os indivíduos foram testados em relação ao grau de flexibilidade em determinadas articulações através de movimentos corporais, utilizando-se o instrumento chamado goniômetro. Os dados foram apontados na tabela abaixo:
Tabela 8. Valores de graus de flexibilidade, medidas pelo Goniômetro nos participantes do estudo em pré-teste
Analisando os resultados por uma média do grupo temos que: Para o movimento de flexão de quadril, a média do grupo é de 3,63º acima da média. Na extensão de quadril a média foi de 11,82º a mais que o normal. Já para adução de quadril, a média foi 29,54º superiormente. Para a abdução de quadril os valores são ainda maiores, a média foi 41,36º a mais que o normal. A rotação medial e rotação lateral de quadril a média não foi tão alta, sendo respectivamente, 6,36º e 18,18º acima do normal. No movimento de flexão de joelho houve um pequeno avanço em relação à média que foi de 5,45º. E a flexão dorsal de tornozelo apresentou média menor ainda ficando em 1,36º a mais que o normal. Mas o valor mais alto de todos foi o de flexão plantar de tornozelo, sendo que a média ficou em 105,45º, o que já era esperado pois na dança os praticantes ficam quase que todo o tempo na ponta dos pés. Já a flexão lombar recebe uma média de 30,45º a mais que o normal. No movimento de extensão lombar, a média ficou em 25,90º. Para a flexão lateral gerou-se uma média aparente de 7,72º; já para os movimentos de flexão cervical e extensão cervical houve poucos indivíduos acima do normal, ficando a média respectivamente em, 5,45º e 15º.
Dez dos 11 indivíduos avaliados apresentaram rotação lateral do quadril à cima de 50º. Porém apenas 1 indivíduo atingiu 180º “en dehor”, na verdade ele consegue realizar um movimento em 200º, portanto é considerado “en dehor negativo”, e isso é ótimo para a dança em termos de plasticidade artística no palco. O restante dos avaliados precisam melhorar esse alongamento para que apresentem um ângulo de rotação de 90º, para atingirem a marca de “en dehor” de 180º como foi explicado anteriormente por (SAMPAIO, 1996, p. 48).
É de grande importância que os bailarinos desenvolvam treinamentos de flexibilidade assim como Cortes et al (2002, p.2) que afirma que a flexibilidade é benéfica para a melhora da qualidade de movimento do atleta, podendo realizar grandes amplitudes, e ainda diminuir o risco de lesões. Aumenta-se também o aperfeiçoamento motor e a eficiência mecânica.
Os dados de pós-teste se encontram na tabela abaixo:
Tabela 9. Valores de graus de flexibilidade, medidas pelo Goniômetro nos participantes do estudo em pós-teste
Analisando os resultados por uma média do grupo temos que: Para o movimento de flexão de quadril, a média do grupo é de 8,12º acima da média. Na extensão de quadril a média foi de 26,25º a mais que o normal. Já para adução de quadril, a média foi 41,25º superiormente. Para a abdução de quadril os valores são ainda maiores, a média foi 43,12º a mais que o normal. A rotação medial e rotação lateral de quadril a média não foi tão alta, sendo respectivamente, 23,75º e 21,87º acima do normal. No movimento de flexão de joelho houve um pequeno avanço em relação à média que foi de 8,12º. E a flexão dorsal de tornozelo apresentou média menor ainda ficando em 13,75º a mais que o normal. Mas o valor mais alto de todos foi o de flexão plantar de tornozelo, sendo que a média ficou em 118,75º, o que já era esperado pois na dança os praticantes ficam quase que todo o tempo na ponta dos pés. Já a flexão lombar recebe uma média de 28,75º a mais que o normal. No movimento de extensão lombar, a média ficou em 31,25º. Para a flexão lateral gerou-se uma média aparente de 32,5º; já para os movimentos de flexão cervical e extensão cervical houve poucos indivíduos acima do normal, ficando a média respectivamente em, 12,5º e 31,87º.
Se analisarmos o grupo como um todo teremos as médias das melhoras, podendo assim perceber qual foi o movimento que melhor recebeu estímulos ao longo do treinamento. Para o movimento de flexão de quadril a média foi de 10º de diferença entre pré-teste e pós-teste, para extensão de quadril o valor foi de 12,5º, na adução de quadril 18,12º, na abdução de quadril 2,5º, rotação medial é igual a 16,25º, rotação lateral 5º, já para flexão de joelho a média foi de 3,12º a cima do normal, flexão dorsal 8,75º, flexão plantar 14,37º, flexão lombar 4,37º, extensão lombar 6,25º, flexão lateral 31,87º, flexão cervical 13,12º e extensão cervical 22,5º.
Ao ser verificado o nível de significância em cada movimento percebe-se que apenas apresentaram melhoras significativas os movimentos de: extensão de quadril, rotação medial de quadril, rotação lateral de quadril, flexão dorsal de tornozelo, flexão plantar de tornozelo, flexão lateral, flexão cervical e extensão cervical, com valores de significância sendo respectivamente: 0,002; 0,012; 0,050; 0,026; 0,046; 0,013; 0,014; 0,012. Já os movimentos que não obtiveram melhoras significativas foram: flexão de quadril, adução de quadril, abdução de quadril, flexão de joelho, flexão lombar, extensão lombar. Os valores de significância foram respectivamente: 0,072; 0,103; 0,111; 0,180; 0,670; 0,104.
