A atuação dos professores de
Educação Física La actuación de los profesores de Educación Física en la escuela media: la formación inicial en estudio |
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*Profissional de Educação Física, Coordenador de Núcleo Programa Segundo Tempo Município de Criciúma, Santa Catarina **Professor do Curso Superior em Educação Física Licenciatura, UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense |
Sandro Just Wernke* Carlos Augusto Euzébio** (Brasil) |
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Resumo O presente estudo buscou investigar e analisar a formação inicial dos professores de Educação Física da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC para atuação com alunos do ensino médio. Fizeram parte, como colaboradores da pesquisa, oito professores de Educação Física que atuam, como regente de classe, no Ensino Médio. Concluímos que os professores que tiveram a formação na disciplina de Educação Física no ensino médio, trabalham mais conteúdos relacionados ao referencial teórico da própria disciplinas e os esportes alternativos, a disciplina de Educação Física no ensino médio contribuiu para a formação acadêmica dos professores para atuação com alunos. Unitermos : Ensino médio. Educação Física escolar. Formação de professores.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente estudo procurou investigar a formação inicial dos professores de educação física para atuação no ensino médio. A escolha deste tema se justifica conforme referencial estudados de Darido (1999) que os alunos de ambos os sexos, dos períodos diurno e noturno, chegam ao ensino médio demonstrando não dar tanta importância às aulas de Educação Física, resistindo em participar das mesmas, apresentando inúmeros motivos para serem dispensados.
A partir dessas considerações elaborou-se como problema pesquisar a preparação dos professores de Educação Física que cursaram a disciplina de Educação Física no Ensino Médio (EFEM) e hoje atuam no mesmo. Fomos pesquisar se conteúdos abordados pelo curso de Educação Física (Licenciatura) foram suficientes para a atuação profissional no ensino médio. Abordamos quais os conteúdos que os professores de Educação Física utilizam em suas aulas? Como os professores organizam seus planejamentos para as aulas de Educação Física?
Depreende-se do exposto até o momento, que o objetivo geral era articular um processo comparativo entre os professores de Educação Física com formação acadêmica na Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC na disciplina de (EFEM) e professores de Educação Física sem a formação acadêmica na disciplina de (EFEM) para lecionarem aulas do ensino médio.
A disciplina de Educação Física no ensino médio
Buscando compreender os princípios norteadores da disciplina EFEM, um dos temas centrais desse estudo, percebemos que esta disciplina foi acrescentada à nova matriz curricular do curso de Educação Física - Licenciatura da UNESC no ano de 2004, passando a ser obrigatória. Assim, serão apresentadas: ementa, conteúdos e referência bibliográfica que compõem os conteúdos da disciplina.
Ressaltamos que a organização desta disciplina constituiu o eixo articulador do referencial teórico desse trabalho, bem como contribuiu na formulação das perguntas do questionário aplicado aos professores.
Os conteúdos desenvolvidos nas aulas (EFEM) foram: Debate sobre a questão das aulas de Educação Física nas redes escolares, apropriação de conteúdos como o jogo, esporte, dança e possibilidades da educação física no ensino médio em uma educação para emancipação.
Educação Física na escola. O ensino médio no Brasil nos dias atuais
Libâneo (1994) afirma que não é suficiente o amor, a aceitação, para que os alunos adquiram o desejo de estudar mais, e progredir; é necessária a intervenção do professor para levar o aluno a acreditar nas suas possibilidades para ir mais longe, a prolongar a experiência vivida.
Segundo Darido (1999), o ensino médio vem passando por mudanças na discussão sobre as suas funções, embora ainda esteja sob o impacto da reforma ocorrida na década de 60, que atribuía ao ensino médio um caráter terminal diretamente voltado ou para a formação de técnicos de nível médio, ou ao ensino preparatório para universidades.
