Os benefícios da atividade
física para reduzir Los beneficios de la actividad física para reducir la depresión en la tercera edad |
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*Licenciada/o em Educação Física e acadêmica/o do bacharelado em Educação Física da UnC, Concórdia **Docente nos cursos de graduação em Educação Física na Universidade do Contestado UnC, Concórdia e Faculdade IDEAU de Getúlio Vargas, RS (Brasil) |
Adriano Basse* Gesimara Bollis* Prof. Ms. Ivan Carlos Bagnara** |
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Resumo O envelhecimento é vitalício. Não começa num tempo específico tal como aos 60 ou 70 anos. Ao invés disso é um processo cujo inicio se dá no momento mesmo do primeiro grito e vida do ser humano. O envelhecimento é acompanhado de mudanças com grau acentuado de variação entre os indivíduos. Em contrapartida, o aumento significativo dessa população eleva o número de idosos que sofrem de uma doença que atormenta a grande parte de quem envelhece: a depressão. A depressão é o problema psicológico mais comum no idoso. Embora seja comumente negligenciada na população idosa, ela é na realidade, bastante tratável. A atividade física, quando regular e bem planejada, contribui para minimização do sofrimento psíquico do idoso deprimido, além de oferecer oportunidade de envolvimento psicossocial, elevação da autoestima, melhoramento das funções cognitivas, com saída do quadro depressivo e menores taxas de recaída. O objetivo deste artigo foi realizar uma revisão bibliográfica sobre depressão em idosos, fazendo uma abordagem global sobre a mesma, bem como proporcionar a compreensão da relação entre atividade física e depressão no processo de envelhecimento. Unitermos: Envelhecimento. Depressão. Atividade física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A questão do envelhecimento populacional atinge a todos nós, não só como pessoas que somos, caminhando para o nosso próprio envelhecimento, mas também porque estamos sofrendo contínuas mudanças em nossa maneira de ser e sentir a cada período de tempo, em nosso corpo e nosso espírito. Na observação da sociedade que está a nossa volta, a cada dia nos deparamos com mais idosos em nossos círculos de convívio, onde infelizmente sabemos tão pouco sobre eles. Em geral, o ser humano chega aos 60-65 anos com problemas de saúde, várias complicações e fragilizado.
O aumento da população idosa está associado à prevalência elevada de doenças crônico-degenerativas, dentre elas aquelas que comprometem o funcionamento do sistema nervoso central, como as enfermidades neuropsiquiátricas, particularmente a depressão.
Em contrapartida ao aparecimento de doenças na velhice, a esperança de vida ou expectativa de vida ao nascer tem demonstrado elevações significativas no cenário mundial. Alguns países mais desenvolvidos caminham até para um crescimento populacional na quarta idade (pessoas acima de 80 anos). Nota-se que a duração média de vida cresce concomitantemente com o avanço das ciências médicas, biológicas e químicas ao lado da melhoria das condições sócio econômicas da população.
Acredita-se que a prática regular de exercícios físicos possa ser uma das formas alternativas na melhoria da qualidade de vida e manutenção da vida saudável, assim como, uma forma de minimizar ou até mesmo prevenir dentre outros fatores, principalmente físicos, fatores de ordem psicológica e dentre estes, destacamos a depressão em idosos; objeto deste estudo.
Com o passar dos anos, a sociedade e a própria vida em si, sofreu e sofre muitas mudanças e, estas mudanças trazem consigo uma série de fatores a serem observados e estudados, como por exemplo, o envelhecimento humano e todos os quesitos relacionados a ele.
O envelhecimento humano é o processo de desgaste do corpo, depois de atingida a idade adulta. Relaciona-se com a diminuição da reserva funcional, com a diminuição da resistência às agressões e com o aumento do risco de morte.
Conforme Moreira (2001, p. 25) “o envelhecimento significa a capacidade individual de adaptação às reações e auto-imagem dos indivíduos, mas também pode ser considerado sob os aspectos da idade do desempenho, da soma de experiências e da maturação mental”.
