Análise dos sintomas
climatéricos frente a Análisis de los síntomas del climaterio en los entrenamientos aeróbico y resistido en mujeres |
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*Programa de Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício e Prescrição de Treinamento, Universidade Gama Filho, Campinas, São Paulo **Programa de Pós-graduação da UNIMEP, Piracicaba Professor na Faculdade Adventista de Hortolândia ***Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia ****Departamento de Ciências do Esporte, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, UFTM, Uberaba, MG *****Fundação Antonio Prudente, Hospital A.C. Camargo. São Paulo, SP |
Kelly Cristina Righetto* Charles Ricardo Lopes** Helena Brandão Viana*** Gustavo Ribeiro Motta**** Alexandre Evangelista***** (Brasil) |
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Resumo O objetivo desse estudo foi verificar a influência do exercício aeróbio e resistido nos sintomas associados ao climatério. Foram avaliadas 10 mulheres com idades entre 45 a 60 anos, já praticantes de atividades físicas que não fazem terapia de reposição hormonal (TRH). As mulheres foram submetidas a 4 semanas de treinamento, com freqüência de 3 vezes por, semana com duração de 40 minutos. Os sujeitos foram divididos em 2 grupos: Grupo 1- treinamento aeróbio (TA) com intensidade de 50% a 70% da freqüência cardíaca máxima (FCM); Grupo 2- treinamento resistido (TR) com 3 séries de 12 repetições. Os sintomas associados ao climatério foram avaliados pelo Índice Menopausal de Kupperman que avalia a intensidade dos sintomas climatéricos. Concluímos que os dois tipos de treinamento proporcionaram efeitos positivos para amenizar os sintomas ocorridos durante o período climatérico. Mesmo a pesquisa tendo sido realizada em um curto tempo de treinamento pode–se verificar uma melhora nos resultados observados. Unitermos: Climatério. Treinamento aeróbio. Treinamento resistido.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O climatério representa a fase de transição que se inicia no final da menarca e se estende até a senilidade (DE LORENZI et al., 2005). Pode ser definido como o intervalo de tempo que compreende a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, sendo considerado fase de crises pelas inúmeras mudanças relacionadas ao término do período reprodutivo. Ocorre, devido à insuficiência hormonal, uma série de alterações no organismo feminino, entre elas a menopausa, que é o fim das menstruações. Há, portanto, climatério pré e pós-menopáusico (KOPILER, 1997).
Segundo Valença (2010) e seus colaboradores, é um período abrangente da vida feminina, caracterizado por alterações metabólicas e hormonais que trazem mudanças envolvendo também o contexto psicossocial. Com o aumento da expectativa de vida e o papel social e profissional que a mulher conquistou nos últimos anos fizeram com que este período, ocorrendo em plena vida produtiva, merecesse mais atenção, tornando-se necessários um melhor entendimento. Para algumas, é visto como uma fase natural, sinal de maturidade, enquanto para outras é representado por perdas, aproximação da velhice e sinônimo de doenças (SILVA, 2009). No período da menopausa ocorre aumento dos hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) e diminuição dos níveis de estrogênios e progesterona e há um aumento do peso corporal por conta dessa queda hormonal. A falta de estrogênio pode aumentar o homeostase óssea, podendo se diagnosticar a osteoporose (SILVEIRA, 1997). Os exercícios resistidos ajudam no ganho de força muscular, aumento de massa magra e da densidade óssea. O exercício aeróbio também auxilia no condicionamento cardiovascular e cardiorrespiratório, na diminuição da gordura corporal e melhora da flexibilidade.
Sabe-se que as alterações hormonais que ocorrem no período da menopausa pode associar-se a algumas doenças, que aliadas ao aumento da idade cronológica, podem contribuir ainda mais para a diminuição dos níveis de atividade física.
Segundo estudos realizados por Halbe & Fonseca (1994) e por Speroff, Glass & Kase (1995), a idade média da menopausa nas mulheres foi estimada entre os 50 e 52 anos. Apenas 10% das mulheres deixaram de menstruar abruptamente sem um período de irregularidade menstrual prolongada. Constatou-se que a transição perimenopausa (período imediatamente anterior e posterior à menopausa) para a maioria das mulheres leva cerca de quatro anos. O exercício físico é um coadjuvante valioso para o tratamento de reposição hormonal para a mulher na época do climatério, por ser caracterizada pela diminuição fisiológica da função ovariana.
