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Saúde, educação alimentar e infância: contribuições das aulas
de Educação Física para adoção de um estilo de vida saudável

Salud, educación alimenticia e infancia: aportes de las clases de Educación Física para la adopción de un estilo de vida saludable

 

*Alunas Graduação. Licenciatura Plena em Educação Física (UEPA)

**Professor Orientador. Mestre em Educação (UEPA)

(Brasil)

Madeleine Bastos da Vera Cruz*

leine1504@hotmail.com

Nayara Lobato Blois*

nay.blois@live.com

Aníbal Correia Brito Neto**

anibalcbn@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo em tela se insere na zona de confluência entre os campos acadêmicos e profissionais da Educação e Saúde. Problematiza a interlocução das categorias nutrição, educação alimentar e infância, com a finalidade de apresentar contribuições para saúde pública através do redimensionamento das aulas de Educação Física escolar por via de uma concepção de educação para saúde. Aponta possibilidades de atividades efetivas para o trabalho pedagógico do professor de Educação Física na Educação infantil a partir da relação educação nutricional e estilo de vida saudável.

          Unitermos: Saúde. Educação alimentar. Educação Física. Infância.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    No Brasil, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), divulgou dados recentes do sistema de “vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico – VIGITEL” (BRASIL, 2012a), o qual mediu a evolução das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) da população adulta residente nas 26 capitais dos Estados brasileiros e Distrito Federal durante o período de 2006 a 2011.

    A pesquisa apontou o crescimento do quantitativo populacional com excesso de peso e obesidade, em que o percentual de homens e mulheres com excesso de peso alcançou a marca de 48.5% da amostra pesquisada, enquanto a taxa de indivíduos obesos registrou o índice histórico de 15,8% dos entrevistados. Tais indicadores tornam-se ainda mais alarmantes se registrarmos que estes percentuais tem subido, em média, um ponto percentual a cada ano, desde 2006 (BRASIL, 2012a).

    Em outra pesquisa do governo brasileiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados sobre a antropometria e o estado nutricional da população residente no país, através da “Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2008/2009” (BRASIL, 2010a), a qual demonstrou que o excesso de peso da população jovem entre 10 e 19 anos alcançou taxa percentual de 21.7% e que pelo menos uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Desta forma, considerando que as DCNT são multifatoriais e que geralmente estão relacionadas a fatores comportamentais de risco que podem, inclusive, serem alterados, tais como: inatividade física, consumo alimentar inadequado, tabagismo, alcoolismo e obesidade; o Ministério da Saúde, através dos dados das pesquisas visa mensurar a prevalência dos fatores de risco e proteção acerca das DCNT na população brasileira, subsidiando, assim, ações estratégicas de promoção da saúde e de prevenção de doenças (BRASIL, 2010a; 2012a).

    Portanto, as perspectivas de mudanças no modo de vida da população devem se configurar como desafio da saúde pública, visto que este enfrentamento está imbricado por uma complexa e contraditória relação dos componentes de saúde e os seus fatores determinantes.

    Assim, imbuídos na construção de ações imediatas e de longo alcance para o fortalecimento da saúde pública brasileira, localizamos o grande desafio das diferentes áreas do conhecimento e profissional – o de contribuir com a elevação dos indicadores de qualidade de vida da população brasileira – neste sentido, a Educação Física, componente curricular obrigatório da Educação básica, deve incidir sobre este aspecto.

    Em uma perspectiva de “Educação para Saúde” a partir de Guedes e Guedes (1994) e Guedes (1999), entendemos ser possível o desenvolvimento de experiências significativas, no sentido de propiciar aos alunos não apenas situações que tornem crianças e jovens ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os conduzam a optarem por um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida.

    No entanto, sabemos que para o cumprimento desta finalidade é necessário à superação efetiva e imediata das propostas tradicionais de Educação Física, já que segundo Nahas (2006), as aulas desta disciplina ainda têm sido organizadas quase que exclusivamente em torno de esportes formais.

    Guedes e Guedes (1994) sugerem que um programa de educação física escolar com vistas à promoção da saúde deve se relacionar de maneira direta com a finalidade da adoção de um estilo de vida saudável, para tanto, propõe um conjunto de unidades de ensino, incluindo desde o diagnóstico dos níveis de crescimento, composição corporal e desempenho motor até as relações entre atividade motora e nutrição.

