Prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em agentes penitenciários Predominancia de molestias osteomusculares relacionados con el trabajo en agentes de penitenciaría |
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* Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia do Trabalho **Professora Adjunto I da Universidade Federal do Pará, UFPA Doutora em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (Brasil) |
Diego Sá Guimarães da Silva* Dra. Andréa Bittencourt Pires Chaves** |
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Resumo No Brasil, grande parte dos estudos realizados no ambiente prisional foram com presidiários. Todavia, o cotidiano e o ambiente de trabalho dos agentes penitenciários assinalam sobrecarga de atividades, riscos de violência e de exposição a cargas biológicas geradoras de doenças ocupacionais, visto que, são encarregados de revistar, conter e punir os detentos. O objetivo deste estudo consiste em verificar a prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho de agentes penitenciários da cidade de Belém no Estado do Pará. Trata-se de um estudo de corte transversal, de natureza quantitativa com quarenta (40) agentes penitenciários, de ambos os sexos e com idade entre 19 e 60 anos. Os resultados evidenciam que há uma alta prevalência de dores lombares (57,5%) e de lesões da coluna vertebral (62,5%). Sinalizando a realização de novos estudos para possibilitar a criação de medidas ergonômicas e de programas de qualidade de vida para estes profissionais. Unitermos: DORT. Agente penitenciário. Prevalência.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os estudos em saúde do trabalhador, em seus diferentes contextos profissionais, são cada vez mais multidisciplinares, sendo que, profissionais das diversas ciências, investigam progressivamente as relações entre trabalho e saúde e o modo como essa relação repercute na qualidade de vida.
Cruz (2005) assinala que estudos epidemiológicos recentes apontam verdadeiras epidemias das chamadas doenças profissionais ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Esses últimos podem ser definidos como manifestações ou síndromes patológicas que se instalam insidiosamente em determinados segmentos do corpo em conseqüência do trabalho realizado de forma inadequada (ANAMT, 1998).
Para tanto, o trabalho do agente penitenciário, por terem contato direto com os internos e serem vistos por estes como um dos responsáveis pela manutenção do seu confinamento, estão freqüentemente expostos a diversas situações geradoras de doenças ocupacionais, tais como intimidações, agressões e ameaças, possibilidade de rebeliões nas quais, entre outros, correm o risco de serem mortos ou se tornarem reféns (SANTOS, 2003).
Stort, Junior e Rebustini (2006) constataram na prática, que pessoas que não se sentem satisfeitas e tranqüilas em seus ambientes de trabalho, e cujos níveis de tensão e insegurança são significativos, tornam-se mais propensas a sofrerem acidentes de trabalho e cometerem erros.
No Brasil, grande parte dos estudos realizados no ambiente prisional foi realizada com presidiários. Dentre os poucos estudos que abordam as condições de trabalho de funcionários penitenciários, cabe citar o estudo de Rumin (2006) com agentes penitenciários do Estado de São Paulo, no qual identificou sobrecarga das atividades, riscos de violência e de exposição a cargas biológicas geradoras de doenças ocupacionais.
O presente estudo tem por objetivo verificar a prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho de agentes penitenciários da cidade de Belém no Estado do Pará.
Materiais e métodos
Estudo de corte transversal, de natureza quantitativa para investigar a prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho de quarenta (40) agentes penitenciários que exercem suas atividades laborais no município de Belém do Pará. A coleta de dados foi realizada no período de Abril/2012 à Maio/2012, através de dois questionários, com perguntas fechadas e estruturadas, o primeiro relacionado à caracterização sócio-profissional dos mesmos, e o segundo relacionando os distúrbios osteomusculares e as condições de trabalho, assinalando a alternativa que mais relaciona o se distúrbio com o seu trabalho, e se o mesmo foi provocado ou agravado por ele.
Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística através do software Biostat 2009 5.8.3.0. E a análise descritiva dos dados será expressa em percentuais, por meio da análise visual de gráficos e tabelas.
Resultados
Foram avaliados quarenta (40) agentes penitenciários, sendo 67,5% do gênero masculino e 32,5% do gênero feminino. Sendo que, a maioria dos entrevistados, ou seja, 35% possuíam de 5 a 7 anos de atuação profissional.
As prevalências de acometimento por área corporal estão representados na tabela 1.
