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Satisfação corporal de praticantes de atividade 

física de uma academia de São Paulo, SP

Satisfacción corporal de practicantes de actividad física de un gimnasio de Sao Paulo, SP

 

*Graduanda do curso de nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie

** Nutricionista, especialista em Nutrição Hospitalar pelo Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina, USP. Mestre em Nutrição Humana Aplicada (USP)

Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (USP). Docente

da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário São Camilo

Marianne Pinheiro da Rocha*

marianne_rocha@msn.com

Márcia Nacif**

mnacif@usp.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A imagem corporal é a representação mental do nosso próprio corpo, que compreende a aparência, forma e tamanho corporal e pode ser influenciada pelo sexo, idade, mídia, crenças e valores de determinada sociedade. Objetivo: Este estudo pretende avaliar a satisfação corporal de praticantes de atividade física de uma academia do município de São Paulo. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado em uma academia dentro de uma universidade na região central do município de São Paulo com 36 praticantes de atividade física, de ambos os sexos, com idade entre 19-62 anos. Para análise da satisfação corporal foi utilizada a escala de nove silhuetas masculinas, proposta por Stunkard et al. (1983), que representa desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9). Resultados: Foi encontrada uma alta prevalência de indivíduos com excesso de peso (61,1%) nesse estudo. Além disso, verificou-se que 83,1% (n=) dos indivíduos estavam insatisfeitos com sua imagem corporal sendo que a maior parte destes encontrava-se em sobrepeso. Conclusão: A alta prevalência de excesso de peso entre os participantes e o alto nível de insatisfação corporal mostra que são necessárias estratégias que visem um estilo de vida mais saudável e proporcionem uma melhor aceitação da imagem corporal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida.

          Unitermos: Satisfação corporal. Atividade física. Estado nutricional.

 

Abstract

          Introduction: Body image is the mental representation of our own body, which includes the appearance, shape and body size and can be influenced by gender, age, media, beliefs and values ​​of a given society. Objective: This study aims to assess body satisfaction in physically active for a gym in São Paulo. Methodology: This is a cross-sectional study in an academy within a university in the central region of São Paulo with 36 physically active, both sexes, aged 19-62 years. For analysis of body satisfaction scale was used nine male silhouettes proposed by Stunkard et al. (1983), which is provided thinness (figure 1) by severe obesity (figure 9). Results: We found a high prevalence of overweight individuals (61.1%) in this study. Furthermore, it was found that 83.1% (n =) individuals were unsatisfied with their body image and the largest of these was in overweight. Conclusion: The high prevalence of overweight among the participants and the high level of body dissatisfaction shows that strategies are needed that address a healthier lifestyle and provide a better acceptance of body image and hence a better quality of life.

          Keywords: Body satisfaction. Nutritional status. Physical activity.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A imagem corporal é a representação mental do nosso próprio corpo, que compreende a aparência, forma e tamanho corporal sendo bastante associada à autoestima, autoconfiança e estabilidade emocional. Seu processo de formação envolve componentes perceptivos, subjetivos e comportamentais podendo ser influenciada pelo sexo, idade, mídia, crenças e valores de determinada sociedade (DAMASCENO et al, 2005; SAIKALI et al, 2004; CIAMPO et al, 2010).

    Segundo Vidal (2006), a insatisfação corporal é uma avaliação negativa que o indivíduo faz sobre seu próprio corpo sendo que os fatores que mais influenciam nessa avaliação são o gênero, idade e IMC.

    O padrão imposto pela sociedade para as mulheres é de um corpo perfeito, extremamente magro e menos volumoso; já entre os homens o corpo ideal é forte e musculoso e isto quando não atingido pode promover distúrbios alimentares, prática excessiva de exercícios físicos, uso indiscriminado de ergogênicos e transtornos psicológicos (SILVA; BRUNETTO; REICHERT, 2010).

    Estudos sugerem que estratégias focadas mais na saúde e na atividade física do que na perda de peso são necessárias para diminuir os efeitos negativos da insatisfação corporal (FERNANDES, 2007).

