Análise psicomotora em crianças
de dois anos de um Centro Análisis psicomotriz en niños de dos años de un Centro Municipal de Educación Infantil de Luis Eduardo Magalhaes, Bahía |
|||
*Licenciando de Educação Física (FASB-BA) Professor do Município de Luís Eduardo Magalhães (PMLEM-BA) **Licenciada em Educação Física pela (FASB-BA) Professora do Município de Luís Eduardo Magalhães (PMLEM-BA) ***MS. em Educação Física (UCB-DF) Docente e Coordenador do Curso de Licenciatura em Educação Física (FASB-BA) |
Renato Silva Silveira* Daiana Silva dos Santos** Milton Cezar da Silva*** (Brasil) |
|
|
Resumo Alguns estudos destacam a relevância dos eixos da psicomotricidade no desenvolvimento de crianças em crescimento, a intenção deste artigo foi fazer uma análise da potência psicomotora de crianças com dois anos de idade cronológica. Todos os educandos estavam devidamente matriculados em um Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) de Luís Eduardo Magalhães – Bahia. A referente pesquisa foi realizada com o estudo de natureza quantitativa, utilizando corte transversal, (com uma única coleta de dados), através da Bateria de Testes do Manual de Avaliação Motora de ROSA NETO (2002), a amostra foi composta por 20 educandos, sendo 10 do sexo Masculino e 10 do sexo Feminino, essas crianças que foram investigadas tinham a faixa etária de (2) dois anos a (2) dois anos e (11) onze meses. Este artigo foi concretizado analisando a potência psicomotora de crianças de um CEMEI, ou seja, foi verificada a capacidade que os alunos de dois anos têm, para realizar atividades de Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio, Esquema Corporal, Organização Espacial, Organização Temporal e Lateralidade, pois, sabemos que o desenvolvimento humano dar-se a partir da inter-relação entre fatores intrínsecos (biológico) e fatores extrínsecos, decorrente da aprendizagem originada nos aspectos histórico-culturais. Unitermos: Educação Física. Educação Infantil. Psicomotricidade.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Nos dias atuais é bastante comum os pais matricularem seus filhos em Creches e CEMEIs – Centros Municipais de Educação Infantil, pois, necessitam sair de casa para trabalhar, buscando assim, o sustento da família.
A maioria dessas crianças que entram na creche são matriculadas com a idade de 2 anos e permanecem até os 3 anos e 11 meses, a partir de 4 anos os educandos seguem para a Pré-escola e ficam matriculados até a idade de 5 anos e 11 meses e a partir de 6 anos a criança entra na escola para cursar o Ensino Fundamental I/ ou Ensino Fundamental anos iniciais (BRASIL, 1996).
Essas subdivisões supracitadas levam em consideração a idade cronológica do educando e foram regulamentadas pela LDB 9394/96 que legisla sobre a educação no Brasil, as divisões da Educação Básica são: Educação Infantil faixa etária de 2 a 5 anos, Ensino Fundamental anos iniciais que vai do 1º ao 5º ano, o aluno têm de 6 a 10 anos de idade, Ensino Fundamental anos finais vai do 6º ao 9º ano, aluno de 11 a 14 anos e o Ensino Médio que vai do 1º ao 3º ano, aluno de 15 a 17 anos (BRASIL, 1996).
Neste contexto, o que muda são os documentos norteadores. Quem subsidia a educação infantil é o RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1998). O documento que norteia as demais esferas da educação são os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, que vão fundamentar desde o Ensino Fundamental anos iniciais até o Ensino Médio (BRASIL, 1997).
Os Eixos Temáticos a serem trabalhados pelo professor de Educação Infantil são: Natureza e Sociedade, Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Movimento. Incluir-se-ão Arte e Educação Física (BRASIL, 1998). Entre esses eixos destaca-se a Educação Física, pois, quando a criança participa das aulas da disciplina ela recebe estímulos que vão subsidiar o seu desenvolvimento atitudinal, aspectos cognitivos, motor e afetivo, de inter-relação pessoal, mais, sobretudo melhora a qualidade de vida e preveni as doenças relacionadas ao sedentarismo.