A aprovação da nova LDB (9394/1996) devolve ao ensino médio o caráter de formação geral, exigindo menos conhecimentos específicos e mais conhecimentos interdisciplinares. Sendo integrante a escolarização básica, o ensino médio encontra-se contemplado com a área de linguagens e códigos, na qual se inserem os seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Artes, Informática e Educação Física.
“No âmbito da Educação Física ainda não presenciamos uma discussão aprofundada a respeito das interfaces das disciplinas em grandes áreas: códigos e linguagem, ciência e tecnologia e sociedade e cultura”. (DARIDO, 1999, p. 139)
Sabemos que a Educação Física aos poucos tem buscado o seu lugar na escola, como uma fonte de conhecimento necessário para a construção de um novo cidadão, mais completo, integrado e consciente de seu papel na sociedade. Segundo Darido (1999), o ensino fundamental tem sido o centro das atenções de grande parte dos professores e pesquisadores, quer do ponto de vista da educação, quer da Educação Física. Isto ocorre na medida em que entendemos o ensino fundamental como porta de entrada para qualquer proposta mais ampla de democratização do acesso ao ensino, e ainda que muitos problemas e questões estão encravados neste nível de ensino. No entanto, os males estruturais que afetam a sociedade brasileira e o ensino fundamental também atingem o ensino médio com tanta ou maior intensidade, o que não é pouco e merece uma reflexão mais aprofundada.
Segundo Darido (1999), dois aspectos marcam decisivamente a participação e a implementação de proposta para Educação Física no ensino médio. O primeiro mostra que grande maioria dos alunos do ensino médio estuda no período noturno, em torno de 70%. Até a vigência da LDB anterior de 1971, os alunos do curso noturno, a maioria trabalhadores, tinham à disposição legal os pedidos de dispensa. Se não faziam, em muitos casos, a direção da escola incentivava tal prática. Outro fator que leva alguns alunos a optarem por não freqüentar as aulas de Educação Física é que os adolescentes se encontram descontentes com os conteúdos ou com a forma de atuação dos professores.
Libâneo (1994) comenta ainda que o ensino médio, por mais simples que pareça, envolve uma atividade complexa, sendo influenciado por condições internas e externas. Conhecer estas condições é fator fundamental para o trabalho docente.
Cabe a escola e ao professor de educação física, saber a realidade em que o mesmo atua, ponderar as melhores condições para ofertar a disciplina.
Educação Física no ensino médio: alguns estudos
Finck (1999) afirma que a falta de legitimidade decorre da ausência de organização de uma matriz teórica que a identifique, resgatando sua legitimidade social a partir de sua construção histórica e da definição do corpo teórico que lhe seja próprio e específico.
Darido (1999) apresentou estudos sobre a importância da Educação Física escolar, abordando assuntos como: a Educação Física para o aluno trabalhador, as diferentes propostas para a utilização da concepção de um planejamento participativo, do implemento de propostas para além dos esportes tradicionais; a formação do professor de Educação Física que trabalha no ensino médio e mais recentemente sugestões diferenciadas para o ensino da Educação Física.
Frey (2007) acrescenta que um planejamento participativo aumenta a participação e motivação dos alunos nas atividades, proporcionando a valorização da Educação Física dentro da escola e possibilitando a expressão dos alunos face ao caráter participativo da proposta.
Darido (1999) observa também que o ensino médio deve e pode partir da idéia de um planejamento participativo. As principais vantagens são: os níveis de participação e motivação dos alunos nas atividades propostas, a valorização da disciplina pelos alunos, a repercussão da proposta perante outros grupos não engajados e menor despersonalização dos educando face ao caráter participativo da proposta. Enquanto desvantagem, há um desgaste maior do professor no sentido de providenciar recursos materiais e teóricos frente à necessidade de coordenar diferentes programações em diferentes turmas; as próprias limitações de formação profissional do professor e dificuldades em encontrar materiais teóricos para desenvolver discussões sobre o movimento nos níveis socioculturais, ou seja, a inexistência de material didático para o ensino médio.
