Benefícios do treinamento resistido à saúde Los beneficios del entrenamiento resistido en la salud de la persona mayor: un estudio de revisión |
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*Mestre em Educação Física (UNIMEP/SP) **Graduando em Educação Física (UNIVERSO/RJ) ***Docente do curso de graduação em Educação Física (UNIVERSO/RJ) (Brasil) |
Rubem Machado Filho* Carlos Paes** Edson Farret*** |
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Resumo A diminuição da força muscular com o envelhecimento e os baixos níveis de atividade física contribui para déficits funcionais e de equilíbrio. A literatura demonstra, através de inúmeros estudos, que o treinamento de força pode ser desempenhado por idosos com completa segurança, resultando em aumentos de massa muscular. Este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento dos efeitos do treinamento de força sobre a saúde da população idosa. Unitermos: Envelhecimento. Treinamento de força. Longevidade.
Abstract The decrease in muscle strength with aging and low levels of physical activity contributes to functional deficits and balance. The literature demonstrates, through numerous studies that strength training can be played by older adults with complete security, resulting in increases in muscle mass. This study aims to survey the effects of strength training on the health of the elderly population. Keywords: Aging. Strength training. Longevity.
Trabalho de conclusão de curso (TCC) de graduação em Educação Física apresentado a UNIVERSO/RJ pelo 2° autor.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
O envelhecimento é um processo inexorável e multifatorial, que inclui fatores genéticos e ambientais influenciados por doenças e hábitos deletérios à saúde (ARAÚJO, FLÓ, MUCHALE, 2010). No mundo, estima-se que o número de idosos atinja 2 bilhões em 2050, mas sabe-se que o envelhecimento pode cursar com perdas de capacidades que repercutem negativamente nas atividades de vida diária (AVD) (ARAÚJO, FLÓ, MUCHALE, 2010).
Os avanços científicos na área de saúde sinalizam para a importância da prática de exercícios físicos, principalmente os que exijam a capacidade de desenvolvimento de força muscular (CRIPA, GUERRA, AZEVEDO, 2009). O treinamento resistido apresenta atuação relevante na prevenção e auxílio no tratamento de diversas patologias crônicas degenerativas como: diabetes, hipertensão, osteoporose, sarcopenia dentre muitos outros já conhecidos (CRIPA, GUERRA, AZEVEDO, 2009).
A população idosa, como é extensamente descrito (ACSM, 2004), apresenta propensão ao desenvolvimento de hipertensão arterial e, portanto, pode se beneficiar de métodos não farmacológicos de controle da pressão arterial (PA) de repouso e prevenção do desenvolvimento de quadro hipertensivo (MUTTI et al., 2010). Nesse contexto, a identificação de efeitos específicos do treinamento de força (TF) é importante para assegurar uma apropriada prescrição para idosos, assim como portadores de hipertensão crônica (MUTTI et al., 2010).
A literatura demonstra, através de inúmeros estudos, que o treinamento de força pode ser desempenhado por idosos com completa segurança, resultando em aumentos de massa muscular, diminuição de gordura corporal e aumento de densidade óssea, e que esses fatores podem melhorar a capacidade funcional resultando em uma melhora da qualidade de vida dessa população (MACHADO FILHO et al., 2011). É importante que se entenda que não se deve abandonar tratamento de reposição hormonal ou ingestão de cálcio aleatoriamente. A atividade física ou o treinamento de força são atividades que auxiliam na prevenção e na manutenção (MACHADO FILHO et al., 2011).
A partir da problemática exposta, este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento dos efeitos do treinamento de força sobre a saúde da população idosa.
Metodologia
Foram pesquisadas as bases de dados Medline e Lilacs, utilizando os descritores: "idosos", "treinamento de força", "testosterona", "cortisol", "autoestima", "dependência", "longevidade", "" e "3a idade", no período 2009 a 2012.
Para o cômputo do total de estudos identificados foi verificada a duplicação entre as bases de dados, sendo cada artigo contabilizado somente uma vez. A partir dos estudos identificados, considerando a leitura dos títulos e resumos, foram selecionados aqueles artigos originais, todos os artigos selecionados foram avaliados considerando a leitura e análise criteriosa do texto completo, alguns artigos de revisão ou tese também foram utilizados.
