A importância do aconselhamento
nutricional e as La importancia del asesoramiento nutricional y las diferentes recomendaciones de macronutrientes para deportistas |
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*Nutricionista Formada pelo Centro Universitário São Camilo Mestre pelo Departamento de Fisiologia Cardiovascular da Universidade Federal do Estado de São Paulo, UNIFESP **Graduando em Nutrição Centro Universitário São Camilo, São Paulo ***Especialista em Nutrição Esportiva pelas Faculdades Metropolitanas de São Paulo (FMU); Mestre em Nutrição Humana, PRONUT, USP ****Graduando em Nutrição Centro Universitário São Camilo, São Paulo *****Doutora em Nutrição Saúde Pública pela FSP/USP e Docente do curso de nutrição do Centro Universitário São Camilo |
Alessandra Paula Nunes* Alexandre Dudnic Crespo** Luciana Garcia*** Marina Paiva da Silva**** Tamara Stulbach***** (Brasil) |
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Resumo Uma alimentação adequada é necessária tanto para esportistas como para atletas, porém o gasto energético entre atletas é maior e para um aporte nutricional adequado, diversos fatores devem ser considerados, dentre eles a adequação energética da dieta, distribuição de macronutrientes e o fornecimento de quantidades adequadas de vitaminas e minerais é essencial para melhor desempenho da atividade realizada, contudo uma anamnese alimentar bem conduzida, associado a um manejo dietético eficaz é um instrumento de grande valia para que as estratégias e planejamentos dietéticos sejam traçados, mediante essas informações o presente estudo teve como objetivo analisar a importância da orientação nutricional e as diferentes recomendações de macronutrientes, para isto foi realizado uma revisão bibliográfica onde foram selecionados alguns artigos científicos. Foram comparadas diferentes referencias sobre recomendações de carboidratos, proteínas e lipídios onde a proteína foi o tema de maior diferença entre os autores, visto as várias modalidades esportivas e as diversas recomendações é necessário refletir sobre a importância do nutricionista na área esportiva. Unitermos: Recomendações nutricionais. Atletas. Orientação nutricional.
Abstract Keywords: Nutrition recommendations. Athletes. Nutritional guidance.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Desde os primeiros Jogos Olímpicos realizados em 776 a.C. na Grécia Antiga, os quais representaram o berço da busca de relações entre nutrição e desempenho físico, atletas e treinadores buscam uma alimentação especial capaz de aumentar o rendimento físico e melhorar o desempenho (VILARDI et al., 2001).
Os atletas na antiguidade foram orientados a consumir partes específicas de animais, de forma a obter bravura, habilidade, velocidade ou força, características desses animais. Manias dietéticas são conhecidas desde 400 a.C a 500 a.C, quando atletas e guerreiros ingeriam fígado de veado e coração de leões (GOSTON, 2008).
A dieta dos atletas Gregos e Romanos foi basicamente vegetariana, contendo vegetais, legumes, frutas, cereais e vinho diluído em água. É impossível identificar quando a carne passou a ser o maior componente da dieta dos atletas. Acredita-se que a carne tenha sido introduzida por um ex-corredor de longa distância (Dromeus de Stymphalos) em meados do século V. Porém outros relatos afirmam que Eurymenes de Samos consumiu carne por indicação do seu treinador, o filósofo, Pythagoras de Cróton. Milo de Cróton, renomado e vitorioso lutador grego, consumiu até 9kg de carne, 9kg de pão e 8,5L de vinho no dia da Olimpíada (GOSTON, 2008).
Os gregos iniciaram a era da alimentação rica em carne animal em vez da dieta lacto-ovívora para atletas de elite. Desde então, o Homem empenhou-se em melhorar o desempenho esportivo por meio de alterações dietéticas. O conhecimento da fisiologia e da nutrição humana aumentou enormemente a partir de então (GOSTON, 2008).
A Organização Mundial da Saúde (OMS,2003) declarou que atividade física e esportes são essenciais para a saúde e bem estar do ser humano e constituem um dos mais importantes determinantes do estilo de vida saudável. Atividade física é qualquer movimento corporal voluntário, produzido por contração de músculos esqueléticos e que resulta em gasto energético, segundo a portaria nº 222 do Ministério da Saúde, de 24 de Março de 1998 (GOSTON, 2008). A atividade física está positivamente associada a estratégias para melhorar hábitos alimentares, desencorajar o fumo e a utilização de outras substâncias prejudiciais à saúde, como álcool e drogas. Além disso, é fundamental no controle de peso corporal, está diretamente associada à redução do risco de doenças, tais como enfermidades cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de câncer (GOSTON, 2008).
