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Reabilitação do membro inferior em pacientes
com acidente vascular encefálico

La rehabilitación de extremidad inferior en los pacientes con accidente cerebrovascular

 

*Fisioterapeuta Mestranda do Programa de Mestrado

em Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC/CEFID

**Fisioterapeuta graduada na Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC/CEFID

(Brasil)

Julia Macruz Garcia*

juliamacruz@hotmail.com

Natália Menezes da Costa**

nahcosta@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O acidente vascular encefálico (AVE) tem impacto direto na função dos membros inferiores (MMII). Diversas abordagens terapêuticas foram criadas a fim de restaurar a função de marcha. A prática de exercícios orientados à tarefa com alta intensidade aparenta ser o modelo mais eficaz de intervenção.

          Unitermos: Acidente vascular encefálico. Membros inferiores. Marcha. Reabilitação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O acidente vascular encefálico (AVE) tem alta mortalidade e morbidade, por isso é um problema de saúde pública em diversos países (ANDERSON et al, 2000). De acordo com a OMS (2003) pode ser definido como uma síndrome de desenvolvimento rápido, com sinais clínicos de distúrbios da função cerebral, com sintomas que persistem por 24 horas ou mais, e nenhuma causa aparente senão de origem vascular. A lesão tem instalação aguda, duração variável e pode levar à morte (CASTRO et al., 2009).

    A fraqueza muscular residual, sinergia anormal dos movimentos e espasticidade resultam em um padrão de marcha alterado e contribuem para um equilíbrio prejudicado, risco de quedas e aumento do gasto energético durante a marcha, resultando no quadro funcional dos indivíduos com hemiparesia após AVE. Essas conseqüências funcionais dos déficits neurológicos primários freqüentemente predispõe essa população a uma vida sedentária, limitando as atividades de vida diária (CUNHA Jr et al, 2002). Entretanto, os pacientes mais tem maior predisposição a praticar atividades motoras quando supervisionados, sendo assim torna-se clara a importância de uma intervenção com o auxílio de um terapeuta (Blennerhassett; Dite, 2004).

    Considerando a grande importância da função de membros inferiores (MMII) no desempenho das atividades de vida diária (AVDs), este estudo de revisão bibliográfica tem o objetivo de relatar as principais intervenções existentes para a reabilitação de MMII em indivíduos com hemiparesia pós AVE. Os estudos selecionados para esta revisão foram obtidos nas bases Pedro e Pubmed.

Reabilitação após AVE

    O AVE está associado a um grande número de comprometimentos, incapacidades, que geralmente incluem o déficit de marcha. A habilidade de caminhar é o maior determinante da recuperação funcional destes indivíduos. Como conseqüência, as intervenções para melhorar a marcha acabam por monopolizar uma significativa parcela de tempo da reabilitação (PAQUET, 2009)

    Cunha et al. (2004) realizaram treinamento de marcha com suporte de peso corporal para realizar treino precoce de marcha em indivíduos na fase aguda pós AVE e apontam esta técnica como intervenção segura e viável.

    Walker et al. (2001) comparou os efeitos do treinamento com feedback visual do posicionamento do centro de gravidade com fisioterapia convencional também na fase aguda pós AVE. Ambos os grupos apresentaram uma melhora importante no equilíbrio ao longo do tempo, sendo que não houve diferença significativa no grupo que recebeu feedback visual.

    Chan et al (2006) comparou os efeitos da reaprendizagem motora com a fisioterapia convencional em termos de equilíbrio, performance em auto cuidados e atividades instrumentais de vida diária. O protocolo de 6 semanas com ênfase em treinamento seqüencial e funcional mostrou-se mais efetivo para melhorar a recuperação funcional.

    Stock e Mork (2009) realizaram 2 semanas de treinamento intensivo orientado à tarefa com o objetivo de melhorar a função e velocidade de marcha e simetria, assim como fortalecimento muscular de membros inferiores (MMII). De um modo geral, os pacientes apresentaram melhora na performance de todas as variáveis de resultados, exceto assimetria de marcha.

    Blennerhassett et al. (2004) comparou os efeitos de um protocolo de terapia orientada à tarefa voltada para membros superiores (MMSS) com um voltado para mobilidade. Encontraram ganhos funcionais em ambos os grupos ao longo do tempo de intervenção. Os ganhos foram específicos às habilidades treinadas.

    Marklund (2005) utilizou prática intensiva com abordagem de terapia por contensão induzida para treinamento dos MMII. Obteve melhoras na função motora, mobilidade, equilíbrio dinâmico, distribuição de peso e habilidade de marcha em 77% das variáveis medidas, das quais 52% foram estatisticamente significativas.

    Morris et al. (2003) em revisão sistemática identificou 8 ensaios que avaliaram os efeitos do treinamento de força com resistência progressiva após AVE. Encontrou evidencias de que este tipo de treinamento melhora a força muscular de indivíduos com hemiparesia por seqüela de AVE.

Conclusão

    As evidências atuais de reabilitação do membro inferior em pacientes com AVE mostram que o treinamento repetitivo orientado à tarefa é o princípio mais efetivo, tendo como base alta intensidade, prática repetitiva e feedback sobre o desempenho.

Bibliografia

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  • OMS – Organização Mundial da Saúde, CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde [Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais, org: coordenação da tradução Cassia Maria Buchalla]. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo – EDUSP; 2003.

  • PAQUET, N. DESROSIERS, J. DEMERS, L. ROBICHAUD, L. & BRAD GROUP. Predictors of daily mobility skills 6 months post-discharge from acute care or rehabilitation in older adults with stroke living at home. Disability and Rehabilitation, 2009; 31(15): 1267–1274.

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  • WALKER C, BROUWER BJ, CULHAM EG. Use of visual feedback in retraining balance following acute stroke. Phys Ther. 2000; 80:886–895.

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