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Saúde do trabalhador: enfoque no profissional educador físico brasileiro

La salud del trabajador: centrado en el profesional educador físico brasileño

 

*Pós-graduanda em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde pela Universidade

Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Enfermeira graduada

pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

**Doutorando em Ciências da Saúde (UNIMONTES). Professor orientador

da Pós-graduação em Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Mestre em Clínica Odontológica pela Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR)

Graduado em Odontologia pela Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR)

***Pós-graduanda em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde pela Universidade

Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Enfermeira graduada

pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

****Pós-graduanda em Saúde da Família pela UNINTER

Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Liliane Marta Mendes de Oliveira*

Daniel Antunes Freitas**

Sandra Alexandra Bezerra***

Raquel Mendes de Oliveira****

lilianemarta@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Ao longo dos anos houve mudanças no contexto do trabalho e estas transformações geraram novas relações de trabalho e saúde-doença, inclusive no que se relaciona ao educador físico. Trata-se de um artigo de revisão buscou verificar os problemas de saúde relacionados ao trabalho do profissional de educação física e concluiu que o ambiente deste trabalhador não chega a ser insalubre, mas é desconfortável, podendo ocasionar problemas de voz e de pele, respiratórios, estresse.

          Unitermos: Saúde do trabalhador. Riscos ocupacionais. Educação Física. Doenças ocupacionais.

 

Abstract

          Over the years there have been changes in the workplace and these changes have generated new working relationships and health and illness, including as it relates to the physical educator. This is a review article aims to evaluate the health problems related to the work of physical education teachers and concluded that the environment of this worker is not really unhealthy, but it is uncomfortable and can cause voice problems and skin, respiratory, stress.

          Keywords: Occupational health. Occupational risks. Physical Education and Training. Occupational diseases.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    No Brasil, a população tem vivido profundas mudanças políticas, econômicas e sociais. Neste contexto de mudanças, surgem, também, novas relações de trabalho e saúde-doença, a necessidade de conhecê-las e intervir, o que é foco de um campo de práticas e conhecimentos originado a partir da Saúde Coletiva: a Saúde do Trabalhador (LACAZ, 2007).

    O trabalho humano é imprescindível para a produção de bens e serviços. A economia de uma sociedade é sustentada pela exploração da natureza e do trabalhador, o que gera a degradação do ambiente e das cargas biológicas, sociais, psíquicas, econômicas, políticas, culturais que afetam a saúde dos trabalhadores e de suas famílias, produzindo desigualdades sociais e ambientais em uma cultura legitimadora desse processo de desenvolvimento. Para entender e compreender as condições de vida, o perfil de morbidade/mortalidade das pessoas, a vulnerabilidade de certos grupos sociais é preciso conhecer as relações de produção/trabalho, ambiente e saúde. A construção de opções de mudança que garantam vida e saúde para o trabalhador é dependente desse conhecimento (DIAS et al, 2009).

    As mudanças geradas pela globalização e pela abertura econômica influenciaram a sociedade de um modo geral, as pessoas e as organizações que precisaram modificar suas estruturas, processos e atividades para permanecerem competitivas e adaptarem à dinâmica do mercado mundial. No Brasil, país emergente, coexistem inúmeras situações de trabalho caracterizadas por diferentes estágios de incorporação de tecnologia, variadas formas de organização e gestão, relações e formas de contrato de trabalho que se refletem sobre a saúde do trabalhador (VASCONCELOS; FARIA, 2008).

    O educador físico, como trabalhador inserido nessa sociedade, muitas vezes precisa assumir jornadas de trabalho excessivas, que podem prejudicar o desempenho profissional e gerar agravos à saúde. O profissional da área de educação física tem como instrumentos de trabalho o corpo e com a voz e, por isso, precisa ter cuidados. Assim, fez-se neste trabalho uma abordagem revisional na literatura científica atual com a intenção de verificar os problemas de saúde relacionados ao trabalho do educador físico.

Método

    Para o desenvolvimento deste estudo sobre saúde do trabalhador e profissional de educação física, foram feitas buscas na literatura científica nas seguintes bases de dados on-line/portais de pesquisa: Medline, Scielo, LILACS e BVS. Os descritores e expressões utilizados durante as buscas foram: saúde do trabalhador; riscos ocupacionais; educação física; educador físico; doenças ocupacionais. Foram usados artigos publicados nos últimos 10 anos, enquadrando-se nos anos de 2001 ao ano de 2011, que apresentassem relevância relativa ao tema pesquisado. Também foram utili­zados documentos e publicações do Ministério da Saúde (Brasil). Os artigos foram estudados em sua íntegra e organizados a partir do tema principal da pesquisa.

