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A formação do jogador de futebol e sua relação com a escola

La formación del jugador de fútbol y su relación con la escuela

 

*Autor. UFC/IEFES/NEPEC

** Aluna. Colaboradora. UFC/IEFES/NEPEC

(Brasil)

Prof. Ms. Otávio Nogueira Balzano*

Jannaina Sousa Morais**

otaviobalzano@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo é uma revisão bibliográfica acerca do sonho dos meninos brasileiros, principalmente, o de classe menos abastarda, de se tornarem jogadores de futebol bem sucedidos e o abandono da escola. O trabalho tem por objetivo mostrar a trajetória desde o ingresso desses jovens nos grandes clubes, a dificuldade em se manter nessas instituições, o abandono da vida escolar na fase de formação e as conseqüências deste abandono prematuro. Constatou-se que a profissão de jogador apresenta dificuldades, tanto na inserção em clubes, como na formação e profissionalização do atleta, existindo uma indústria que pode estar competindo com a escolarização básica desses jovens. Verificou-se que os jovens investem no futebol, na busca de um futuro promissor, freqüentemente iludidos pela mídia. Na maioria das vezes acontece há frustração, caso não venham se tornar um pop star do futebol e terminam em subempregos, no mundo da criminalidade e das drogas. Possivelmente este fato esteja acontecendo, pela falta de capital cultural, motivado pelo abandono precoce da escola. Concluímos que é necessária uma maior atenção e contribuição por partes dos clubes de futebol, da escola, da imprensa, da família e das instituições públicas, para que estes jovens possam conviver com uma formação aprazível entre escola e futebol.

          Unitermos: Formação no futebol. Escola. Capital cultural.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Dificilmente podemos explicar e traduzir a sociedade brasileira sem associá-la ao futebol, que é, tal como afirma Lever (1983) apud Amaral et al (2007), eterno na preferência e vive na alma do povo. Por ser considerado o esporte mais popular em nosso país, o futebol desperta diferentes sentimentos naqueles que o acompanham e interfere direta e indiretamente na vida do povo brasileiro.

    O Futebol tornou-se uma forma de se expressar do brasileiro, pois durante o jogo extravasamos algumas emoções como: felicidade, ódio, amor, ansiedade, nervosismo, alívio e muitas outras (DAÓLIO, 2006).

    Essa questão, aliada à grande influência da mídia esportiva, que enfatiza principalmente o lado "positivo" da profissão, destacando o sucesso de alguns dos nossos principais jogadores, faz com que muitos jovens, seduzidos por uma vida social de status e independência financeira e incentivados por seus pais, visualizem a carreira de jogador de futebol profissional como uma das mais promissoras (AMARAL et al, 2007).

    O fato de uma rápida ascensão social por meio do esporte também mexe com o imaginário das pessoas, pois em poucos anos um adolescente pode se tornar milionário com um bom desempenho esportivo. É tanto que muitos meninos de famílias pobres jogam com o objetivo de conseguir dinheiro para oferecer uma boa qualidade de vida à família. Isso aproximou mais ainda o futebol das camadas mais pobres da sociedade tornando-o cada vez menos elitista.

    Para Rosa (2009), eles sonham com a fama e com o dinheiro, e enxergam no futebol o único caminho possível para o sucesso, mas não sabem da grande dificuldade que existe no início dessa jornada, na qual uma minoria atinge a carreira profissional.

    Esses garotos abandonam a escola, meio que possivelmente pode lhes dar uma vida melhor, pela ilusão de vencer no futebol onde a esmagadora maioria sucumbe.

    O caminho até o profissionalismo acontece por meio de um longo processo seletivo que os jovens têm de percorrer. Este processo, para Marques e Samulski (2009), é extremamente conflituoso e, muitas vezes, envolve uma série de obstáculos como a separação da família e do seu meio social, a dificuldade de continuação dos estudos, o alto grau de cobrança nos treinamentos e competições e a incerteza quanto à continuidade de sua carreira profissional.

    Para Rosa (2009), caso este atleta não seja selecionado, pode ter que parar de jogar involuntariamente por falta de uma equipe que o acolha. Muitos acabam em subempregos, à margem da sociedade, ou até mesmo na criminalidade, nas drogas e em outros vícios decorrentes do fracasso, da frustração e da desilusão.

    Isto acontece, porque no auge da sua formação e enquanto jovens em desenvolvimento, eles não se prepararam ou não foram devidamente orientados para buscar alternativas fora e além do futebol.

    Este trabalho pretende, por meio de uma revisão bibliográfica, demonstrar as dificuldades e as agruras do jovem atleta para ingressar e se manter no meio do futebol e a relação com a escola no contexto desses pseudoprofissionais*.

2.     Inserção no futebol e a dificuldade da profissão

    O futebol faz parte da identidade do País e além de ser considerada a paixão nacional, é visto como uma oportunidade de ascensão social profissional para jovens oriundos de famílias de baixa renda. (MARQUES E SAMULSKI, 2009).