Medina (apud DARIDO, 1999) apresenta uma proposta para Educação Física no ensino médio em que trabalharia o desenvolvimento dos adolescentes sob o enfoque da cultura, o cognitivo, afetivo e físico. Propõe exemplos de aulas em que o professor expõe as táticas esportivas que podem ser colocadas em forma de problema para os alunos responderem, tornando os alunos mais críticos.
Nahas (2004) sugere que a função da Educação Física para o ensino médio seja a educação para um estilo de vida ativo. O objetivo é ensinar os conceitos básicos da relação atividade física, aptidão física e saúde, além de proporcionar vivências diversificadas, levando os alunos a escolherem um estilo de vida mais ativo. Esta perspectiva procura atender a todos os alunos, principalmente os que mais necessitam, já que muitos possuem uma baixa aptidão física, são obesos e portadores de deficiências. Neste sentido, foge do modelo tradicional que privilegiava apenas os mais aptos e que não atendia as diferenças individuais.
Costa (apud DARIDO, 1999), por outro lado, acredita que os alunos do ensino médio têm uma opinião formada sobre a Educação Física baseada em experiências pessoais vivenciadas no ensino fundamental. Se estas foram marcadas por sucesso e prazer, os alunos terão uma opinião favorável quanto a freqüentar as aulas. Do contrário, quando o aluno registrou várias situações de insucesso e de alguma forma se excluiu ou foi excluído, a sua opção será pela dispensa das atividades e reverter estas opiniões se constitui no maior desafio para professores do ensino médio.
Segundo Darido (1999), precisamos considerar as limitações e possibilidades que caracterizam o contexto do ensino aprendizagem da cultura corporal de movimento, surgindo daí uma intervenção significativa e real, é justamente dentro desta perspectiva que buscamos analisar as dificuldades.
Bracht (2003) relata que os professores no início de sua vida profissional, confrontam-se com realidades as quais não imaginam, como dificuldade de acesso, alunos que criam problemas, falta de material didático, instalações inadequadas e fragmentação do trabalho. Enfim, o professor se depara com inúmeros problemas dentro da escola que deixam sua autoestima abalada.
Uma das principais lutas que a Educação Física precisa travar, é tornar-se um componente curricular de extrema relevância para o adolescente, assim como outras disciplinas.
A dispensa das aulas de Educação Física
A Educação Física é obrigatória em todos os níveis de ensino, porém há algumas exceções. No texto de lei1 são apresentadas as condições em que a Educação Física torna-se facultativa: ao aluno do curso noturno ou diurno que comprove a sua jornada de trabalho superior a 6 horas, ao aluno maior de 30 anos que esteja prestando serviço militar, alunos doentes, mediante atestado médico, a aluno que tenha prole. Ressalta-se que essas condições são válidas para todos os níveis de ensino.
Para Darido (1999), seus pressupostos são questionáveis porque vinculam a área a um suposto gasto energético que os alunos já exaustos pelo trabalho não teriam condições de suportar, tal concepção ultrapassada de Educação Física, baseada em parâmetros energéticos e fisiológicos, desconhece a possibilidade da adequação de conteúdos e estratégias às características e necessidades dos alunos do curso noturno que trabalham, bem como inclusão de conteúdos específicos, exercícios de relaxamento e compensação muscular.
Para Mattos (2000), o educando vem, paulatinamente, afastando-se das quadras, dos pátios, dos espaços de práticas motoras escolares e isso, por outro lado, indica um conflito, pois há busca de experiências corporais que lhe tragam satisfação e aprendizado, como parques, clubes, academias e agremiações em locais extracurriculares. Tal fato aponta para o afastamento, exclusivamente, das práticas motoras escolares mostrando um desinteresse do jovem pelas manifestações da cultura corporal. O jovem dança, joga, luta e tem curiosidade pelos assuntos relacionados ao próprio corpo, veiculados pelos meios de comunicação. Parece, no entanto, não ter encontrado no componente curricular Educação Física um eficiente atendimento a essa expectativa.
