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Sistematização da assistência de enfermagem
ao portador de esclerose múltipla

Sistematización de la asistencia de enfermería al portador de esclerosis múltiple

 

*Enfermeiro pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (FIP-MOC)

Pós-Graduando em Saúde da Família pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Atua na Estratégia Saúde da Família de Espinosa, MG

**Graduando em Enfermagem pela Fundação Presidente Antônio

Carlos (FUPAC) da cidade de Uberlândia, MG

***Enfermeira pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Especialista

em Saúde Pública pela Faculdade São Camilo. Mestre em Ciências da Saúde pela

Universidade Federal de Uberlândia, MG. Doutoranda em Enfermagem Psiquiátrica

pela USP. Docente da UNIPAC

Patrick Leonardo Nogueira da Silva*

Silas Santos**

Efigênia Aparecida Maciel de Freitas***

patrick_mocesp70@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um método cientifico universal que permite a assistência integral aos pacientes em estado de doença, sendo atividade privativa do enfermeiro que a utiliza para identificar as situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do individuo, da família e da comunidade. O Presente estudo objetiva realizar uma revisão sistemática da literatura acerca da Sistematização da Assistência de Enfermagem ao portador de esclerose múltipla. Trata-se de um estudo bibliográfico, no qual foi realizado um levantamento de artigos científicos relacionados á aplicação da SAE em pacientes portadores de esclerose múltipla. Vale ressaltar que foram analisados artigos científicos, livros e revistas, mostrando a importância de sistematizar os cuidados de enfermagem ao cliente com esclerose múltipla, prescritos pelo enfermeiro e realizado pela equipe de enfermagem. A esclerose múltipla e uma doença neurológica crônica, de caráter desmielinizante, que acomete o sistema nervoso central, acomete adultos, jovens e raramente em crianças e idosos, mas de maior ocorrência em pacientes com idade entre 20 a 50 anos, as ações planejadas de enfermagem é a chave para obter resultados positivos, para assim manter e recuperar o cliente além de prevenir de outros riscos. A intervenção de enfermagem é um conjunto de ações que são programadas com base no que foi observado no diagnóstico de enfermagem, onde suas prioridades é minimização dos sinais e sintomas que a EM pode causar, buscando uma rápida recuperação do paciente intervindo, auxiliando-o onde mais necessita de acordo com observações de enfermagem específicas ao cuidado da EM. Com tudo, pode-se concluir que por meio deste estudo observou-se que o enfermeiro possui uma importância significativa dentro do âmbito hospitalar por meio da execução da SAE, promovendo à recuperação satisfatória do paciente, estimulando também à reabilitação do mesmo e o seu retorno á sociedade com o menor número de seqüelas possíveis.

          Unitermos: Esclerose múltipla. Cuidados de enfermagem. Assistência integral à saúde. Assistência ao paciente.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE) é um método científico e universal oferece assistência integral ao paciente, reconhecido dentro das teorias de enfermagem. Trata-se de um processo sistematizado dos cuidados de enfermagem, que desde 1950 vem evoluindo á pratica da enfermagem no tratamento dos clientes hospitalizados, sendo coadjuvante junto às prescrições médicas no prontuário, abordando respostas sendo típico de cada situação, da família ou dos grupos, para obtenção de resultados positivos (DOENGES et al., 2003). Na resolução do COFEN 272/2002 sobre a SAE – nas Instituições de Saúde Brasileiras, destaca-se como atividade privativa do enfermeiro que utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do individuo, família e comunidade (MOURA, 2006).

    Por meio de protocolos, o enfermeiro é amparado em prescrever ordenadamente as intervenções de enfermagem apropriadas aos clientes, e que possibilita recuperação eficaz nos aspectos físicos, psicológicos e sociais. Com isso, Pereira e Romero (2011) relata que o enfermeiro se torna indispensável no planejamento, no diagnóstico, na programação e na avaliação dos cuidados, a fim de concretizar o trabalho em equipe, satisfazendo em âmbito pessoal, profissional e hospitalar.

