efdeportes.com

Efeitos do treinamento intervalado e as
mudanças na composição corporal em obesos

Los efectos del entrenamiento intervalado y los cambios en la composición corporal de obesos

 

*Bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Maurício de Nassau

**Mestre em Gestão Desportiva pela Universidade do Porto-Portugal

Professor do Centro Universitário Maurício de Nassau

***Especialista em Bases Metodológicas e Fisiológicas do Treinamento

Professor do Centro Universitário Maurício de Nassau

Bruno Leandro de Melo Barreto*

Carlos Augusto Mulatinho de Queiroz Pedroso**

Ruy Bandeira de Vasconcelos Júnior***

personalbruno_@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Sendo a obesidade uma das doenças crônicas multifatoriais que tem se destacado no século XXI, atingido principalmente os países em desenvolvimento, surge a necessidade de estudar tal doença e qual seria o exercício a causar, mais rapidamente, as respostas em relação à redução do IMC, percentual de gordura e respostas metabólicas em obesos. O objetivo deste estudo é analisar na literatura as respostas em relação à mudança na composição corporal em indivíduos obesos submetidos ao treinamento intervalado, bem como discutir sobre aspectos gerais voltados a obesidade, apresentar o método do treinamento intervalado com suas características e adaptações ao obeso, buscar na literatura a relação da aplicabilidade do treinamento intervalado para indivíduos obesos, visando uma mudança na composição corporal. Os dados sobre alimentação e prevalência de obesidade por região foram anexados visando o entendimento global da obesidade com seus fatores endógenos e exógenos. Com base no que foi exposto nesta revisão de literatura, alguns estudos que são realizados sobre as respostas deste método são feitos em indivíduos com condicionamento físico, a saber, atletas, sendo assim, as evidências devem ser levadas em consideração por se tratar de humanos, porém com cuidado, já que o público investigado tem uma resposta metabólica em relação às variáveis que influenciam na composição corporal, diferente dos obesos. Para tanto se faz necessário buscas em relação a tais respostas nos obesos submetidos ao método intervalado e se este estaria apto a iniciar o programa de exercício sem um breve período de adaptação.

          Unitermos: Obesidade. Treinamento intervalado. Composição corporal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A prevalência da obesidade e de doenças relacionadas a ela traz para todos os profissionais envolvidos com a saúde a responsabilidade de lutar para entender os principais efeitos na vida do ser humano e como reagir a esta doença. A obesidade é uma doença de origem multifatorial, com fatores endógenos que seria a interação de aspectos genéticos e exógenos que são os ambientes, além de influências econômicas e alterações metabólicas (BATH; BAUR, 2005, STEIN; COLDITZ, 2004).

    Sendo o treinamento intervalado (TI) um dos métodos que contribui no combate a obesidade, Silva (2010) cita que o exercício intervalado ou TI é definido como uma forma de condicionamento físico que intercala períodos curtos, porém regulares, de esforço, com períodos de recuperação dentro de uma mesma sessão de exercício, indicado para compor um programa em indivíduos obesos. Em relação ao exercício, alguns critérios são elaborados e definidos, como por exemplo, intensidade, frequência e duração das atividades, bem como ambiente, temperatura, especificidade e necessidade de cada indivíduo.

    O estudo de Rosa et al (2011), traz resultados positivos em relação ao método de treinamento intervalado e a sua utilização para o condicionamento aeróbio. Já para Fernandez et al (2004) existiu uma diminuição na gordura visceral e subcutânea em adolescentes obesos, submetidos a tal método.

    Tremblay et al (1994) contribui quando expõe que o treinamento intervalado estimularia um gasto de gordura pós-exercício o que seria uma ação benéfica aos seus praticantes. Neste contexto o treinamento intervalado é considerado um método de treino que aumenta significantemente o gasto energético, contribuindo para uma mudança na composição corporal.