    Portanto, para fins específicos deste estudo, aprofundaremos sobre esta última relação, entendendo que atualmente no Brasil, a relação nutrição e saúde são influenciadas por graves problemas de fome e desassistência pública, mas também estão relacionadas a uma alimentação inadequada, que poderia ser reduzida a partir da ampliação do nível de informação da população sobre o processo de manutenção e preservação da saúde.

    Logo, entendemos que o período de escolarização poderia se efetivar como um potente auxiliar na minimização de futuros transtornos relacionados ao consumo alimentar inadequado, pois a disciplina Educação Física apresenta possibilidades concretas de interferir desde a infância, através a veiculação de estratégias de ensino que contemplem aspectos teóricos e práticos referente a hábitos alimentares saudáveis.

    A incidência de DCNT em crianças, tais como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares aparecem hoje como um problema global, neste sentido, não pode o professor de Educação Física olvidar a abordagem de diferentes temas relacionados à educação para saúde, auxiliando, assim, na mudança de comportamentos. Guedes (1999) aponta à necessidade de toda a escola organizar programas de ensino que desperte nos estudantes à atitude consciente da adoção de um estilo de vida saudável.

    Portanto, valer-se de uma proposta de educação alimentar como instrumento didático e pedagógico nas aulas de Educação Física é um desafio, já que tal visão não está inserida e consolidada em grande parte das escolas. Assim, o artigo em tela tem como objetivo discutir e apontar possibilidades para o tema Educação Alimentar nas aulas de Educação Física na Educação Infantil, ratificando a necessidade latente de incidir cada vez mais cedo nos hábitos alimentares da população brasileira.

    Para tal fim, organizamos o caminho do pensamento discutindo inicialmente a alimentação infantil a partir de demandas políticas e educativas, em seguida informamos as problemáticas decorrentes de uma alimentação inadequada, para depois adentrar nos subsídios didáticos e pedagógicos de uma educação física orientada à promoção da saúde, por fim, apresentamos possibilidades para atividades nas aulas de educação física que relacionem a educação nutricional e o estilo de vida saudável.

2.     Alimentação infantil: demandas políticas e educativas para uma vida saudável

    A discussão sobre o acesso infantil a uma alimentação adequada torna-se latente na realidade atual, principalmente quando avançamos na compreensão de que alimentar-se não pode ser simplificado ao mero ato de comer, mas a uma necessidade humana, onde o indivíduo deve estar ciente sobre o que está ingerindo, em especial, os limites e potencialidades contidos em cada alimento.

    Contudo, a ausência deste parâmetro pode ser localizada no desconhecimento por grande parte da população sobre a forma e o conteúdo de uma alimentação considerada saudável e, conseqüentemente, pode estar relacionada com uma perceptível apatia social acerca da luta permanente por este direito constitucional de todo cidadão brasileiro, corroborando, assim, com o entendimento de que “o estado nutricional é a manifestação biológica do conjunto de processos que operam sobre um ‘corpo social’” (PINHEIRO; CARVALHO, 2007, p. 126).

    Desta forma, torna-se evidente que a pauta social referente à acessibilidade de todo cidadão aos elementos nutricionais essenciais ultrapassam questões culturais e educativas, demonstrando-se como uma pauta política, uma vez que é dever do poder público instituído assegurar este direito que tem por finalidade à sobrevivência e a melhoria da condição social de todo cidadão.

    Segundo Santos (2005, p. 683), a preocupação com a qualidade da alimentação não pode estar desatrelada da discussão sobre a promoção da saúde e qualidade de vida, visto que tais fatores se interpenetram na tríade saúde-doença-cuidado, logo, é indubitável que tais fundamentos devem orientar o modo de vida da nossa população desde a infância.

    Se tomarmos como parâmetro o desenvolvimento humano, as conquistas e os benefícios de uma alimentação com qualidade é perceptível desde a mais tenra idade, além do mais, a manutenção de indicadores de qualidade de vida, a exemplo da prevenção de infecções e patologias depende deste elemento, o qual deverá ser refletido, inclusive, na vida adulta.

    Para Nóbrega (1998 apud Pierine et al., 2006) a adoção dos hábitos saudáveis deve ser estimulada desde a infância, já que é nesta fase que são formados os hábitos alimentares e da prática de atividade física, logo, quando esses hábitos são estimulados de forma incorreta, existem 40% de chance da criança se tornar um adulto obeso, sendo assim, é indiscutível que iniciativas educativas devem incidir desde esta fase de desenvolvimento.