Com o objetivo de localizar artigos que não tivessem sido encontrados na busca inicial, a lista de referências dos estudos incluídos foi utilizada para a identificação de outros artigos. Esses artigos também foram avaliados respeitando os critérios de seleção.
Efeitos do treinamento de força em ambos os gêneros de Idosos
Mutti et al., (2010), objetivando analisar o comportamento da PA (pressão arterial) sistólica (PAS) e diastólica (PAD) após uma sessão de TF (treinamento de força) realizada por 20 homens idosos normotensos treinados, saudáveis e experientes na prática do TF realizaram três séries de 10 repetições a 70% de 10 repetições máximas (RM) de um programa de sete exercícios, com 2 minutos de intervalo entre as séries e os exercícios. A PA foi medida em repouso e após o término da sessão de treinamento, com medidas a cada 10 minutos, num total de 60 minutos. Os pesquisadores supracitados concluíram que o estudo demonstrou reduções da PAS e PAD após uma sessão de TF realizada por idosos treinados. Estes achados demonstram que existe uma resposta hipotensiva ao TF por pelo menos 60 minutos em idosos treinados. Estas informações são relevantes para profissionais da saúde, por demonstrar a importância da prescrição de TF em idosos normotensos.
Em outro estudo realizado com idosos, Jannig et al., (2009), compararam a resposta hipotensiva de 8 idosos hipertensos (4 homens e 4 mulheres), inexperientes em TF. A amostra foi submetida a três sessões de TF realizadas em diferentes ordens de execução. No primeiro dia de treinamento, foram realizados primeiramente os exercícios de membros inferiores (MI) e depois os de membros superiores (MS); no segundo dia, a sequência foi realizada em ordem inversa, primeiramente MS e depois MI e no terceiro dia de coleta a série foi intercalada entre MS e MI. Os resultados desse estudo demonstraram que somente o programa alternado por segmento gerou redução significativa da PAS e da PAD em relação aos valores de repouso (MUTTI et al., 2010).
Na busca por uma melhoria da condição motora e consequentemente, de uma melhor condição de vida do idoso, há evidências de um impacto positivo em idosos portadores de AVC (acidente vascular cerebral), quando elevados a uma condição de treinamento de força que abrange não só o músculo esquelético, mas também a excitação neuromotora, proporcionando inclusive sensação de bem estar (CHAVES et al., 2009).
Acredita-se em uma plasticidade neural (capacidade de organização do Sistema Nervoso frente ao aprendizado e a lesão) devido ao fato de haver uma adaptação neural na fase inicial do treinamento de força, incluindo recrutamento aumentado na unidade motora e sincronização da descarga de unidade motora (CHAVES et al., 2009).
Com o processo de envelhecimento, há uma redução do número de receptores sensoriais, da densidade e sensibilidade dos mecanorreceptores da pele e a degeneração de nervos periféricos que comprometem algumas informações táteis (RICCI, GAZZOLA, COIMBRA, 2009). Levando em consideração que reduções na sensibilidade cutânea em membros inferiores estão associadas à diminuição do controle postural, desequilíbrio e risco de quedas em idosos (BRETAN, PINHEIRO, CORRENTE, 2010) e em membros superiores (mãos) pode levar a perda da função motora, a avaliação desta variável na população idosa pode ser de extrema importância.
Idosos saudáveis apresentaram menor sensibilidade cutânea quando comparados a adultos jovens, entretanto um recente estudo demonstrou um aumento de sensibilidade em um grupo de idosos pós-sessões de exercícios resistidos (CECCATO et al., 2011).
Ceccato et al., (2011), com objetivo analisar o efeito de uma sessão de exercícios resistidos na sensibilidade cutânea em idosas hipertensas e normotensas fisicamente ativas, bem como comparar a sensibilidade cutânea entre os dois grupos, realizaram um estudo, onde participaram 32 mulheres (65,8 ± 5,1anos; 69,5 ± 13,7Kg; 1,60 ± 0,1m) fisicamente ativas, que foram classificadas em hipertensas (n = 15) e normotensas (n = 17). Antes e após a sessão de exercícios resistidos, a sensibilidade cutânea da mão dominante foi avaliada em sete pontos anatômicos das regiões dorsal e palmar, por meio da estimulação de seis monofilamentos (Figura 1). As cargas empregadas durante a sessão de exercícios resistidos foram determinadas na semana anterior ao protocolo experimental. O resultado do estudo em questão revelou que não houve diferença estatisticamente significante no teste de sensibilidade cutânea, antes e após a sessão de exercícios resistidos, para ambos os grupos, entretanto, as participantes hipertensas apresentaram sensibilidade cutânea reduzida em alguns pontos quando comparadas com as normotensas.