    Torna-se então indispensável, estudos relacionados ao tema, por acreditar que é possível unir a teoria à prática e aplicar o conhecimento científico nas intervenções, por ver o crescimento populacional em sobrepeso e obesidade, e como profissional da área de saúde, intervir de maneira eficaz e eficiente, por vivenciar tal realidade de perto no cotidiano.

Metodologia

    Tal estudo é uma revisão de literatura que para Pádua (2003), esta tem papel fundamental no trabalho acadêmico, pois é através dela que se situa o trabalho dentro da grande área de pesquisa da qual faz parte, contextualizando-o. Isto é muito importante para quem escreve, porque precisará definir os autores pertinentes para fundamentar seu trabalho; e para quem lê, porque pode identificar a linha teórica em que o trabalho se insere com base nos autores selecionados para a revisão de literatura. Para a construção deste trabalho foi feita uma procura na literatura em busca de artigos relacionados ao tema que tivessem como palavras chaves ao menos uma descrição sobre obesidade, treinamento intervalado e mudança na composição corporal.

    Foram incluídos artigos que discutiam sobre a alimentação dos brasileiros e artigos ou reportagens que citavam a vida do nordestino. Sendo assim, discrições ou palavras chaves como alimentação, pobreza e relatos ou dados das regiões brasileiras foram acrescentadas como riqueza em termos estatísticos. Em relação à busca dos artigos sobre o tema, especificamente treinamento intervalado (TI), foi feito uma busca a partir dos anos de 2002 a 2012, abordando sua criação e evolução, tendo em vista que seus primeiros experimentos deram-se no ano de 1939 e o aperfeiçoamento em 1952. Já sobre a obesidade foram feitas buscas na Organização Mundial de Saúde (OMS) e no Ministério da Saúde em seus inquéritos domiciliar em dados, desde 1964 a 2009. Discutindo sobre a obesidade e alimentação ao longo dos anos. Os sites pesquisados foram Pubmed- Revista Brasileira de Medicina e do Esporte, Revista Motriz, Revista de Educação Física e Revista Brasileira de Educação Física. Foi incluído também estudos da Revista Brasileira de Cardiologia, com palavras chaves contendo dislipidemia e sobrepeso ou obesidade. Foram acrescentados também artigos da Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento.

Obesidade, características gerais e evolução no Brasil

    Dentre as mudanças nas últimas décadas no Brasil, em relação ao aspecto físico, tem-se destacado a obesidade, que para Lameu et al (2005) apud Oliveira et al (2008) “A obesidade é uma doença crônica multifatorial, que pode ser definida como um estado nutricional anormal, com balanço energético positivo no qual ocorre um acúmulo de gordura no organismo”. Os fatores relacionados a tal patologia já estão esclarecidos, o que não se sabe é a correlação a níveis significante de tais influências.

    Sabe-se que se têm influência interna, ou seja, endógena e fatores externos ou exógenos. O que ainda se questiona é qual seria a intervenção apropriada, se o exercício físico atenua a obesidade e se o treinamento intervalado poderia ser aplicado para os obesos.

    É importante destacar que os fatores genéticos e ambientais não se contrapõem, ou seja, o objetivo não é a busca de um único fator, mas compreender tal interação (FERREIRA et al, 2006).

    Para Ferreira e Magalhaes (2006), o Brasil tem seguido uma tendência semelhante à verificada nos países latino-americanos. E mesmo se não existissem mostras estatísticas seria nítido deparar-se com os fast-foods e obesos, que por vezes estão ao nosso lado como família. Com isso, as mostras do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2002-2003, trás valores comparados ao consumo alimentar ao longo dos anos, sobre a evolução da obesidade no Brasil e do nordeste.

Quadro 1. Resumo da média do consumo calórico total das décadas de 1961 a 2009, baseada em dados da OMS (2009)

    Em decorrência desses fatores externos, o estudo trás a obesidade como uma resposta alimentar causada por um balanço energético positivo de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2009). Em relação ao consumo alimentar, os dados expostos no quadro I, revelam crescimento em média, dos anos de 1961 à 2009. Muitos têm questionado sobre qual seria o real motivo da obesidade e se o exercício atenuaria tal doença.