A expressiva evasão dos alunos do ensino médio é reforçada pelas leis federais. A desvalorização do componente curricular perante as demais disciplinas – principalmente as consideradas como estratégicas para o vestibular; a colocação freqüente da Educação Física fora do período das demais disciplinas; as aulas do ensino médio são quase sempre uma repetição mecânica dos programas da Educação Física. Por outro lado os professores ressentem-se de material didático disponível na área para uma proposta de inclusão de conhecimento teórico.
Segundo Mattos (2000), a visão legal quando confrontada com a realidade da Educação Física no ensino médio apresenta um paradoxo: um quadro, que se bem analisado, nada nos mostra em eficácia, pois a prática pedagógica em pouco tem contribuído para a compreensão dos fundamentos da habilidade de aprender ou sequer para a formação ética. A falta de motivação dos alunos pelas aulas de Educação Física está relacionadas às próprias aulas. Eles afirmam que as aulas deveriam ser diferentes e necessitam de variação.
Para Mattos (2000, p. 94), na adolescência o corpo surge soberano, inábil, desproporcional e o adolescente precisa saber lidar e entender este novo corpo. Assim “os movimentos dos adolescentes já não são mais simplesmente o desabrochar, a manifestação do equilíbrio corporal, são elementos de uma cultura”.
As profundas transformações físicas, o rápido crescimento em altura e peso, as alterações nas proporções e formas do corpo e a maturidade sexual são temas candentes na adolescência e podem ser abordados como conteúdos pelos professores de Educação Física.
A Educação Física no ensino médio precisa fazer o adolescente entender e conhecer o seu corpo como um todo, não só como um conjunto de ossos e músculos a serem treinados, mas como a totalidade do indivíduo que se expressa através do movimento, sentimentos e atuação no mundo.
Metodologia
Buscando responder ao problema deste trabalho, que procurou pesquisar sobre a preparação dos professores de Educação Física que cursaram a disciplina de Educação Física no ensino médio, realizamos uma pesquisa de campo descritiva.
Para Minayo (1996, p. 51) este tipo de pesquisa pode ser entendida “como uma possibilidade de conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e estudar, mas também de criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo”.
A pesquisa foi realizada com oito professores, os mesmos atuam com Educação Física nas escolas da rede Estadual de Santa Catarina e rede particular de ensino das cidades de Criciúma, Forquilhinha e Içara.
Foram coletados os dados com professores que tiveram sua formação acadêmica na UNESC, no curso de Educação Física Licenciatura Plena (G06)2 e professores que tiveram a formação acadêmica na nova (G08)3.
Apresentação, análise e discussão dos dados
Para melhor visualizar o questionário apresentado aos professores com formação acadêmica na G6 e professores com formação acadêmica na G8, foram elaboradas tabelas, que procuram mostrar com clareza uma análise qualitativa e quantitativa de como estão acontecendo as aulas de Educação Física nessas unidades escolares.
O repensar a prática docente requer um estudo sobre questões históricas e filosóficas ocorridas no passado. O homem procura, através dos anos, entender o seu passado, para que possa entender a realidade dos fatos atuais. (SHIGUNOV, 2001, p. 42)
Embalados por Shigunov (2001) temos que entender o passado para compreender o presente e projetar o futuro. Com o intuito de refletir a história da formação inicial e o ensino médio apresentaremos na seqüência as respostas dos professores participantes da pesquisa e analise qualitativa e quantitativa das mesmas.
Inicialmente apresentaremos alguns dados com o propósito de identificar as características principais dos professores sobre questões pertinentes à sua formação.