    No entanto, sabemos que esta possibilidade educativa não é tão simples de ser implementada, visto que os hábitos alimentares e o sedentarismo entre crianças e adolescentes estão diretamente ligados aos hábitos sociais, em especial, por aqueles que são veiculados diariamente pelas emissoras de televisão.

    Segundo Crivelaro et al. (2006, p. 2) “a TV é uma mídia de massa utilizada para o entretenimento e educação e representa a fonte de informação sobre o mundo mais acessada pelas pessoas”. Ainda sobre este aspecto Almeida, Nascimento e Quaioti (2002, p. 353) indicam

    [...] significativo aumento do tempo gasto com o hábito de assistir à TV. No Brasil, adolescentes passam cerca de cinco horas por dia diante da TV. Sabe-se que uma exposição de apenas 30 segundos a comerciais de alimentos é capaz de influenciar a escolha de crianças a determinado produto, o que mostra que o papel da TV, no estabelecimento de hábitos alimentares, deve ser investigado. Diante da TV, uma criança pode aprender concepções incorretas sobre o que é um alimento saudável, uma vez que a maioria dos alimentos veiculados possui elevados teores de gorduras, óleos, açúcares e sal.

    Sendo assim, as mídias em geral e, a TV em especial, deve passar a ser foco da análise criteriosa de pais, responsáveis e educadores diversos, servindo de parâmetro para a elaboração de estratégias de contraposição junto às crianças, já que podemos afirmar que “a TV aumenta o risco de obesidade não só por desviar a criança das atividades físicas, mas também por induzir a ingestão de alimentos altamente calóricos” (CRIVELARO et al., 2006, p. 4).

    Portanto, as escolas devem se constituir como polo opositor desses hábitos inadequados para a saúde, proporcionando programas de educação alimentar e incentivo permanente a prática de atividades físicas. As aulas de Educação Física, em especial, devem buscar maneiras educativas de diminuir o consumo de alimentos industrializados e de baixo teor nutritivo, além de ingerir no dia-a-dia das crianças acerca do tempo gasto em frente à TV em detrimento ao tempo dedicado à atividade física.

3.     Problemáticas decorrentes de uma alimentação inadequada

    Os aspectos referentes à nutrição e alimentação saudável são componentes indispensáveis para a promoção da saúde e qualidade de vida, pois independentemente da diversidade sociocultural de nosso país, estes elementos devem ser configurados como direito inalienável, já que os mesmos se manifestam como fundamentos básicos para o desenvolvimento, crescimento e potencialidade humana.

    No entanto, visualizamos um cenário bastante diferente deste ideal, já que o ritmo frenético do estilo de vida moderno e globalizado tem provocado à inclusão acelerada de alimentos pouco saudáveis no cotidiano dos brasileiros e, em especial, no das crianças, seja nas refeições básicas ou na merenda escolar, ocasionando, com isso, o aumento dos índices de DCNT, decorrentes de uma alimentação inapropriada e deficiente de nutrientes necessários para a produção energética e metabolismo regulador do corpo. Segundo dados do IBGE

    O consumo alimentar da população brasileira combina a tradicional dieta à base de arroz e feijão com alimentos com poucos nutrientes e muitas calorias. A ingestão diária de frutas, legumes e verduras estão abaixo dos níveis recomendados pelo Ministério da Saúde (400g) para mais de 90% da população (BRASIL, 2011, p. 1).

    Sendo assim, Jaime et al. (2011, p. 810) afirma que a alimentação e a nutrição são critérios básicos para a promoção e a proteção da saúde, logo, a carência ou inadequação desses fatores implicam em problemas graves como a desnutrição ou obesidade. Segundo dados do IBGE

    O excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande freqüência a partir de 5 anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras. Já o déficit de altura nos primeiros anos de vida (um importante indicador da desnutrição infantil) está concentrado em famílias com menor renda e, do ponto de vista geográfico, na região Norte. (BRASIL, 2010b, p. 1)

    Entre as causas da desnutrição infantil podemos indicar dentre outros aspectos, a renda familiar, o grau de instrução materna e, conseqüentemente, o valor nutricional dos alimentos consumidos diariamente. Logo, podemos concluir que a desnutrição infantil possui como principal causa à pobreza, a qual gera implicações para os demais agravantes que levam a esta patologia, tais como a baixa ingestão de alimentos, serviços de saúde deficientes, dieta inadequada, dentre outras. Segundo Monteiro (1995, p. 195)

    Sofrem de desnutrição os indivíduos cujos organismos manifestam sinais clínicos provenientes da inadequação quantitativa (energia) ou qualitativa (nutrientes) da dieta ou decorrentes de doenças que determinem o mau aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos

    Portanto, a efetiva redução da desnutrição infantil não depende exclusivamente das ações provenientes da área da saúde, mas também do acesso à educação, saneamento básico, abastecimento de água potável e segurança alimentar, pois sem a garantia da ingestão adequada de nutrientes é impossível o desenvolvimento de uma vida saudável.

