Medalhas nos Jogos Olímpicos:
estatura Las medallas en los Juegos Olímpicos: la estatura de las selecciones de voleibol brasileño Medals in the Olympic Games: stature of the Brazilian volleyball team |
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Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB do RJ (Brasil) |
Nelson Kautzner Marques Junior |
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Resumo O objetivo do estudo foi determinar a estatura das seleções de voleibol masculino e feminino que obtiveram medalha nos Jogos Olímpicos. Foram selecionadas as estaturas das seleções brasileiras masculinas e femininas medalhistas nos Jogos Olímpicos. A estatura do voleibol masculino foram as seguintes nas Olimpíadas: em 1984 (prata) a equipe teve 191,5±5,74 centímetros (cm), a equipe titular com 190,7±6,77 cm, o levantador com 182,5±2,12 cm, o ponta com 189,5±3,31 cm, o oposto com 192,3±2,08 cm e o central com 197±2,44 cm. Em 1992 (ouro) a equipe teve uma estatura de 194,1±4,56 cm, a equipe titular com 195,5±5,92 cm, o levantador com 189±7,07 cm, o ponta com 193,5±4,12 cm, o oposto com 196±2 cm e o central com 196,3±3,68 cm. Em 2004 (ouro) a equipe teve uma estatura de 195,5±6,20 cm, a equipe titular com 197,8±5,94 cm, o levantador com 187,5±4,95 cm, o ponta com 196±3,74 cm, o oposto com 195,3±5,5 cm e o central com 200,8±4,03 cm. Em 2008 (prata) a equipe teve uma estatura de 195,3±6,84 cm, a equipe titular com 196,5±8,24 cm, o levantador com 186,5±4,95 cm, o ponta com 193,3±5,25 cm, o oposto com 195±5 cm e o central com 201,8±2,75 cm. Em 2012 (prata) a equipe teve uma estatura de 198,5±7,73 cm, a equipe titular com 200,7±9,04 cm, o levantador com 190,5±0,70 cm, o ponta com 194,3±4,78 cm, o oposto com 204,5±9,19 cm e o central com 205,7±3,05 cm. A Anova one way detectou diferença significativa somente na estatura do central, F (4,14) = 4,77, p = 0,01. O post hoc Tukey determinou diferença das médias da estatura do central nas seguintes comparações: 1984 versus 2012 (diferença de - 8,66, tamanho do efeito de - 3,17, sendo grande) e 1992 versus 2012 (diferença de - 9,41, tamanho do efeito de – 2,79, sendo grande). A estatura do voleibol feminino foram as seguintes nas Olimpíadas: em 1996 (bronze) a equipe teve 181,7±3,62 cm, a equipe titular com 184±2,19 cm, a levantadora com 176,5±4,95 cm, a ponta com 183±2,44 cm, a oposta com 182,5±4,95 cm e a central com 182,5±2,08 cm. Em 2000 (bronze) a equipe teve uma estatura de 182,9±6,37 cm, a equipe titular com 182,8±5,94 cm, a levantadora com 173 cm, a ponta com 181,3±2,63 cm, a oposta com 182,5±3,53 cm e a central com 189±2,94 cm. Em 2008 (ouro) a equipe teve uma estatura de 185,1±6,59 cm, a equipe titular com 186±7,66 cm, a levantadora com 177,5±6,36 cm, a ponta com 184,3±3,86 cm, a oposta com 186,5±2,12 cm e a central com 189,8±6,94 cm. Em 2012 (ouro) a equipe teve uma estatura de 184,4±6,42 cm, a equipe titular com 186,7±6,65 cm, a levantadora com 176,5±6,36 cm, a ponta com 183±2,94 cm, a oposta com 184±1 cm e a central com 191,7±5,13 cm. Não foi detectada diferença significativa (p>0,05) na comparação das estaturas do voleibol feminino. Em conclusão, a estatura do voleibol brasileiro aumentou durante os anos que conseguiu medalha, sendo importante para os bons resultados nos Jogos Olímpicos. Unitermos: Voleibol. Estatura. Jogos Olímpicos.
