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A influência da sociedade na imagem corporal de escolares

La influencia de la sociedad en la imagen corporal de los escolares

 

*Graduado em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora pela Unicamp

Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

***Professora nas Faculdades Network

(Brasil)

Jéssica Souza Schlichting de Andrade*

Marcos Rodrigo Lima Selvestrini*

Helena Brandão Viana**

Elaine Cristina Carraro**

Magda Jaciara Andrade de Barros***

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa teve como objetivo expandir os conhecimentos históricos referentes ao corpo, à cultura corporal e modismos. Adota-se como referência teórica o conceito de Indústria Cultura de Theodor Adorno e Max Horkheimer. O trabalho aponta a influência dos meios de comunicação de massas sobre a imagem corporal e ressalta a importância do papel do professor de educação física perante essa questão. O professor deve instruir os alunos de modo que estes tenham condições de discernir sobre os valores disseminados pela sociedade capitalista consumista; além disso, deve colaborar para a construção da autoestima e a autoconfiança dos alunos.

          Unitermos: Indústria cultural. Corpo. Imagem corporal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Cultura compreende um conjunto de crenças, costumes, idéias, valores, símbolos. Ter uma religião, participar de grupos, torcer por algum time, expressar sua opinião de forma a ser ouvida pelos outros, pode definir bem esse conceito (THOMPSON, 1995 apud CARDIA, 2008). No sentido antropológico do termo, considera-se que todo ser humano tem cultura, que aquilo que torna comum a forma de ver o mundo (CHARON, 2002).

    A Indústria cultural, conceito chave para esse trabalho, e também a “cultura de massa”, surgiram num contexto de industrialização. A Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, foi condição fundamental para a existência de uma indústria especializada em produzir cultura (de massa) em serie, industrialmente; mas igualmente importante foi a existência de uma economia baseada no consumo de bens; ou seja, uma sociedade de consumo, que se estabeleceu a partir da segunda metade do século XIX (COELHO, 1986). E desde então, essa cultura produz cultura, em série, não com o objetivo de produzir a crítica, ou a reflexão, mas produz produto trocável por dinheiro, que deve ser consumido como qualquer outra mercadoria. Trata-se de produto padronizado para atender gostos médios de um público, em geral, alienado, que não tem tempo para questionar o que consome.

    A respeito disto e do objetivo proposto nesta revisão, adentramos os pensamentos de Max Horkheimer e Theodor Adorno membros da escola de Frankfurt, que discutiam teorias marxistas acerca da sociologia procurando entender o que a sociedade pode ser capaz de realizar, beneficiar e ou prejudicar, o modo de vivência de outras pessoas.

    Adorno e Horkheimer criaram o termo indústria cultural, termo esse usado para descrever a forma de consumo das pessoas, através dos meios de comunicação de massa, os dois analisavam e discutiam o porquê dos exageros e os motivos dos povos serem tão alienados, pouco interessados e descomprometidos em saber o que realmente estavam adquirindo, pensando somente no poder que a sociedade lhes dava acerca de algum produto adquirido, para Adorno, o objetivo da indústria cultural era a dependência e alienação dos homens e o estímulo ao imobilismo (TOMAZI, 2000).

    Esse trabalho procura compreender a influência que a sociedade, por meio dos meios de comunicação de massa, exercem sobre a imagem corporal dos membros dessa sociedade, de um modo especial jovens em idade escolar.

A concepção de corpo ao longo da história

    Aranha (2003) afirma que os gregos eram muito preocupados com o físico. Conhecida como berço das olimpíadas, viam o corpo como algo a ser idolatrado, pois acreditavam que um corpo perfeito tornava a pessoa perfeita. Quanto melhor seu físico melhor a mente. Uma frase celebre de Platão ilustra essa idéia: “Corpo sã e mente sã”.

    Em Atenas a idéia do corpo “belo” prevalecia. Em Esparta a maior preocupação voltava-se para o rendimento relacionado a guerras. Era exigido dos jovens corpos saudáveis e férteis (ROMERO, 1995).

    Nos séculos XV e XVI, na Renascença, o padrão de beleza feminina estava ligado à imagem de um corpo farto, quadris largos, simbolizando fertilidade, retratados em quadros e ilustrações.