Segundo os PCNs, os cinco eixos básicos a serem trabalhados pelos professores da disciplina de Educação Física são: Jogos, Esportes, Lutas, Danças e a Ginástica, junto com esses conteúdos citados são abordados os Temas Transversais (BRASIL, 1997).
Um programa de educação física bem estruturado desde as primeiras idades pode contribuir notavelmente para o desenvolvimento motor sem pretender acelerar este desenvolvimento. Porém, para exercer esta influência sem o perigo de cometer erros no processo de ensino, todo educador deve alimentar-se da informação necessária sobre a evolução do desenvolvimento, seus avanços e retrocessos (RODRÍGUEZ, 2008, p. 7).
O conteúdo das aulas da Disciplina de Educação Física pode envolver uma série de deslocamentos que iniciam a atividade física (caminhar, correr, saltar entre outras diversas atividades), acompanhado de tarefas motoras que estimulem o desenvolvimento da psicomotricidade. Em seguida, uma parte intermediaria dedicada a desenvolver as habilidades motoras básicas utilizando um ou dois jogos com ênfase motora e finaliza-se com uma sessão de atividades de recuperação e relaxamento (RODRÍGUEZ, 2008).
A intenção deste estudo foi avaliar a capacidade psicomotora de crianças com a idade de dois anos, devidamente matriculados em um CEMEI da rede pública de Luís Eduardo Magalhães – Bahia, através da Bateria de Testes do Manual de Avaliação Motora de ROSA NETO (2002).
Verificação da capacidade psicomotora em crianças de dois anos de idade de um CEMEI de Luís Eduardo Magalhães – Bahia
A referente pesquisa foi realizada com o estudo de natureza quantitativa, utilizando corte transversal (com uma única coleta de dados), através da Bateria de Testes do Manual de Avaliação Motora; Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio, Esquema Corporal, Organização Espacial, Organização Temporal e Lateralidade (ROSA NETO, 2002). A amostra foi composta por 20 educandos, sendo 10 do sexo Masculino e 10 do sexo Feminino, as crianças que foram investigadas tinham a faixa etária entre (2) dois anos e (2) dois anos e (11) onze meses de idade e estavam matriculados em um CEMEI de Luís Eduardo Magalhães-BA, para cursar o primeiro ano da Educação Infantil.
Coordenação Motora Fina:
Coordenação Motora Global:
Possibilidade de controle de movimentos amplos do corpo como, andar, correr, rolar, saltitar, rastejar, engatinhar, entre outros. Praxias: movimento intencional, organizado, consciente, voluntário, que tem como objetivo a obtenção de um resultado. Apraxia: impossibilidade de resposta motora para realizar movimentos durante uma atividade (movimentos voluntários) (MENDES; FONSECA, 1988 apud SILVA, 2011).
Equilíbrio:
O controle na postura bípede se desenvolve por volta dos 12 meses aos 2 anos de idade (FONSECA, 1995 apud SILVA, 2011).
Esquema Corporal:
Organização Espacial:
Organização Temporal:
Lateralidade:
Bateria de Testes de Avaliação Motora (testes exclusivos para crianças de 2 anos de idade), de acordo com ROSA NETO, podemos ter como parâmetro as seguintes orientações
Motricidade fina
2 anos. Construção de uma torre
Material: 6 cubos em desordem; tomam-se 4 e com eles se monta uma torre diante da criança, figura nº 1. “Faça você uma torre igual” (sem desmontar o modelo). A criança deve fazer uma torre de quatro cubos ou mais, quando se lhe indique (não deve jogar com os cubos antes nem depois).
Motricidade global
2 anos. Subir sobre um banco
Subir, com apoio, em um banco de 15 cm de altura e descer. (Banco situado ao lado de uma parede), figura n º 11.
Equilíbrio
2 anos. Equilíbrio estático sobre um banco
Sobre um banco de 15 cm de altura, deve a criança manter-se imóvel, pés juntos, braços relaxados ao longo do corpo, figura nº 21. Erros: deslocar os pés, mover os braços. Duração: 10 segundos.