Saúde do trabalhador

    O termo Saúde do Trabalhador alude a um campo do saber que visa compreender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença. Neste sentido, a saúde e a doença são considerados como processos dinâmicos, intimamente articulados com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado momento histórico. Parte do princípio de que a forma de inserção dos homens, mulheres e crianças nos espaços de trabalho contribui decisivamente para formas específicas de adoecer e morrer. O fundamento de suas ações é a articulação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial (BRASIL, 2001b).

    A saúde do trabalhador é definida, no Brasil, na Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, no artigo 6º, como conjunto de atividades que se destina, através de ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho consideradas como atribuições do SUS (BRASIL, 2011). Neste contexto, são considerados trabalhadores todos os homens e mulheres que exercem atividades para seu próprio sustento e ou de seus dependentes, qualquer que seja a forma de inserção no mercado de trabalho, seja ele o setor formal ou informal da economia, inclusive na forma de trabalho familiar e/ou doméstico (BRASIL, 2001a; BRASIL, 2001b).

    Além da Constituição Federal e da lei 8080/90, há outros instrumentos e regulamentos federais que orientam o desenvolvimento das ações nesse campo, no âmbito do setor Saúde, dentre eles distinguem-se a Portaria/MS n.º 3.120/1998 e a Portaria/MS n.º 3.908/1998, que tratam, respectivamente, da definição de procedimentos básicos para a vigilância em saúde do trabalhador e prestação de serviços nessa área (BRASIL, 2001b).

    A Saúde do Trabalhador é uma área da Saúde Pública que tem como objetivo estudar e intervir nas relações entre o trabalho e a saúde. São do seu âmbito a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS (BRASIL, 2001b).

    As doenças do trabalho englobam um conjunto de danos ou agravos que incidem sobre a saúde dos trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos locais de trabalho. A manifestação é lenta, insidiosa, a qual pode levar anos para manifestarem e isso, na prática, tem sido um entrave no estabelecimento da relação entre uma doença sob investigação e o trabalho. Também são incluídas as doenças advindas de contaminação acidental no exercício do trabalho e as doenças endêmicas quando contraídas por exposição ou contato direto, determinado pela natureza do trabalho realizado (BRASIL, 2001a).

    Tradicionalmente, os riscos presentes nos locais de trabalho são classificados em: físicos (ruído, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação, umidade, pressões anormais, radiação); químicos (substâncias químicas tóxicas, presentes nos ambientes de trabalho nas formas de gases, fumo, névoa, neblina e/ou poeira); biológicos (bactérias, fungos, parasitas, vírus); e da Organização do trabalho (divisão do trabalho, pressão da chefia por produtividade ou disciplina, ritmo acelerado, repetitividade de movimento, jornadas de trabalho extensas, trabalho noturno ou em turnos, organização do espaço físico, esforço físico intenso, levantamento manual de peso, posturas e posições inadequadas, entre outros) (BRASIL, 2001a).

    A saúde do trabalhador é determinada por condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de risco ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos – presentes nos processos de trabalho (BRASIL, 2001b; BRASIL, 2004). A análise desses fatores de risco deve ser feita à luz de múltiplos aspectos, como a intensidade, o tempo de exposição e a organização temporal da atividade, a duração do ciclo de trabalho, a distribuição das pausas ou a estrutura de horários (CEREST, 2006). O processo de investigação de determinada doença e sua possível relação com o trabalho, os fatores de risco presentes nos locais de trabalho não devem ser compreendidos de forma isolada e estanque, eles devem ser apreendidos na forma como acontecem, na dinâmica global e cotidiana do processo de trabalho (BRASIL, 2001b). Desse modo, o foco das ações de saúde do trabalhador são as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial (BRASIL, 2001a). E os programas de intervenção para o enfrentamento das doenças e acidentes ocupacionais se baseiam, em geral, em modelos de vigilância da saúde e da segurança, aplicados com diversas estratégias (VASCONCELOS; FARIA, 2008).

    Nos últimos anos, os ambientes de trabalho tem mudado e a Saúde do Trabalho tem obtido destaque. Surgem, a cada ano, novas relações, inovações e invenções, que tencionam aproximar as pessoas do espaço sideral, conecta-las em continentes distantes, criar e modificar diferentes formas de viver-trabalhar por meio de processos mais “dinâmicos” e menos custosos, construídos não para a aproximação humana, mas sim mediante o ato discreto e silencioso de um digitar. Desde a Revolução Industrial o dia-a-dia está ligado a relógios, máquinas, botões, controles e realização-vivência de poucos movimentos (pré)determinados para a concretização de objetivos nem sempre atingíveis facilmente. Comprovação disso está no trabalho cotidiano, que passou do artesanato, liberdade e satisfação, para uma organização ligada ao interesse pela produtividade e mais valia. Ou seja, enquanto o conforto e melhores condições financeiras são procurados por meio do aprimoramento de máquinas e mecanismos eletroeletrônicos, via realização de múltiplas funções (digitação, atendimento de chamadas telefônicas, preenchimento de formulários entre outros), o trabalhador é estimulado a executar as funções de trabalho por horas e horas na postura sentada, tudo em espaços de poucos metros quadrados, mas “suficientes” para e pelo pouco de movimentação feita, e as pessoas acostumam-se a viver sem ritmos forçados, sem imposições, sem funções repetitivas e desrespeitosas às suas possibilidades naturais. Exerce-se um trabalho monótono, que leva ao adoecimento do trabalhador, gerando as chamadas lesões por esforço repetitivo (LER) ou distúrbios osteomusculares referentes ao trabalho (DORT) (MARTINS; BARRETO, 2008).