Devido à carência hormonal que pode se estabelecer nesta fase ocorrem modificações nos diversos tecidos-alvos. Os ossos têm sua homeostase alterada, com predomínio da reabsorção no constante processo de remodelamento. Com isso, graus variados de diminuição da massa óssea podem ocorrer. Em relação ao perfil lipídico há, também, alterações negativas, com aumento dos níveis de colesterol total e triglicerídeos e diminuição da fração HDL. O exercício físico tem papel estabelecido na prevenção da doença coronariana através da elevação da HDL. Este efeito é especialmente necessário no climatério, já que os benefícios que se poderiam obter com a reposição de estrogênios são reduzidos com a necessária associação de progestogênios (LEITÃO, 2000).
Há uma relação inversa entre o exercício praticado regularmente e as principais causas de morte na mulher pós menopáusica. Em relação ao tipo de exercícios físicos praticados, estudos mostram que em mulheres no climatério o exercício físico aeróbio pode alterar de forma positiva a capacidade aeróbia (FORTI, 1999; RIETHER, 2002), aumentar o seu VO2max, reduzir o percentual de ácidos graxos circulantes e os níveis lipídicos. No entanto quando associado ao exercício resistido pode diminuir adiposidade, aumentar massa muscular e reduzir glicemia (NADAI, 1999; RIETHER, 2002), enquanto o exercício físico anaeróbio pode alterar as concentrações séricas de glicose, insulina e triglicérides nas mulheres (NEIVA, 1999).
Considerando essas alterações frente aos exercícios físicos, o presente estudo teve o objetivo de analisar as influências do exercício aeróbio e resistido nos sintomas associados ao climatério.
Materiais e métodos
Foi realizado um estudo de campo, com 10 mulheres climatéricas que não fazem terapia de reposição hormonal (TRH). Foram divididas em 2 grupos, onde: 5 participaram de um treinamento aeróbico (TA) (Grupo 1) e 5 treinamento resistido (TR) (Grupo 2), durante um mês, com freqüência de 3 dias na semana com duração de 40 minutos, em uma intensidade de 50% a 70% da freqüência cardíaca máxima (FCM), estimado pela fórmula de Karvonen (220 - idade) e Tanaka (208 - (0,7 x idade).
O treinamento aeróbio foi realizado em bicicletas ergométricas, e o resistido com 3 séries de 12 repetições máximas para cada grupo muscular, realizados através dos seguintes aparelhos: pack deck, puxador costas, tríceps pulley, bíceps máquina, elevação máquina, cadeira flexora, cadeira extensora e panturrilha.
Os critérios de inclusão foram mulheres 10 mulheres de idade entre 45 a 60 anos, já praticantes de atividades físicas que não fazem terapia de reposição hormonal (TRH).
As características sociodemográficas e clínicas avaliadas foram: idade, tempo de menopausa, estado marital, escolaridade, ter ou não filhos, ocupação profissional, renda própria (número de salários mínimos). Também foram acessadas as atividades físicas diárias.
Avaliação dos sintomas climatéricos
Os sintomas associados ao climatério foram avaliados pelo Índice Menopausal de Kupperman20. Este índice avalia a intensidade dos sintomas climatéricos. São avaliados os sintomas vasomotores, parestesias, insônia, nervosismo, melancolia, vertigem, fraqueza, artralgia, cefaléia, palpitação e formigamento. A cada sintoma é atribuído um valor, que varia com a intensidade do mesmo. Posteriormente, esses valores foram somados e o índice foi categorizado em: leve, até 19 pontos; moderado, de 20 a 35 pontos, e acentuado, maior que 35 pontos.
Coletas de dados
As participantes responderam ao questionário de Kupperman, antes e após o treino em que foram avaliadas as características sociodemográficas, a sintomatologia associada à síndrome do climatério e a qualidade de vida, e foi calculado o IMC de cada participante. Os sintomas associados ao climatério foram avaliados pelo Índice Menopausal de Kupperman que avalia a intensidade dos sintomas climatéricos (SOUSA et al. 2000)
A avaliação do IMC (índice de massa corporal) onde calculamos peso e altura foi feita com uma balança do tipo Filizola, para maior exatidão dos dados.