Figura 1. Ilustração dos pontos testados e da maneira de aplicação (Ceccato et al., 2011)
O treinamento de força também age sobre os marcadores inflamatórios diminuindo sua ação metabólica negativa. Deste modo, o treinamento de força pode ser uma potencial estratégia terapêutica complementar (não-farmacológica) do idoso diabético (DIPENTA et al., 2007; CONSTANS, LECOMTE, 2007; ANTONINI, LIBERALI, CRUZ, 2010).
Aliada a redução de força muscular, com o envelhecimento, também se verifica a incidência de dificuldades musculares na execução de movimentos que envolvam potência muscular. A potência muscular atua como fator auxiliar na proteção contra quedas causadoras de lesões ósseas e musculares (ANTONINI, LIBERALI, CRUZ, 2010). Assim, hoje já é recomendado o treinamento de potencia muscular com exercícios de musculação para os idosos dentro de um nível seguro de trabalho, porque é constatada a necessidade dos mesmos em tarefas da vida diária em algumas ocasiões realizar movimentos rápidos (ANTONINI, LIBERALI, CRUZ, 2010).
Conclusão
O treinamento de força (TF) é um exercício físico que permite manter e aumentar a força muscular esquelética, auxiliando na independência e manutenção da capacidade otimizada do idoso em várias atividades cotidianas sem a ajuda de terceiros, o TF também pode prevenir ou minimizar sintomas associados a estados mórbidos prevalentes com o avanço da idade como é o caso da osteoporose e artrose.
Inúmeros estudos têm demonstrado que a prática de atividade física regular é um fator benéfico para a população idosa em geral, estes dados reforçam por si só o estímulo à ampliação de programas de atividade física para essa população, sendo uma boa estratégia para manter idosos ativos fisicamente minimizando a perda funcional desencadeada pelo processo de envelhecimento e acentuada pelo sedentarismo.
Contudo estudos complementares deverão ser realizados com o intuito de se entender, qualificar e quantificar o treinamento de força muscular voltado para a população idosa.
Referências bibliográficas
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CHAVES, A. L.; MORAIS, K.; VINÍCIUS, M.; MICHELE, T. A contribuição do treinamento de força na reabilitação neuromotora de idosos vítimas de acidente vascular cerebral. Anais do VI Congresso Goiano de Ciências do Esporte, Goiânia 10 a 12 de Junho de 2009.
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CECCATO, M.; FERREIRA, S. A.; JAMBASSI FILHO, J. C.; GURJÃO, A. L. D.; GALLO, H.; PRADO, L. K. G.; GOBBI, S. Efeito de uma sessão de exercício resistido na sensibilidade cutânea em idosas hipertensas e normotensas fisicamente ativas. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2011, 13(6):409-414.
CRIPA, M. M.; GUERRA, R. L. F.; AZEVEDO, P. H. S. M. Análise dos efeitos do treinamento de força em um sujeito idoso portador de síndrome mielodisplásica: estudo de caso. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 3, n. 1, p. 83-88, 2009.
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JANNING, P. R.; CARDOSO, A. C.; FLEISCHMANN, E.; COELHO. C. W.; CARVALHO, T. Influência da ordem de execução de exercícios resistidos na hipotensão pós-exercício em idosos hipertensos. Rev Bras Med Esporte. 2009;15:338-41.
MACHADO FILHO, R.; TERESA DE JESUS MACHADO, T. J.; SANTOS, G.; CÂMARA, J. C. Benefícios da prática regular de atividade física na prevenção e no controle da osteoporose. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/efd163/atividade-fisica-na-prevencao-da-osteoporose.htm.
MUTTI, L. C.; SIMÃO, R.; DIAS, I.; FIGUEIREDO, T.; SALLES, B. F. Efeito Hipotensivo do Treinamento de Força em Homens Idosos. Rev Bras Cardiol. 2010;23(2):111-115.
RICCI, N. A.; GAZZOLA, J. M.; COIMBRA, I. B. Sistemas sensoriais no equilíbrio corporal de idosos. Arq Bras Ciên Saúde 2009;34(2):94-100.
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