    O sonho de tornar um jogador de futebol profissional, adquirir “status” social e melhores condições financeiras para si mesmo e, muitas vezes, para toda sua família, está presente em todas as “peladas” nas ruas e escolas do Brasil. O destaque da mídia no lado positivo do futebol, também influencia diretamente na escolha desses adolescentes.

    Em estudo realizado por Rodrigues (2003), as principais fontes motivacionais para um atleta buscar a carreira profissional de jogador de futebol foram: a crença no dom para ser jogador de futebol, a esperança em enriquecer através do futebol, a família e a seleção brasileira. Mas na maioria das vezes, estes atletas tem apenas a referência de jogadores famosos.

    Neste sentido, Negrão (1994) destaca que muitos acreditam que esta profissão, por permitir um acúmulo de dinheiro e ser caracterizada pelas facilidades nas relações de trabalho, é um "mar de rosas". Porém, de acordo com Barros (1990) apud Amaral et al (2007), para se tornar um atleta profissional assediado pela torcida e pela imprensa especializada, ganhador de títulos e de altos salários, é necessário muito empenho.

    Segundo Melo (2010) a carga horária que um atleta em formação dedica ao futebol em pouco difere do tempo dedicado para freqüentar a escola. O autor afirma que o tempo de treinamento nas categorias de base é semelhante ao das equipes profissionais, portanto, em termos práticos a carga horária de dedicação de adultos e aspirantes a atletas é a mesma. Desta forma verifica-se que o treinamento de um jovem iniciante é altamente exigente ocupando boa parte do tempo que deveria ser dedicado à escola.

    Melo (2010), relata que o fato do tempo de dedicação à formação no futebol ser igual ou superior ao de dedicação à escola pode criar problemas no processo de escolarização.

    Para exemplificar, o atleta que começa na categoria mirim aos 12 anos (idade equivalente ao sexto ano escolar) se completasse o ensino médio aos 17 anos (quando estaria no último ano da categoria sub-17) teria tido, uma carga horária de 4.800 horas na escola contra 4.165 horas de treinamento no futebol, sem contarmos os jogos nos finais de semana. Isso nos permite vislumbrar o significado do tempo gasto para a formação no futebol (MELO, 2010, p. 21).

    A rotina árdua dos candidatos a profissionais do futebol exige, na maior parte das vezes, a renúncia a atividades comuns na vida social dos jovens. A busca por esta profissionalização pode ser iniciada antes mesmo dos 12 anos de idade, e implica aproximadamente 5 mil horas de prática de atividades corporais específicas ao longo de 10 anos (DAMO, 2005).

    Todo esse investimento de tempo na formação esportiva pode influenciar a qualidade da dedicação à escola. Além disso, caso os atletas sejam mal sucedidos no esporte, dificilmente o capital corporal adquirido em anos de formação futebolística se converterá em outras oportunidades de carreira no mercado de trabalho (SOARES et al, 2011).

    O fato de dedicarem-se exclusivamente a prática do futebol, leva os jogadores iniciantes, caso não consigam se mantiver nos clubes, a um possível despreparo para a vida profissional futura.

    Em pesquisa realizada por Rodrigues (2003) está revelou que os principais sacrifícios na formação do jogador de futebol são as concentrações (50%), a renúncia à vida pessoal (26,8%) e os treinamentos excessivos (23,2%).

    Para Rodrigues, as concentrações podem ser entendidas como uma forma de controle total do atleta implicando no domínio do corpo e da alma. O objetivo é deixar os atletas separados do mundo extrafutebol. Conforme o autor, o futebol moderno exige um ascetismo profissional praticamente religioso, tendo no futebol um fim em si mesmo.

    O jogador perde parte considerável do controle sobre seu corpo e sua vida, em detrimento do crescimento do controle que os clubes assumem sobre o mesmo. Os treinamentos e as concentrações consomem muito tempo da vida destes atletas, numa fase em que estes jogadores, não estão amadurecidos para tomarem decisões sobre seu futuro. Percebe-se que o processo de formação do jogador de futebol é especial, exige um tremendo sacrifício por parte do atleta.

    Para Rodrigues (2003), estes fatos contrastam com o discurso do senso comum, segundo o qual a vida de jogador de futebol é moleza, formada por jogos, brincadeiras, apenas por momentos agradáveis.

    Esses sacrifícios mencionados anteriormente podem ajudar-nos a explicar as razões porque a maioria dos jogadores de futebol no Brasil tem origem nas classes menos abastadas, médias e populares.

    Pois, segundo Medina (2001) apud Rodrigues (2003), os jovens de famílias ricas mostram menos disposição para se submeterem ao conjunto de exercícios, esforços e sacrifícios inerentes ao mundo do futebol, especialmente ao futebol profissional.

    Outro fator pouco lembrado pela mídia, que se constitui dificuldade para o jovem tornar-se um jogador profissional de futebol, são as mudanças no circulo social ocasionadas pela rotina do futebol.