    Por outro lado, no que se refere ao problema da obesidade, Soares e Petroski (2003) informam que no início dos anos 1990, a OMS analisou que o problema da obesidade infantil deveria ser observado mais de perto, pois naquele período, 18 milhões de crianças com idade até 5 anos, em todo o mundo, foram classificadas na categoria sobrepeso, ou seja, um número bastante alarmante, já que este indicador poderia afetar diretamente a saúde em dimensões globais com o aumento incessante de futuros adultos obesos.

    Desta forma, considerando os fatores em tela, é necessário enfatizar que o excesso de peso na infância deve ser acompanhado com maior cautela pelos pais, já que o mesmo está relacionado com uma multiplicidade de fatores, tais como hábitos alimentares errôneos, propensão genética e o estilo de vida familiar. Segundo Santos, Carvalho e Garcia Júnior (2007, p. 204)

    A prevenção, o tratamento e o controle da obesidade têm sido os maiores desafios de pesquisadores e profissionais da área da saúde, uma vez que o acúmulo de gordura corporal está associado à diversas doenças. Devido à relação direta da dieta e da prática de atividade física com a prevenção, o tratamento e o controle da obesidade e doenças associadas, profissionais de Nutrição e de Educação Física deveriam estar necessariamente envolvidos em grupos multidisciplinares para a prescrição e o acompanhamento nas fases preventiva e terapêutica.

    Assim, torna-se latente a importância do professor de Educação Física na esfera da conscientização dos alunos desde muito cedo, convencendo-lhes acerca da importância da prática regular de atividades físicas e evidenciando os riscos de uma vida sedentária, além disso, os princípios e diretrizes da educação alimentar devem ser priorizados com vistas à orientação das bases nutricionais diárias dessa criança.

4.     Educação Física orientada à promoção da saúde: subsídios didático pedagógicos

    Corriqueiramente visualizamos episódios que relegam a devida importância da disciplina Educação Física no currículo escolar, a mesma é retratada como componente menos importante e em alguns casos como uma disciplina desnecessária, segundo Guedes (1999), a permanência desta disciplina no currículo escolar tem sido justificada ao longo da história devido a sua abrangência e pseudoefetividade da prática esportiva e no desenvolvimento biopsicossocial e cultural do jovem.

    Contudo, é necessário que a Educação Física justifique a sua obrigatoriedade no projeto de escolarização da população brasileira, demonstrando sua relevância social e educativa. Tal necessidade traz à tona o compromisso de muitos professores de Educação Física que buscam superar no seu cotidiano as tendências e concepções didático-pedagógicas hegemônicas em nossa área.

    Conseqüentemente, o estado atual dessa disciplina ainda é limitante e se apresenta expressivamente dentro de um caráter técnico-esportivo, com prioridade para o trato com os esportes coletivos, demonstrando que ainda são incipientes as propostas que indicam uma formação educacional cada vez mais abrangente sobre as concepções do movimento humano voltado à saúde.

    Logo, nosso propósito é demonstrar a viabilidade de uma concepção didático pedagógica para o ensino dos fatores que interferem na saúde e qualidade de vida dos seres humanos, para tanto, “os conceitos elaborados quanto ao que vem a ser saúde devem ser objeto de cuidadosa reflexão, para que se possa perceber e atuar de forma coerente no sentido de contribuir efetivamente na formação dos educandos” (GUEDES, 1999, p.11).

    Isso implica apontar que os objetivos, os conhecimentos e as estratégias metodológicas empregadas nos programas de Educação Física passam a priorizar o convencimento dos educandos no sentido da adoção de um estilo de vida saudável, teorias e práticas passam a ser cunhada em uma nova perspectiva e conteúdos como a composição corporal, o desempenho motor, os componentes da aptidão física relacionada à saúde, a idéia de um estilo de vida saudável e a inclusão de exercícios físicos passam a ganhar centralidade nessa proposta.