Tabela 1. Da formação. Fonte: Wernke (2009)
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Grade 06 |
Grade 08 |
Total |
Graduado |
---- |
02 |
02 |
Especialista |
04 |
02 |
06 |
Após a conclusão do curso de formação inicial, há a necessidade de dar continuidade a sua formação durante o desenvolvimento da carreira docente. Neste sentido, torna-se necessária a participação dos professores em programas de formação continuada, a fim de buscar atualização e aperfeiçoamento profissional. (SHIGUNOV, 2001, p. 25)
Observamos que os professores G06 são todos pós-graduados especialistas sendo, então, quatro especialistas. Na G08 há mais dois professores especialistas. Totalizando junto com os professores da G06 e professores da G8, seis professores especialistas na área da educação.4
Tabela 2. As disciplinas e os conteúdos oferecidos pelo curso de graduação contribuíram para
sua atuação como professor de Educação Física no ensino médio? Fonte: Wernke (2009)
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Grade 06 |
Grade 08 |
Total |
Sim |
01 |
03 |
04 |
Não |
01 |
---- |
01 |
Parcialmente |
02 |
01 |
03 |
Na G06 tivemos uma resposta sim, uma resposta não e duas respostas como parcialmente. Através deste conhecimento, tivemos como resposta um professor afirmando que as disciplinas ajudaram muito e os outros professores falaram que não tiveram uma disciplina específica que tratasse do Ensino Médio. Dos professores formados na G08 tivemos o seguinte resultado: três respostas como sim e uma resposta como parcialmente. Observando as respostas dos professores, podemos destacar que a disciplina de (EFEM) ajudou os professores a entender melhor a realidade política e o contexto escolar.
Segundo Moreira (2009), o mais importante é que as práticas pedagógicas dos professores sejam organizadas em função da aprendizagem dos alunos, levando-os à conquista da autonomia e da emancipação, tornando-os mais conscientes e críticos.
Tabela 3. Os alunos do ensino médio participam das atividades propostas nas suas aulas de Educação Física? Fonte: Wernke (2009)
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Grade 06 |
Grade 08 |
Total |
Sim |
03 |
03 |
06 |
Não |
---- |
---- |
---- |
Em algumas atividades |
01 |
01 |
02 |
Para Cunha (1996), a aula é um lugar de interação entre as pessoas e, portanto, um momento único de troca de influências. Assim, a relação professor-aluno no sistema formal é parte da educação e insubstituível na sua natureza. Destaca ainda que o aluno espera ser reconhecido como pessoa e valoriza no professor as qualidades que os ligam afetivamente.
Tabela 4. Você costuma fazer o planejamento participativo das aulas de Educação Física com os alunos? Fonte: Wernke (2009)
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Grade 06 |
Grade 08 |
Total |
Sim |
---- |
04 |
04 |
Não |
04 |
---- |
04 |
Nesta questão percebe-se expressiva diferença entre os professores com formação acadêmica na G06 e professores com a formação acadêmica na G08. As respostas dos professores com formação acadêmica da G06 é que não fazem o planejamento participativo, pois trabalham nas escolas da rede particular de ensino, e todo começo de ano letivo tem que ser entregue um planejamento anual à direção da escola, não podendo ser modificado durante o ano. Já outro professor que trabalha como ACT na rede Estadual Ensino de SC cita que as aulas ficariam somente com os alunos e iriam optar por uma única atividade, não tendo mais um professor para orientá-los.
As respostas dos professores com formação acadêmica da G08 é que a escolha junto com os alunos torna a aula mais “rica”. As escolhas dos alunos e os conteúdos problematizados muitas vezes tornam a aula mais crítica, sem falar das possibilidades de novas práticas pedagógicas. Conforme citação de um dos professores na questão seguinte.
5Quais os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física?
O que se espera é que o aluno do ensino médio tenha a oportunidade de vivenciar, de uma forma consciente e crítica uma maior variedade de práticas corporais. (ZUNINO, 2008, p. 08)
O grupo I vincula-se a conteúdos presentes na formação dos professores da G06 e professores da G8. Já o grupo II direcionou-se a conteúdos ministrados prioritariamente na formação dos professores da G08.