    A Sistematização de Assistência de Enfermagem é a organização e execução do processo de enfermagem, com visão holística, e é composta por etapas inter-relacionadas, segundo a Lei 7498, de 25/06/86 (Lei do exercício Profissional). É a essência da pratica de enfermagem, instrumento e metodologia da profissão, e como tal ajuda o enfermeiro a tomar decisões, prever e avaliar conseqüências (GEORGE, 2000). O paciente portador de esclerose múltipla pode apresentar complicações de saúde graves e até mesmo ir a óbito. Isso devido o tratamento inadequado, sendo que uma das causas é a ausência da SAE no ambiente hospitalar. A preocupação é que a falta de prescrição dos cuidados de enfermagem para o paciente, perde-se a organização de uma assistência integral e humanizada.

    Moreira (2004) ainda relata que o mérito pelas primeiras descrições clinica e anatômicas detalhadas da doença, e ainda hoje validas, e atribuído a Jean Martin Charcot e Edmé Félix Alfredo Vulpian, principais autoridades em paralisia na Europa naquela época. Em 14 de Março de 1868, Charcot faz sua célebre publicação identificando uma nova doença previamente confundida com paralisia, era a Esclerose Múltipla. Na América Latina, o primeiro registro de um caso da doença foi realizado no Brasil por Aluízio Marques em 1923. Também pioneiro no estudo da EM, Antônio Austregésilo foi um dos maiores pesquisadores sobre a doença. Em 1926, publicou o primeiro estudo neuropatológico da América Latina.

    A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, de caráter desmielinizante, que acomete o Sistema Nervoso Central (SNC). Ela acomete adultos, jovens entre 20 e 50 anos, embora possa ocorrer raramente em crianças e em indivíduos com faixas etários maiores, sendo mais freqüente em mulheres. Não e uma doença fatal e um grande número de pacientes leva a vida normal, porem seu caráter imprevisível e algumas vezes incapacitante interfere em diversos aspectos da vida do cliente. A EM tem características muito peculiares, que a diferença das demais doenças neurológicas, como a disseminação no tempo. Os períodos onde há o aparecimento de novos sintomas ou piora já existentes, chamados de períodos de remissão ou estabilidade (MENDES & TILBERR, 2004).

    Para Fragoso e Peres (2007) no Brasil, sua taxa de prevalência é de aproximadamente 15 casos por cada 100.000 habitantes. Noseworthy et al. (2000) e Finkelsztejn (2008) relatam que há quatro formas de evolução clínica: remitente-recorrente (EM-RR), primariamente progressiva (EM-PP), primariamente progressiva com surto (EM-PP com surto) e secundariamente progressiva (EM-SP). A forma mais comum é a EM-RR, representando 85% de todos os casos no início de sua apresentação. A forma EM-SP é uma evolução natural da forma EM-RR em 50% dos casos após 10 anos do diagnóstico (em casos sem tratamento – história natural). As formas EM-PP e EM-PP com surto perfazem 10%-15% de todos os casos

    A Esclerose Múltipla é um problema de saúde publica na Europa e America do Norte, locais onde acomete de 30 a 300 pessoas em cada 100 mil habitantes. A America Latina é uma região de baixa prevalência (QUAGLIATO, 2006).

    O tratamento do surto visa reduzir as conseqüências do processo inflamatório e da quebra da mielina e, com isso, diminuir sua duração e gravidade. Utiliza-se nesta fase corticóides administrados via endovenosa (pulsoterapia) ou oral outra drogas imunossupressoras ou a imunoglobulina. Outra Meta no tratamento da EM é a redução na recorrência dos surtos, visando melhorar a qualidade dos pacientes e atenuar a incapacidade gerada pela doença. Desde sua aprovação pelo Food and Drug Administration (EUA), em 1993, as betainterferonas tem sido usados para diminuir o numero e a gravidade dos surtos. No Brasil as interferonas estão disponíveis desde 1996, quando foram aprovados pelo Ministério da Saúde. Outro tratamento imunomodular, aprovado pelo ministério, e o acetato de glatiramer. As grandes mudanças na vida do cliente portador de EM devem serem entendidas pelos que o cercam. Pacientes, profissionais da saúde e familiares, ao buscarem informações sobre a doença e suas possibilidades terapêuticas, podem melhorar a quantidade de vida das pessoas com essa doença, ate o momento, incurável (QUAGLIATO, 2006).