Pode-se considerar que praticantes de atividade física (esportistas) sejam aqueles indivíduos que realizam exercícios físicos com determinada regularidade, freqüência e duração, com objetivo de promoção e manutenção da saúde ou com intenção de atingir padrões estéticos por modificações da composição corporal, normalmente em um contexto de lazer, recreação e integração social. Sua ingestão alimentar tem como objetivo somar-se aos benefícios dos exercícios para alcance da qualidade de vida (VIEBIG, 2003).
Por outro lado, atletas são aqueles indivíduos que praticam exercícios físicos com intuito competitivo, ou seja, realizam atividades com intensidade, freqüência e duração de treinamentos mais rígidos e com maiores graus de exigência e disciplina. No caso de atletas a nutrição tem papel definido no desempenho em treinos e competições, já que na maioria dos casos esses indivíduos possuem suas necessidades energéticas e de nutrientes aumentadas (VIEBIG, 2003).
Tanto para esportistas como para atletas, uma alimentação adequada é necessária para suprir a demanda energética requerida pelo exercício, pois a mesma fornece uma ingestão ideal de nutrientes importantes para o rendimento físico. Porém, muito mais do que o rendimento no esporte, o conhecimento sobre nutrição para prevenção de doenças é fundamental para ambas as populações (NICASTRO, 2008).
Em 2000, a American Dietetic Association (ADA), a Canadian Dietetic Association (CDA) e o American College of Sports Medicine (ACSM) afirmaram que existe importante relação entre nutrição e atividade física. Segundo estes órgãos, o desempenho atlético e a recuperação pós-treinos são melhorados com ótima nutrição (GOSTON, 2008).
Sabe-se que o elevado aumento do esforço físico decorrente do exercício diário e a inadequação dietética expõem os praticantes de atividade física a problemas orgânicos. Têm-se registrado casos de anemia, perda mineral óssea, distúrbios alimentares, relacionados a atletas de ambos os sexos, e amenorréia como as principais disfunções que acometem os desportistas (CABRAL et al., 2006).
A prática de exercícios físicos promove aumento do gasto energético, alterando, conseqüentemente, a necessidade energética. Em atletas, a rotina de treinamento físico extenuante induz alterações consideráveis nas necessidades nutricionais. Portanto, a alimentação adequada, durante os períodos de treinamento e competição, é fundamental não somente para maximizar o desempenho, mas também para permitir a recuperação plena e a manutenção da saúde (GOMES et al., 2009)
Contudo, não basta o atleta comer qualquer alimento; é necessário controlar o volume, a qualidade do nutriente e seu ajuste às necessidades calóricas da atividade física (REBELLO et al., 1999).
Para um planejamento alimentar adequado, diversos fatores devem ser considerados, dentre eles a adequação energética da dieta, a distribuição dos macronutrientes e o fornecimento de quantidades adequadas de vitaminas e minerais. Além disso, a dieta do atleta deve ser estabelecida de acordo com as necessidades individuais, a freqüência, a intensidade e a duração do treinamento (CABRAL et al., 2006).
O estabelecimento de recomendações nutricionais específicas para atletas representa a disponibilização de um importante instrumento teórico para o planejamento dietético destinado a esta população. A adequação do consumo energético e nutricional é essencial para a manutenção da performance, da composição corporal e da saúde desses indivíduos. A baixa ingestão de energia pode resultar em fornecimento insuficiente de importantes nutrientes relacionados ao metabolismo energético, à reparação tecidual, ao sistema antioxidante e à resposta imunológica. (PANZA, 2007)
A biodisponibilidade dos macronutrientes e micronutrientes são o fator que intervém diretamente na fadiga muscular, recuperação e adaptação às cargas de treino, sendo particularmente importantes os estoques de glicogênio muscular e hepático, além do triglicerídeo intramuscular e o balanço nitrogenado (LIMA et al., 2008)
Existem diferentes recomendações nutricionais para atletas e esportistas, portanto esse artigo visa analisar a importância da orientação nutricional para um melhor desempenho e qualidade de vida dos atletas e as recomendações de macronutrientes em diversos estudos pesquisados.