    Em pesquisa realizada por Marques e Samulski (2009), sobre este tema, dos atletas participantes, 48,4% afirmaram sentirem falta de fazer outras atividades fora do ambiente do futebol. As atividades mais citadas por esse grupo foram: estar com a família, namorar e sair com os amigos.

    Os resultados configuram mudanças drásticas no círculo de amizades dos atletas que, antes de se tornarem jogadores de futebol, tinham os amigos da rua, do bairro e da escola como referência, sendo que hoje estas amizades concentram-se no meio esportivo.

    Para os autores as amizades construídas no futebol são fruto de convivência e não da afinidade. O amigo que aconselha pode ser o mesmo que toma o lugar no time.

    A grande maioria dos atletas percebe que sua vida social mudou de alguma forma após tornar-se jogador de futebol. Quase a metade dos atletas pesquisados por Marques e Samulski (2009), afirmam sentir falta de fazer outras atividades fora do futebol e citam o contato com a família, os amigos e a namorada, como o que mais sentem falta.

    Neste contexto, para ser tornar um jogador de futebol, este jovem deve abdicar das experiências e dos prazeres que um jovem “comum” vivência no seu cotidiano.

3.     A ilusão de ser um “pop star” no futebol

    O futebol é um esporte com grande prestígio no cenário nacional e internacional. Parte deste fascínio se associa ao grande aporte midiático que recebe. Esta ampla divulgação fomenta o surgimento de inúmeras escolinhas de futebol, que cada vez mais cedo levam as crianças - em geral, meninos de origem das camadas médias e populares - a almejarem seu desenvolvimento técnico e tático, visando uma oportunidade no restrito mercado do futebol profissional (SOARES et al, 2011).

    Segundo Loureiro (2007), acontece no final da fase do amadorismo nos clubes de futebol um, um processo de exclusão, através da exigência física e alta performance dos atletas; fato que ocorre é o chamado “funil” ou “peneira”. Este fato acontece principalmente com as categorias juvenil (16 e 17 anos) e juniores (18 a 20 anos) que por diversas vezes passam por este processo de dispensa do clube. São estas categorias que definem o futuro do jogador de futebol, por serem as últimas antes da categoria profissional.

    Além deste funil, outro fato pouco comentado pela mídia, são os salários dos jogadores de futebol no Brasil, que de um modo geral são baixos se considerarmos o desejo de mobilidade social e econômica desses jovens.

    Segundo (HELAL et al., 2005 apud SOARES et al, 2011), os dados disponíveis indicam que 84% dos jogadores, de todas as divisões do futebol profissional no Brasil, recebem salários de até dois salários mínimos, 13% recebem entre dois a quinze salários mínimos, e apenas 3% recebem acima de quinze salários mínimos. Esses indicadores não sofreram mudanças significativas nos últimos seis anos.

    Mesmo com a divulgação desses dados, a busca pela profissionalização no futebol ainda continua sendo um sonho, dos jovens de nossas categorias de base. Principalmente de se tornarem jogadores de grande prestígio na Europa.

    Para Damo (2005), o mercado de futebol europeu é o que absorve a maior parte dos jogadores brasileiros exportados, mas o destino dessa massa é se estabelecer em clubes europeus de segunda e terceira divisões ou em países em que a remuneração está aquém do imaginário dos altos salários do futebol.

    O autor também aponta que o mercado do futebol no Brasil é formado por 800 clubes filiados à Federação Internacional de Futebol (FIFA), sendo que apenas 2,5% desses clubes possuem a preferência de 90% dos consumidores do espetáculo futebolístico. Para o autor, esta preferência indica que o potencial de exploração dos produtos que os clubes podem vender junto ao público consumidor (torcedores) é desigual e reduz significativamente os postos de trabalho mais bem valorizados economicamente.

    Sabe-se que não está errado sonhar em ser jogador profissional, nem convergir esforços na tentativa de atingir essa meta. Mas, ainda que os menores a as famílias não percebam, o Estado, os clubes e os seus dirigentes sabem das mazelas dessa busca, da dedicação quase integral, do número quase irrisório de vagas para a carreira da bola e ainda da necessidade que é imposta aos jovens que se vêm obrigados a deixar a escola, já que não conseguem conciliá-la com os treinos pesados. Acompanhando essa realidade, há ainda os problemas relacionados ao período de transição da carreira.

    Para Brandão (2001) apud Amaral et al (2007), muitos jovens, acreditando que a fama durará para sempre, dedicam-se a anos de preparação, alienando-se da possibilidade de uma nova atividade quando o momento de "pendurar as chuteiras" chegar. Segundo os autores, durante a vida esportiva, o atleta passa por diversas transições, todas elas com exigências de ajustamentos e características próprias, sendo a aposentadoria uma fase inevitável.

    Desta forma, a maioria dos jogadores, no desfrute dos "benefícios" da carreira, não está preocupada com o seu encerramento, ou seja, com a readaptação social, que é dificultada pela abstração a que estes se submetem quando ainda estão atuando.