    Doenges, Moorhouse e Geissler (2003) relatam que as ações de enfermagem planejadas é a chave para obter resultados positivos, para assim manter e recuperar o cliente além de prevenir de outros riscos. O elemento principal é a arte de cientifica de criar cuidados para resolver os problemas encontrados. Pare ter um bom resultado no atendimento é necessário contar com a colaboração de toda a equipe de enfermagem, para que seja dada a continuidade dos cuidados prestados, possibilitado pelo processo de comunicação que constitui elo entre os profissionais e o cliente. Todos os profissionais de saúde estão inter-relacionados no processo, permitindo troca de informações, idéias, pensamentos e desenvolvimentos das ações ao paciente e/ou família. O planejamento é executado pelo enfermeiro que, por meio dos resultados esperados, coordena todos os cuidados que serão prescritos no prontuário do cliente de uma forma sistematizada para padronização da pratica d enfermagem.

    Cientificamente esse trabalho poderá propor pesquisas futuras, para identificar à melhor a forma de como ocorre à esclerose múltipla e como aperfeiçoar a assistência de enfermagem prestada a estes clientes.

Metodologia

    Este estudo teve como suporte a Revisão Bibliográfica, sendo a mesma feita de forma sistemática.

    A revisão de artigos foi realizada através da consulta ao SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e BIREME (Biblioteca Regional de Medicina) considerado como critério inicial para seleção.

    Optou-se por estas bases de dados por serem as mesmas uma das principais fontes de publicações científicas na atualidade e, a partir de seu sistema de busca, utilizou-se as seguintes palavras-chave: “Esclerose Múltipla”; “Cuidados de Enfermagem”; “Assistência Integral à Saúde”; “Assistência ao Paciente”.

    A coleta de dados pela base de dados eletrônica ocorreu no 1º semestre de 2011, entre os meses de março e abril do respectivo ano pelos próprios pesquisadores do trabalho. Para o mesmo, utilizou-se um formulário estruturado para a captação dos artigos científicos.

    A busca resultou em 86 artigos publicados entre os anos de 2002 a 2010. Dentre esses, foram selecionados 32 utilizando como critério de inclusão apenas os artigos na língua portuguesa publicados no período compreendido entre 01 de janeiro de 2000 e 30 de dezembro de 2010. Foi realizada uma leitura cuidadosa de todos os artigos selecionados, incluindo, neste estudo, aqueles que utilizaram métodos epidemiológicos na abordagem à Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente com esclerose no país.

Desenvolvimento

Características da esclerose múltipla e as suas conseqüências

    O SNC consiste do cérebro, medula espinhal e nervos cranianos, como por exemplos, os nervos ópticos. Uma substância gordurosa e de aparência esbranquiçada chamada mielina, forma uma bainha que envolve e protege as fibras nervosas do SNC, tornando possível e rápida condução dos impulsos nervosos. Qualquer dano ou destruição a esta bainha interfere na transmissão do impulso nervoso, impedindo que as mensagens sejam enviadas da forma adequada. Devido ao aspecto da bainha de mielina, a EM e identificada como uma doença que acomete principalmente a substância branca (MENDES & TILBERRY, 2004).

    Na Esclerose Múltipla a mielina e afetada em múltiplas regiões do SNC, ocorrendo inicialmente um processo inflamatório, que atrapalha a transmissão do impulso nervoso, causando sintomas experimenta dos pelos portadores de EM. Estes sintomas podem desaparecer quando a inflamação é resolvida ou a bainha de mielina poderá ser afetada de forma definitiva, levando ao acumulo de um tecido cicatricial enrijecido (esclerose). Estas regiões destruídas são chamadas de esclerose em placas. Embora muitas destas lesões não causem sintomas visíveis, outras produzem os diversos sintomas observados na doença, interferindo nas funções ou sensações controladas na área especifica do SNC. Além disso, a interrupção dos estímulos pode interferir ou interromper a comunicação entre as diferentes partes do SNC, o que contribui para o aparecimento dos sintomas (MENDES & TILBERRY, 2004).