Metodologia
O rastreamento literário deu-se pela busca de artigos científicos por meio de visitas à biblioteca do Centro Universitário São Camilo, bem como por pesquisa ao acervo eletrônico e bases eletrônicas de confiabilidade científica como: SCIELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online). O critério de inclusão dos artigos foi a abordagem sobre aspectos nutricionais relacionados ao exercício, recomendações de energia e nutrientes, bem como consumo alimentar de atletas.
Selecionaram-se artigos científicos, os quais foram lidos na íntegra para confecção de seus fichamentos, por ser um procedimento utilizado para reunião e organização de informações coletadas e de interpretações produzidas, considerando a leitura de um texto (ANDRADE, 2001)
Avaliação dietética
Uma alimentação adequada é necessária tanto para atletas, quanto para esportistas, para suprir a demanda energética requerida pelo exercício, pois a mesma fornece uma ingestão ideal de nutrientes importantes para o rendimento físico. (NICASTRO et al.2008).
Para que o manejo dietético seja eficaz e proporcione o alcance dos objetivos necessários, uma minuciosa avaliação dos hábitos alimentares deve ser realizada como ponto de partida, tanto no caso de atletas quanto de praticantes de atividade física (VIEBIG; NACIF, 2010).
A anamnese alimentar dirigida e bem conduzida é um instrumento de grande valia para que as estratégias e planejamento dietéticos sejam traçados. O conhecimento profundo de biopsicossociais, econômicos, historia alimentar, intolerância e possíveis alergias alimentares, horários e locais de refeição e da pratica de exercícios físicos são imprescindíveis para a elaboração da conduta nutricional (VIEBIG; NACIF, 2010).
Outros aspectos a serem observados no momento da anamnese nutricional são o tipo de modalidade esportiva praticada, necessidades de modificação no peso e na composição corporal, fatores clínicos envolvidos e, especificamente para atletas, é necessário conhecer a fase e a intensidade dos treinamentos, o calendário de competições e a demanda energética dos treinos (VIEBIG; NACIF, 2010).
Para o sucesso do manejo dietético devem ser levados em consideração características individuais, preferências e aversões alimentares devem ser respeitadas por meio da elaboração de planejamentos nutricionais, personalizados e flexíveis, que alcancem maior adesão por parte dos indivíduos atendidos. O acompanhamento periódico das modificações no comportamento alimentar é necessário para que posterior ajuste nos planejamentos dietéticos orientados possa ser efetuado, buscando aprimorar os resultados almejados (VIEBIG; NACIF, 2010).
A utilização de instrumentos de inquérito alimentar deve ser realizada para que sejam fornecidos subsídios para a elaboração de dietas e cardápios específicos. Para tanto, podem ser empregado instrumentos como recordatório de 24h, registros alimentares ou questionários de frequência alimentar, separadamente ou em conjunto, de acordo com a necessidade do profissional nutricionista (VIEBIG; NACIF, 2011).
Para indivíduos que praticam exercícios de natureza não competitiva, uma dieta balanceada conforme o que é recomendado para a população em geral é suficiente para manutenção da saúde e possibilitar bom desempenho físico (CARVALHO; MARA, 2010).
No caso do atleta, a necessidade energética é calculada por meio da soma da necessidade energética basal e o gasto energético médio em treino. Os macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas) devem ser consumidos visando à recuperação muscular, manutenção do sistema imunológico, equilíbrio do sistema endócrino e melhora do desempenho desportivo (CARVALHO; MARA, 2010).
Na atividade leve, abaixo de 70% da FC máxima, portanto, abaixo do limiar anaeróbio, a energia advém quase que exclusivamente das reservas de gordura (quociente respiratório igual ou pouco acima de 0,70). Durante uma atividade contínua e moderada, com intensidade entre 70 e 85% da FC máxima, algo em torno ou pouco acima do limiar anaeróbio, a obtenção de energia advém de fonte mista, ou seja, da mobilização de carboidratos e gorduras (quociente em torno de 0,83). Quando a intensidade se acentua, igual ou acima do ponto de compensação respiratória, a obtenção de energia depende exclusivamente dos carboidratos (quociente respiratório igual ou acima de 1,0). A energia decorrente dos carboidratos depende principalmente do glicogênio armazenado no músculo esquelético, ou seja, da glicogenólise e subsequente glicólise, enquanto a energia vinda da gordura decorre da oxidação de ácidos graxos, provenientes principalmente da lise de triglicérides (lipólise). Portanto, a determinação do substrato a ser utilizado como fonte de energia depende da duração e intensidade do exercício (CARVALHO; MARA, 2010).