    Para Roffe (2000) apud Amaral et al (2007), após o encerramento da carreira, a grande maioria passa por enormes dificuldades ao tentar se reintegrar à sociedade.

    Outro aspecto que cabe ressaltar são as diferenças de tratamento, entre atletas negros ou oriundos de classes menos providas dos atletas brancos e de origem mais abastada.

    Para Giulianotti (2002), estes casos de discriminação acontecem desde o processo de seleção dos atletas na formação das equipes.

    Conforme o autor:

    Para atletas não-brancos, a experiência do racismo começa na escola. Os professores esperam um nível acadêmico relativamente limitado dos alunos negros, tacitamente conscientes de que suas oportunidades de trabalho são pequenas. O currículo é modificado para maximizar sua habilidade esportiva natural. Uma vez estabelecidos dentro do futebol, os jovens jogadores negros têm menos chances de compartilhar das brincadeiras e da camaradagem dos colegas de equipe brancos. Estereótipos raciais sobre as habilidades atléticas e a baixa inteligência dos negros continuam durante a seleção do time (2002, p. 205).

    Além da dificuldade que os jovens futebolistas vivenciam, para alcançar seu objetivo de tornar um futuro profissional de futebol, o jovem negro ainda precisa ultrapassar a barreira do racismo para manter-se neste segmento.

    Conforme a pesquisa de doutorado, realizada pelo sociólogo Vieira (2001) com 327 jogadores de 17 clubes do Rio de Janeiro mostra que, enquanto 26,6% dos atletas brancos ganham um salário mínimo, entre os negros essa proporção é de 48,1%, quase o dobro. No alto da pirâmide salarial estão os brancos, com 24,8% de atletas ganhando mais de 20 salários mínimos, já somente 17,1% dos negros recebem mais de 20 salários.

    O presente estudo também demonstrou que os salários dos negros costumam atrasar mais que o dos brancos, além de receberem menos convites para aparecerem ao lado dos dirigentes dos clubes, chegando até a serem tratados com desprezo pelos cartolas.

    O sonho de ser Ronaldo, Rivaldo, Romário, Ronaldinho, Neymar e outros, perpassa no discurso e no imaginário de todos os jovens iniciantes no futebol, indistintamente da origem social.

    Segundo Balzano (2008), 99% dos jovens questionados quando assistem a uma partida de futebol pela TV sonham em ser um jogador famoso. Na mesma proporção 99% dos jovens entrevistados deixariam tudo de lado para obter sucesso na carreira. O contraste entre o desejo e a realidade é infinitamente grande e desproporcional. De cada 1000 jovens interessados somente 2 ou 3 chegam a iniciar e desses, somente 3% concretizam o sonho de ser um jogador famoso.

    Estes 3% que alcançam a carreira profissional ainda segundo pesquisa de Amaral et al (2007) uma boa parcela abandonam a carreira pela falta de pagamento, a instabilidade no emprego, os baixos salários recebidos, a distância da família, e as graves lesões.

    É consenso que a miséria, a marginalidade são graves problemas estruturais da nossa sociedade. O futebol para os membros das camadas populares é uma aposta que pode mudar esta realidade. A escola para as camadas populares está longe de ser o caminho da ascensão social para a maioria daqueles que completam o ensino fundamental.

    A banalização da escola se dá pela “esperança” em serem milionários através do futebol, mas apenas 3% de todos os jogadores do mundo atingem este patamar.

4.     O contexto da escola na formação dos jovens atletas de futebol

    A educação é um direito fundamental de todos os homens, em qualquer lugar do mundo. A palavra vem do latim educatione, nome que os romanos davam ao processo de desenvolvimento físico, intelectual e moral do ser humano, realizado em escolas e dirigidos por docentes, os principais responsáveis pela formação integral dos alunos. (BRANDÃO, 2007).

    É a educação que constrói uma nação justa e igualitária, efetivamente participante na democracia e na vida política (ROSA, 2009).

    O termo escola deriva do latim schola e refere-se ao estabelecimento onde se dá qualquer gênero de instrução. Também permite fazer alusão ao ensino que se dá ou que se recebe, ao conjunto do corpo docente e discente de um mesmo estabelecimento escolar, ao método, ao estilo peculiar de cada professor/docente para ensinar, à doutrina, aos princípios e ao sistema de um autor. (BRANDÃO, 2007).

    A escola representa um papel sociocultural importante na vida dos jovens, de acordo com Dayrell (1996) aprenderem a escola como construção social implica, assim, compreendê-la no seu fazer cotidiano, onde os sujeitos não são apenas agentes passivos diante da estrutura. Ao contrário, trata-se de uma relação em contínua construção, de conflitos e negociações em função de circunstâncias determinadas. Tal ação visa a permitir ao jovem socializar-se, integrar-se ao meio, à instituição e a quem lhe nela estiver inserida.