    Para a OMS (1998) e Bouchard (2003), a influência genética no ganho de peso e gordura corporal, os fatores ambientais, principalmente estilo de vida sedentário associado a hábitos alimentares inadequados, são determinantes nesse processo. Sendo assim, o mito que todo obeso é apenas fruto da genética, será descartado já que se têm relatos de indivíduos que em sua genética possuem o gene da obesidade, porém não se rendendo a tal tendência genética buscam o exercício e mantém o controle sobre ela.

    Desta forma entendemos que o início desta patologia é de origem intrauterina por hiperplasia, ou restrição alimentar (KATCH; MCARDLE, 1996, apud SOARES; PETROISK, 2003). Estes afirmam que:

    “Pode haver três períodos críticos da vida, nos quais pode ocorrer o aumento do número de células adiposas, ou seja, a hiperplasia (e também estão relacionados com os períodos críticos de surgimento da obesidade), são eles: Último trimestre da gravidez (os hábitos nutricionais da mãe durante a gravidez podem modificar composição corporal do feto em desenvolvimento), o primeiro ano de vida e o surto de crescimento da adolescência.“

    Tais fatores podem estar relacionados com a responsabilidade dos governantes, já que o consumo alimentar relaciona-se à disponibilidade deste, que por sua vez, está interligado à capacidade financeira de comprá-lo e a educação, na escolha do alimento que seria adequado à necessidade em relação ao seu futuro gasto energético.

    Normalmente o que tem acontecido é um consumo exacerbado sem uma breve análise do possível gasto e dos nutrientes envolvidos no alimento. O gráfico l mostra que existe uma importação superior de produtos não alimentícios e de outros alimentos que estão relacionados aos principais produtos vendidos nos fast-foods, como pão, batata fritas, esfirras e alimentos que contenham lipídios em grande quantidade, se compararmos aos cereais e a produtos que tenham o leite como origem principal ou a carne.

    Sendo assim, a demanda de carboidrato e de lipídios esta sendo superior ao consumo de proteína exposto no gráfico I, o que poderia agravar a saúde da população brasileira em relação à obesidade, hipertensão, diabetes, dentre outras patologias de maneira crônicas não transmissíveis.

    Para Ferreira et al (2006) a obesidade têm crescido não só no Brasil, mas também nos países latino americanos, o autor ainda ressalta que a “Complexificação do quadro alimentar nesses países impõe a urgência na reorientação de suas políticas e programas de saúde e nutrição.”

    Com os dados da OMS (2009) exposto na gráfico ll, foi observado que as crianças que eram desnutridas na amostra de 1989 se tornaram adultos com sobrepeso na amostra de 2009, com a idade estimada a partir de 20 anos. Um estudo que analisou a transição nutricional no Brasil por Batista Filho e Rissin (2003), cita que:

    “Nas décadas de 70, 80 e 90, faz-se uma análise da transição nutricional do Brasil, referenciada no rápido declínio da prevalência de desnutrição em crianças e elevação, num ritmo mais acelerado, da prevalência de sobrepeso/obesidade em adultos.”

    Dâmaso (2009), relata que a restrição alimentar promove alteração no controle da ingestão alimentar, no balanço energético e na adiposidade corporal. Que influenciaria excreções de hormônios relacionados à fome ou a saciedade, a saber, Grelina e Leptina. Gehrke e Pereira (2007), faz uma associação entre obesidade e do fator de necrose tumoral alfa (TNF-a).