    Para Mendes e Tilberry (2004) a causa da EM é desconhecida, porem acredita-se que o dano á mielina seja resultante de uma resposta anormal do sistema imunológico do individuo,sendo considerada uma doença auto-imune. Em situações normais, o individuo imunológico é o responsável pela defesa do nosso corpo contra vírus, bactérias ou outras substâncias agressoras externas. Na EM o sistema imunológico não reconhece a mielina como sendo parte do corpo do individuo, e a ataca como se ela fosse um agente agressor. Embora os mecanismos imunológicos envolvidos no processo que leva a inflamação e eventualmente lesão da bainha de mielina sejam conhecidos, o que leva o sistema imunológico e ter este comportamento ainda é objeto de estudos. Aparentemente existem diversos fatores envolvidos no aparecimento da EM, como os fatores genéticos e ambientais, porem as respostas não soa definitivas.

    É bem conhecida a interferência dos fatores genéticos para o aparecimento da EM, conforme demonstrado em inúmeros estudos. A composição étnica da população também e importante, sendo mais freqüente em indivíduos com ascendentes europeus, embora possa ocorrer em negros e asiáticos. Em outras etnias, como por exemplo, nos esquimós e índios maoris, a doença parece ser inexistente. Embora os estudos indiquem haver uma maior susceptibilidade individual, podemos afirmar que a EM não é transmitida dos pais para os filhos. Desta forma Mendes e Tilberry (2004) relatam que pais com EM podem ter seus filhos normalmente. As mulheres devem sempre planejar a gravidez, e sob orientação médica adequar os medicamentos que faz uso para este período da vida.

    Para o mesmo autor dentre os fatores ambientais, alem da distribuição geográfica – maior incidência nos países do hemisfério norte – a exposição a vários agentes, sejam eles agentes infecciosos, alimentação, estresse físico ou psíquico, entre outros, também estão envolvidos no aparecimento da doença. Em alguns momentos e por motivos desconhecidos, a EM ocorre com mais freqüência em uma determinada região. Este fato ajuda os pesquisadores a compreenderam melhor a causa da EM, porem ate o momento, nenhum fator causal foi identificado e o significado disto ainda é desconhecido. Existe muita discussão sobre os fatores que contribuem para o aparecimento da doença ou para desencadear os períodos de surto ou exacerbação. Infelizmente, os dados não permitem conclusões definitivas, porem algumas causas tem sido discutida:

  1. Causa Viral: Especula-se que o contato com alguns vírus pode ser a base para o aparecimento da EM. Isto ocorre, pois é bem conhecido o fato que alguns vírus levam ao aparecimento de diversas doenças desmielinizantes em animais e seres humanos. Embora estudos epidemiológicos surgiram que o contato com agentes virais, como o do sarampo, rubéola e herpes, entre outros, possa estar envolvido no aparecimento da EM, não He ainda nenhum estudo que comprove a correlação entre estes vírus é a desmielinização observada na EM. A EM não e contagiosa e esta possível correlação com viroses ou outras infecções afeta unicamente a pessoa com predisposição genética para EM.

  2. Metais Pesados: Embora o envenenamento com metais pesados como o mercúrio, o magnésio ou o chumbo cause danos ao SNC, levando os sintomas como tremor ou fraqueza, o tipo de lesão e a evolução da doença e completamente diferente da que observamos na EM. Embora seja referido por alguns, não há nada que comprove cientificamente que a amálgama colocada nas obstruções dentaria seja uma das causas da EM.

  3. Trauma: Os traumas como cauda da EM ou como fator desencadeante de surtos ou ataques tem sido objeto de controvérsias. Hoje é bem estabelecido que, o trauma não é um fator que colabore para o aparecimento da doença e não tem nenhuma relação com a presença de surtos, embora em função do acometimento neurológico os portadores da EM sofram mais traumas que a população geral.

  4. Alergias: Não existem evidências que substancias que causa alergia em determinados indivíduos estejam envolvidos na causa da EM. Assim, não há nenhuma base cientifica para tratamentos com substâncias antialérgicas na EM.

