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O atendimento pré-hospitalar sob a ótica
do graduando em enfermagem

La atención pre-hospitalaria bajo la mirada del estudiante de enfermería

 

*Graduando de Enfermagem da Universidade Federal do Mato Grosso, UFMT, Campus Sinop

**Professora Auxiliar da Universidade Federal do Mato Grosso, Campus Sinop

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT

***Enfermeira. Professora Auxiliar da Universidade Federal do Mato Grosso, Campus Sinop

Mestranda em do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Mato Grosso, UFMT

****Enfermeiro – Professor Assistente da Universidade Federal do Mato Grosso, UFMT, Campus Sinop

Doutorando em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC

*****Enfermeira. Professora Substituta da Universidade Federal do Mato Grosso, Campus Sinop

Thiago Rodrigo Boff*

Suellen Rodrigues de Oliveira**

Luciene Mantovani Silva Andrade***

Gelson Aguiar da Silva****

Andriely Fernandes Ferreira*****

suellen_enf2004@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O atendimento pré-hospitalar (APH) na atualidade desenvolve um papel de extrema importância na sociedade brasileira. Assim, buscou-se explanar sobre as concepções geradas pela comunidade acadêmica, em especial na graduação em Enfermagem sobre o APH em um município do interior de Mato Grosso. Trata-se de um relato de experiência, vivenciado durante as aulas práticas em campo em uma unidade de Urgência e Emergência. Assim, sob a ótica do acadêmico de Enfermagem tal serviço tem relevância notória, visto que desempenha atividades que exigem um preparo indiscutível, além da garantir de forma satisfatória a sobrevida da vítima que necessita de tal atendimento. Em síntese, durante as observações do respectivo serviço, evidencia-se que grande necessidade de atualização constante, além do preparo técnico para a realização de tais atividades.

          Unitermos: Serviços Médicos de Emergência. Bacharelado em Enfermagem. Ensino.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O APH é definido como qualquer assistência realizada fora do ambiente hospitalar, em resposta ao pedido de ajuda do indivíduo, tem como objetivo estabilizar a vítima, prevenindo complicações e evitando o óbito, tendo a rapidez no transporte da vítima para o ambiente hospitalar como seu pressuposto fundamental, objetivando a manutenção da vida ou mesmo prevenindo danos maiores à saúde da vítima (1).

    No Brasil, tal serviço foi espelhado no modelo de atendimento Francês contando com a existência de um médico regulador que avalia todos os pedidos de emergência e define qual será o melhor atendimento a vítima, bem como no modelo Norte Americano onde as chamadas eram direcionadas ao profissional da área de saúde e este indicava o melhor atendimento (2,3).

    Entretanto, o APH foi idealizado no Brasil apenas no início da década de 90, baseado na Política Nacional de Atendimento às Urgências, liderada pelo Ministério da Saúde. Neste mesmo período, os militares do Corpo de Bombeiros (CB) iniciam um treinamento para atendimento pré-hospitalar móvel, o que conferiu em outra modalidade de APH, o Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (SIATE)(3,4,5,6,).

    Os modelos de APHs no Brasil são divididos em duas modalidades: O Suporte Avançado de Vida (SAV) no qual os primeiros atendimentos são realizados por profissionais da saúde como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, onde utilizam procedimentos invasivos. Já o SBV consiste em primeiros atendimentos, porém além de serem realizados por profissionais da saúde, podem ser realizados pelos socorristas bombeiros (1,4.7).

    No entanto, da magnitude do APH com predominância das ocorrências oriundas de acidentes envolvendo veículos automotores em uma determinada cidade, fator este de grande representatividade que vem ao encontro das justificativas ministeriais através da portaria nº 2026/2011, que aprova e regulamenta novas diretrizes para a criação e expansão do Serviço Móvel de Urgência para o interior do país(4,8,9,). Assim tem-se como objetivo explanar sobre as concepções geradas por um acadêmico da graduação em Enfermagem, acerca do APH.

Percurso metodológico

    Trata-se de um relato de experiência com face às portarias ministeriais que regulamentam o atendimento pré-hospitalar no Brasil, reportando tais legislações à realidade da cidade de Sinop localizada na região norte de Mato Grosso que dispõe do CB para ofertar o socorro às vítimas que, por ventura, venham a necessitar de tal atendimento.