    Um estudo realizado na favela em São Paulo por Sawaya et al (1995), verificou a existência de adolescentes que pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) mostraram estar em obesidade ou em sobrepeso e que em análise de estatura e curva de crescimento, bem como a ingestão protéica e consumo de macronutrientes, foram considerados desnutridos. No gráfico II existe a comparação entre crianças mal nutridas que refletiram uma idade adulta com obesidade, corroborando com isto, Matsudo e Matsudo (2008) diz que o “cuidado em adolescentes e crianças obesas deve ser debatido com seriedade já que crianças e adolescentes obesos tendem a se tornar adultos obesos”.

Gráfico II

    Vasconcelos e Silva (2003), em seu estudo sobre a prevalência de sobrepeso e obesidade no nordeste no ano de 1980 a 2000, justifica que existiu um crescimento, sobretudo na classe de sobrepeso. E que em relação aos valores das prevalências de sobrepeso, observa-se serem maiores que os de obesidade. Porém, sua velocidade de ganho não seguiu as mesmas proporções, em vinte anos o aumento foi de 2,47 vezes.

    Tal estudo revelou ainda que os inativos estão classificados em sua maioria no gênero feminino com idade superior a 50 anos.

    Em uma matéria publicada no jornal do comércio em abril de 2012, relatou que os recifences, que em 2006 tinham em sua população 11,9% de obesos e 43,3% com excesso de peso, aumentou para 14,8% o número de obesos e em 47% o excesso de peso, o que gera uma sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente à doenças que são influenciadas diretamente com o IMC elevado. O estudo foi realizado pelo ministério da saúde pela vigilância de caráter de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. É preciso urgente políticas públicas de estado estruturantes, porque uma simples intervenção transversal como acontece nos exercícios disponibilizados, sem uma breve avaliação física ou médica, é uma característica de uma política pública compensatória, que supre a necessidade momentânea e piora o estado de saúde dos indivíduos obesos. Sendo assim, precisa-se de programas que eduquem a sociedade em relação à prática regular do exercício físico e que esta intervenção seja feita por um professor (a) de educação física qualificado (a) a debater as necessidades reais de cada público e adaptar as atividades ou exercícios a serem aplicados nos obesos.

Treinamento intervalado

    A forma de exercita-se têm ao longo do tempo sofrido, também influência, em alguns casos por modismo e em outros, por necessidade de adaptação da forma de executar o exercício, seja em sua duração, intensidade, volume, forma e ambiente a ser utilizado. Sendo assim, hoje existe um arsenal de possibilidades para os seres humanos se exercitarem, melhorando um dos fatores relacionados á saúde.

    Para Cogo (2009), as origens do treinamento intervalado são um tanto imprecisas, o que se sabe com exatidão é o início de sua utilização de forma científica, ou seja, tendo um processo de desenvolvimento acompanhado por especialistas da fisiologia com o objetivo de estabelecer normas corretas de aplicação do método. Já Machado (2011) descreve que a origem do treinamento intervalado surgiu na Alemanha por Woldemar, em 1939, e aperfeiçoado por Herbert Reidell, e caracterizava tal treinamento por estímulos e recuperações controladas.

    Tal método tem sua forma de aplicação e sua nomenclatura própria.

ETRIA

Estimulo (E): Distancia percorrida;

Tempo (T): Tempo gasto para realizar o estimulo;

Repetições (R): Número de vezes que o estimulo se repetirá;

Intervalo (I): Intervalo de recuperação entre os estímulos que podem ser ativos ou passivos;

Ação (A): Trabalho durante a recuperação (intervalo ativo ou passivo).

    Em relação ao surgimento do TI, Silva (2010) relata que foi no início da década de 30, e seu aperfeiçoamento na década de 50, sendo definido como uma forma de condicionamento físico que intercala períodos de recuperação dentro de uma sessão de exercícios. Atualmente tal treinamento têm se tornado um dos métodos mais utilizados, até mesmo em treinamento de atletas visando o rendimento, já que o mesmo estaria envolvido em duas fases, aeróbio e anaeróbio, tendo a adaptação de sua aplicação à disposição de sua necessidade e capacidade respeitando o princípio da individualidade biológica.