  5. Vacinação: Embora seja um assunto muito controverso, ate o momento não há base cientifica para que seja feita uma correlação entre vacinas e EM. Recentemente foi demonstrado que a vacinação para hepatite B não é fator desencadeante de EM nem causa exacerbação da mesma. Estudos demonstraram que a vacinação contra hepatite B, sarampo, rubéola, tétano, influenza e varicela podem ser usadas com segurança nos indivíduos com EM.

  6. Estresse: Embora existam muitos estudos que verifiquem a possibilidade de uma correlação entre estresse e EM, os resultados são controversos. Em muitas citações, os eventos estressantes, como separação, morte de um familiar, entre outros ocorreram muitos anos antes do aparecimento da EM e em outros, num período imediatamente anterior. Acredita-se que o estresse possa afetar o momento em que os surtos ou exacerbações ocorrem, sem alterar o curso da doença, porem não há conclusões definitivas sobre este tema.

Epidemiologia da Esclerose Múltipla

    Callegaro (2001) identificaram em São Paulo (capital) 15 casos por cada 100 mil habitantes. Presume-se que as diferentes regiões do Brasil devem girar em torno deste número que traduz uma prevalência media. Supõe-se que o aumento do número de casos diagnosticados esteja relacionado, em grande parte, ao maior conhecimento da doença e á melhora dos métodos de diagnostico.

    Estudos demonstram que a ocorrência simultânea da doença em gêmeos univitelinos (idênticos) é de 40%, enquanto que em gêmeos fraternos ou outros irmãos é de 3% (HAUSSEN, 2004).

    A EM é mais comum em áreas de clima temperado. A prevalência geográfica é mais elevada no norte da Europa, sul da Austrália, norte dos Estados Unidos e sul do Canadá (SMELTZER, BARE, BRUNNER E SUDDARTH, 2006).

Sistematização da assistência de enfermagem prestada ao portador de esclerose múltipla

    A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um método que tem por finalidade suma importância melhorar o atendimento aos clientes visando um atendimento qualificado, humanizado e possibilitando rapidez na reabilitação (NANDA, 2008).

    É crescente a importância que os profissionais de saúde têm ganhado na área da esclerose múltipla, nomeadamente participando no processo de ensino e acompanhamento dos doentes em terapêuticas imunomoduladoras, bem como na aproximação entre enfermeiros e portadores. Desta forma, as funções da equipe de enfermagem vão desde estabelecer contato com o doente, visitá-lo (e à família) em casa, para efetuar formação acerca da técnica de injeção, acompanhar o portador através de visitas e contatos telefônicos regulares, informar o médico sobre as condições e a disponibilidade do mesmo para ajuda e aconselhamento (ALMEIDA, ROCHA & NASCIMENTO, 2007).

    Conforme a taxonomia II da North American Nursing Diagnostico Association (NANDA, 2008), o diagnóstico de enfermaria e um juízo clínico fato pela enfermeira sobre a reação de uma pessoa em face de seu problema de saúde, é constituído da declaração diagnostica, fatores relacionados e características definidoras. Os diagnósticos, depois de que sejam estabelecidos, propiciaram o foco central para as fases subseqüentes. O planejamento das intervenções e o momento que se estabelecem prioridades para os problemas diagnosticados, fixação de metas com o paciente, de modo a corrigir, minimizar ou prevenir problemas, e registro dos diagnósticos, resultados e intervenções, de um modo organizado no plano de cuidado e a ultima fase chamada de evolução e uma etapa sempre em processo que determina o quanto as metas de cuidados foram atingidas, o progresso do paciente.

    No que se refere ao cuidado pautado no princípio da integralidade, destaca-se que um usuário não pode estar reduzido ao estudo de uma patologia ou a um conjunto de situações de risco. O profissional precisa buscar a orientação de suas práticas pelo princípio da integralidade e necessita sistematicamente escapar dos reducionismos. Procurando orientar a organização dos serviços de saúde pelo princípio da integralidade, busca-se ampliar as percepções das necessidades dos grupos, e interrogar-se sobre as melhores formas de dar respostas a tais necessidades (MATTOS, 2001).

    Para Nettina (2003) esta dentro do planejamento de enfermagem a prescrição dos cuidados de enfermagem no prontuário do cliente com EM baseado em uma anamnese e um exame físico completo bem feito.