Segundo Corrêa apud Vargas entende-se por envelhecimento, o fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade. Manifestando-se em todos os domínios da vida, inicia-se pelas células, passa aos tecidos e órgãos e termina nos processos extremamente complicados do pensamento. O envelhecimento se inicia com o término do desenvolvimento, e se estende por dois terços da vida e é caracterizado principalmente, através da perda funcional de todos os sistemas.
Um conceito muito difundido pelo senso comum é que o envelhecimento pode ser entendido como a consequência da passagem do tempo ou como o processo cronológico pelo qual um indivíduo se torna mais velho. Esta tradicional definição tem sido desafiada pela sua simplicidade. Seguindo a linha de pensamento deste conceito, a Organização Mundial da Saúde classifica cronologicamente como idosos, as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento.
Pesquisas sobre este tema revelam que a estimativa de vida vem aumentando a cada ano que passa e, com isso aumenta também o numero de pessoas idosas, onde se estima que até 2025 tenhamos cerca de um bilhão e 120 milhões de pessoas acima de 60 anos em todo o mundo (RODRIGUES; TERRA, 2006). Segundo a SBGG, (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), todas as estimativas demográficas apontam para um contingente de aproximadamente 32 milhões de idosos no Brasil, por volta do mesmo ano.
Para Baltes; Smith (2006, p. 86), este aumento da expectativa de vida para os idosos é consequência de vários fatores. Fatores esses que contribuem também para a melhoria na qualidade de vida. A medicina cada vez mais avançada, melhorias ambientais e materiais, sistemas educacionais e meios de comunicação mais efetivos, melhores recursos psicológicos, tais como leitura e escrita em computadores, aumento da prática da atividade física e muitos outros fatores, estão fazendo com que os idosos se aproximem do seu limite de máxima duração de vida em condições mais saudáveis.
O envelhecimento se divide em envelhecimento primário, o qual corresponde a senescência, e envelhecimento secundário que corresponde à senilidade. O envelhecimento primário ou senescência consiste em um processo de mudanças biológicas influenciado pela hereditariedade. Já o envelhecimento secundário ou senilidade deriva de fatores hostis, ambientais e tendo como particularidade advinda do trauma e doenças. Os efeitos da senilidade no envelhecimento humano podem ser modificados. Cabendo ainda ressaltar que o processo de envelhecimento possui doenças próprias dessa fase, que podem ser advindas tanto da senescência quanto da senilidade (BLAZER, 1998).
Além disso, para Corrêa, estudos gerontológicos reconhecem que o grupo de envelhecimento “normal” inclui dois importantes grupos: bem sucedido e usual. O envelhecimento bem sucedido é composto por pessoas que demonstram perdas mínimas associadas à idade em uma determinada função fisiológica. É conhecido também como envelhecimento com sucesso, grupo este, que representa uma pequena porção, porém, fortemente crescente na questão de processo de envelhecimento. Envelhecimento usual é composto por pessoas que apresentam prejuízos significativos, comparado com o das pessoas mais jovens, mas não são qualificados como doentes.
Se nos basearmos na Psicologia do desenvolvimento, fica difícil identificar se o envelhecimento é um processo de desenvolvimento ou um processo de perda do desenvolvimento.
Através dos escritos da SBGG, podemos perceber que existem várias maneiras de se envelhecer, dentro da variação individual, o chegar a uma idade mais avança pode transcorrer de maneira harmoniosa, sendo responsável por uma etapa feliz e digna da vida do indivíduo, ou pode acontecer de maneira desastrosa, onde, apesar da longevidade, o prazer de se viver é perdido pelo caminho.
Começando pelo simples fato de que os indivíduos de idade avançada sofrem mudanças físicas, e, situações corriqueiras como banhar-se, vestir-se, alimentar-se, que antes eram consideradas atividades simples, com o passar do tempo tronam-se obstáculos que obrigam os indivíduos a pedir ajudar ou então tornarem-se dependentes de outras pessoas para realizá-las.
Entretanto, Simões (1998) ressalta que o envelhecimento não pode ser encarado como o fim da vida, e muito menos ser justificado como impossibilidade física, social ou psíquica. Envelhecer faz parte da vida a qual apenas sofre mudanças e que dependem do compromisso de cada um tentar amenizá-las.