Os avaliados foram submetidos a uma banca antes dos pré-testes, sendo avaliados perante os critérios, qualidade artística, qualidade técnica, tempo musical e adequação ao grupo. O júri poderia dar nota de 0 a 100 e isso demonstraria o teor de desempenho mediante uma coreografia apresentada. Na tabela abaixo os valores apresentados são as médias das notas dadas pelo júri.
Tabela 10. Média das notas dos avaliados mediante banca examinadora
Se seguirmos o que explica Achour (1996, p.103), que a qualidade de movimento é conquistada através de uma boa flexibilidade que trás grandes amplitudes de movimentos sem provocar lesões, é aceitável que a banca examinadora tenha dado boa nota em qualidade técnica tendo em vista que os resultados nos testes de flexibilidade foram favoráveis.
Os treinamentos foram compostos de sobrecarga além do habitual, variando a intensidade e o volume. Também se seguiu a ordem proposta por Weineck (2003, p. 31) apontada no referencial teórico em que no início do treinamento são utilizados exercícios que exijam mais energia e atenção, em seguida, exercícios mais leves, para não haver longa pausa de recuperação e finalmente exercícios que prestam o treinamento da resistência.
Apesar de o treinamento ser um só, procurou-se focar a individualidade biológica, até porque entende-se as limitações de cada avaliado. Para o planejamento usou-se do mesociclo, no caso contendo 7 semanas; o planejamento semanal e as sessões de treino. As sessões de treinamento foram compostas por parte preparatória, com duração de 20 minutos, parte principal, contendo 45 minutos e a parte final sendo realizada em 10 minutos.
Durante o percurso de treinamento o indivíduo 2 foi afastado da pesquisa pelo fato de que foi internado em uma clínica de reabilitação de dependência química e não poderia continuar com os treinos e nem realizar os pós- testes.
Na segunda banca os bailarinos receberam as seguintes notas:
Tabela 11. Notas banca examinadora após treinamento
Com o resultado da banca examinadora, percebe-se que houve significância na qualidade técnica e no tempo musical, com valores de significância respectivamente sendo: 0,002 e 0,020. Porém a qualidade artística não apresentou significância sendo p= 0,086 e nem a adequação ao grupo que teve p= 0,065. Pode-se afirmar, portanto, que houve uma melhora importante na qualidade técnica e tempo musical do grupo afetando a performance na coreografia, porém a qualidade artística e adequação ao grupo que são extremamente importantes na performance, não obtivera melhoras significativas.
Conclusões
Após a realização dos testes em fase de pré-teste concluiu-se que a agilidade precisava ser trabalhada com maior ênfase, pois os resultados em pré-teste foram assustadores, muito baixo em relação ao que deveria ser. Em contrapartida, a flexibilidade e a força apresentaram bons resultados.
Os indivíduos passaram por um treinamento que durou 7 semanas, acabando com 3 pessoas excluídas da pesquisa, e após realização de pós-teste percebeu-se melhoras significativas para força, agilidade e alguns movimentos de flexibilidade sendo eles: extensão de quadril, rotação medial de quadril, rotação lateral de quadril, flexão dorsal de tornozelo, flexão plantar de tornozelo, flexão lateral, flexão cervical e extensão cervical. Não foi conseguida melhora significativa em alguns movimentos de flexibilidade, sendo eles: flexão de quadril, adução de quadril, abdução de quadril, flexão de joelho, flexão lombar, extensão lombar. É necessário, portanto, ser mais enfatizado nos treinamentos os fatores que não se obteve melhoras, tendo em vista que eles necessitam de mais tempo para melhorar o suficiente.
Na banca examinadora observaram-se melhoras na qualidade técnica e no tempo musical. Porém, não foram obtidas melhoras significativas na qualidade artística e na adequação ao grupo. É necessário, portanto, trabalhar também os aspectos psicológicos como, por exemplo, o relacionamento entre o grupo, para que todos melhorem a sua adequação ao grupo e para que os indivíduos dancem com maior intensidade.
Os bailarinos passaram por uma segunda banca examinadora após terem concluídos os pós-testes, e pode-se afirmar que ficou comprovado que o treinamento físico traz influências positivas para a performance do bailarino, sendo portanto necessário a sua prática.
Aos próximos pesquisadores é sugerido que se tenha uma amostra maior para que se possam ter valores não somente para um grupo específico, e sim, para uma grande população de bailarinos.
Outro fator a ser observado é a validação de outro teste de agilidade que seja mais preciso para a dança. O bailarino raramente corre (como é desenvolvido no teste), mas as mudanças de direção estão sempre presentes na movimentação da dança. Então, é necessário algum teste específico para os movimentos usados. A agilidade é essencial nessa modalidade, mas é necessário quantificar de uma forma melhor e mais precisa. Também se faz necessário um período maior de tempo para o desenvolvimento do treinamento.
Referências bibliográficas
ACHOUR, Júnior Abdalah. Bases para exercícios de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho atlético. 1ª ed. Londrina: Midiograf, 1996.
DANTAS, Estelio H.M. A prática da preparação física. 4ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
FERNANDES, Filho José. A prática da avaliação física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Shape , 2002 .
GARCIA, Ângela. Ritmo e dança. 1ª ed. Canoas: Ulbra, 2003.
LEAL, MRM. A preparação física na dança. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
MARQUES, Amélia Pasqual. Manual de goniometria. 1ª ed. Barueri: Manole, 1997.
MATHEWS, Donald K. Medida e avaliação em educação física. 5ª ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
SAMPAIO, Flávio. Ballet essencial. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.
WEINECK, Jürgen. Treinamento ideal. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2003.
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