    Nesse sentido, a intenção de fortalecer a Educação Física na perspectiva da promoção da saúde se relaciona com a meta de convencer os alunos da necessidade de mudanças de hábitos, provocando mudanças efetivas relacionadas à saúde. A Educação Física seria uma peça fundamental para buscar no movimento humano um meio para se trabalhar a construção de um estilo de vida ativo, criando junto aos alunos uma consciência sobre a relevância dessas práticas.

    Logo, o grande objetivo de incluir a temática saúde é de superar a elaboração de aulas exclusivamente esportivas, para tanto, devemos utilizar a proposta não apenas como estimuladora de uma rotina ativa fisicamente, mas ampliar esta expectativa para um estilo de vida saudável, que inclua o tema da Educação Alimentar, os benefícios com tal medida poderá ser mensurado na atualidade e principalmente no futuro, assim, a educação infantil deve ser o ponto de partida da orientação de crianças a obterem hábitos saudáveis ao longo de toda a vida.

5.     Educação nutricional e estilo de vida saudável: possibilidades para as aulas de Educação Física

    Esta seção visa ampliar a reflexão sobre as possibilidades concretas de interferimos no estilo de vida das crianças, a elucidação de atividades de ensino que contemplem não somente o aspecto prático, mas também a necessidade da internalização de conceitos e princípios deve ser capaz de subsidiar as crianças, desde muito cedo, na opção pela adoção de um estilo de vida saudável por toda a vida, logo, apontamos algumas atividades que podem contribuir com a construção de uma Educação Física na perspectiva da promoção da saúde desde as séries iniciais.

5.1.     Pirâmide alimentar

    Através do auxílio de ilustrações diversas deve-se apresentar e dialogar com os alunos sobre a constituição da pirâmide alimentar em seus diferentes componentes e níveis, relacionando-a com os hábitos alimentares das crianças envolvidas e informando a maneira correta e balanceada do consumo de alimentos, assim como, os benefícios e malefícios da ingestão inadequada dos mesmos.

5.2.     Jogos da saúde

    De forma lúdica pode se inserir o conhecimento sobre nutrição e saúde. Através de jogos de tabuleiro e cartas, tais como jogo da velha, jogo da memória e jogo de percurso podemos tematizar as questões relacionadas aos hábitos alimentares. O jogo da velha é indicado para o trabalho com crianças menores, onde as peças do jogo pode se relacionar com uma alimentação saudável, simulando frutas e/ou legumes, o jogo da memória pode relacionar os alimentos com suas características e benefícios/malefícios, já o jogo de percurso pode apresentar diversas conseqüências do consumo alimentar adequado e inadequado.

5.3.     Feira saudável

    A partir da construção de uma feira é possível expor os diversos componentes da pirâmide alimentar. A iniciativa deve estimular a livre escolha dos alimentos por parte dos alunos visitantes da feira, em seguida, as opções devem ser avaliadas em conjunto com os professores, considerando a quantidade e qualidade dos produtos selecionados.

5.4.     Horta feliz

Com o envolvimento dos alunos na criação de uma horta é provável que ocorra uma mudança significativa na relação das crianças com o consumo de verduras, tubérculos e legumes. O processo de cultivo dos alimentos deve priorizar todas as fases, do preparo do solo a colheita dos alimentos, esta atividade torna-se fundamental para a conscientização dos alunos sobre o consumo de alimentos saudáveis.

5.5.     Mestre cuca

    Os alunos devem ser sensibilizados a buscarem junto aos seus pais receitas que os mesmos considerem fáceis e saudáveis, em um dia específico às crianças devem trazer o material necessário para a confecção do prato selecionado ou trazer o mesmo pronto de casa, antes da degustação por todos os integrantes da turma, cada membro deve apresentar a sua receita e explicar a sua construção, os seus ingredientes e a comprovação de que se trata de um alimento saudável.

5.6.     Hábitos alimentares das animações infantis

    Através da exposição de vídeos e ilustrações de animações clássicas da cultura lúdica infantil é possível problematizar os hábitos alimentares de nossos alunos. Personagens como “Magali” e “Dudu” da “Turma da Mônica” e o gato “Garfield” são imprescindíveis para dialogarmos com as crianças sobre uma alimentação saudável segundo os níveis e componentes da pirâmide alimentar, as fases de desenvolvimento humano e a rotina diária dos envolvidos.