    No Brasil os corpos eram mais politizados, buscavam expressar mais a liberdade do que a beleza saudável, isso em 1971, mais a frente em 1980, surgem o estereótipo de mulher poderosa, alta, cabelos longos e arrumados e ombros recheados pelas ombreiras. Redefinir o corpo pelos músculos começa a ser o ideal tanto feminino quanto masculino. Em 1990 as supermodelos da época lançam moda com corpos irreais, a anorexia se faz cada vez mais presente nas passarelas exibindo corpos extremamente magros (GARRINI, 2007).

    Atualmente perante a civilização ocidental a atratividade física classifica as pessoas e seus grupos, as quais são medidas pela forma corporal, aparência, peso, postura, forma de falar, gestos e através dos meios de comunicação são colocados frente a sociedade as tendências e valores estéticos relativos ao corpo e isso cada vez mais estimula o consumo de diversos produtos e serviços diversos com o objetivo de tornar-se belo e atraente. (KNOPP, 2008).

    O fenômeno denominado “culto ao corpo” chega ao Brasil a partir da década de 1920 quando chega também o cinema, pois neste já começam a ser formulados o ideal físico. No fim desta década a mídia começa a bombardear a vida das pessoas, principalmente mulheres, com cosméticos, e estereótipos de corpos magros e surgem as dietas com objetivo de controle e perda de peso. Nos anos 50 e 60 o status jovem chegava a ser mais importante que o poder financeiro, e nesse período iniciava-se o movimento feminista e a revolução sexual em que o corpo entra em cena como seguro de resistência e transgressão. No Brasil o culto ao corpo parece ser ainda mais explícito pela diversidade cultural existente, em que a sensualidade e o erotismo são explorados. Atividades relacionadas ao corpo são cada vez mais exploradas pelas mídias, e são vistas como oportunidade comercial (CASTRO, 2003; LIPOVETSKY, 1999 apud KNOOP, 2008).

    Em se tratando de mídias relataremos neste trabalho sua influência e como conceitos podem modificar a vida das pessoas numa sociedade, principalmente no que se refere a corpo e imagem corporal. A respeito disso Freitas (1999 apud OLIVEIRA, 2009), relata que o corpo construído pela sociedade passou por várias mudanças nos ideais de beleza de acordo com cada época. E o que vemos atualmente é que a corpolatria é um fato social real, que aliena as sociedades de consumo e torna-se necessário à vida de quem precisa e de quem não precisa, podendo parecer fácil ficar com o corpo perfeito.

    Segundo Osório (1992 apud CANO 1999) a imagem corporal é uma representação resumida de experiências passadas e presentes, ela é a idéia que o indivíduo tem do próprio corpo.

    A percepção corporal dá-se na mente e posteriormente no corpo, e o ambiente da educação física escolar torna essa percepção mais visível e mais fácil o seu desenvolvimento. Diversos fatores ajudam essa percepção, o meio escolar, afetividade, a sociedade de forma geral (CATUNDA, 2011; JANUÁRIO; 2011).

    Na adolescência é onde ocorre a dificuldade de aceitação do corpo e das suas alterações, fase da sensação de “isso não faz parte de mim”, as mudanças do corpo são tratadas de forma estranha. Muda não somente a imagem física, mas também as identidades, as identificações com os pais e amigos e neste momento começam a necessidade de pertencer a algum “grupo de iguais”, onde o adolescente troca experiências e informações. Por isso nota-se que nesses grupos os adolescentes se parecem na questão de roupas e forma de se comunicar.

    A educação física tem seu papel bem definido aqui, o professor e a escola podem mostrar os significados e auxiliar os jovens a entender melhor seu corpo num todo. Os PCN (BRASIL, 2000) propõem que o professor planeje de forma que seus alunos compreendam e saibam lidar com assuntos relacionados as práticas corporais, mostrando além de tudo a importância na realização das atividades físicas, e que possam ter senso crítico para estabelecer relações nas mudanças comportamentais em relação ao próprio corpo e o meio social, e mostram a importância da mídia na discussão do tema em sala de aula:

    A Educação Física na escola não pode ignorar os meios de comunicação e as práticas corporais que eles retratam, tampouco o imaginário que ajudam a criar. É necessário que as aulas forneçam informações relevantes e contextualizadas. Então, caberá à disciplina manter um permanente diálogo crítico sobre a mídia, trazendo esse tema para reflexão dentro do contexto escolar (BRASIL, 2000 p. 198).