    O enfermeiro realiza um roteiro sistematizado de coleta de dados para o levantamento de informações sobre a situação de saúde do paciente, a seguir identifica os problemas que esse paciente apresenta, atribui-se os diagnósticos de enfermagem que serve de referência para o desenvolvimento das ações de enfermagem que direciona toda a assistência para esse paciente (BENEDET & BUB, 2001).

Cuidados de enfermagem na EM

    O cuidado de enfermagem é baseado em algumas etapas do SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem), começando com a Avaliação de Enfermagem, Diagnostico de Enfermagem para EM Intervenção de Enfermagem, e a Avaliação dos Resultados de Enfermagem.

Avaliação de enfermagem

    Consiste na observação e avaliação da força muscular, coordenação, marcha, nervos cranianos, função de eliminação, exploração adequada sobre atividades e funções sexuais, adaptação e ajuste do paciente e da família assim como colher informações sobre os sistemas e materiais de apoio disponíveis para auxiliar o paciente com EM seja na fase aguda ou na crônica (MARCK et al., 2008).

Diagnóstico de enfermagem

    Para Marck (2008) o diagnóstico de enfermagem consiste em avaliar paciente a procura de alterações que podem ou não ser causadas pela EM para que possa ser elaborado um plano de ação, ou seja, a intervenção de enfermagem. Dando um especial enfoque as possíveis alterações próprias de quem tem a EM, dentre elas é comum encontrar:

  • Mobilidade física comprometida relacionada à fraqueza muscular, espasticidade e falta de coordenação;

  • Fadiga relacionada ao processo patológico e ao estresse da adequação;

  • Alterações sensorial-perceptual e/ou eliminação urinária alterada que se prende devido o processo patológico;

  • Processos familiares alterados ligados a incapacidade de preencher as funções esperadas;

  • Disfunção sexual relacionada ao processo da doença.

Intervenção de enfermagem

    A intervenção de enfermagem para Marck (2008) é um conjunto de ações que são programadas com base no que foi observado no diagnostico de enfermagem, onde suas prioridades é minimização dos sinais e sintomas que a EM pode causar buscando uma rápida recuperação do paciente intervindo, auxiliando-o onde mais necessita de acordo com observações de enfermagem específicas ao cuidado da EM, que são:

Promovendo a função motora

    Geralmente esta etapa do cuidado compete ao profissional de fisioterapia, que vão estimular a movimentação do paciente, alongando e fortalecendo a musculatura ensinando o paciente e seus familiares como ajudar-lo a se estimular, no caso de falte desse profissional da saúde o enfermeiro norteara suas ações a estimular a deambulação e orientar exercícios que ajudam a melhorar o tônus muscular, dando todas as orientações necessárias para o bom entendimento dos exercícios tanto pela família como pelo paciente frisando a importância da movimentação ao paciente com EM.

Minimização da fadiga

    Na minimização da fadiga é devido ao fato do cansaço comum devido à patologia, deve-se explicar ao paciente que a fadiga é uma parte integrante da EM, sendo importante enfatizar a necessidade de evitar-la e também aos seus agravantes como falta de repouso, calor ou exercícios em excesso, deixando claro que é muito importante que pratique exercícios físicos, mas com moderação nunca forçando alem dos seus limites, que desenvolva uma vida saudável com dieta, repouso, exercícios, relaxamento e sono equilibrados.

Otimização da função sensorial

    Estimular o paciente a procurar ou encaminhar-lo ao oftalmologista, fornecer um ambiente seguro, mantendo a disposição do mobiliário e artigos pessoais inalterada permitindo a melhor familiarização com sua localização, o chão livre de obstáculos, se possível, com material antiderrapante, ajudar-lo a se adaptar e incentivá-lo a se locomover sozinho apesar de qualquer alteração sensorial que porventura possa ter.