Tabela Grupo I, voltada para professores formados na G06
Tabela 5. Grupo I. Fonte: Wernke (2009)
Conteúdos Trabalhados |
Grade 06 |
Grade 08 |
Total |
Esportes Tradicionais |
04 |
04 |
08 |
Dança |
02 |
01 |
03 |
Ginástica |
03 |
01 |
04 |
Jogos (Xadrez, tênis de mesas e outros) |
03 |
01 |
04 |
Lutas |
01 |
01 |
02 |
Os esportes tradicionais são tratados pedagogicamente por todos os professores, demonstrando de forma inquestionável o caráter hegemônico que esse conteúdo goza na área. Os mesmos conteúdos são organizados por bimestre e semestre. As diferenças mais significativas que surgiram da análise das respostas dos professores foram relativas aos conteúdos: ginástica e jogos. Como os professores não justificaram suas respostas, a compreensão dos motivos dessas diferenças fica evidentemente prejudicada. Os conteúdos de dança e lutas mostram-se ainda pouco utilizados pelos professores, inclusive com considerações sobre a resistência que os alunos oferecem em relação ao conteúdo dança, fortemente carregado de preconceitos.
Tabela Grupo II, voltada para professores formados na G08
Tabela 6. Grupo II. Fonte: Wernke (2009)
Conteúdos Trabalhados |
Grade 06 |
Grade 08 |
Total |
Relaxamento |
03 |
01 |
04 |
Qualidade de vida |
04 |
02 |
06 |
Tênis |
01 |
03 |
04 |
Frisbee |
---- |
03 |
03 |
Futebol Americano |
---- |
02 |
02 |
Conforme citado acima, o grupo II diferenciou-se mais a conteúdos ministrados exclusivamente na formação dos professores da G08 do Curso de Educação Física - Licenciatura (UNESC). Neste grupo podemos ver a diversidade de conteúdos trabalhados pelos professores. Os professores da G6 trabalham mais consistentemente com o conteúdo relaxamento e qualidade de vida. Muito recentemente a sociedade, em especial a partir dos veículos de mídia, tem retomado o discurso da qualidade de vida, inclusive vinculando às práticas alternativas e/ou ligadas à natureza.
Conclusão
Buscamos então comparar os professores que tiveram a formação acadêmica na disciplina de EFEM e professores sem a formação acadêmica nesta disciplina.
A pesquisa com os dados tabulados indicou algumas convergências entre a G06 e a G08. Todos os professores pesquisados demonstraram preocupação com a formação continuada, justificando o interesse em boas práticas pedagógicas para os alunos. Os professores da G06 são todos especialistas e da G08 são 02 especialistas e outros 2 matriculados em curso de especialização.
A grande diferença entre os professores da G06 e da G08 foi em relação ao planejamento participativo junto aos alunos, essa expressiva diferença podemos concluir que os professores da G6 não utilizam o planejamento participativo com os alunos, sendo trabalhados assim somente os conteúdos escolhidos pelo professor. Já em relação ao planejamento participativo, todos os professores da G08 afirmaram utilizar-se do mesmo, pois assim fazem com que o aluno participe das aulas surgindo novos conteúdo, tornando as aulas mais motivadas como apontado por Darido (1999).
Constatamos que as disciplinas e os conteúdos ministrados nas aulas do curso de Educação Física - Licenciatura da UNESC, tanto na G06 quanto na G08, ajudaram os professores em sua atuação nas escolas. Os esportes tradicionais são tratados pedagogicamente por todos os professores (G06 e G08), demonstrando de forma inquestionável seu caráter hegemônico.
Há algumas diferenças significativas de conteúdos trabalhados pelos professores da G06 e G08. Os professores da G06 trabalham mais consistentemente com o conteúdo voltado para saúde. Muito recentemente a sociedade, em especial a partir dos veículos de mídia, tem retomado o discurso da qualidade de vida, inclusive vinculando a práticas alternativas e/ou ligadas à natureza. Já na G08 os professores trabalham conteúdos relacionados a sua formação acadêmica, voltada também para os esportes não hegemônicos.
Conforme Zunino (2008), o objetivo das aulas de Educação Física não pode ficar apenas no treinar movimentos repetitivos, atividades já conhecidas, mas ampliar as possibilidades de contextualização dos conteúdos da cultura corporal, por meio de conhecimentos através da vivência e da incorporação de conhecimentos.