Aceitar as transformações que ocorrem tanto nos aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais na terceira idade é uma das formas de encarar os problemas decorrentes desta fase da vida, de forma a minimizá-los por meio da atividade física, participação na comunidade, passeios e entre outros (ZIMMERMAN, 2010).
O envelhecimento e a depressão
Envelhecimento
Levando em conta o número de idosos, pode-se entender isso como algo muito positivo para a longevidade, significa que os indivíduos estão envelhecendo com uma visível melhora de qualidade de vida, porém, a questão é que nem todos os indivíduos estão preparados para envelhecer e, quando isso ocorre, podem surgir desordens como, por exemplo, a depressão. Muito embora a depressão possa atingir qualquer faixa etária, tem se mostrado bem comum em idosos.
Jacób; Souza (1994) defende que:
Durante toda a vida adulta todas as funções fisiológicas gradualmente declinam. A capacidade de síntese de proteínas diminui, existe um declínio nas funções imunológicas, aumento da massa gorda, perda de força e massa muscular e uma diminuição na densidade de cálcio nos ossos.
A deficiência da idade é caracterizada por uma fraqueza generalizada, mobilidade e equilíbrio debilitados. Na idade avançada esse estado e chamado de fragilidade física que é definido como um estado de reservas fisiológicas reduzidas, associado a um aumento da susceptibilidade para a incapacidade. (JACÓB, SOUZA, 1994). Isso ocasiona quedas, fraturas debilidade nas atividades do dia a dia e perda da independência.
O envelhecer sob um ponto de vista fisiológico depende significativamente do estilo de vida que a pessoa assume desde a infância ou adolescência, tais como fumar, não fazer prática de atividade física, ingerir alimentos não saudáveis, taxados como maus hábitos. Um bom estilo de vida adotado desde cedo influenciará de forma significativa no seu envelhecimento fisiológico. Pois já se sabe que o processo de envelhecimento não é uniforme.
O organismo envelhece como um todo, enquanto seus órgãos, tecidos, células e estruturas subcelulares tem envelhecimento diferenciado, parecendo este fenômeno ser determinado pela hereditariedade (WEINECK, 1991).
Depressão
Segundo Garcia (2006) sentir-se triste é uma resposta comum a eventos da vida, como o sofrimento de uma perda ou um desapontamento. O transtorno que os especialistas chamam de depressão, é algo muito mais grave e caracterizado pela falta de controle sobre o próprio estado emocional.
A depressão pode ser definida como um processo que se caracteriza por lentificação dos processos psíquicos, humor depressivo e ou irritável associado à ansiedade e a angustia, redução da energia desânimo, cansaço fácil, incapacidade parcial ou total de sentir alegria e ou prazer (anedonia) desinteresse, lentificação, apatia ou agitação psicomotora, dificuldade de concentração e pensamentos de cunho negativo, com perda da capacidade de planejar o futuro e alteração do juízo da realidade. (CORRÊA, 1996).
Ainda para Corrêa (1996, pg. 72),
Existem peculiaridades no idoso que tornam as depressões neles existentes portadoras de um matiz próprio, dignas de serem apontadas. Há uma tendência muito comum em atribuir os sintomas depressivos ao próprio envelhecimento e não a uma patologia. As repercussões funcionais da aposentadoria, a perda do “status” social e financeiro, o fato de, muitas vezes, o paciente não ser mais o “chefe” da família que não mais depende dele, a decadência física, a perda de parentes e amigos o isolamento, podem levar a queixas da esfera somática que mascaram inteiramente um quadro depressivo. Também os preconceitos quanto a doenças mentais fazem com que os pacientes idosos neguem seu estado depressivo e apresentam queixas físicas.