Recomendações nutricionais
Carboidratos
Os carboidratos, por suas funções, são substratos energéticos indispensáveis à realização do exercício físico e estão diretamente ligados ao desempenho esportivo competitivo ou amador. Os carboidratos apresentam um papel de extrema importância no fornecimento de energia ao organismo, por meio do catabolismo da glicose presente na corrente sanguínea e do glicogênio muscular e hepático, estoques corporais de glicose (VIEBIG; NACIF, 2010).
No exercício de alta intensidade, observa-se a preferência do organismo pelos carboidratos como substrato energético, independente dos lipídios e proteínas, devido ao ritmo mais acelerado no processo de transferência energética. Dessa forma, os carboidratos apresentam a capacidade de gerar ATP, mais rapidamente por processos oxidativos (VIEBIG; NACIF, 2010).
A restrição no consumo de fontes de carboidratos pode alterar a expressão serotoninérgica e consequentemente afetar aspectos psicológicos funcionais, além da própria redução na concentração de glicose sanguínea e do glicogênio muscular e hepático. Além disso, o aporte adequado deste substrato é indispensável para a síntese, ação e metabolismo de neurotransmissores. Adicionalmente, estas alterações podem afetar as funções do sistema nervoso central, alterando o estado de humor, motivação, transformação das informações recebidas, percepção de esforço e/ou excitabilidade do córtex motor, prejudicando o desempenho durante o exercício (REIS; SEELAENDER; ROSSI, 2010).
A ingestão de carboidratos correspondente a algo situado entre 60 e 70% do aporte calórico diário, atende perfeitamente à demanda de um treinamento desportivo. Para aperfeiçoar o processo de recuperação muscular recomenda-se o consumo de carboidratos entre 5 e 8g/kg de peso/dia. Em atividades de longa duração recomendam-se até 10g/kg de peso/dia para que ocorra adequada recuperação do glicogênio muscular. Para atletas de provas longas recomenda-se consumo entre 7 e 10g/kg de peso/dia e entre 30 e 60g de glicose para cada hora de exercício contínuo, para prevenção da hipoglicemia, da depleção de glicogênio e da consequente fadiga. Imediatamente após o exercício, recomenda-se a ingestão de carboidratos simples, de alto índice glicêmico, correspondente a algo entre 0,7 e 1,5g/kg de peso. A ingestão de carboidrato simples imediatamente após o exercício favorece a ressíntese do glicogênio muscular de forma mais rápida, tendo sido demonstrado que altas taxas de ressíntese de glicogênio muscular podem ser obtidas com o consumo de cerca de 1,2g de glicose/kg a cada 30 minutos nas primeiras cinco horas de recuperação (CARVALHO; MARA, 2010).
Segundo Panza et al. (2007) uma dieta rica em carboidrato, em período de treinamento intenso, pode favorecer não somente o desempenho como o estado de humor do atleta. As recomendações de carboidrato para atletas são de 6-10g/kg de peso corporal por dia ou 60-70% da ingestão energética diária; entretanto, a necessidade individual dependerá do gasto energético, da modalidade esportiva, do sexo e das condições ambientais.
A recomendação de ingestão de carboidrato em relação ao total de energia da dieta segundo a OMS é de 55 a 70%. Recomendações similares são feitas pela American Dietetic Association para atletas adolescentes (55 a 60%) e pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME), que estabelece como adequado para atletas à ingestão de 60 a 70% de carboidrato. Além disso, a SBME preconiza que, para otimizar a recuperação muscular, o consumo de carboidratos deve estar entre 5 e 8g/kg de peso/dia. De acordo com esses valores, pode-se concluir que não há diferença relevante entre as recomendações para atletas e a população em geral no que diz respeito aos porcentuais de carboidrato em relação ao valor energético total da dieta. Porém, é importante que, ao avaliar atletas, o consumo de carboidrato deve ser avaliado em relação ao seu peso corporal, como está bem estabelecido com relação ao consumo de proteínas (CAMPAGNOLO; GAMA; PETKOWICZ, 2008).