    Segundo Dayrell (1996):

    Desta forma, o processo educativo escolar recoloca a cada instante a reprodução do velho e a possibilidade da construção do novo, e nenhum dos lados pode antecipar uma vitória completa e definitiva. Esta abordagem permite ampliar a análise educacional, na medida em que busca apreender os processos reais, cotidianos, que ocorrem no interior da escola, ao mesmo tempo em que resgata o papel ativo dos sujeitos, na vida social e escolar. (Dayrell, 1996, pag. 2)

    O autor afirma ainda que é de fundamental importância que a escola compreenda as diversas diferenças entre eles enquanto indivíduo que possui uma historicidade, com visões de mundo, escalas de valores, sentimentos, emoções, desejos, projetos, com lógicas de comportamentos e hábitos que lhe são próprios.

    A ausência deste instrumento essencial aos homens, como aponta Freitag (2001), acrescenta-lhes certa incapacidade emocional e intelectual para enxergar a complexa realidade e exigências presente no mundo contemporâneo.

    Nas instituições futebolísticas, a educação escolar, sua inclusão e exclusão têm fortemente relacionado nas discussões o fator cultural que a sociedade tem pré-estabelecido quanto ao jogador de futebol não ter necessidade à educação escolar.

    As torcidas pensam apenas nas vitórias que os atletas, seus grandes ídolos, trarão para seus times, esquecendo-se que são seres humanos com sentimentos como qualquer um de nós, e não máquinas de alto rendimento e performance.

    O esporte hoje é sinônimo de negócio, de grandes lucros e movimentações econômicas. E a escola, essa com pouco valor aos que aplaudem o futebol.

    Segundo Loureiro (2007) são esses mesmos que esperam resultados positivos de seus atletas (neste caso não apenas torcedores, mas também as instituições futebolísticas) os que criticam quando jogadores de futebol, “jogam fortunas pela janela”, ou vão à televisão e falam alguma “bobagem” com comentários que são pessoas sem conhecimento, chamadas, muitas vezes, de ignorantes.

    Hoje no futebol, a questão da educação e inclusão escolar é um grande desafio frente à instituição e a sociedade como um todo, e não como uma disputa entre profissionais, mas sim como garantia de direito.

    É importante ressaltar a contradição por parte das atitudes dos atletas, como deixar de freqüentar a escola por ver como obrigação e cobrança e não como um direito; perdendo a oportunidade de inclusão na educação por considerar desnecessário exercer o seu direito.

    Para Loureiro (2007), a freqüência do adolescente na escola, além de ser um direito básico a ser garantido, enriquece o desenvolvimento do jovem adolescente como cidadão e suas relações. “A escola é um espaço privilegiado de encontro cotidiano com um grande grupo... espaço de aprendizado e socialização”. (UNESCO, 2004 apud LOUREIRO, 2007).

    Para desenvolvimento dos atletas tanto dentro da instituição futebolística como fora da mesma, na sociedade, no mundo, as relações obtidas através da inclusão do jovem na escola devem ser tomadas como fator chave e potencializadas na forma de incentivo à freqüência escolar.

    Os atletas seguem a cultura de uma sociedade que acredita na não necessidade do jogador de futebol em freqüentar a escola.

    Esta cultura é intrínseca a estes jovens atletas, esquecem que a educação faz parte da formação do ser, não apenas para si próprio, mas também para as relações e maior capacidade de reflexão quanto à sua posição na sociedade (LOUREIRO, 2007).

    Conforme Freitag (2001), o homem somente pode vir a ser homem através da educação. Ele não é outra coisa senão o produto de sua educação.

    A permanência na escola dos jovens atletas futebolistas vem diminuindo cada vez mais no decorrer dos anos. Muitos meninos sonham em ter um futuro brilhante no futebol, e com o mesmo uma ascensão financeira, contudo após ingressarem em uma equipe de futebol, visando uma oportunidade de crescimento, muitas vezes acabam abandonando os estudos, e não chegam a concluir o ensino médio.

    Para elucidar esta afirmação, Marques e Samulski, (2009), realizaram pesquisa com jovens atletas promissores do futebol brasileiro para verificar sobre a série que esses atletas cursaram ou estão cursando. A soma dos percentuais desde a 1ª série do Ensino Fundamental até a 2ª série do Ensino Médio indica que pelo menos 53,2% dos atletas está defasado com relação à série correspondente à sua idade. Para os pesquisadores, o fato da maioria destes atletas não morarem com os pais certamente é um agravante. Segundo os mesmos, alguns clubes no Brasil possuem uma escola dentro de suas instalações ajudando os atletas a continuar estudando.

    É importante que existam clubes brasileiros com esta preocupação, pois esta iniciativa possibilita que os currículos destas escolas sejam adaptados, podendo incluir conteúdos aplicados ao meio esportivo e à realidade dos atletas, tais como línguas estrangeiras, linguagem midiática, planejamento da carreira e informática.

    Para Mello (1997), as escolas além de valorizar as disciplinas básicas, estas deveriam trabalhar com conteúdos sociais e culturais locais. Áreas do conhecimento que contemplassem os direitos humanos, preservação do meio ambiente, igualdade raciais e sexos, direito do consumidor entre outros.