    Por outro lado, se as mudanças na sociedade capitalista e globalizada, não exigem muita movimentação do trabalhador, essas práticas de trabalho tem exigido muito do psicológico e da saúde física, submetendo-o a uma pressão por produtividade crescente, num ambiente competitivo, em que precisa estar sempre preparado para mudar e se adaptar às demandas do mercado. Desse modo, exige-se, do trabalhador, a integração e identificação com a instituição em que trabalha, colocando os valores da empresa acima dos seus próprios, transformando-se em ser extremamente disciplinado, crente num caminho de autonomia, e sendo responsabilizado por sua carreira, competência, erros e fracassos organizacionais (VASCONCELOS; FARIA, 2008).

    Assim, o trabalhador, que muitas vezes não reivindica melhorias das condições de trabalho por medo de perder o emprego, acaba manifestando as pressões em forma de problemas de saúde, como, por exemplo, doenças mentais ou psicossomáticas, manifestadas sob forma de angústia, medo, insatisfação, insônia, ansiedade, fadiga, estresse, depressão, sensação de estar esgotado, dores nas articulações e de cabeça. Esses problemas são desencadeados por: condições físicas de trabalho inadequadas, relacionamento difícil com a chefia e com subordinados, fofocas, clientes, insatisfação com o trabalho, falta de reconhecimento, pressão no trabalho, excesso de responsabilidades, sensação de ser vigiado e orientações contraditórias para a execução da tarefa (VASCONCELOS; FARIA, 2008).

    As conseqüências das exigências do mercado são atestados, faltas e diminuição de produtividade decorrentes dos problemas de saúde (VASCONCELOS; FARIA, 2008).

    As doenças e os acidentes ocupacionais representam uma grande carga para os trabalhadores, as empresas, os serviços de saúde e a seguridade social e apresentam grande complexidade (VASCONCELOS; FARIA, 2008). Devido à essa complexidade envolvida nas relações de trabalho e nos fatores condicionantes da saúde do trabalhador, houve a necessidade de criação de uma Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST) - de caráter interministerial - para buscar a integralidade e articulação das ações desenvolvidas, assim como estabelecer diretrizes, responsabilidades institucionais, financiamento, gestão, acompanhamento e controle social nesse campo (BRASIL, 2004).

Saúde do trabalhador educador físico

    O profissional da área de educação física tem como instrumentos de trabalho o corpo e a voz. Esse profissional assume, muitas vezes, jornadas de trabalho excessivas que exigem muito da sua estrutura corporal e psíquica, podendo levá-lo a problemas de saúde. O educador físico exerce suas funções dirigidas à educação e à saúde, com atividades voltadas à sociedade, em locais como escolas, clubes, academias, hospitais, clínicas, entre outros. Ele trabalha com crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas da melhor idade, com o intuito de proporcionar educação, lazer e saúde por meio da atividade física, contribuindo para a qualidade de vida da sociedade. Acredita-se que, para esse profissional desenvolver suas funções da melhor forma possível, seja necessário estar gozando de plena saúde (SOUZA; COSTA, 2011).

    Um dos atributos essenciais ao educador físico é a voz, usada não só para dar ritmo aos alunos, em aulas de atividade física, como também a utilizam para estimulá-los por gritos de ordem, quando atuam em atividades de ginástica. O educador físico fala muito, grita, mantendo sempre a intensidade vocal aumentada, na tentativa de superar o ruído do ambiente. Além disso, para obter uma melhor coreografia nas aulas, esses professores entoam números durante todos os exercícios, usando diferentes tipos de posturas. Tensões na musculatura da região cervical, postura corporal inadequada, jornadas de trabalho longas, padrão respiratório inadequado dentre outros, são características frequentemente encontradas entre esses profissionais (BEHLAU, 2001).