5.7.     Brinquedos cantados

    A utilização de atividades rítmicas, a exemplo dos brinquedos cantados, ao mesmo tempo que desenvolvem as capacidades motoras e perceptivas, podem contribuir com a sensibilidade para a música e com o processo de internalização de temas de grande relevância. A música de Aline Barros “Verde que te quero verde” coloca em evidência o tema da alimentação saudável, a qual deve ser repetida diversas vezes em companhia de sua coreografia, vamos a ela “O chuchu dá lá na cerca, cenourinha lá no chão / Vai nascendo que nem flor, o alface e o agrião / Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão / Já abriu meu apetite, hoje eu quero um pratão / Verde que te quero verde na comidinha / Verde que te quero verde na barriguinha / Verde, vermelhinho, roxo, amarelinho / Quero comer, quero comer. Quero comer, quero comer / Quero comer, quero comer, quero comer / Quero comer, quero comer, quero comer / Quero comer, quero comer, quero comer / O vermelho do tomate, o verde do pimentão / Com o verde do espinafre eu fico bem saradão / Mamãe, eu quero beterraba / Ela é toda roxinha, ela é vitaminada / Eu vou ficar bem coradinha / E tudo colorido, pra encher a barriguinha / Eu oro, eu agradeço pela minha comidinha / Eu sou vitaminado, eu sou forte, eu tenho luz / Tem que ser bem forte / O soldadinho de Jesus”.

5.8.     Os sentidos da saúde

    Por meio da educação dos sentidos humanos podemos diminuir a rejeição das crianças em relação aos alimentos considerados saudáveis, através da brincadeira dos olhos vendados, podemos instigar os alunos a sentirem os cheiros, os sabores, os sons e as formas extraídas dos diferentes alimentos, já com o recurso da visão é possível internalizar suas cores, formas e características diversas, ampliando, assim, o domínio e o conhecimento daquilo que por muitas crianças é considerado estranho.

5.9.     Alimentos ilustrados

    Por meio do trabalho com figuras e desenhos, podemos estimular a percepção dos alunos no que se refere às características como formas dos alimentos, cabem atividades de cobrir traçados, reprodução em folhas de papel, além da pintura com tintas e lápis de diversas cores.

5.10.     Arte-alimentação

    Através dos princípios artísticos do teatro cabe ao docente desenvolver de maneira lúdica os conhecimentos acerca sobre saúde, nutrição e alimentação saudável. O teatro alimentar pode ser executado por meio da criação de papeis que expressem os diferentes hábitos alimentares expressos na sociedade atual ou através do uso de alimentos, configurando-os como um teatro de fantoche, em ambos os casos devemos abordar os conhecimentos sobre alimentos benéficos e maléficos, as suas características e as dosagens ideais para uma vida saudável.

6.     Considerações finais

    Em decorrência do estudo produzido, constatou-se que ao trabalhar a concepção de educação para saúde vinculada a perspectiva da educação nutricional é possível potencializar a relevância social das aulas de Educação Física Infantil. Utilizando-se da disciplina Educação Física como ferramenta orientadora de novos conhecimentos, temáticas como desnutrição, obesidade e doenças ligadas a uma alimentação inadequada podem ser priorizadas no processo educativo formal, influenciando, conseqüentemente a adoção de hábitos alimentares saudáveis pelas crianças.

    Como indicativo, pode-se inferir que o professor cumpre função essencial na transmissão de conhecimentos significativos para a formação e desenvolvimento dos seres humanos, desta forma, torna-se evidente a importância da metodologia utilizada por este professor, já que seus métodos não devem mais priorizar aulas somente dirigidas aos jogos recreativos ou esportes que expressam a busca pelo rendimento, assim, pensar aulas dinâmicas e variadas, como o exposto neste estudo irá auxiliar professores que almejam a intervenção escolar a partir de outras possibilidades, a exemplo do eixo da saúde.

    Logo, conclui-se que as idéias abordadas são inovadoras, já que trazem temas pertinentes ao dia-a-dia dos alunos, instigando-os desde muito cedo a procurar o melhor caminho para uma vida saudável. Os temas saúde e qualidade de vida são a base para o crescimento e desenvolvimento da criança de maneira integral, portanto, os significados de ações neste sentido preparam o individuo para o decorrer de toda sua vida adulta.

Referências

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