    Com o reconhecimento da imagem corporal e o acesso à mídia, a busca deste corpo perfeito vem gerando preocupação nos profissionais da saúde, porém alguns profissionais de Educação Física não estão estabelecendo limites a seus alunos, nem mesmo distingue-se uma prática saudável corporal, de um exercício obsessivo. Analisar e refletir sobre a influência da sociedade na imagem corporal de escolares e o modo que isso é tratado caracteriza nossa revisão de literatura.

Imagem Corporal

    Para entender a Imagem Corporal é preciso conhecer os diversos conceitos que a definem. A Imagem Corporal é a imagem que a pessoa tem de si mesma. Em relatos citados por Schilder (1999 apud BARROS, 2005) quando a imagem corporal é preservada e a sensibilidade está prejudicada, ainda é possível que o indivíduo fale onde foi tocado em seu corpo.

    Também ligada a imagem corporal pode-se definir a Auto Avaliação como um fenômeno pessoal que ajuda o indivíduo a controlar seu comportamento. Ela faz parte do processo adaptativo das pessoas. Já o Autoconceito pode ser entendido como a idéia que o indivíduo forma sobre si próprio, das capacidades, atitudes e valores na esfera social, física e moral (CATANEO, 2005; CARAPETA, 2001).

    A Auto Imagem pode ser uma dimensão individualista do “eu”, reunindo conceitos como autônomo, separado e independente. Pode ter uma dimensão coletivista que quer dizer à relação entre o individuo e a coletividade, na dimensão relacional é cujo foco das relações são entre os indivíduos. A Autoestima é um termo muito abordado nos últimos anos, pois os problemas com ela são normais em todos os lugares e aspectos. A Autoestima é o sentimento de competência e valor pessoal. É refletido na capacidade de encarar os desafios da vida, os problemas e o direito de ser feliz. (GOUVEIA,2002; BRANDEN,1999)

    Para Chipkevitch (1987 apud CANO, 1999) não se pode referir à adolescência sem ligá-la ao corpo, e referir-se ao corpo sem ligá-lo a mente. Nessa fase as intensas mudanças físicas influenciam e interagem intensamente com a sociedade o que ela apresenta e psicologicamente na identidade do adolescente. E para a construção da identidade pessoal do individuo neste período é inevitável a relação com o corpo. A imagem corporal já está estabelecida muito antes da adolescência, mas é nela que ocorrem as maiores reconstruções e reformulações da imagem corporal do indivíduo.

    Segundo Natalie (2006 apud CAMPOS, 2008) a imagem corporal está ligada em como o indivíduo pensa e sente sobre si mesmo. É como um conjunto de representações mentais e corporais que vão sendo acumuladas ao longo da vida. Para essa construção são consideradas as impressões visuais e táteis, experiências dolorosas e prazerosas permeadas por significados afetivos, de cultura, relacionamento, fatos presentes na história da pessoa.

    A imagem corporal é desenvolvida desde o nascimento até a morte, sofre modificações resultantes do processamento de estímulos. Durante a fase pré-escolar a criança desenvolve o seu conceito de imagem corporal. Nessa fase ela começa a reconhecer a aparência das pessoas de forma positiva ou negativa, conhece o significado do “bonito” e “feio” e já reflete sobre o que as pessoas pensam a respeito da aparência dela (MONTARDO, 2002 apud MATARUNA, 2004).

    A imagem corporal envolve três fatores: perceptivo, que é a percepção do próprio corpo e a estimativa de tamanho e peso do mesmo; subjetivo que é referente a satisfação, ansiedade e a preocupação com a aparência; e o comportamental que são situações evitadas devido ao desconforto pela aparência física (COSTA, 2007)

    A percepção corporal dá-se na mente e posteriormente no corpo, e o ambiente da educação física escolar torna essa percepção mais visível e mais fácil o seu desenvolvimento. Diversos fatores ajudam essa percepção, o meio escolar, afetividade, a sociedade de forma geral, esses fatores auxiliam a formação de um autoconceito (CATUNDA, 2011; JANUÁRIO; 2011).