Conforme conversa informal com um dos professores da G08, estes novos conteúdos nas escolas fazem com que o aluno participe cada vez mais das aulas, tornando-as cada vez mais motivadoras.
Sabemos que as escolas apresentam muita inércia, ou seja, é muito difícil implementar modificações substantivas, porém é a partir de uma formação cada vez mais abrangente que poderemos alterar essa realidade.
Para Cunha (1996), a aula é um lugar de interação entre as pessoas, portanto é um momento único de troca de influências. Assim, a relação professor-aluno no sistema formal é à parte da educação e insubstituível na sua natureza. Destaca ainda que o aluno espera ser reconhecido como pessoa e valoriza no professor as qualidades que os ligam afetivamente.
Conforme estudado, a formação inicial dos professores de educação física para atuação no ensino médio, a disciplina de EFEM, muito contribuiu para os professores da G08. Com a amostra de quatro professores que estão atuando com os alunos do ensino médio, podemos notar que os conteúdos trabalhados com os alunos são conteúdos diversificados, apreendidos em sua formação acadêmica. Estes novos conteúdos nas escolas fazem com que os alunos participem cada vez mais das aulas, tornando-as cada vez mais motivadoras.
Notas
Conforme Lei de Diretrizes e Bases 1996.
(G06) buscava a formação de profissionais para atuar em todas as áreas da Educação Física. Nesta matriz os professores não tiveram a disciplina de Educação Física ensino médio.
(G08) tem por objetivo a formação de docentes para trabalhar somente com Educação Física escolar. Nessa matriz passa a ser obrigatório que o acadêmico curse a disciplina de Educação Física no Ensino Médio.
Em conversa informal, os dois professores que não são especialistas colocaram que estão esperando turmas de pós-graduação para iniciar sua especialização. Essas informações constatam a preocupação dos recém-formados, com o intuito de capacitá-los para o mercado de trabalho e ampliar seus conhecimentos referentes à Educação Física.
“Inicialmente tem que se conhecer o histórico escolar e oportunizar no planejamento participativo conhecer outras modalidades”.
Referências
BRACHT, Valter; CAPARROZ, Francisco Eduardo; FONTE, Sandra Soares Della; Pesquisa em ação, Educação Física na escola, 2003.
CUNHA, M.I. A relação professor-aluno. 11° Ed. Campinas, SP, 1996.
DARIDO, Suraya. Educação Física no Ensino Médio. São Paulo: Revista Motriz. volume 5, dezembro de 1999.
FINCK, Silvia Cristina Madrid. A Educação Física: da crise geral para algumas crises particulares. Artigo Olhar de professor. Ponta Grossa, (2):181-193, 1999.
FREY, Mariana Camargo. Educação Física no ensino médio. A opinião dos alunos sobre as aulas. Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP, Buenos Aires - Ano 12 - N° 113 - Outubro de 2007.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Ed Cortez, 1994.
MINAYO, M.C. de S. Pesquisa social teoria, método e criatividade. 6° Ed. Petrópolis, 1996.
MATTOS, Mauro Gomes; NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física na Adolescência - Construindo o conhecimento na Escola. 1ª. Ed. São Paulo: Phorte Editora – 2000.
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Ensino Médio. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: Área Linguagem e códigos, 1999
MOREIRA, Evando; PICCOLO, Vilma Nesta . O quê e como ensinar Educação Física na Escola. 1° Ed. Fontoura. 2009.
NAHAS, Marcus Vinicius. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida: Conceitos e Sugestões para um Estilo de Vida Ativo. 3° Ed. Londrina. Editora Midigraf, 2004.
SHIGUNOV, Viktor e Alexandre Neto. Formação profissional e prática pedagógica. Londrina 2001.
ZUNINO, Ana Paula. Educação Física ensino médio. Curitiba. Ed Positivo 2008.
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