    Para Marques e Samulski (2009), um aspecto que pode ser limitador da escola instalada dentro do clube é a diversificação dos círculos sociais, pois ao freqüentarem uma escola regular, os atletas têm contato com outros jovens não envolvidos com o esporte, possibilitando novas amizades. Treinando e estudando no clube, o contato social fica restrito aos colegas do futebol.

    Conforme Soares et al (2009), embora os clubes mantenham os jovens jogadores matriculados em escolas públicas ou privadas, o acompanhamento do processo de escolarização difere de clube para clube. Muitos desses jovens chegam aos CTs com um histórico de abandono escolar ou com defasagem de aprendizagem, se for considerada a idade ideal de passagem pelos anos de escolarização básica.

    Para além dos problemas de investimento e de qualidade que enfrentamos na escola brasileira e do desinteresse pelos conteúdos com ausência de significado para o seu cotidiano, esses jovens atletas, em geral, enfrentam variados percalços no processo de escolarização que são específicos desses jovens trabalhadores: cansaço físico pelo excesso de treinamento; falta de tempo para o estudo e para assistir às aulas, em função das constantes viagens que realizam; falta de motivação pelo sucesso escolar; e interesse central no futebol, tornando a escola um objetivo secundário em suas vidas.

    Mello (1997) apresenta uma solução para esta dificuldade, para autora uma forma de renovar o interesse dos alunos pela escola, é transmitindo conteúdos voltados para a realidade sociocultural local.

    Segundo Mello (1997), a questão da repetência e da evasão escolar deve ser tratada como prioridade pelos gestores. Conforme a autora, para superar estas duas questões, deve-se fazer uma profunda reformulação na forma de organizar o percurso escolar, os objetivos escolares devem levar em conta as condições peculiares das regiões e escolas.

    É importante que se faça diagnósticos com os alunos para inserir diferentes pontos de partida, a realização de medições em níveis nacionais ou estaduais, também auxiliaram neste novo processo.

    Arroyo (2011) colabora com a idéia anterior, descrevendo que os jovens e adolescentes devem ser vistos pela sociedade e escola, como sujeitos ativos, afirmativos, passiveis de direitos. Para o autor através desta visão positiva pode – se criar uma proposta pedagógica que atraia o jovem e o adolescente na escola.

    No contexto futebolístico, o desempenho técnico de um jogador de futebol é resultado do seu potencial genético, somado aos procedimentos contínuos de ensino -aprendizagem - treinamento, onde estão incluídos os componentes técnicos, táticos, físicos e cognitivos em interação direta com o meio ambiente (CARRAVETTA, 2006).

    Para o autor, a aprendizagem cultural está presente em todos os lugares, em todos os momentos em cada espaço da vida cotidiana de futebolista, tanto que os estímulos culturais que o envolvem exercem significativa influência na trajetória do seu desenvolvimento integral. Aquilo que Bourdieu (1989) diz fazer diferença no mundo contemporâneo: “o capital cultural”.

    Para jogar no futebol moderno, se faz necessário o conhecimento e a inteligência para o esporte. A escola pode contribuir muito para este aprendizado. Pois o futebol praticado atualmente é um esporte complexo e dinâmico, com variabilidade de situações, trazendo importantes contribuições para o desenvolvimento da personalidade das crianças e jovens, pois requer não só força e velocidade, mas também coordenação e, sobretudo, inteligência tática, que se expressa na relação dos processos cognitivos de percepção e tomada de decisões necessárias às soluções dos problemas do jogo.

    Conforme Greco (1998), esses elementos aparecem durante os jogos nas ações individuais, nas ações de pequenos grupos de jogadores e nas ações táticas da equipe como um todo. Estas últimas são particularmente complexas, pois as ações dos indivíduos no conjunto solicitam estratégias dinâmicas da equipe, que precisam ser ajustadas para contrapor às estratégias adotadas pela equipe adversária.

    Todas essas dimensões explicam o encanto que o futebol exerce e a sua grande popularidade. Por outro lado, essas características do jogo também impõem inúmeros desafios à pedagogia do treinamento de crianças e jovens atletas. O jogador de futebol deve saber fazer as relações e organizar as informações relevantes às ações de jogo, entre elas: o que fazer (situação); quando fazer (tempo); onde fazer (espaço) e como fazer (forma).

    Segundo Filgueira e Greco (2008), a grande variabilidade e complexidade de situações de jogo apresentam-se como obstáculo para aqueles jogadores que não conseguem perceber e compreender os elementos presentes, como é o caso dos iniciantes e dos que se afastam da escola básica.

    Na área do Treinamento Esportivo a formulação dos construtos capacidade de jogo, capacidades táticas, comportamento tático, se relacionam particularmente com a psicologia cognitiva, na compreensão da complexa unidade cognição-ação. (GRECO, 2006).