Abstract The objective of the study was to determine the stature of the male and female Brazilian volleyball team. Were selected the statures of the male and female Brazilian volleyball team with medals in the Olympic Games. The stature of the male volleyball were: in 1984 (silver) the team with 191,5±5,74 centimeters (cm), the titular team with 190,7±6,77 cm, the setter with 182,5±2,12 cm, the spike with 189,5±3,31 cm, the opposite with 192,3±2,08 cm and the center blocker with 197±2,44 cm. In 1992 (gold) the team with 194,1±4,56 cm, the titular team with 195,5±5,92 cm, the setter with 189±7,07 cm, the spike with 193,5±4,12 cm, the opposite with 196±2 cm and the center blocker with 196,3±3,68 cm. In 2004 (gold) the team with 195,5±6,20 cm, the titular team with 197,8±5,94 cm, the setter with 187,5±4,95 cm, the spike with 196±3,74 cm, the opposite with 195,3±5,5 cm and the center blocker with 200,8±4,03 cm. In 2008 (silver) the team with 195,3±6,84 cm, the titular team with 196,5±8,24 cm, the setter with 186,5±4,95 cm, the spike with 193,3±5,25 cm, the opposite with 195±5 cm and the center blocker with 201,8±2,75 cm. In 2012 (silver) the team with 198,5±7,73 cm, the titular team with 200,7±9,04 cm, the setter with 190,5±0,70 cm, the spike with 194,3±4,78 cm, the opposite with 204,5±9,19 cm and the center blocker with 205,7±3,05 cm. One way Anova detected significant difference only in stature of the center blocker, F (4,14) = 4,77, p = 0,01. The post hoc Tukey determined in the means stature of the center blocker in the following comparisons: 1984 versus 2012 (difference of - 8,66, effect size of - 3,17, high) and 1992 versus 2012 (difference of - 9,41, effect size of – 2,79, high). The stature of the female volleyball were: in 1996 (bronze) the team with 181,7±3,62 cm, the titular team with 184±2,19 cm, the setter with 176,5±4,95 cm, the spike with 183±2,44 cm, the opposite with 182,5±4,95 cm and the center blocker with 182,5±2,08 cm. In 2000 (bronze) the team with 182,9±6,37 cm, the titular team with 182,8±5,94 cm, the setter with 173 cm, the spike with 181,3±2,63 cm, the opposite with 182,5±3,53 cm and the center blocker with 189±2,94 cm. In 2008 (gold) the team with 185,1±6,59 cm, the titular team with 186±7,66 cm, the setter with 177,5±6,36 cm, the spike with 184,3±3,86 cm, the opposite with 186,5±2,12 cm and the center blocker with 189,8±6,94 cm. In 2012 (gold) the team with 184,4±6,42 cm, the titular team with 186,7±6,65 cm, the setter with 176,5±6,36 cm, the spike with 183±2,94 cm, the opposite with 184±1 cm and the center blocker with 191,7±5,13 cm. No significant difference was detected (p>0,05) during the comparison the statures female volleyball. In conclusion, the stature of the Brazilian volleyball has increased during the years that got medal, this was important for good results at the Olympic Games. Keywords: Volleyball. Stature. Olympic Games.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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“Vocês brasileiros sempre mostraram que um jogador
de voleibol não precisa ser alto para ser grande”.
Kiraly em 19861, p. 27
Introdução
A estatura das seleções brasileiras de voleibol (masculina e feminina) nos primeiros Jogos Olímpicos que participou era muito inferior as principais potências dessa modalidade2. Conforme o voleibol brasileiro foi evoluindo, a estatura das seleções ficou similar aos dos países ganhadores nos Jogos Olímpicos3. Atualmente a estatura de uma seleção de voleibol com destaque nas disputas internacionais fica em torno de 1,90 a 2,05 metros no masculino e 1,72 a 1,90 metros no feminino4.
No voleibol masculino e feminino a estatura é dada muito atenção porque facilita a execução dos fundamentos mais determinantes na vitória desse esporte que são o ataque e o bloqueio5,6. Outra vantagem que a estatura permite, é que o atleta ocupa uma maior área para fazer a defesa e também, como o jogador mais alto possui maior envergadura, ele tem mais chance de buscar uma bola, por exemplo, no momento que faz o “peixinho”. Por causa da importância da estatura para o voleibol, existem muitos estudos endereçados sobre esse tema da iniciação ao alto rendimento7-12. Determinar a estatura dos voleibolistas nas pesquisas científicas é importante porque é um referencial para o treinador selecionar os futuros talentos para esse esporte13.