No idoso, a depressão tem sido caracterizada como uma síndrome que envolve inúmeros aspectos clínicos, etiopatogênicos e de tratamento. Quando de início tardio, frequentemente associa-se a doenças clínicas gerais e a anormalidades estruturais e funcionais do cérebro. Se não tratada, a depressão aumenta o risco de morbidade clínica e de mortalidade, principalmente em idosos hospitalizados com enfermidades gerais. As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um conjunto amplo de componentes onde atuam fatores genéticos, eventos vitais, como luto e abandono, e doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso frequentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves. Enfermidades crônicas e incapacitantes constituem fatores de risco para depressão. Sentimentos de frustração perante os anseios de vida não realizados e a própria história do sujeito marcada por perdas progressivas do companheiro, dos laços afetivos e da capacidade de trabalho bem como o abandono, o isolamento social, a incapacidade de reengajamento na atividade produtiva, a ausência de retorno social do investimento escolar, a aposentadoria que mina os recursos mínimos de sobrevivência, são fatores que comprometem a qualidade de vida e predispõem o idoso ao desenvolvimento de depressão (PACHECO, 2002).
Stella (2002) sugere que em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma ser acompanhada por queixas somáticas, hipocondria, baixa auto-estima, sentimentos de inutilidade, humor disfórico, tendência autodepreciativa, alteração do sono e do apetite, ideação paranóide e pensamento recorrente de suicídio. Cabe lembrar que nos pacientes idosos deprimidos o risco de suicídio é duas vezes maior do que nos não deprimidos.
Para a mesma autora, os sintomas da depressão em geral, estão associados à presença de doenças físicas ou ao uso de medicamentos. A tabela abaixo retrata perfeitamente a referência pela autora.
Exercício físico para prevenir e tratar a depressão
O processo do envelhecimento começa a partir do nascimento do indivíduo, portanto não ocorre de um dia para o outro e sim dia após dia, este processo pode ser classificado como uma fase de adaptação, da qual pessoas otimistas se utilizam da maturidade para substituir hábitos, transformando com o passar do tempo a sua rotina em atitudes e vivencias prazerosas.
MORAES et al (2007), afirma que de um modo geral, os estudos com o objetivo de observar a relação de causa e efeito entre a prática de atividade física e alterações nos níveis de depressão apontam para uma relação inversamente proporcional. Achados recentes dão suporte a duas vertentes diferenciadas na tentativa de elucidar a relação entre atividade física e depressão. A primeira vertente indica a prática da atividade física como um fator influenciador na diminuição da intensidade dos sintomas depressivos, verificaram que idosos que reduziram as atividades praticadas após oito anos apresentaram aumento nos sintomas de depressão, enquanto que os indivíduos que aumentaram ou mantiveram a intensidade das atividades não apresentaram esse efeito. Resultados similares foram encontrados por estudos que avaliaram o treinamento através de outras ferramentas quantitativas, como consumo de oxigênio e pedômetro digital.
Ainda para MORAES et al (2007) apud Van Gool et al, a segunda vertente aponta para a influência da depressão na atividade física. Ao analisar 1.920 idosos ao longo de seis anos, verificaram que idosos que se tornaram depressivos tendem mais ao sedentarismo do que aqueles sem depressão. Portanto, a depressão seria a causa da diminuição do estado geral de aptidão física. Apesar de envolver um grande número de sujeitos, o desenho dos estudos permite que se afirme que há associação entre diminuição de exercício físico e depressão, mas não precisa causa e efeito, já que não houve acompanhamento cronológico do evento.
Embora apresentem resultados significativos no tratamento da depressão, os mecanismos pelos quais a atividade física proporciona efeitos antidepressivos são especulativos. Para tentar elucidá–los, faz–se necessário um entendimento da neurobiologia e neuropsicologia da depressão. São verificadas alterações no fluxo sanguíneo e no metabolismo do córtex pré–frontal (área relacionada com atenção, psicomotricidade, capacidade executiva e tomada de decisão); hiperatividade da região subgenual pré–frontal cortical (que gera pensamentos tristes); e aumento do metabolismo de glicose em várias regiões límbicas, com ênfase na amígdala (aprendizado emocional). Além disso, alterações na regulação do eixo hipotálamo–hipófise–adrenal (hipersecreção de cortisol) estão relacionadas com o transtorno depressivo.