Tabela 1. Prevalência de DORT em diferentes segmentos corporais
Discussão
A alta prevalência de dores lombares em agentes penitenciários presentes no estudo (57,5%) corrobora com a pesquisa de Barreto (2000), que assinala que no Brasil, a dor na coluna ou lombalgia tem sido uma das causas mais comuns de absenteísmo e aposentadorias por invalidez, em pessoas com idade inferior a 50 anos. De acordo com Reis et al. (2003), nos dias atuais, a lombalgia tem sido considerada um sério problema na saúde pública, pois afeta uma grande parte da população economicamente ativa, incapacitando-as temporária ou definitivamente para as atividades profissionais.
Quando comparados aos resultados de Fontoura (2005), há uma concordância com os dados desta pesquisa, visto que, as lesões da coluna vertebral foi a região que apresentou a maior prevalência de lesões (62,5%), sendo que, o ambiente de trabalho provocou em 60% tais e distúrbios e agravou em 40%.
Segundo Detsch et al. (2007), um dos principais geradores destas alterações é o fator comportamental, as posturas dinâmicas inadequadas adotadas pelo indivíduo no seu cotidiano, seja no ambiente de trabalho ou em casa. E a cura desses distúrbios é mais complicada após atingir fases moderadas da doença, portanto necessário se faz, que os empresários tomem medidas preventivas para impedir a evolução do quadro clínico dos trabalhadores que já manifestaram os sintomas e prevenir os que ainda não manifestaram, a primeira medida que deve ser tomada em um programa de prevenção é analise dos fatores de risco, para que estes sejam controlados (BARREIRA, 2004).
Nahas (2001) aponta que uma das estratégias que as empresas deveriam adotar é o uso da ginástica laboral, a qual define como uma atividade física praticada no local de trabalho de forma voluntária e coletiva pelos funcionários na hora do expediente, podendo ser preparatória quando realizada no início do expediente ou compensatória quando realizada no meio do expediente.
Conclusão
A pesquisa demonstrou que uma quantidade relativamente alta dos sujeitos apresenta lesões da coluna e dores lombares. Fatores que podem prejudicar o desempenho de seu trabalho e qualidade de vida.
Os agentes penitenciários constituem uma população de risco para o desenvolvimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, visto que, são encarregados de revistar e conduzir presos, além de conter e punir os detentos, portanto, é necessário a realização de novos estudos para possibilitar a criação de medidas ergonômicas e de programas de qualidade de vida para estes profissionais.
Referências bibliográficas
ANAMT - Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - DORT. Informativo nº 5; 1998.
BARREIRA, T. H. C. Abordagem ergonômica na prevenção da LER. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, V. 22, n. 84, p. 51 – 59, out. /nov. /dez. 2004.
BARRETO, M. A indústria do vestuário e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. Cadernos de Saúde do Trabalho, São Paulo, 2000.
CRUZ, R. M. Atividade docente, condições de trabalho e processos de saúde. Motrivivência. Ano XVII, Nº 24, P. 59-80. Jun. 2005.
DETSCH, C. et al. Prevalência de alterações posturais em escolares do ensino médio em uma cidade no Sul do Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 2, n. 4, p.231–8, 2007.
FONTOURA, H. S. Prevalência de lesões no pé, tornozelo, joelho e coluna vertebral no Iatismo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 10. N° 87. Agosto. 2005. http://www.efdeportes.com/efd87/lesoes.htm
NAHAS. M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. Londrina: Midiograf, 2001.
REIS, P. et al. O Uso da Flexibilidade no Programa de ginástica laboral compensatória na melhoria da lombalgia em trabalhadores que executam suas atividades sentados.In: Congresso Internacional de Educação Física, 18, FIEP. Anais.... Foz do Iguaçu, 2003.
RUMIN, C. R. Sofrimento na vigilância prisional: o trabalho e a atenção em saúde mental. Psicologia, Ciência e Profissão, v. 26, n. 4. 2006.
SANTOS, E. T. O Fenômeno da Prisionização - Uma experiência no Complexo Médico-Penal do Paraná. Monografia Faculdade Federal do Paraná, 2003.
STORT, R.; JUNIOR, F.; REBUSTINI, F. Os efeitos da atividade física nos estados de humor no ambiente de trabalho. Esporte, Lazer e Dança, v.1, n.1, p. 26-33 2006.
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