    A aprendizagem cognitiva é aquela em cujo processamento predomina os elementos de natureza intelectual, tais como a percepção, raciocínio, memória, tomada de decisão, entre outros (CAMPOS, 1987).

    Neste sentido, para Greco e Matias (2010), a cognição é pertinente dentro do processo de ensino – treinamento - aprendizagem para melhorar as soluções de problemas dos atletas diante das obrigações nos esportes coletivos.

    O desenvolvimento do aspecto cognitivo é muito importante para o atleta. Mas será que os jovens atletas de futebol e aqueles que os cercam percebem a importância da educação, para jogar futebol e ampliar sua visão de mundo?

    Segundo Carravetta (2006), no que se refere à escolaridade dos atletas de futebol, e sua permanência na escola, o atleta permanece um tempo reduzido na escola. Para o autor é pequeno o percentual de atletas que chegam à equipe principal com o 2º grau concluído. Já nas divisões de base o grau de instrução médio é a 8ª série do ensino médio.

    Estes dados podem ser interpretados em função do regime de treinamento, pois uma boa parcela freqüenta a escola no turno da noite, após uma carga de trabalho muito grande durante o dia. Outra parcela de atletas abandona a escola para se tornarem “pseudosprofissionais” do futebol, evidenciado restrita persistência as dificuldades acadêmicas, dando prioridade ao treinamento das potencialidades técnicas e físicas em detrimento das intelectuais.

    Para Carravetta (2006), a interrupção das atividades escolares acarreta restrições à educação formal, limitações no que se refere à visão de mundo, cidadania, amizades, experiências, senso de lógica e convivência com outras lideranças de fora do contexto do futebol. A falta de escolaridade provoca reduções nas representações mentais, nos processos de análise das informações, no desenvolvimento da capacidade de compreensão e nos mecanismos de comunicação.

    Segundo o autor a importância da escola na vida dos jovens futebolistas é reduzida devido a não exigência para o exercício da profissão de jogador.

    Mas o que observamos pela falta de formação cultural básica, são contratos mal feitos, pouco cuidado com a imagem e despreparo frente aos veículos de comunicação, deslizando freqüentemente nas suas declarações.

    Pesquisas educacionais sugerem que pouca dedicação à escola na educação básica reduz a perspectiva de empregabilidade e compensações financeiras futuramente. (NERI, 2009).

    A falta de interesse pela escola relaciona-se possivelmente ao desconhecimento dos benefícios que podem ser adquiridos com a aplicação nos bancos escolares.

    Para Neri (2009), a relação entre a taxa de ocupação e os níveis de escolaridade aumenta de acordo com os anos dedicados à vida escolar. Os números apontam que para aqueles que freqüentaram até um ano em toda vida os bancos escolares a porcentagem de ocupação é de 59,8 pontos, e para os indivíduos com níveis de pós-graduação o percentual é de 86,3%.

    É evidente que a dedicação aos estudos permite uma maior possibilidade de ocupação na vida adulta, mas sua recompensa está longe do imediatismo de muitos jovens (SOARES et al, 2011).

    Conforme os autores, provavelmente, “os jovens ignoram a importância da educação por desconhecerem tais variáveis objetivas, outra possível razão é que os maiores retornos estão longe no horizonte de tempo”.

    Esse quadro pretende insinuar que o futebol pode ser visto como uma porta de entrada para aqueles que apostam no sonho de rápida mobilidade econômica e social em um mercado que pouco depende da formação escolar.

    Soares e et al (2011), complementam que além da pressa dos jovens em um mundo marcado pela celeridade, do sonho de enriquecer por meio da profissão de jogador de futebol e dos problemas estruturais da escola atual, que parece não dar conta dos desejos e necessidades dos adolescentes, outros fatores também poderiam contribuir para o desinteresse pela escola, como a falta de capital cultural dos pais; a falta de tempo para cobrar dos filhos um bom rendimento escolar; as incertezas e exigências cada vez maiores do mercado de trabalho; o apelo midiático e o glamour que envolve determinadas profissões, como a de jogador de futebol, marcadas pela “aura” do talento e pela idéia equivocada de que não demandam muito esforço; entre outros aspectos.

    Precisamos urgentemente nos perguntar sobre o que serão e farão os garotos ao não atingirem o objetivo e pior: sem formação para prosseguir em mundo no qual como nos disse Brandão (2005) apud Amaral et al (2007) para viver e saber conviver necessitamos da educação.

    Pois segundo Amaral et al (2007), na atualidade, os horizontes tem se mostrado deveras estreitos para quem não possui os instrumentos que somente a educação pode oferecer.

    Contribuindo com as afirmações acima, Santos (2011) coloca as seguintes questões: Será que os meninos da bola, a julgar pela formação que possuem, teriam em e por si mesmos estrutura para dar conta da necessidade e da falta que a educação no futuro lhes farão? A educação escolar é algo que necessitamos sempre. Não seria então o momento oportuno do clube contribuir como uma espécie de “tutor” daqueles a quem de certa forma lhes é são entregues em uma fase decisiva da vida?