Mantendo a eliminação urinaria

    Garantir e incentivar a ingestão hídrica adequada, avaliar e ensinar o paciente a identificar e relatar os sinais e sintomas de uma possível infecção do trato urinário. Para paciente com recidiva de infecções pode ser feito o programa com treinamento vesical para diminuir a incontinência ou o cateterismo para evitar infecções por urina residual, anotando as micções ou volumes retirados através da sonda vesical, não se esquecendo de sempre perguntar se tem alguma queixa ao urinar. Restringir a ingestão de alimentos salgados ou ingestão excessiva de líquido por no mínimo ate duas horas antes de dormir.

Normalizando os processos familiares

    Estimular o diálogo familiar sobre o problema, exteriorizando os sentimentos, sugerir a divisão nos afazeres e responsabilidades, para que o paciente seja mais independente não se senta um peso, além de incentivar que todas participem direta ou indiretamente do tratamento.

Promovendo a função sexual

    Estimular a comunicação aberta entre o casal e se julgar necessário sugerir aconselhamento com terapeuta ocupacional. Educação do Paciente e Manutenção da Saúde e Cuidados Comunitários ou Domiciliares. Estimular o paciente a pratica de atividades, principalmente que lhe dêem prazer, pois a pratica forçada logo se desanima, embora com menos intensidade, respeitando os limites próprios do corpo, evitando exposição a ambientes com muito calor ou frio excessivo, esclarecer sobre os medicamentos usados e os possíveis efeitos colaterais, mas deixando claro que os mesmos devem ser relatados, em caso de auto-injeção, ensinar a técnica correta e os cuidados que devem ser tomada tanto na conservação, administração e descarte de recipientes e agulhas da medição.

Avaliação dos resultados

    De acordo com a primeira avaliação é feito um diagnostico um planejamento e uma intervenção de enfermagem, que é a implementação dos cuidados necessários aos pacientes e familiares. Já a avaliação dos resultados é na verdade uma reavaliação do paciente, onde será comparado o estado do mesmo no inicio do tratamento e como ele esta agora, revendo o que foi feito e com que qualidade, se foi alcançado algum objetivo, se há necessidade de tirar ou acrescentar algum procedimento aos cuidados já adotados. O que mais é observado nesta etapa do cuidado é se o paciente consegue realizar os exercícios sem espasmos, repousa e tolera bem as atividades, se é ou não necessário mudar o ritmo ou exercício praticado, movimenta-se bem, urina regularmente, como esta o relacionamento com a família, vida sexual, adaptação ao tratamento e efeitos da EM (MARCK et al., 2008).

Considerações finais

    A pesquisa em enfermagem, com enfoque na aplicação da SAE, mostrou sua importância ao portador de EM, atribuindo-o a três fases de atendimento necessárias a sua recuperação. A SAE identifica os problemas de enfermagem relacionados ao quadro do paciente, possibilita um diagnóstico de enfermagem para a implementação das ações de enfermagem, priorizado pelo enfermeiro em um atendimento sistematizado de enfermagem, evidenciando um prognóstico satisfatório. Mostra que não só as ações da equipe médica são capazes de recuperar esse paciente, mas sim um acompanhamento contínuo da equipe de interdisciplinar, onde as prescrições dos cuidados de enfermagem pelo enfermeiro são de extrema importância, colaborando para uma melhor significativa do quadro clínico. A evolução de enfermagem do paciente com EM orienta toda a equipe sobre seu estado atual, promovendo um acompanhamento rigoroso e diário do mesmo.

    Nas fases do atendimento, o enfermeiro presta assistência desde a admissão até sua alta, que começa com a estabilidade, o cuidado com o seu processo de reabilitação em relação á patologia. Percebeu-se em pesquisas cientificas que a ausência da SAE torna a função de enfermagem uma “não-ciência”, deixando de universalizar a profissão no seu atendimento. A comunicação é ausente, os problemas clínicos do cliente não são identificados, assim a avaliação contínua e o tratamento sistematizado deixam e ser prestado.

    Por meio deste trabalho interdisciplinar, conclui-se que o enfermeiro possui uma importância significativa dentro do âmbito hospitalar por meio da execução da SAE, promovendo a recuperação satisfatória do paciente, estimulando também a reabilitação do mesmo e o seu retorno á sociedade com o menor numero de seqüelas possíveis.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 172 | Buenos Aires, Septiembre de 2012
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