    Na adolescência é onde ocorre a dificuldade de aceitação do corpo e das suas alterações, fase da sensação de “isso não faz parte de mim”, as mudanças do corpo são tratadas de forma estranha. Muda não somente a imagem física, mas também a identidade, as identificações com os pais e amigos, são quando começam a necessidade de pertencer a algum “grupo de iguais”, nesse grupo é onde o adolescente troca experiências e informações. Por isso nota-se que nesses grupos os adolescentes se parecem na questão de roupas e forma de se comunicar.

    Durante a adolescência os jovens começam a perceber melhor seu corpo e a compará-lo com os dos outros e percebem certas diferenças e semelhanças. Como já vimos o meio social impõe algumas ‘’necessidades’’ e segui-las pode não ser tão simples assim para os jovens, pois nessa fase as mudanças corporais causam entre outras coisas muita frustração, fatores que na maioria das vezes possuem características negativas e que pode passar despercebido tanto pelos pais quanto pelos professores. A puberdade é um período visto como crítico em relação à insatisfação corporal, pois os jovens começam a despertar seu próprio interesse, e fatores relacionados à família e à sociedade, começam a pesar em suas decisões e escolhas, agregado sempre com uma infinita carga de informações veiculadas pelas mídias num contexto corporal geral (CAMPAGNA; SOUZA, 2006).

    Com o surgimento da puberdade ocorre um maior acúmulo de gordura corporal no sexo feminino, o que, muitas vezes, pode desencadear uma maior insatisfação com a imagem corporal. Além disso, a mídia, os amigos, os pais e a sociedade, em geral, também influenciam nesse contexto, uma vez que impõem um padrão de beleza essencialmente magro. A insatisfação com a imagem corporal tem despertado grande interesse entre os pesquisadores, principalmente devido à sua estreita relação com os distúrbios alimentares tais como a anorexia e a bulimia (MARTINS, 2010, p.20).

    Avalia-se a imagem corporal dependendo do ambiente, ela sofre alterações por toda a vida do indivíduo, dependendo do que a cultura social impõe como belo e o que enxerga-se como o ideal. Com a mídia mostrando corpos com formas cada vez mais diferentes do que se enxerga no espelho, criando desejos que padronizam os corpos, tornando os indivíduos insatisfeitos (RUSSO, 2005).

    Todo adolescente possui em mente um ideal de corpo, e o quanto mais longe do que ele se encontra, o real, maior o conflito que compromete sua autoestima. Quando essa autoestima está baixa, a imagem corporal pode tornar-se deturpada, com esse distúrbio podem ocorrer as induções de vômito, exercícios físicos rigorosos e dietas drásticas como é o caso da anorexia nervosa, bulimia e vigorexia.

Distorções de Imagem Corporal

    A anorexia nervosa e a bulimia são transtornos alimentares causados por comportamentos alimentares descontrolados e pela obsessão pelo controle ou perda do peso.

    A anorexia é o medo de ganhar peso e leva a inanição com a excessiva perda de peso causando o desgaste físico e psicológico. Essa distorção da imagem corporal faz com que os portadores da anorexia ao se olharem no espelho enxerguem corpos acima do peso, quando na realidade seus corpos encontram-se magros, com isso restringem a alimentação, fazendo disso um ritual perigoso. Na puberdade esse ritual pode causar o atraso da menstruação e alterações no desenvolvimento físico. Podem ocorrer também complicações associadas à desnutrição como a desidratação, distúrbios eletrolíticos, gastrointestinais, cardiovasculares e até a infertilidade. (COSTA, 2007; VILELA, 2004).

    A bulimia nervosa ocorre por episódios de compulsão alimentar, onde é ingerido alimento em grande quantidade, ato que provoca atos compensatórios como conseqüência como o vômito, uso de laxantes e diuréticos pelo medo de tornar-se obeso. A bulimia não é tão prejudicial nutricionalmente como à anorexia. Os portadores da bulimia geralmente se mantêm próximos ao peso normal e até mesmo com um pouco de sobrepeso. A distorção da imagem corporal também é menor nesses casos do que a encontrada na anorexia. Suas complicações podem ser distúrbios eletrolíticos, sangramentos e irritações gástricas e esofágicas causadas pelos vômitos auto induzidos, anormalidades intestinais braquicardias de repouso e pode refletir na atividade do sistema nervoso simpático e do eixo tireodiano.