Resultados
Tabela 1. Índice de Kupperman – média (DP) – Características sociodemográficas das participantes (N=10)
Tabela 2. Prevalência dos diferentes sintomas climatéricos referidos pelas
participantes submetidas aos treinamentos aeróbio/anaeróbio (N=10)
Tabela 3. Prevalência dos diferentes sintomas climatéricos referidos pelas
participantes submetidas aos treinamentos aeróbio/anaeróbio (N=10)
Tabela 4. Distribuição porcentual do Grupo 1(treino aeróbio) e Grupo 2
(treino anaeróbio), segundo o Índice Menopausal de Kupperman (n=10)
Tabela 5. Distribuição porcentual do Grupo 1 (treino aeróbio) e Grupo 2
(treino anaeróbio), segundo o Índice Menopausal de Kupperman (n=10)
Figura 1. Índice de Kupperman pré-treino
Figura 2. Índice de Kupperman pós-treino
Figura 3. Prevalência dos sintomas (pré-treino)
Figura 4. Prevalência dos sintomas (pós-treino)
Discussão
Esta pesquisa tratou-se de um estudo de corte transversal, que teve como objetivo analisar as respostas hormonais e metabólicas com 2 diferentes protocolos de treinamentos para verificar a mudança nos sintomas relacionados ao período climatérico de mulheres que já praticavam algum tipo de atividade física e não eram usuárias de terapias de reposição hormonal. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) relata que vários estudos têm demonstrado o efeito benéfico do exercício na prevenção primária e secundária de diversas doenças, como hipertensão arterial, cardiopatia isquêmica, diabetes e osteoporose, entre outras. São relatados também efeitos benéficos do exercício sobre os fogachos e a depressão psíquica no climatério.
Segundo Zanesco (2009), as alterações do perfil lipídico, o ganho de peso e o sedentarismo são considerados os principais fatores para a maior prevalência de hipertensão arterial em mulheres climatéricas. O exercício físico contínuo, ou seja, aeróbio no qual a intensidade é mantida constante (leve/moderada), é o mais empregado como abordagem não farmacológica dentro da área de Saúde com evidentes efeitos benéficos sobre as doenças cardiovasculares e endócrino-metabólicas. A prescrição do exercício aeróbio dentro das diretrizes do American College of Sport Medicine (ACSM) para a saúde é de pelo menos 30 minutos (variando de 40 a 60 minutos), três dias por semana, numa intensidade de 50 a 70% da freqüência cardíaca máxima (FCmáx).
No presente estudo não relacionando as características sociodemográficas, foi observado que não houve influência no resultado da pesquisa, porém em relação ao Índice Menopausal de Kupperman, pode se observar uma melhora significativa nos sintomas mais destacados na pesquisa. O Grupo 1- na qual participou do treinamento aeróbio (TA), executado com as mesmas diretrizes do American College of Sport Medicine (ACSM) houve uma redução de em média 20% dos sintomas avaliados pelo Índice Menopausal de Kupperman.
O Grupo 2, participante do treinamento resistido (TR) houve uma em sintomas como altralgia e mialgia, cefaléia, fadiga, nervosismo. Discutido por Leitão (2000) e Bichels et al. (2000), o exercício físico resistido preserva ainda a massa óssea, tanto por ação direta do impacto sobre o esqueleto, como por ação indireta, pelo aumento da força muscular. A queda na produção dos estrogênios, característica do estágio de vida climatérico, é um fator que acelera a redução da densidade óssea. O treinamento resistido (TR) quando praticado com regularidade, pode aumentar a força muscular com positivas repercussões na proteção contra as quedas, além do eficiente estímulo para o aumento da massa óssea (JOVINE, 2006).
Conclusão
Concluímos que os dois tipos de treinamento proporcionaram efeitos positivos para amenizar os sintomas ocorridos durante o período climatérico. Mesmo a pesquisa tendo sido realizada em um curto tempo de treinamento houve uma melhora nos resultados observados.
Referências bibliográficas
DE LORENZI, Dino Roberto Soares et al . Fatores indicadores da sintomatologia climatérica. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, Jan. 2005.
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HALBE, H.W.; FONSECA, A.M. Síndrome do climatério. In: HALBE, H.W., editor. Tratado de ginecologia. 2ª ed. São Paulo: Roca; 1994. p. 1243-58.
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SILVA, Andrea Ramos. Perfil de saúde de mulheres na pré, peri e pós-menopausa cadastradas em unidade de saúde pública do Estado do Acre, Dissertação de Mestrado. Faculdade de Saúde Pública, USP, São Paulo, 2009.
SILVEIRA, Geraldo. A mulher climatérica. Rev Bras Med Esporte, vol.3, no. 4 Niterói Oct./Dec. 1997.
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VALENCA, Cecília Nogueira; NASCIMENTO FILHO, José Medeiros do and GERMANO, Raimunda Medeiros. Mulher no climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade. Saude Soc. [online]. 2010, vol.19, n.2, pp. 273-285. ISSN 0104-1290.
ZANESCO, A.; ZAROS, P.R. Exercício físico e menopausa. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009; 31(5): 254-61.
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