Proteínas
A proteína exerce papel importante na manutenção da massa muscular, requisito fundamental para ações de força e potência. O aproveitamento metabólico adequado desses macronutrientes depende do aporte adequado de vitaminas e minerais, uma vez que os mesmos são cofatores em todos os processos de produção de energia e síntese de macromoléculas (GOMES et al., 2009).
Segundo Viebig e Nacif (2010), em indivíduos que realizam treinamento de força, as proteínas atuam como material estrutural para síntese de tecidos, o que pode levar a um pequeno aumento nas necessidades diárias de proteínas, o que é confirmado por Gomes et al. (2009) que relata que a recomendação de ingestão de proteínas muda conforma o tipo de exercício sendo 1,2 a 1,4g/kg/dia para o exercício de endurance e de 1,6 a 1,7g/kg/dia para exercícios de força, já segundo Panza et al. (2007) as recomendações da ingestão diária de proteínas para atletas consistem em 1,2-1,7g/kg de peso corporal ou 12%-15% do consumo energético total, não diferenciando o tipo de exercício que será realizado.
Novamente vemos a diferenciação da necessidade de proteína conforme o tipo de exercício onde Carvalho e Mara (2010) relata que para atletas, a recomendação pode ser entre 1,2 e 1,6g/kg/peso/dia e que no caso de atletas de força (fisiculturistas, halterofilistas, etc.) a recomendação é de no máximo 1,8g/kg/peso/dia.
Conforme o posicionamento da International Society of Sports Nutrition, em relação ao exercício de resistência, a ingestão de proteína recomendadas de variar de 1,0 g / kg a 1,6 g / kg por dia, dependendo da intensidade e da duração do exercício de resistência, bem como o estado da formação do individual. Por exemplo, um atleta de elite de resistência requer um maior nível de ingestão de proteína aproximando a extremidade superior do intervalo acima mencionado (1,0 a 1,6 g / kg / dia). Além disso, à medida que aumenta exercício de resistência em intensidade e duração, não existe um aumento da oxidação de cadeia ramificada de aminoácidos, o que cria uma procura dentro do corpo para ingestão de proteína na extremidade superior desta gama. Força e potência no exercício é pensado para aumentar as exigências de proteína ainda mais do que exercício de resistência, particularmente durante os estágios iniciais de formação e/ou aumentos acentuados em volume. Recomendações para a força/potência no exercício normalmente variam de 1,6 a 2,0 g / kg / dia (CAMPBELL, 2007).
As DRI's 2002 abordam a questão da necessidade de proteínas concordando que esse nutriente é sujeito a grande variabilidade diária, e que episódios de consumo elevado não parecem ter efeitos colaterais significativos. Nesse contexto, as DRI's, admitindo a variabilidade da ingestão, sugerem como aceitável uma margem de ingestão entre 10 e 35%.
Lipídios
Os lipídios participam de diversos processos celulares de especial importância para atletas, como o fornecimento de energia para os músculos em exercício, a síntese de hormônios esteróides e a modulação da resposta inflamatória (PANZA, 2007).
A utilização de lipídio como fonte energética ao exercício é influenciada, especialmente, pelo aumento de fluxo sanguíneo ocasionado pela atividade física, com conseqüente liberação de ácidos graxos pelo tecido adiposo e pela depleção de reservas corporais de carboidratos. Além disso, a intensidade do exercício determina a participação dos lipídios como substrato energético. Os lipídios armazenados representam o substrato energético ideal para o exercício prolongado, leve a moderado, em metabolismo aeróbico e os ácidos graxos (principalmente circulantes) podem suprir até 80% das necessidades energéticas nessas atividades (VIEBIG; NACIF, 2010).