    O presente estudo teve como objetivo avaliar a satisfação corporal de praticantes de atividade física de ambos os sexos de uma academia do município de São Paulo.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de caráter transversal, realizado em uma academia dentro de uma universidade localizada na região central do município de São Paulo, durante o período de março a abril de 2012. A população do estudo foi constituída por 36 praticantes de atividade física de ambos os sexos com idade entre 19-62 anos.

    Para a análise da satisfação corporal foi utilizada a escala de nove silhuetas masculinas, proposta por Stunkard et al. (1983), que representa desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9). Inicialmente, os indivíduos escolheram o número da silhueta que consideravam mais semelhante a sua própria aparência corporal (Percepção da Imagem Corporal Real - PICR) e em seguida o número da silhueta que gostariam de ter (Percepção da Imagem Corporal Ideal - PICI).  

    Para a avaliação da satisfação corporal, foi feito um cálculo, assim como proposto por Tribess (2006) subtraindo o valor escolhido na aparência corporal real do valor selecionado na aparência corporal ideal, o resultado pôde variar de -8 até 8. Se essa variação fosse igual a zero, o indivíduo era classificado como satisfeito; e se diferente de zero, classificado como insatisfeito. Caso a diferença fosse positiva, seria uma insatisfação pelo excesso de peso; e, quando negativa, uma insatisfação pela magreza.

    Para a coleta dos dados antropométricos de peso (kg) e altura (m) foram utilizados balança da marca Plenna com capacidade de 150kg e precisão de 100 gramas e fita métrica inextensível de 2 metros com precisão de 1 milímetro. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado a partir da divisão da massa corporal em quilogramas pela estatura em metros elevada ao quadrado (peso/altura²). A classificação do estado nutricional adotada foi a proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para avaliação de população adulta (WHO, 1995). Os dados coletados foram tabulados e apresentados através da distribuição das variáveis em número e porcentagem com o auxílio do software Microsoft Office Excel®, versão 2010.

    O presente estudo seguiu as diretrizes e normas que regulamentam as pesquisas envolvendo seres humanos presentes no código de bioética e na legislação brasileira.

Resultados e discussão

    A amostra do estudo foi composta por 55,5% (n=20) indivíduos do sexo masculino e 44,4% (n=16) do sexo feminino com média de idade de 33 anos (±11,8). Quanto aos dados antropométricos, encontrou-se peso médio de 73,3kg (±16,3) e altura média de 1,68m (±0,09).

    As mulheres apresentaram IMC médio de 24,9kg/m² (±2,58) e os homens de 27,0 kg/m² (± 7,16). No entanto, verificou-se um grande número de participantes com sobrepeso e obesidade, considerando os dois sexos (Tabela 1).

    Estes dados podem demonstrar que os indivíduos acima do peso podem ter procurado a academia com o objetivo de reverter este quadro (CORDÃO, 2007).

Tabela 1. Classificação do estado nutricional de acordo com o IMC dos praticantes

de atividade física de uma academia de ginástica do município de São Paulo, SP

    O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis e doenças debilitantes como osteoartrite, dificuldades respiratórias, problemas musculares e de pele, infertilidade e também distúrbios psicológicos como depressão, distúrbios alimentares, imagem corporal distorcida e baixa autoestima (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA, 2003).

    Desta forma, medidas que visem um estilo de vida saudável aliando a prática de atividade física com alimentação são necessárias nessa população para combater o sobrepeso e a obesidade (INCA, 2003).

    Nesse estudo verificou-se um número maior de homens com excesso de peso do que de mulheres, assim como o encontrado por Cordão (2007) que avaliou a obesidade e a prática sistematizada de exercícios.

    Deve-se ressaltar que apesar de ser muito utilizado em estudos epidemiológicos, o IMC não é o melhor indicador para classificação do estado nutricional devido não distinguir a massa magra da massa gorda, podendo superestimar a gordura em pessoas com muita massa muscular e subestimar a quantidade de gordura em pessoas que perderam massa muscular como em idosos. Além disso, o uso do IMC é limitado por não refletir a distribuição da gordura corporal (INCA, 2003; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA - SBME, 2004; SPEROTTO; SPINELLI, 2010).