Esquema corporal
Controle do próprio corpo (2 a 5 anos)
Prova de imitação dos gestos simples (movimentos das mãos)
A criança de pé diante do examinador imitará os movimentos de mãos e braços que este realiza; o examinador ficará sentado próximo à criança, para poder pôr suas mãos em posição neutra entre cada um destes gestos, figura nº 31.
1º Imitação de gestos simples: movimentos das mãos.
“Vai fazer como eu, com as mãos; olhe bem e repita o movimento”. “Vamos, ânimo, faça como eu; preste atenção”. Material: quadro com itens e símbolos.
Item 1 |
O examinador apresenta suas mãos abertas, palmas para face do sujeito (40 cm de distância entre as mãos, a 20 cm do peito). |
Item 2 |
O mesmo, com os punhos fechados. |
Item 3 |
Mão esquerda aberta, mão direita fechada. |
Item 4 |
Posição inversa à anterior. |
Item 5 |
Mão esquerda vertical, mão direita horizontal, tocando a mão esquerda em ângulo reto. |
Item 6 |
Posição inversa. |
Item 7 |
Mão esquerda plana, polegar em nível do esterno, mão e braço direitos inclinados, distância de 30 cm entre as mãos, mão direita por cima da mão esquerda. |
Item 8 |
Posição inversa. |
Item 9 |
As mãos estão paralelas, a mão esquerda está diante da mão direita a uma distância de 20 cm, a mão esquerda está por cima da mão direita, desviada uns 10 cm. Previamente se pede à criança que feche os olhos; a profundidade pode deduzir-se do movimento das mãos do examinador. |
Item 10 |
Posição inversa. |
[...].
Organização espacial
2 anos. Tabuleiro / posição normal
Apresenta-se o tabuleiro a criança, com a base do triangulo frente a ela, figura nº 34. Tiram-se as peças posicionando-as na frente de suas respectivas perfurações. “Agora coloque você as peças nos buracos”. Tentativas: duas.
Organização temporal
2 a 5 anos. Linguagem / estrutura temporal da frase
2 anos
Frase de duas palavras, observação da linguagem espontânea. A prova se considera bem resolvida se a criança é capaz de expressar-se de outra forma do que com palavras isoladas, quer dizer, se sabe unir ao menos duas palavras; por exemplo: “Mamãe não está”, “esta fora...”, se consideram êxitos. Pelo contrario, “NENÉM BOBO”, não tem valor. Êxitos: basta um só êxito. Se dá por bem resolvida a prova quando consegue repetir ao menos uma das frases sem erro, para as frases de três, quatro, cinco anos.
3 anos
[...].
A. “Eu tenho um cachorrinho pequeno”
B. “O cachorro pega o gato”
C. “No verão faz calor”
4 anos
[...].
A. “Vamos comprar pasteis para a mamãe”
B. “O João gosta de jogar bola”
5 anos
[...].
A. “João vai fazer um castelo de areia”
B. “Luis se diverte jogando futebol com seu irmão” [...].
Lateralidade
Lateralidade das mãos
A criança está na posição de pé, sem nenhum objeto ao alcance de sua mão, “Você irá demonstrar como realiza tal movimento...”.
Lateralidade dos olhos
Cartão furado – cartão de 15 x 25 com um furo no centro de 0, 5 cm (de diâmetro). “Fixa bem neste cartão, tem um furo e eu olho por ele!”. Demonstração: o cartão sustentado pelo braço estendido vai aproximando-se lentamente do rosto. “Faça você mesmo”.
Telescópio (tubo longo de cartão) – Você sabe para que serve um telescópio? “Serve para visualizar um objeto (demonstração). Toma, olha você mesmo...” (indicar-lhe um objeto).
Lateralidade dos pés
Chutar uma bola (bola de 6 cm de diâmetro) – Você irá segurar esta bola com uma das mãos, depois soltará a mesma e dará um chute, sem deixá-la tocar no chão”. Nº de tentativas: duas.