    Para Damo (2005), não se deve por sobre os ombros dos clubes brasileiros todo o peso.

    Já para Santos (2011) o problema é que até o presente momento, no caso do futebol brasileiro, nenhuma responsabilidade deste tipo é atribuída a estas instituições formadoras de jogadores de futebol e com quem os garotos possuem algum tipo de vínculo. Segundo o autor, a única parte que lhe compete no momento (pelo menos para a maioria) é o lucro com a negociação dos jovens atletas (que lhes custam quase nada e lhes dão lucros consideráveis).

    Segundo o autor, não seria, portanto a ocasião dos clubes brasileiros adotarem uma ação similar ao que é feito na França? Neste país, a formação vai além dos gramados demonstrando uma preocupação social, pois se os garotos não derem certo como jogador tem a possibilidade de dar continuidade a sua vida, visto que ações sociais integradas (a formação clubística e a formação escolar) foram empreendidas neste sentido.

    Segundo Souza et al (2008), no Brasil, grande parte dos atletas que chegam à categoria sub-20, não são aproveitados pelo mercado. Nesse caso, os malsucedidos, com baixo capital cultural, encontram dificuldades para se recolocarem no mercado fora do esporte. Desta forma, para os malsucedidos, o diploma escolar seria uma credencial que facilitaria a recolocação profissional.

    Observamos que, no Brasil, os jovens atletas do futebol estão destituídos das benesses da vida, pela falta de um instrumento sem precedentes, o qual Bourdieu (1989) dirá ser na vida o elemento que os distingue e os definem (educação).

    Sem a educação, nos diz Freitag (2001), perdemos a nossa essência humana, encontramo-nos mutilados e daí inferimos a impossibilidade de inclusão a determinados grupos sociais, faltando-nos para isso os elementos essenciais para participar da vida no amplo sentido.

5.     Considerações Finais

  • Uma sugestão para minimizar esta defasagem em relação à educação é a orientação individualizada aos atletas, no que diz respeito à organização do tempo para treinamento e estudos. A priorização dos estudos no planejamento da carreira destes jovens é imprescindível, pois se trata do mecanismo mais importante de preparação para um possível término de vida esportiva e conseqüente adaptação a uma nova atividade não esportiva.

  • Os clubes de futebol têm a obrigação social irrefutável de exigir dos seus atletas não só a freqüência, mas o bom aproveitamento escolar, em escola pública, privada ou em escola técnica. Estes devem deixar claro que, só joga quem estuda.

  • Apreender e compreender (auxílio da imprensa) essa relação entre objeto e sujeito (futebol x atleta/ser humano) é fundamental, pois grande parte da população, de diferentes países e civilizações, pensam apenas na sua paixão pelos seus times do coração esquecendo-se dos sentimentos, angústias, sofrimentos, traumas psicológicos que os atletas podem estar passando.

  • Cabe aos profissionais envolvidos no futebol, sejam eles assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, dirigentes, técnicos, entenderem a realidade posta pelo capital e trabalho no mundo futebolístico, para desenvolverem processo que possibilite um futuro digno para estes jovens atletas.

  • É importante desmistificar a relação do jogador de futebol com o conhecimento, fruto desta paixão exacerbada, que se colocam rótulos nos atletas, principalmente no que diz respeito a: “jogador de futebol não precisa de escola nem de estudar”.

  • Este estudo indica que o foco das instituições futebolísticas está em jogar futebol, e este fato passa a ser a prioridade, esquecendo-se dos direitos garantidos aos atletas como cidadãos. A prioridade deveria ser a escola, pois para os jovens atletas a escolaridade é imprescindível para seu desenvolvimento e crescimento pessoal.

  • É fundamental desenvolver um canal de comunicação mais efetivo entre a escola e o clube futebolístico, para que ambos tenham informações sobre o desempenho e as necessidades desses alunos/atletas, para que possam dessa forma acompanhar e avaliar a evolução e o resultado dos mesmos nas duas instituições e assim contribuir para um melhor desempenho escolar e esportivo desses jovens.

  • A escola deve dar um tratamento diferenciado a esses jovens atletas, quanto a tarefas, avaliações, freqüência e até mesmo currículo (contextualização) e seu desenvolvimento (horários extras), sempre que tal atitude constitua-se fator de inclusão e de respeito às diferenças.

  • É importante construir políticas positivas (envolvendo clubes, escolas, famílias, imprensa e estado) que de fato contribuam para o atendimento de necessidades e demandas desse grupo diferenciado (meninos e jovens futuros jogadores de futebol). Isto significa não apenas mudar serviços, mas trabalhar em outra perspectiva que contemple a diversidade cultural e social desses alunos atletas.

Nota

    *Pseudoprofissão: a maioria dos atletas das categorias de base recebe uma ajuda de custo graças a um contrato especial. Nos grandes clubes, os atletas recebem alimentação, habitação, vale-transporte e assistência médica e odontológica (Carravetta, 2006 p.105).

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