    A confecção deste foi pautada na revisão das portarias ministeriais que regulamentam o serviço no país, bem como o uso de artigos localizados em bases indexadas como LILACS e BIREME que deram sustentação às discussões pertinentes ao tema em questão, durante as aulas práticas em campo da disciplina Cuidado Integral à Saúde do Adulto e do Idoso em situação Crítica e Perioperatória, sendo que tal estudo foi motivado pela grande demanda de vítimas transportadas pelos profissionais do APH, que foram remetidas ao serviço de UE público do respectivo município.

A experiência vivenciada

    O setor de Urgência e Emergência (UE) é um ambiente que, apenas com o nome, traz anseios, desejos, ansiedade, expectativas e medos, antes mesmo de irmos, criamos a imagem do setor conforme nossas experiências práticas e teóricas nos instruem, sabemos, ou pelo menos imaginamos que estamos indo em direção há algo muito diferente do que já vivemos em nossa vida acadêmica e como o conhecimento popular nos encaminha, vamos para tal local esperando vivenciar algo tipicamente trágico.

    Nesse período em que o acadêmico encara a prática de frente, suas opiniões estão passíveis de mudanças. Com o setor de UE tal aspecto não é muito diferente, porém, o aluno que passa por esta vivência nunca fica indeciso, ou ele se apaixona pelas peculiaridades do atendimento emergencial, ou institui a preferência para atuação na unidade de emergência como sendo sua última opção profissional.

    O primeiro contato com a realidade da área é incrível, entretanto, de certa forma chocante, pois o aluno espera chegar e ver profissionais compenetrados, de feição séria, um ambiente tenso, todavia, não é bem assim e no decorrer deste caminho é possível verificar a mudança no imaginário do discente com relação à atuação das equipes, principalmente no que concerne ao APH, visto que a monotonia e rotina estagnada não se encaixam com este tipo de serviço.

    Com o passar das horas vividas em tal setor se começa a entender a dinâmica dos atendimentos, possibilitando assim uma contribuição mais ativa, visto que todos os componentes da equipe devem estar preparados para agir de forma eficiente e coerente de acordo com as características dos usuários que procuram por tal serviço. As ações destinadas à assistência de enfermagem em situação emergenciais, exercidas pelos referidos profissionais devem ser realizadas com o objetivo de garantir a sobrevida do usuário e minimizar complicações dos agravos primários que os levaram a procurar este tipo de serviço.

    Um fator importante que deve ser abordado é operacionalização do serviço refletida através da boa gestão dos materiais e equipamentos destinados a salvar vidas, assim, todos os equipamentos permanentes devam estar em quantidade suficiente, serem testados e sofrerem manutenção periódica e preventiva visando evitar contratempos nos atendimentos, contudo, para gerenciar tais situações tem-se o profissional enfermeiro, membro essencial da equipe multiprofissional que liderará os diversos e os inimagináveis atendimentos.

    O atendimento as vítimas iniciam não dentro do hospital, mas sim fora dele, pois o município dispõe de forma conjunta com o estado, de uma Unidade de Resgate do SIATE destinada a realizar o atendimento pré-hospitalar, sendo que na atualidade grande parte dos atendimentos, remetidos à unidade fixa, são feitos pelo CB, em grandes proporções, oriundos de acidentes envolvendo veículos automotores transitáveis dentro do perímetro urbano do respectivo município, fator este justificado com a substituição da Portaria nº2048/2002 pela nº2026/2011.

    Portanto, no interior do respectivo setor sempre fica uma expectativa em relação à chegada de vítimas, pois na maioria das vezes não há comunicação prévia entre o serviço móvel e a unidade fixa, ferindo um dos princípios regulamentadores das Políticas de Urgências no Brasil, fundamentado prioritariamente na regulação e articulação entre os serviços.

    O sublime APH, como já foi referenciado anteriormente, pode ser visualizado por duas vertentes. A primeira sob a ótica da população de um modo geral que denota ao APH a característica de um serviço essencial de saúde, alguns constituintes da comunidade e mídia até os comparam aos lendários super heróis da televisão. A segunda sob a ótica dos profissionais responsáveis pelo atendimento em unidade fixa, que enxergam os profissionais do SIATE, como parceiros na busca incessante pela manutenção da vida.