    Mesmo sabendo que a doença é antiga, salta aos olhos o aumento do número de casos nos últimos anos. Esse mesmo período foi marcado pela intensificação do apelo da mídia para a obtenção de um corpo ideal a ser consumido enquanto modelo de saúde, beleza e bem-estar. Ainda que as condições acima citadas sejam verdadeiras, seria imprudente, decerto, atribuir o aumento do fenômeno da bulimia unicamente à ação da mídia e da sociedade de consumo, mas não há dúvida alguma de que podemos tecer correlações pertinentes entre as variáveis envolvidas (SEVERIANO, 2010, p.5).

    A vigorexia também conhecida como Dismorfia Muscular é a preocupação que individuo possui pelo seu corpo, o mesmo se enxerga fraco e pequeno quando na realidade é extremamente forte e musculoso, e nessa busca utiliza- se de esteróides anabolizantes, dietas hiperproteicas, hiperglicídicas e hipolipídicas. Submetem-se a consumir suplementos à base de aminoácidos em busca de um maior ganho de massa muscular e não praticam exercícios aeróbicos por medo da perda de massa muscular, essas pessoas não exibem seus corpos e pelo contrario, colocam varias camadas de roupas, mesmo no calor para evitar e exposição.

    Portadores de vigorexia possuem rituais como na anorexia onde executam exercícios físicos varias vezes ao dia, olham-se no espelho a todo momento, possuem a imagem distorcida no próprio corpo e sofrem com pensamentos persistentes referentes a sua imagem corporal. Pessoas com vigorexia podem entrar em depressão e desenvolver sérios problemas de relacionamento (COSTA, 2007; VILELA, 2004).

    Sabendo que a imagem corporal esta relacionada com a própria autoestima, qualquer insatisfação que pode ocorrer na vida dos adolescentes, se refletira em sua autoimagem, ou seja, no seu próprio corpo, para isso não ocorrer o adolescente se submete a qualquer coisa para se manter padronizado, idealizando acima de tudo o estereotipo imposto pela sociedade (BUCARETCHI, 2003 apud CAMARGO et al., 2008).

    Em pesquisas realizadas sobre imagem corporal com crianças, adolescentes e universitários como nos artigos Auto Conceito e Imagem Corporal, Influência da Mídia sobre o ser humano na relação como corpo e autoimagem de adolescentes, Protótipo de Belo x Imagem Corporal e Insatisfação Corporal em escolares foram observados que a maioria dos entrevistados se sentem incomodados com a aparência física, esse incomodo foi ainda mais aparente nos entrevistados do sexo feminino, onde as mesmas desejavam uma silhueta menor, enquanto os meninos gostariam de serem maiores. Nos adolescentes o maior número de insatisfeitos eram do ensino médio. Uma das pesquisas foi realizada com alunos de nível universitário e teve como resultado que as mulheres se preocupam mais com a aparência e apresentam níveis leves de distorção de imagem corporal (CARVALHO et al., 2005; CAMPOS, 2008; MARCIANO, 2010).

    Diante desses dados que crescem assustadoramente com os anos, qual o papel do professor de Educação Física?

O papel do Professor de Educação Física

    Quando se fala em educação física na escola, é muito importante a participação do professor no que se refere o agir, na forma de ver e tratar sobre imagem corporal e principalmente a forma de pensar sobre o assunto, interagir o aluno deve ser algo natural e de fácil absorção pelos mesmos (CATUNDA, 2011; JANUÁRIO; 2011).

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000), propõem que o professor planeje de forma que seus alunos compreendam e saibam lidar com assuntos relacionados a praticas corporais, mostrando além de tudo a importância na realização das atividades físicas, e que possam ter senso critico para estabelecer relações nas mudanças comportamentais em relação ao próprio corpo e o meio social.