Entretanto, Rigolin da Silva14, evidenciou que alguns atletas não possuem uma estatura desejada para jogar o voleibol de alto nível, mas conseguem êxito por causa do fenômeno da compensação. Uma das causas é uma impulsão acima da média e/ou as condições técnicas e táticas excepcionais que garantem sucesso num esporte que exige atletas cada vez mais altos. Matveev15 também afirmou que voleibolistas de baixa estatura podem ter êxito nesse esporte por causa de uma coordenação motora extraordinária e devido uma excelente impulsão. Marques16 informou que a estatura é importante para a prática do voleibol, mas outros quesitos são relevantes para esse jogo como a inteligência tática e uma boa condição técnica. Porém, é conclusivo na literatura do voleibol que a elevada estatura ocasiona um incremento na performance do voleibolista17. Sabendo da importância desse componente antropométrico para o alto rendimento desse esporte, o objetivo do estudo foi determinar a estatura das seleções de voleibol masculino e feminino que obtiveram medalha nos Jogos Olímpicos.
Método
Amostra
Foram selecionadas as estaturas das seleções brasileiras masculinas e femininas medalhistas nos Jogos Olímpicos. A estatura das respectivas seleções de voleibol foi coletada no site da CBV (www.cbv.com.br) em 10 de agosto de 2012, no site da FIVB em agosto de 2012 (www.fivb.org/) e em Marques Junior18.
Tratamento estatístico
Os resultados foram apresentados pela media e desvio padrão. Foi testada a normalidade dos dados através de Shapiro-Wilk, p≤0,05. Em caso de dados normais, a diferença da estatura foi calculada através da Anova one way com resultados aceitos com nível de significância de p≤0,05. O post hoc Tukey determinou a diferença das médias aceitando um nível de significância de p≤0,05. Mas se os dados não forem normais, a diferença da estatura foi calculada através da Anova de Kruskal-Wallis com resultados aceitos com nível de significância de p≤0,05. O teste U de Mann-Whitney foi utilizado como post hoc para identificar a diferença entre as médias aceitando um nível de significância de p≤0,05. Quando o post hoc achar diferença significativa (Tukey ou Mann-Whitney) o tamanho do efeito (TE) será calculado conforme os ensinamentos de Dancey e Reidy19. Quase todos os dados (exceto o TE) foram calculados conforme os procedimentos do pacote estatístico GraphPad Prism 5. O gráfico foi confeccionado pelo Excel 2010.
Resultados e discussão
A tabela 1 apresenta a estatística descritiva do voleibol masculino.
Tabela 1. Média e desvio padrão da estatura em centímetros do voleibol masculino
O teste de Shapiro-Wilk detectou dados normais apenas na estatura da equipe e na estatura do central do voleibol masculino (p≤0,05). A Anova one way não determinou diferença significativa na estatura da equipe, F (4,52) = 1,90, p = 0,12. A Anova de Kruskal-Wallis não identificou diferença significativa nas seguintes comparações da estatura: para a equipe titular [H (4) = 4,87, p = 0,30], para o levantador [H (4) = 3,93, p = 0,41], para o ponteiro [H (4) = 5,50, p = 0,23] e para o oposto [H (4) = 5,10, p = 0,27]. Porém, a Anova one way detectou diferença significativa na estatura do central, F (4,14) = 4,77, p = 0,01. O post hoc Tukey determinou diferença das médias da estatura do central nas seguintes comparações: 1984 versus 2012 (diferença de - 8,66, tamanho do efeito de - 3,17, sendo grande) e 1992 versus 2012 (diferença de - 9,41, tamanho do efeito de – 2,79, sendo grande).
A figura 1 ilustra essa diferença significativa na estatura do central nos Jogos Olímpicos que o Brasil ganhou medalha.
Figura 1. Média da estatura do central nos Jogos Olímpicos
Apesar de não ocorrer diferença significativa (p>0,05) na estatura de toda a equipe e da equipe titular, a figura 2 e 3 apresenta o aumento da estatura das seleções brasileiras nos Jogos Olímpicos.
Figura 2. Média da estatura da equipe masculina nos Jogos Olímpicos
Figura 3. Média da estatura da equipe titular masculina nos Jogos Olímpicos
A tabela 2 apresenta a estatística descritiva do voleibol feminino.
Tabela 2. Média e desvio padrão da estatura em centímetros do voleibol feminino
O teste de Shapiro-Wilk detectou os dados normais apenas na estatura da equipe (p≤0,05). A Anova one way não determinou diferença significativa na estatura da equipe do voleibol feminino, F (3,41) = 0,78, p = 0,23. A Anova de Kruskal-Wallis não identificou diferença significativa nas seguintes comparações: para a equipe titular [H (3) = 1,41, p = 0,70], para a levantadora [H (3) = 1,08, p = 0,78], para a ponteira [H (3) = 1,75, p = 0,62], para a oposta [H (3) = 2,25, p = 0,52] e para a central [H (3) = 6,27, p = 0,09].