A utilização dos lipídios como fonte de energia durante exercícios de longa duração é muito importante, já que eles, armazenados no organismo na forma de TG no tecido adiposo (± 17.500mmol), no músculo esquelético (± 300mmol) e no plasma (± 0,5mmol), representam o principal estoque de energia do organismo (± 560MJ), chegando a ser 60 vezes maior quando comparados com o glicogênio (± 9MJ). Outro fator importante é a quantidade de energia fornecida com a oxidação dos lipídios (9kcal/g), enquanto que a glicose fornece menos (4kcal/g) (FERREIRA; BARBOSA; CEDDIA, 2003).
Segundo Ferreira; Ribeiro e Soares (2001) vêm sendo sugerido que a capacidade de sustentar o exercício pode ser prolongada se juntamente com os estoques de glicogênio a oferta de lipídios for aumentada imediatamente antes do exercício e, como a taxa de oxidação dos ácidos graxos livres é dependente da concentração sanguínea dos mesmos, algumas técnicas foram desenvolvidas para promover esse aumento: dietas pobres em carboidratos e ricas em lipídios, infusão de emulsões de triglicerídeos e a ingestão de triglicerídeos de cadeia média (TCM), o que é discordado por Ferreira; Barbosa e Cedia (2003) que chegou a conclusão que a suplementação de TCM em exercícios de ultra-resistência parece não promover melhora no desempenho que justifique a sua utilização. Apesar de a taxa de oxidação dos TCM aumentar quando eles são ingeridos com CHO, esse fato parece não poupar os estoques corporais de glicogênio ou melhorar a performance.
Gomes et al. (2009) sugere que alguns lipídios específicos como o EPA (ácido eicosapentaenóico) e/ou DHA (ácido docosaexaenóico) atenuam o estado inflamatório gerados por traumas durante exercícios de alta intensidade.
Quanto às necessidades diárias de lipídios, os atletas necessitam das mesmas recomendações destinadas à população em geral, ou seja, 1g de lipídio/kg de peso corporal, correspondendo a 30% do valor calórico total da dieta, devendo ser mantidas as proporções normais de ácidos graxos, ou seja, 10% de lipídios saturados, 10% de monoinsaturados e 10% de poli-insaturados (CARVALHO; MARA, 2010).
Segundo Panza et al. (2007) as recomendações de lipídeos para atletas são de 20%-25% da ingestão energética diária. A utilização de gordura como fonte de energia adicional à dieta pode ser adotada, devendo, porém, alcançar, no máximo, 30% do valor energético total (VET). Por outro lado, um consumo lipídico inferior a 15% do VET parece não trazer qualquer benefício à saúde e à performance, o que é confirmado por Guerra; Soares e Burini (2001) que diz que deve-se ter especial atenção com o total de lipídios consumidos, que deve ser igual ou menor que 30% do valor energético total.
Conforme podemos observar no quadro 1, as recomendações de carboidratos e lipídios que os três autores sugerem são parecidas, enquanto as de proteínas, encontramos recomendações diferenciadas, pois um autor sugere a recomendação conforme a atividade que será desenvolvida, ou seja, força ou resistência, enquanto outros generalizam a recomendação.
Quadro 1. Recomendação de macronutrientes de diferentes autores
Autores |
Indicação |
Carboidratos |
Indicação |
Proteínas |
Indicação |
Lipídios |
Carvalho e Mara, 2010. |
Recuperação Muscular |
5 a 8g/kg |
Atletas em geral |
1,2 a 1,6g/kg |
Atletas em geral |
1,0g/kg ou até 30% |
Panza et al, 2007. |
Atletas em geral |
6 a 10g/kg |
Atletas em geral |
1,2 a 1,7g/kg |
Atletas em geral |
20 a 25% (Max. 30%) |
Viegib e Nacif, 2010.
|
Recuperação Muscular |
5 a 8g/kg |
Endurance
Força |
1,2 a 1,4g/kg
1,6 a 1,7g/kg |
Atletas em geral |
1,0g/kg ou até 30% |
Considerações finais
Conforme o exposto no artigo, podemos observar que existem diversas recomendações de macronutrientes para atletas, e cada modalidade pode ter uma conduta nutricional especifica para a adequação da dieta, de acordo com a necessidade individual de cada um. Desta forma torna-se necessário refletir sobre a importância do nutricionista na área esportiva, pois o avanço deste profissional em diversas áreas da saúde faz parte de uma nova perspectiva sobre a promoção da qualidade de vida na qual a alimentação adequada exerce papel fundamental juntamente com atividade física.
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