    O professor deve buscar sempre a maneira mais adequada para que o aluno sinta-se bem apresentando meios de reconhecer o próprio corpo e suas limitações, promovendo assim, uma maior contribuição e percepção dos alunos a respeito da imagem corporal, para que isso ocorra de uma forma positiva o professor deve trabalhar em suas aulas atividades que tenham como objetivo fazer com que os alunos percebam seu corpo não só como algo a ser idealizado numa sociedade e não tornar o corpo como um simples objeto a ser moldado. Sendo fundamental a interação professor-aluno, este deve provocar em seus alunos o senso crítico, fazer com que reflitam sobre o que é veiculado na sociedade e difundido pela mídia, no que pode influenciar esses padrões estéticos e sua percepção e também sobre seu próprio corpo, a partir de sua própria percepção e seus significados (CATUNDA, 2011; JANUÁRIO; 2011).

    O professor exerce sua função de maneira única dentro da escola e tem um papel extremamente importante, pois interage o saber com o aluno e este com a sociedade (GALVÃO, 2002). A atividade física tem que ser bem orientada, e para que esses transtornos alimentares não sejam caracterizados normais na sociedade em que vivemos isto deve ser tratado pelos profissionais de educação física, sejam relacionados ao esporte ou na nutrição esportiva, pois é de extrema importância visar o bem estar físico e mental destes indivíduos, agindo de forma a evitar ou minimizar a ocorrência destes transtornos (CAMARGO et al, 2008).

    Com o reconhecimento da imagem corporal e o acesso à mídia, a busca deste corpo perfeito vem gerando preocupação nos profissionais da saúde, porém alguns profissionais de Educação Física não estão estabelecendo limites a seus alunos, nem mesmo distingue-se uma prática saudável de um exercício obsessivo.

    Para Lima e Rodrigues (2008) no processo de ensino-aprendizagem o aluno e professor aprendem, o bom relacionamento trará muitos frutos aos dois. O professor aumenta a autonomia dos alunos e deve sempre procurar exercer seu papel de forma clara e objetiva, não sendo apenas um ditador e sim um educador, sendo um interlocutor, interagindo o aluno com o mundo e com o que o mundo mostra a eles todos os dias. Ajudando-os na compreensão e nas relações corporais, buscando integrar a escola com a vida cotidiana e desenvolvendo a educação física com a mesma seriedade de outras disciplinas para torna-los cidadãos de boa formação e principalmente preparados para a vida.

Considerações finais

    Nas pesquisas para este trabalho foram encontradas diversas definições de cultura e imagem corporal. Segundo Charon (2002) a cultura é aquilo que torna em comum a forma de ver o mundo, de concordar com idéias compartilhadas, política, gestos, educação, que ocorre por meio da interação dos indivíduos. Natalie (2006 apud CAMPOS, 2008) define a Imagem Corporal como aquilo que o individuo pensa e sente sobre si mesmo.

    Para tratar desse assunto, diversos filósofos de Frankfurt se juntaram para estudar, discutir e analisar os problemas que os meios de comunicação de massa traziam à vida das pessoas, com esse fim foi criado por Adorno e Horkheimer o termo Indústria Cultural que até hoje é discutida sobre a dependência e alienação da sociedade.

    Diante dessas questões o professor de educação física deve participar e agir na forma de ver e tratar as questões relacionadas a imagem corporal e a sociedade, mostrando que ao realizar a atividade física o aluno deve priorizar a saúde e o bem-estar, com o senso crítico em relação as mudanças comportamentais em relação ao próprio corpo e o meio social, contudo evitando possíveis distorções na autoimagem dos mesmos. Construindo o autoconceito de forma positiva, aceitando as diferenças, com autoestima, reconhecendo pontos fortes, visto que as esses conhecimentos influenciam o futuro da criança. Com o reconhecimento da imagem corporal e o acesso à mídia, a busca deste corpo perfeito vem gerando preocupação nos profissionais da saúde, porém alguns profissionais de Educação Física não estão estabelecendo limites a seus alunos, nem mesmo distingue-se uma prática saudável de um exercício obsessivo.

    O professor exerce sua função de maneira única dentro da escola e o seu papel é extremamente importante, pois interage o saber com o aluno e este com a sociedade (GALVÃO, 2002).

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