MORAES et al (2007),menciona que a hipótese mais encontrada na literatura é a de um aumento na liberação de monoaminas, como serotonina, dopamina e noradrenalina. O processo da biossíntese de serotonina pode ocorrer pelo aumento de seu precursor triptofano no cérebro, influenciado pelo exercício; verificaram-se níveis sangüíneos elevados de prolactina durante o exercício aeróbio, refletindo um aumento central de serotonina. A serotonina pode atenuar a formação de memórias relacionadas ao medo e diminuir as respostas a eventos ameaçadores através de projeções serotoninérgicas que partem do núcleo da rafe para o hipocampo.
O exercício também pode estar relacionado com a síntese de dopamina devido a um aumento nos níveis de cálcio no cérebro, através do estímulo de um sistema enzimático conhecido como cálcio–calmodulina. A dopamina está relacionada com o desempenho motor, a motivação locomotora e a modulação emocional.
São vários os mecanismos que têm sido propostos, através dos quais a atividade física pode reduzir a incidência de depressão; contudo, sem ainda mostrarem conclusões definitivas, dois mecanismos constantemente discutidos incluem níveis aumentados de dois tipos de neurotransmissores pós-exercício, as monoaminas e as endorfinas. Os aspectos preventivos da atividade física para Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) tais como diabetes e doenças cardíacas, podem ser importantes devido à forte associação entre saúde física e prevenção da depressão na velhice. Outros mecanismos possíveis incluem aptidão funcional melhorada e aumento da auto-estima, como resultado de maiores níveis de atividade física; idosos fisicamente ativos podem interagir mais e estabelecer relações com aqueles que entram em contato em razão da própria atividade física (STELLA, et al, 2002 apud STRAWBRIDGE et al, 2002).
Por outro lado, Stella et al (2002) apontam que a atividade física tem sido associada a vários fatores favoráveis a uma melhor qualidade de vida no idoso, implementando melhor perfusão sanguínea sistêmica e, particularmente, cerebral. É evidente o benefício da atividade física para a redução dos níveis de hipertensão arterial, para a implementação da capacidade pulmonar e para prevenção de pneumopatias. Ganho de força muscular e de massa óssea e desempenho mais eficiente das articulações são outros benefícios que o idoso obtém com a prática regular e adequada de atividade física, constituindo-se em importante fator de prevenção de quedas e outros acidentes, que também se apresentam como comorbidades em relação à depressão.
Do ponto de vista mental, a atividade física, sobretudo quando praticada em grupo, eleva a autoestima do idoso, contribui para a implementação das relações psicossociais e para o reequilíbrio emocional. Capacidade de atenção concentrada, memória de curto prazo e desempenho dos processos executivos (planejamento de ações seqüenciais logicamente estruturadas e capacidade de autocorreção das ações) constituem funções cognitivas imprescindíveis na vida cotidiana e que são estimuladas durante a prática de exercícios bem planejados.
Prescrição do exercício e da atividade física na depressão
Para a população acima de 65 anos, o Colégio Americano de Medicina Desportiva (ACSM) preconiza atividade aeróbia de intensidade de 40 a 60% da frequência cardíaca de reserva, ou 11 a 13 na escala de Borg, com duração de 20 minutos e frequência de três vezes por semana. Os artigos de revisão concluem que atividades como caminhada e corrida são os tratamentos mais utilizados para níveis graves de depressão, mostram que, para a redução efetiva dos sintomas de depressão, é necessária a prescrição de exercícios com duração de 30 minutos e intensidade de 50 a 60% do VO2máx, ou 12 a 14 na escala de Borg, afirmando que atividades longas e menos intensas são preferíveis, por interromperem, com maior eficiência, pensamentos depressivos. Tendo em vista que a maioria dos pacientes depressivos é sedentária, preconiza–se a frequência de duas a quatro vezes por semana. É necessária a realização de reavaliações funcionais no período entre 10 e 12 semanas de treino, para adequar a intensidade do exercício às melhoras do condicionamento físico. Entretanto, a maioria dos artigos conclui que o total de tempo gasto com exercício, relacionado diretamente com a aderência, é a variável mais importante para conferir os resultados da prática de exercícios (MORAES et al, 2007).