    Assim, medidas de dobras cutâneas para o cálculo de distribuição da gordura corporal são recomendadas para verificar se a classificação do estado nutricional pelo IMC corresponde à realidade (CORDÃO, 2007).

    Verifica-se na Tabela 2 que houve uma alta prevalência de indivíduos com insatisfação corporal devido ao excesso de peso, sendo que a maior parte destes encontrava-se em sobrepeso. No entanto, indivíduos eutróficos também estavam insatisfeitos com sua imagem corporal.

Tabela 2. Satisfação corporal segundo IMC de praticantes de atividade física de uma academia de ginástica do município de São Paulo, SP

    O excesso de peso versus o atual padrão de beleza imposto pela sociedade exerce uma grande influência na construção da imagem corporal e no nível de satisfação pessoal desses indivíduos levando a baixa autoestima e sentimentos depreciativos. Além disso, a comparação feita entre indivíduos que freqüentam o mesmo local e opiniões de familiares também podem ocasionar altos níveis de insatisfação corporal entre a população, podendo levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares como anorexia nervosa e bulimia (DAMASCENO et al, 2005; SAUR; PASIAN, 2008).

    Estudo de Sousa (2010), realizado com universitários do curso de Educação Física do Nordeste do Brasil para identificar a freqüência de insatisfação corporal, observou maior insatisfação corporal entre os indivíduos que estavam fora do peso, assim como o encontrado neste estudo.

    Verificou-se nesse estudo que o peso não é o único fator que influencia na satisfação corporal visto que pessoas eutróficas foram consideradas insatisfeitas com sua imagem corporal e isto pode acontecer também devido a influência que as normas sociais de magreza exercem na formação da imagem corporal (SAUR; PASIAN, 2008).

    O desejo da perda de peso visando o corpo magro pode causar hábitos alimentares inadequados como a restrição calórica, especialmente entre as mulheres (ANDERSON et al, 2002) .

    A insatisfação corporal também foi observada no sexo masculino. Tais dados são preocupantes visto que há uma grande relação entre insatisfação corporal e depressão sendo necessárias estratégias que visem a maior satisfação corporal (QUADROS et al, 2010).

    Isso pode ser explicado devido à imagem do homem estar mais submetida aos apelos da mídia do que antigamente influenciando os valores estéticos e a imagem corporal masculina (PORTO; LINS, 2009)

    São poucos os estudos que abordam imagem corporal no sexo masculino, tornando-os necessários para aumentar o conhecimento sobre essa área e, conseqüentemente, para a prevenção de distúrbios relacionados à imagem corporal (GRAMMAS; SCHWARTZ; JONATHAN, 2008).

    O IMC médio dos homens que estavam insatisfeitos pela magreza foi de 24,0 kg/m² caracterizando-se como eutrofia mostrando o desejo de um corpo mais musculoso com pouca quantidade de gordura assim como o encontrado em diversos estudos recentemente em que os homens se sentem fracos e pequenos, mesmo estando em hipertrofia muscular caracterizando-se como dismorfia muscular (VEGGI et al, 2004; DAMASCENO et al, 2005).

    O quadro de dismorfia muscular é preocupante visto que esses indivíduos começam a investir no uso de recursos ergogênicos e dietas hiperproteícas sem orientação, além de dedicar muito tempo na prática de exercícios na academia com o objetivo de alcançar a imagem corporal desejada (SILVA; BRUNETTO; REICHERT, 2010).

Conclusão

    Apesar da prática de atividade física, foi encontrado um grande número de indivíduos com sobrepeso e obesidade sendo necessárias intervenções visando um estilo de vida mais saudável aliando a atividade física com alimentação saudável para a diminuição deste quadro.

    Além disso, houve um alto nível de insatisfação corporal entre homens e mulheres, principalmente pelo excesso de peso mesmo em pessoas eutróficas. Assim, devem ser investigados os fatores que influenciam a satisfação corporal e realizadas estratégias que proporcionem uma melhor aceitação da imagem corporal e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida.

Referências

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