    No momento, em que se ouve a sirene da Unidade de Resgate se aproximando, há uma movimentação intensa na unidade, toda a equipe se mobiliza preparando o ambiente para os mais variados tipos de atendimentos, característica essa que denota o preparo e a harmonia da equipe, ficando claro que esta deve pensar de forma coerente, rápida, sendo a precisão, a destreza e a experiência quesitos indispensáveis para manutenção da vida.

    Assim, durante as aulas práticas no atendimento fixo de UE, estivemos em contato com os profissionais do serviço móvel, visto que participávamos ativamente da rotina do setor de modo a contribuir para o andamento satisfatório dos atendimentos. Perceber a magnitude da atuação do serviço móvel, aqui representado pela Unidade de Resgate do SIATE foi decisivo para poder agregar os conhecimentos adquiridos internamente à universidade, além de configurar em uma área de atuação convergente às minhas escolhas em minha trajetória profissional, em um futuro próspero.

    Voltando, ao atendimento as vítimas pela equipe, algo que defronta, nós acadêmicos é como o atendimento pode denotar uma característica mecanicista, o paciente deixa de ser alguém e passa a ser um sistema, ou seja, ele torna-se algo que precisa ser estabilizado e mantido vivo a todo custo e realmente essa ação é necessária, mas infelizmente essa mecanização não pára quando o paciente se torna relativamente estável.

    Contudo, como ofertar um atendimento holístico com a grande demanda atendida por esses profissionais diariamente? Mudanças em caráter governamental deveram ocorrer, entretanto, acredito que são pequenas atitudes e pequenos exemplos que possam provocar mudanças no panorama municipal, mas não nos esqueçamos que cada profissional, deva fazer sua parte a cada dia, não da para mudar o mundo sem que promovamos uma mudança em nosso self.

Considerações finais

    Em síntese, torna-se notório que o atendimento pré-hospitalar desempenha importante papel à população brasileira, matogrossense e mais especificamente ao município de Sinop, uma vez que tal serviço oferta assistência aos agravos de natureza clínica, além de assistência às causas externas, sendo estes observados com maior freqüência na população em geral. Entretanto, vários quesitos contidos nas políticas de urgências brasileiras, ainda deixam a cidade cada vez mais distante da possibilidade de instalação de uma Central Reguladora do SAMU, visto que os serviços retaguarda deixam a desejam no sentido de dar subsídios à política de funcionamento do APH. Concordamos que ainda há muito a melhorar, principalmente no que concerne à continuidade do atendimento nos hospitais de referência, principalmente em regiões distantes dos grandes centros do país, que permanecem carentes desse tipo de atendimento.

Referências

  1. Brasil Ministério da Saúde. Portaria GM / MS nº 2.048, de 05 de novembro de 2002. Dispõe sobre a regulamentação do atendimento de urgência e emergência, 2002.

  2. Ferreira CSW. Os serviços de assistência às emergências no município de São Paulo: implantação de um Sistema de atendimento pré-hospitalar [Dissertação] Universidade de São Paulo,1999.

  3. Silva EAC, Tipple AFV, Souza JT, Brasil VV. Aspectos históricos da implantação de um serviço de atendimento pré-hospitalar. Revista eletrônica de enfermagem. v.12. 2010. p.571-577.

  4. Kayser CP, Pelissari DP, Bernardi KS; Benedix M. Vivenciando momentos de estresse: uma experiência de assistência de enfermagem junto ao indivíduo e família em situações de emergência. [Monografia]. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1995.

  5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 2.026 Agosto de 2011. Aprova as diretrizes para a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e sua Central de Regulação Médica das Urgências. Brasília, 2011.

  6. Martins PPS. Atendimento pré-hospitalar: atribuição e responsabilidade de quem? Uma reflexão crítica a partir do serviço do corpo de bombeiros e das políticas de saúde “para” o Brasil à luz da filosofia da práxis [Dissertação]. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – Jun, 2004.

  7. Veronese AM, Oliveira DLLC, Rosa IM, Nast K. Oficinas de primeiros socorros:relato de experiência. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre, 2010, p. 179-182.

  8. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 814/GM de 01 de junho de 2001. Estabelece o conceito geral, os princípios e as diretrizes da Regulação Médica das Urgências. Brasília, 2001.

  9. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 1864/GM de 29 de setembro de 2003. Institui o componente pré hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília, 2003.

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