Ainda para Moraes et al (2007) o treinamento de força também pode ser utilizado por aumentar a capacidade funcional, reduzindo a dependência na prática das atividades diárias pela sensação de queda, fragilidade, perda de massa óssea e ainda o risco de doenças crônicas. Para esse tipo de treino, o ACSM preconiza de duas a três séries de exercícios, com frequência de duas vezes por semana, mas preferencialmente de três, periodizam o volume do treino com duas a três séries para quatro exercícios, uma a duas séries para quatro a oito exercícios e uma série para oito exercícios ou mais.
A atividade física regular deve ser considerada como uma alternativa não-farmacológica do tratamento do transtorno depressivo. O exercício físico apresenta, em relação ao tratamento medicamentoso, a vantagem de não apresentar efeitos colaterais indesejáveis, além de sua prática demandar, ao contrário da atitude relativamente passiva de tomar uma pílula, um maior comprometimento ativo por parte do paciente que pode resultar na melhoria da auto-estima e auto-confiança (STELLA et al, 2002).
Considerações finais
Existem muitos fatores que podem desencadear ou mesmo predispor ao aparecimento do estado depressivo, suas causas podem vir de fatores biológicos, psicológicos e sociais, podendo ser um relacionado a outro.
Tentar conter o envelhecimento humano é algo impossível, mas fazer com os idosos possam ter um envelhecimento mais saudável é apostar na melhoria da qualidade de vida desta população. Minimizar suas perdas, e dar-lhes um novo sentido a sua vida incentivando-os a prática da atividade física é algo essencial principalmente à aqueles que querem viver mais e melhor.
A realização de atividade física regular é muito eficiente no tratamento da depressão, como também pode ser utilizado para a estimulação, como jogos de memória, passeios, discussões, leitura e conversas com o objetivo de aumentar a auto-estima. O apoio da família neste momento é de estrema importância para obter bons resultados, já que nesse período da vida muitos idosos se sentem e são desprezados e rejeitados tanto pela sociedade, quanto pela própria família.
Sugere-se como campo para novas pesquisas a busca por instrumentos de avaliação da população idosa e, especificamente relacionado ao campo da atividade física e sua relação com processos depressivos. Não somente em idosos que já possuem depressão, mas principalmente como fator preventivo e terapêutico para a mesma.
Referências
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MANIDI, Marie-José; MICHEL, Jean-Pierre. Atividade Física Para Adultos com mais de 55 Anos. 1ª Edição, Editora Manole Ltda. Barueri, S.P. 2001.
MORAES, Helena. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática Rev. psiquiatra. RS vol.29 no.1 Porto Alegre Jan./Abr. 2007.
MOREIRA, Renato. Estresse oxidativo e envelhecimento, São Paulo: Atena, 2001.
NETO, João Cabral Merlo. Morte e Vida Severina. Rio de Janeiro: Olympio, 2006.
PACHECO, J. L. Educação, Trabalho e Envelhecimento: Estudo das histórias de vida de trabalhadores assalariados e suas relações com a escola, com o trabalho e com os sintomas depressivos, após a aposentadoria. Tese de Doutorado – Educação / Gerontologia. UNICAMP, Campinas, São Paulo (2002).
PRONER, Marines. Atividade Física e seus benefícios na Terceira Idade, Monografia, Concórdia, S.C. 2004.
RODRIGUES, Nara; TERRA, Newton Luiz. Gerontologia Social para Leigos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
STELLA, Florindo. Depressão no Idoso: Diagnóstico, Tratamento e Benefícios da Atividade Física Universidade Estadual Paulista - UNESP Rio Claro, SP, Brasil Motriz, Rio Claro, Ago/Dez 2002, Vol.8 n.3, pp. 91-98.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERONTOLOGIA E GERIATRIA (SBGG), Caminhos do envelhecer, Livraria e Editora Revinter Ltda, Rio de Janeiro, RJ. 1994.
SHEPHARD, Roy J. Envelhecimento Atividade Fisica e Saude, São Paulo: Phorte, 2003.
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WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole, 1991.
ZIMERMAN, Guite I. Velhice: Aspectos Biopsicossociais. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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