Resultados
Resultado e discussões
“O termo Psicomotricidade aparece a partir do discurso médico, quando foi necessário nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras” (LEVIN, 1995 apud REZENDE et al, 2003, p. 4).
“A praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, [...] além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas” (REZENDE et al, 2003, p. 9).
Tabela 1. Resultado geral do teste de motricidade fina das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
“Praxia tem por definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida com forma de alcançar um objetivo. A praxia global esta relacionada com a realização e [...] exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares” (REZENDE et al, 2003, p. 8-9).
Tabela 2. Resultado geral do teste de motricidade global das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
“O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) [...] O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base” (REZENDE et al, 2003, p. 7).
Tabela 3. Resultado geral do teste de equilíbrio das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
“A formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio” (REZENDE et al, 2003, p. 8).
Tabela 4. Resultado geral do teste de esquema corporal das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
“A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo [...], permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e coisas” (REZENDE et al, 2003, p. 8).
Tabela 5. Resultado geral do teste de organização espacial das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
"A estruturação [...] temporal decorre como organização funcional da lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização espacial interna do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior" (FONSECA apud REZENDE et al, 2003, p. 8).
Tabela 6. Resultado geral do teste de organização temporal das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
“A lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo” (REZENDE et al, 2003, p. 7).
“A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço” (REZENDE et al, 2003, p. 7).
Tabela 7. Resultado geral do teste de lateralidade das crianças de 2 anos dos sexos masculino e feminino
A seleção e a manipulação de um instrumento de avaliação estarão condicionadas por diversos fatores que influenciarão nos resultados e discussões de um trabalho de pesquisa, cita-se como exemplo: a manipulação correta dos materiais, a execução prática do teste selecionado, a formação e experiência do profissional a frente da pesquisa, a população que foi investigada no trabalho e a interpretação dos resultados face aos demais dados da pesquisa (GORLA; ARAÚJO; RODRIGES, 2009).
Considerações finais
Este artigo foi concretizado analisando a potência psicomotora de crianças de um CEMEI, ou seja, foi verificada a capacidade que os alunos de dois anos têm, para realizar atividades de Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio, Esquema Corporal, Organização Espacial, Organização Temporal e Lateralidade.
Em suma os resultados mostram que 90% a 95% dos educandos foram bem sucedidos em todos os testes, exceto o teste de Organização Temporal, neste teste apenas 40% dos alunos avaliados conseguiram alcançar o resultado positivo, alguns estudos trazem que a Organização Temporal é a capacidade de situar-se em função de sucessivos acontecimentos, duração dos mesmos e intervalos, são abstratos e difíceis de serem adquiridos pelas crianças, alguns autores salientam ainda que a percepção temporal é mais complexa que a percepção espacial, pode-se constatar essa afirmativa no resultado dos testes aplicados com os alunos de dois anos.
A busca por conhecimento sobre os eixos da psicomotricidade resultou da relevância e dos significados que são atribuídos às ações e aprendizagens humana, pois, sabemos que o desenvolvimento humano dar-se a partir da inter-relação entre fatores intrínsecos (biológico) e fatores extrínsecos, decorrente da aprendizagem originada nos aspectos histórico-culturais.
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. _ Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC, vol. 7, 1997.
GORLA, J. I.; ARAÚJO, P. F.; RODRIGUES, J. L.. Avaliação Motora em Educação Física Adaptada. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2009.
REZENDE, J. C. G. et al. Bateria psicomotora de Fonseca: uma análise com o portador de deficiência mental. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 62, 2003. http://www.efdeportes.com/efd62/fonseca.htm
RODRÍGUEZ, Catalina González. Educação Física Infantil Motricidade de 1 a 6 anos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2008.
ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SILVA, Milton Cezar da. Psicomotricidade e Educação Física Infantil: A Criança até os oito anos. 2011. Palestra Realizada na Faculdade São Francisco de Barreiras em 11 de maio de 2011.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 17 · N° 172 | Buenos Aires,
Septiembre de 2012 |