Apesar de não ocorrer diferença significativa (p>0,05) na estatura de toda a equipe e da equipe titular do voleibol feminino, a figura 4 e 5 apresenta o aumento da estatura das seleções brasileiras nos Jogos Olímpicos.
Figura 4. Média da estatura da equipe feminina nos Jogos Olímpicos
Figura 5. Média da estatura da equipe titular feminina nos Jogos Olímpicos
Os resultados evidenciaram que a estatura dos jogadores brasileiros na quadra aumentou gradativamente ao longo dos anos. Os anos 80 os atletas masculinos eram muito mais baixos, aumentando a estatura nos anos 90 e atingindo estatura mais elevada a partir do ano 2000. Esse achado esteve de acordo com a literatura20-22. O mesmo ocorreu no voleibol feminino, estando de acordo com as referências18,23. Porém, apesar da estatura ter aumentado, não ocorreu diferença significativa (p>0,05) na maioria das comparações do voleibol masculino e feminino quando ganhou medalha olímpica.
A seleção brasileira masculina da olimpíada de 1984 era considerada de baixa estatura18 (equipe com 191,5±5,74 cm), talvez uma das causas da derrota desse grupo na final para os norte-americanos. Consultando McGown et alii11, a seleção dos Estados Unidos que foi campeã olímpica em 1984 tinha estatura pouco superior (192,6±5,1) ao dos brasileiros. Após essa olimpíada, a estatura começou aumentar gradativamente em 1992 (equipe com 194,1±4,56 cm) e em 2004 (equipe com 195,5±6,208 cm), vindo se estabilizar em 2008 (equipe com 195,3±6,84 cm). Entretanto, essa estatura é inferior das categorias de iniciação do voleibol brasileiro (seleção brasileira infanto juvenil de 2005 com 197±0,05 cm24, seleção brasileira juvenil de 2000 com 198,26±6,83 cm e seleção brasileira juvenil de 2003 com 202,5±5,7 cm25), porque a exigência é selecionar atletas cada vez mais altos em todas as posições. Essa preferência por voleibolistas cada vez mais altos na iniciação do voleibol masculino acarretou um aumento da estatura na Olimpíada de 2012 (198,5±7,73 cm).
A preocupação com a estatura é tão grande, que a partir de 2004 (200,8±4,03 cm), 2008 (201,8±2,75 cm) e 2012 (205,7±3,05 cm) o meio de rede passou a ter 200 cm ou mais. O central com essa estatura tem mais facilidade para bloquear e atacar por causa da envergadura. Por exemplo, quando o meio de rede salta para bloquear o ataque no meio da rede, mas a bola é levantada para a ponta, imediatamente ele retorna ao solo e se desloca para a ponta. Enquanto que o central com baixa estatura, na mesma jogada, demora mais tempo para retornar ao piso da quadra e costuma chegar com um bloqueio menos eficiente na ponta por causa da demora do deslocamento e menor altura de alcance do bloqueio. Seguindo o mesmo raciocínio do central, a partir de 1992 (196±2 cm), 2004 (195,3±5,5 cm), 2008 (195±5 cm) e 2012 (204,5±9,19), o oposto passou a ser o segundo atleta mais alto da seleção brasileira, a explicação para esse ocorrido é a facilidade que a estatura causa para atacar (é a principal tarefa do oposto) e bloquear (tem função de bloquear o ponteiro, um dos atletas que recebe o maior volume de bolas para atacar) nessa posição.
A estatura de toda a equipe da seleção brasileira feminina nos Jogos Olímpicos que ganhou medalha (1996 com 181,7±3,62 cm, 2000 com 182,9±6,37 cm, 2008 com 185,1±6,59 cm e 2012 com 184,4±6,42 cm) esteve com altura similar as das principais potências desse esporte (China com 183,6±5,77 cm, Europa com 184,4±7,69 cm e Ásia com 180,1±7,65)26. Consultando Marques Junior27, a estatura é um dos componentes antropométricos determinantes na performance. Então, essa é uma das causas do voleibol feminino ter conseguido o bicampeonato olímpico (2008 e 2012). Atualmente uma equipe de voleibol de alto rendimento possui estatura entre 170 a 200 cm28. Portanto, pode-se concluir que a estatura do voleibol feminino nos períodos de (1996, 2000, 2008 e 2012) que obteve medalha olímpica esteve conforme a literatura.
Em conclusão, a estatura do voleibol brasileiro aumentou durante os anos que conseguiu medalha, sendo importante para os bons resultados nos Jogos Olímpicos.
Referências
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