    Sobre os aspectos fisiológicos, Ciolac e Guimarães (2004) relatam que dentre outros fatores existem três fontes principais que refletem o peso corporal e podem ser influenciados pelo exercício físico, causando um déficit no gasto energético diário que é composto de três grandes componentes: Taxa metabólica de repouso (TMR), Efeito térmico da atividade física e efeito térmico da comida (ETC). Sendo o TMR, o custo energético para manter os sistemas funcionando no repouso, é o maior componente do gasto energético diário.

    A prescrição do TI para o sedentário é uma possibilidade real descrita por Denadai e Greco (2005). Quanto à recomendação, o mesmo cita que pode ser iniciado de uma a duas sessões por semana na intensidade de 40% a 50% Fc Máx, e que deve durar de 40 a 60 minutos, no estágio intermediário relacionado ao indivíduo que está no programa. O autor apresenta um programa de treinamento que inclui três dias de TI com duração de até 60 minutos e treinamento aeróbio contínuo em dias alternados disponibilizando um dia na semana para o descanso total.

Respostas do treinamento intervalado e mudanças na composição corporal em obesos

    Quando se pensa em aplicar o exercício ou estudar a influência do mesmo sobre a composição corporal em obesos, subentende-se que, o exercício influencia na forma corporal e em seus aspectos biopsicossociais, aumentando a expectativa de vida e modificando positivamente as variáveis relacionadas à saúde.

    Skinner (2007), ao examinar a efetividade do exercício com relação a perca de peso lembra que provavelmente uns indivíduos responderão e outros não, ao mesmo programa de exercício. O mesmo autor ainda corrobora falando que a perca de peso não deve ser o objetivo final. Gentil (2010) sugere que tais atividades físicas teriam um papel significativo na prevenção, mas não no tratamento do sobrepeso e da obesidade. Já Wilmore et al (2010) acreditam que alguns estudos demonstraram de maneira conclusiva a eficácia do treinamento físico na promoção de alterações moderadas de tais indivíduos. Sendo a alteração no estilo de vida um dos fundamentos ao combate de tal doença.

    Wilmore et al, 2010 descreve um modelo de composição corporal que seria dois componentes, massa gorda e massa livre de gordura.

    Existem duas extremidades, em relação ao valor financeiro, de métodos para medir tais composições corporais de forma indireta, a utilização do adipômetro ou plicometro, ou o DEXA (absortometria radiológica de dupla energia) dentre outros métodos (POWERS E HOWLEY, 2009). Um dos aspectos mais importantes é a qualificação de quem vai aplicar tal teste, lembrando que o fenômeno que se permite ser avaliado, ser permite ser estudado.

    Em relação à prescrição do treinamento intervalado e a população obesa, o que se acha na literatura é que a intensidade do exercício é o principal fator determinante no grau de utilização dos substratos (PEREIRA e SOUZA JÚNIOR, 2007). Quanto a prescrição do treinamento aeróbio a recomendação é de 3 a 5 dias na semana com intensidade de 40% a 85% da FCr (Frequência Cardíaca de reserva) com duração de 20 a 60 minutos (ACSM, 2007). Ferreira et al (2006) diz que o exercício com intensidade baixa ou moderada seria o único capaz de provocar tal redução na mudança da composição corporal. Num estudo de Jakicic et al (1999) apud Skinner et al (2007), descobriram que sessões curtas, intermitentes de exercícios são tão efetivas quantos sessões contínuas na redução da massa corporal. Gentil (2010) aborda estudos revelando a baixa eficiência dos exercícios aeróbios na redução da gordura corporal, mesmo quando há resultados estatisticamente significativos, tais relevâncias clínicas são questionadas.