    Quanto o profissional de educação física atua como professor na área acadêmica, ele lida, segundo a literatura, com o conhecimento e está diariamente em contato com os alunos. Dessa forma, encontra-se sujeito a frustrações, estresse, ansiedade e depressão compatíveis com a chamada Síndrome de Burnout. Esta síndrome leva à exaustão emocional, ocasionando falta ou carência de energia, entusiasmo e sentimento de esgotamento de recursos e despersonalização, acompanhada de autoavaliação negativa. Além disso, incluem-se os riscos apresentados na NR 15, como ruído, calor, frio, umidade, poeiras minerais, agentes químicos e biológicos, que também podem ser analisados no ambiente escolar gerando disfonia, problemas de coluna, varizes, alergias respiratórias, estresse, problemas psicológicos (SERVILHA; LEAL; HIDAKA, 2010; OLIVEIRA, 2001). O professor assume papéis de orientador, educador, conselheiro, amigo e compreensivo, afetuoso e simpático, avaliador e julgador. É, portanto um trabalho complexo, implicando num alto nível de exigência profissional e responsabilidade (OLIVEIRA, 2001).

    Tanto na função de professor acadêmico quanto na de ginástica, o educador físico é um profissional usuário profissional, que depende, em boa parte, da voz e da fala para o desempenho adequado de sua profissão. Portanto, as questões da voz do profissional educador físico devem ser encaradas como de voz profissional e vêm-se constituindo como objeto de pesquisa específico no campo da saúde ocupacional (ARAÚJO et al, 2008). Ao falar é necessário ter uma postura adequada para o discurso sair com naturalidade e sempre prejuízo da voz. No entanto, muitos trabalhadores apresentam alterações posturais que levam a encurtamentos musculares de todo o corpo, isso, conseqüentemente, compromete a respiração e a produção de voz. Esta, então é produzida com esforço, sobrecarregando as cordas vocais e representando um risco sério para problemas vocais (MACHADO; HAMME; CIELO; RODRIGUES, 2010). Outras vezes, o profissional fica muito tempo em pé e, juntamente com as longas jornadas de trabalho pode gerar desgastes, como problemas de coluna e dores lombares (OLIVEIRA, 2001).

    Somados aos problemas posturais, há os fatores ambientais como música em volume alto; barulho da água e das conversas dos alunos; ambientes amplos, com teto alto, que provocam eco; ambientes adaptados, sem estrutura própria para dar aulas e com pouca ventilação, dificultando mais a respiração; ambientes quentes. Tudo isso compete com a voz do educador físico, que muitas vezes, não tem auxílio de um microfone e nem hidrata-se adequadamente. Todos esses fatores são relevantes, pois são capazes de gerar sobrecarga ainda maior às pregas vocais (SERVILHA; LEAL; HIDAKA, 2010; MACHADO; HAMME; CIELO; RODRIGUES, 2010; OLIVEIRA, 2001). Os ruídos podem gerar, ainda, agravos à saúde auditiva, perda da concentração e reflexos, irritação permanente, dores de cabeça, estresse, distúrbios cardiovasculares, fadiga, distúrbios hormonais, gastrite, disfunção digestiva, aumento da frequência cardíaca, alergias, contração dos vasos sanguíneos e distúrbios do sono (10; OLIVEIRA, 2001).

    O ambiente de trabalho do professor, as vezes não chega a ser insalubre, pois níveis de ruído e calor, por exemplo, encontram-se dentro do tolerável, no entanto, é desconfortante, podendo gerar maior desgaste físico e mental dos trabalhadores, agravando os problemas de saúde dos profissionais, que já apresentam queixas de sintomas ou doenças relacionadas com o ambiente de trabalho, e até gerar, no decorrer dos anos de trabalho em sala de aula, o adoecimento (OLIVEIRA, 2001).

    Ao relacionar a atividade de docência de educadores físicos da rede pública com a qualidade de vida, teve-se que, quanto maior o tempo atuando como professor, pior a qualidade de vida no que diz respeito à sua capacidade funcional, dor, aspectos sociais e emocionais (SOUZA, 2011).

Conclusão

    O trabalho do educador físico, muitas vezes, não chega a ser insalubre, no entanto, é desconfortável, por se submeter a condições de trabalho precárias que podem trazer riscos à saúde como: problemas de voz, respiratórios, estresse, problemas dermatológicos. Assim, é importante evitar os riscos por meio da análise do ambiente e da organização da atividade laboral; determinação dos riscos e nível de exposição dos trabalhadores; antecipação dos riscos; definição de prioridades de avaliação; controle e avaliação de sua eficácia, além do registro, sistematização e divulgação dos resultados. É preciso, também, desenvolver Programas de Prevenção de Riscos Ocupacionais de forma sistemática nas instituições e investir em políticas relacionadas ao ambiente de trabalho do profissional de educação física.

    Além disso, verifica-se a necessidade de evoluir na constatação dos problemas de saúde como relacionados ao trabalho, eliminando o descompasso existente entre os sintomas apresentados pelo trabalhador educador físico e aquilo que é diagnosticado.

Referências

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