    Um estudo realizado por Moreira et al (2008) com 22 indivíduos adultos de ambos os sexos, utilizou um protocolo de treinamento de endurance (ET) e de treinamento intermitente (IT), dividindo os indivíduos em três grupos aleatoriamente a tais aplicações, sendo um, grupo controle, e os demais praticaram os protocolos em 12 semanas, onde o grupo ET resultou numa maior predominância no consumo de gordura durante o exercício, do que o TI, reduzindo também o colesterol total e a circunferência do quadril. Enquanto o grupo TI, mostrou uma redução da relação cintura/quadril.

    O comportamento, por exemplo, do consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC) como é citado na literatura, e o gasto energético pós-exercício, que para Silva e Oliveira (2004), depende diretamente da intensidade a qual o exercício esta sendo realizado e o condicionamento do indivíduo que esta sendo submetido a tal exercício.

    As disparidades nos resultados relacionados ao EPOC podem refletir diferenças em muitos fatores, como: massa muscular envolvida no exercício; intensidade e duração; estado do treinamento; ingestão de alimento (efeito térmico da refeição); qualidade do sono da noite anterior; condições ambientais; familiaridade do sujeito com o protocolo; variações na temperatura (FOREAUX et al, 2006). Estes ainda dizem que o EPOC aumenta linearmente com a duração do exercício. Gentil (2010) corrobora ao expressar que o EPOC é um fator importante em relação ao emagrecimento, destacando tal explicação para a maior eficiência do exercício em alta intensidade.

    Um estudo realizado por Sabia et al (2004) para verificar o efeito da atividade física associado a orientação alimentar em adolescentes obesos, comparando o exercício aeróbio e anaeróbio com 28 adolescentes, durante 16 semanas, por três dias semanais notou que houve um aumento significante de VO² Máx e redução na composição corporal de tais indivíduos submetidos ao treinamento aeróbio continuo e o TI.

    Silva (2010), em uma revisão de literatura fala que os estudos investigados sobre este tema (TI) podem ser uma intervenção mais eficiente do que os exercícios aeróbios de ritmos constantes em população com obesidade. Tais considerações não é um consenso na literatura o que nos instiga a buscar estudos futuros, sobre tais intensidades sobre os obesos.

    Os estudos demonstraram de maneira geral melhora no IMC, redução na composição corporal, melhora no VO² e ganhos maiores se comparados aos secundários, como melhora na qualidade de vida, bem estar, sono, autoimagem, dentre outros. Porém, vale a pena salientar que se faz necessário uma busca aprofundada para mensurar se tal público está realmente apto para encarar um programa de treinamento intervalado em intensidades altas, ou se seria melhor um treinamento intervalado extensivo com intensidades baixas.

Considerações finais

    Com base no que foi exposto nesta revisão de literatura, em relação aos efeitos do treinamento intervalado e as mudanças na composição corporal em obesos, foi colocado em evidência o método intervalado e sua utilização no obeso. Alguns estudos desenvolvidos sobre as respostas deste método foram realizados em indivíduos com condicionamento físico superior, a saber, atletas, sendo assim as evidências devem ser levadas em consideração por se tratar de humanos, porém com cuidado, já que o público investigado tem uma resposta metabólica em relação às variáveis que influenciam na composição corporal diferente dos obesos.

    Vale a pena também destacar que se faz necessário um equilíbrio entre dieta e a prática regular do exercício físico para o combate da obesidade, quando já instalada ou prevenção por um risco iminente. Perante a população mundial, a maioria dos estudos achados sobre os efeitos do treinamento intervalado e tais mudanças na composição corporal, foram obtidas através de estudos em ratos, e os artigos de revisão de literatura brasileiros trazem pouca menção de estudos publicados em obesos brasileiros, e quando se acha é na população adolescente ou adulta, negligenciando ou não tendo capacidade de aplicar o método à existência da população idosa com tal patologia. Outra limitação nos estudos é que a aplicação do método intervalado não obtém em sua maioria um índice significante de pessoas envolvidas significando que tais intensidades experimentadas influenciam nas respostas metabólicas.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 172 | Buenos Aires, Septiembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados