A academia vai ao Olimpo: por uma política de ciência, tecnologia e inovação em esporte e lazer La academia va al Olimpo: por una política de ciencia, tecnología e innovación en el deporte y la recreación |
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*Professor da Faculdade de Educação Física da UnB. Doutor em Educação Física pela Unicamp. Foi presidente do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte e membro do Conselho Nacional do Esporte entre 2005 e 2009 **Professora da Faculdade de Educação Física da UFG. Doutora em Ciências Humanas pela UFSC. Foi presidenta do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte e membro do Conselho Nacional do Esporte entre 2002 e 2005 |
Fernando Mascarenhas* Ana Márcia Silva** (Brasil) |
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Resumo Ao considerar o impacto do sediamento de grandes eventos esportivos – Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 – na agenda pública brasileira, este ensaio aborda o conjunto de necessidades e possibilidades que indicam para a ampliação da estrutura e fomento à produção científica e tecnológica voltada ao Esporte e Lazer. Nesta perspectiva, apresenta argumentos em favor de uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer, identificando as bases para sua formulação, apontando os desafios para sua implementação e sistematizando um conjunto de propostas para seu desenvolvimento. Unitemos: Políticas Públicas. Ciência. Esporte. Lazer.
Este texto reflete o conteúdo da palestra “As Olimpíadas e os impactos desejados nas políticas públicas de esporte e lazer das cidades brasileiras: perspectiva acadêmica”, proferida por Fernando Mascarenhas no 9º Seminário de Políticas Públicas de Esporte e Lazer, realizado de 24 a 27 de março de 2010, em São Bernardo do Campo-SP. Foi ampliado e revisado a partir das contribuições de Ana Márcia Silva, considerando sua participação no Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento Científico e Tecnológico do “Projeto Ciência e Tecnologia no Brasil” (SBPC, 2006a; 2006b).
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
As políticas públicas de Esporte e Lazer em curso no Brasil, desde a realização dos Jogos Panamericanos de 2007 e a consequente candidatura da cidade do Rio de Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, oficializada ainda naquele ano, têm sido influenciadas pelo objetivo de projetar o país, tanto na área do esporte, como no plano político e econômico. Em junho 2008, anunciada como cidade candidata a sede dos Jogos, ao lado de Chicago, Tóquio e Madrid, pela primeira vez o Rio de Janeiro chegou a fase final do processo de avaliação. Desta vez, o apoio governamental afiançando os investimentos necessários foi decisivo. Assim, após votação realizada pelos membros do COI (Comitê Olímpico Internacional), em outubro de 2009, a sede dos Jogos foi oficialmente. Como se não bastasse, o Brasil sediará ainda a Copa do Mundo de Futebol de 2014, candidatura consensuada no âmbito da CONMEBOL (Confederação Sulamericana de Futebol) e ratificada pela FIFA (Federação Internacional de Futebol) em outubro de 2007, depois de apresentadas também as mesmas garantias governamentais para sua realização. Acrescente-se a este cenário, a realização, também no Brasil, dos Jogos Mundiais Militares em 2011 e da Copa das Confederações em 2013.
Nesta direção, os grandes eventos esportivos passam definitivamente a pautar a agenda de Esporte e Lazer do país. No caso específico dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, a despeito dos legados anunciados – quais sejam: transformação da cidade; inserção social: habitação, treinamento e emprego; juventude e educação; e esportes 1–, o que parece mesmo mobilizar os atores envolvidos, autoridades públicas e grupos particulares da sociedade – isto é, entidades esportivas, mídia e mercado – menos que necessidades sociais, são os interesses da rentabilidade econômica e do capital político a ser agregado. Não por acaso, a motivação principal anunciada para a realização dos Jogos, conforme o Dossiê de Candidatura (COB, 2009), está baseada no financiamento público, nas potencialidades de um empreendimento esportivo de tal monta para o desenvolvimento econômico do país e na criação de um ambiente favorável aos investimentos e geração de lucros.
Quanto à opinião pública, segundo o relatório da postulação do Rio de Janeiro como cidade candidata, 78% dos cariocas apoiavam a realização dos Jogos, enquanto 46% dos jovens entre 16 e 24 anos manifestaram o desejo de ser voluntários (COB, 2007). Tais dados reforçam, portanto, a construção de um consenso simbólico-cultural em torno dos benefícios trazidos pelos Jogos, reforçado, sobretudo, pelo sentimento de orgulho nacional despertado. Isto se explica a partir de uma avalanche semântica pela qual um conjunto de qualidades ou atributos é colado ao esporte e aos Jogos, mitigando suas contradições e exaltando sua positividade. Apagam-se, de tal modo, as fronteiras entre esquerda e direita, progressistas e conservadores, socialistas e liberais etc., forjando uma pseudocoesão em torno da organização dos grandes eventos que acaba por contribuir com sua legitimação.
Não é exclusividade deste momento político brasileiro a utilização do esporte para fins de legitimação e manutenção de interesses e hegemonia, como bem o demonstra o discurso nacionalista o qual, aliás, sempre esteve associado ao esporte. Manhães (2002), numa abordagem histórica das políticas esportivas no Brasil, analisando-as desde sua configuração coorporativa na década de 1930, até a instituição de medidas liberalizantes por meio da Lei Zico2 e Lei Pelé3 no contexto posterior a promulgação da nova Constituição Brasileira em 1988, chama atenção para as permanências em torno deste discurso. Ao que parece, mais uma vez, generalizam-se interesses particulares sob uma noção abstrata de desenvolvimento nacional.
Todos esses dados indicam uma dificuldade e também desinteresse, por parte das autoridades públicas, de superar a visão hegemônica do esporte de rendimento e de espetáculo, que tem como razão primeira a obtenção de resultados, porque é dessa forma que o retorno em termos de mídia, capital político e rentabilidade econômica se efetivam (BRACHT, 1997). Um dos grandes desafios que se colocam para as políticas públicas do setor passa, portanto, pela afirmação do Esporte e Lazer como direito social e questão de Estado, priorizando ações e programas voltados ao esporte educacional e participativo como condiçao para assegurar um preceito constitucional. Em outros termos, mais do que investimentos em infra-estrutura e apoio à organização esportiva verticalizada pelo alto, a partir dos comitês olímpicos e paraolímpicos, das confederações, das federações, das ligas esportivas e dos grandes clubes, como é o que historicamente tem sido prioritário no país, necessitamos ampliar e qualificar os programas sociais de Esporte e Lazer, isto é, ampliar e qualificar a cidadania esportiva4, apoiados nos princípios de inclusão social e desenvolvimento humano.
Neste sentido, a produção científica acerca do Esporte e Lazer pode se constituir como um importante fator de desenvolvimento, qualificando experiências e programas junto à juventude, aos idosos, aos escolares, a populações em situação de vulnerabilidade social, povos indígenas, remanescentes quilombolas, entre outros setores, repercutindo na consolidação do Esporte e Lazer como direitos e demandas legítimas da sociedade brasileira. Ademais, o sediamento de grandes eventos esportivos no país também deve estar sintonizado com um processo de democratização da prática e do conhecimento esportivo, possibilitando o seu amplo acesso à população. Assim, sob o enfoque da ciência, dentre outras possibilidades, a Copa de 2014 deve mobilizar o desenvonvimento de pesquisas diversas sobre o futebol, projetos de documentação e memória da Copa, eventos técnico-científicos, avaliação do Estatuto do Torcedor e de outros aparatos legais. Por sua vez, os Jogos de 2016, além de toda a pesquisa e avanço na teoria e prática do treinamento desportivo, no acompanhamento de atletas, nas tecnologias e inovação em equipamentos, avaliação dos legados etc, como mencionado, deve promover a cidadania e ampliação da cultura esportiva.
Constitui-se, portanto, um conjunto de necessidades e possibilidades que indicam para a ampliação da estrutura e fomento à produção científica e tecnológica voltada ao Esporte e Lazer. O propósito deste ensaio é justamente demarcar esta questão, além de argumentar por uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. Busca-se sistematizar algumas contribuições com um breve levantamento de bases para sua formulação, identificando, também, alguns importantes desafios para sua implementação e propostas para seu desenvolvimento.
Bases para a formulação
Compreendemos que para a formulação de uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer, o ponto de partida deve ser a estrutura proposta de Sistema Nacional de Esporte e Lazer, consubstanciada nas resoluções da II Conferência Nacional de Esporte, realizada, em 2006. Conforme documento produzido pela Reunião dos Especialistas sobre o Sistema Nacional de Esporte e Lazer, organizada pelo Ministério do Esporte e pela Comissão de Acompanhamento da Conferência Nacional de Esporte, em 2007,5 os órgãos e entidades que compõem o Sistema são assim identificados:
Estado: Ministério do Esporte e Conselho Nacional de Esporte e Lazer; Comissão Desportiva Militar do Brasil, Criação do Conselho Nacional Antidoping, Órgãos Estaduais de Esporte e Lazer e Conselhos Estaduais de Esporte e Lazer, Órgãos Municipais de Esporte e Lazer e Conselhos Municipais de Esporte e Lazer;
Órgãos da justiça esportiva: Superiores Tribunais de Justiça Desportiva, Comissões Disciplinares Nacionais, Tribunais de Justiça Desportiva, Comissões Disciplinares Regionais, outros órgãos judicantes previstos pela codificação esportiva;
Entidades jurídicas de direito privado de finalidade esportiva e de lazer: COB, Comitê Paraolímpico Brasileiro, Entidades Nacionais de Administração do Desporto – Confederação Brasileira de Desporto Estudantil (CBDE), Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), Ligas Nacionais, Confederação Brasileira de Clubes (CBC), Organização Nacional das Entidades do Desporto (ONED), Entidades Regionais de Administração do Desporto – Federações, Entidades de práticas esportivas;
Entidades jurídicas de direito privado que se relacionam com o esporte: Organizações Não Governamentais (ONGs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Sistema S, Redes Sociais, Associações;
Entidades científicas do Esporte e Lazer: Instituições de Ensino Superior, Institutos e Colégios Científicos, Grupos e Núcleos de Pesquisa, Laboratórios de Ciências do Esporte;
Instituições de educação básica e educação superior: Escolas, Instituições de Ensino Superior;
Entidades de profissionais do Esporte e Lazer: Entidades de representação – associações profissionais, sindicatos e federações, conselhos das profissões regulamentadas e vinculadas ao esporte.
Na tentativa de ampliar nossa leitura e avaliando a estrutura apresentada, identificamos os orgãos do Estado e as Entidades científicas do Esporte e Lazer como atores privilegiados na formulação de uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. No caso do Estado, vale ressaltar as ações do Ministério do Esporte em curso e que devem ser consideradas para os fins da política almejada, quais sejam: Redes de Pesquisa, Centros de Memória, Centro de Documentação e Informação, Prêmio Brasil de Esporte de Inclusão Social, apoio a eventos e publicações. No bojo destas ações, as Redes de Pesquisa – CEDES e CENESP6 – merecem atenção especial. Instituídas como programas de fomento à produção em ciência e tecnologia voltada ao Esporte e Lazer7, configuram ações organizadas de modo descentralizado e em parceria com universidades, institutos, núcleos e grupos de pesquisa de todas as regiões do país. Tais ações se consolidam como produção e transferência de conhecimento no âmbito da Educação Física e Ciências do Esporte, com a realização de pesquisas, diagnósticos, formulação e avaliação de projetos, capacitação profissional, assessoria pedagógica, organização de eventos técnico-científicos, apoio a periódicos e publicações especializadas, desenvolvimento de novas tecnologias de informação e documentação científica etc.
De outro lado, observando as instituições e entidades científicas do Esporte e Lazer, que conferem forma ao campo acadêmico da Educação Física e Ciências do Esporte, junto aos núcleos, grupos e laboratórios de pesquisa, os mais de vinte Programas de Pós-Graduação em Educação Física ocupam lugar de destaque, estimulando sobremaneira a produção científica e formando pessoal com alta qualificação para atuação no setor do Esporte e Lazer. Ressalta-se, ainda, a importância dos programas de iniciação científica também vinculados às Instituições de Ensino Superior, formando jovens pesquisadores, além da pós-graduação na forma de cursos lato sensu, formando pessoal especializado, Importante destacar o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) que, desde 1978, vem congregando pesquisadores que possuem interesse pelo desenvolvimento dos estudos e pesquisas relacionadas ao campo da Educação Física e Ciências do Esporte, mantendo intercâmbio com entidades nacionais e internacionais com interesses em áreas afins e de caráter similar.8
Ao considerar tais bases, a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer deve constituir-se como referência planificadora para as diferentes ações em curso, bem como as futuras, promovendo maior sinergia entre Estado, instituições de ensino, Programas de Pós-Graduação, associações científicas, núcleos, grupos e laboratórios de pesquisa.9 A partir destes atores centrais, tal política articularia, ainda, as ações de outros atores estatais – Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) etc. – os quais possuem interlocução com os propósitos de qualificação do setor. Isto sem descuidar da capilaridade, envolvendo orgãos específicos das intâncias de governos estaduais e municipais, fazendo com que a produção científica em Esporte e Lazer esteja também interrelacionada às demandas locais e regionais, buscando conferir um caráter democrático à gestão desta Política, com a participação dos vários segmentos representativos do setor e considerando os diferentes objetivos relativos as manifestações esportivas: rendimento, educacional e de lazer.10
Desafios para implementação
O primeiro desafio para a implementação de uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer seria o de criar um ambiente favorável para tal, o que pressupõe um conjunto de condições prévios para o melhor aproveitamento da capacidade instalada para a pesquisa em Esporte e Lazer no país, com a produção de conhecimentos voltados á qualificação de ações, programas e projetos ligados ao setor. Embora a Conferência Nacional do Esporte, em suas três edições, e a Política Nacional do Esporte (BRASIL, 2004; 2005; 2007; 2010a) tenham recomendado a promoção do desenvolvimento cientifico e tecnológico no setor, a instabilidade da estrutura, do calendário e do financiamento tem comprometido a organização e manutenção das Redes de Pesquisa fomentadas pelo Ministério do Esporte, gerando dificuldades em seus processos de consolidação. Neste caso, o desafio posto é de aproveitar o ambiente que está dado frente à realização destes grandes eventos esportivos no Brasil, pautando sim a necessidade de que a ciência e tecnologia ocupem mais espaço na agenda esportiva, sobretudo se a finalidade for estruturar a Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer como uma política de Estado.
Seguindo esta linha, o segundo desafio é justamente o de ampliar e expandir a base de desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. Ante tal desafio, atenção especial deverão receber as questões de qualificação pessoal e de infra-estrutura, explorando as oportunidades de cooperação e parceria entre os diferentes órgãos do Estado, instituições de ensino, associações científicas, núcleos, grupos e laboratórios de pesquisa. E atenção mais especial ainda merece o tema do financiamento. Tal atenção se justifica, pois não há no Brasil recursos orçamentários vinculados para o fomento das políticas públicas de Esporte e Lazer. O modelo de financiamento público para o setor combina recursos provenientes do orçamento da união, dos estados e dos municípios, loterias e concursos prognósticos, renúncia fiscal e patrocínio das estatais. Assim, a exemplo de outras áreas estratégicas, reforça-se aqui a necessidade de criação de um Fundo Setorial, com recursos sistemáticos e de fonte estável, os quais devem ser aplicados para estimular a produção de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer.
Outro desafio, o terceiro, é o de consolidar e aperfeiçoar o aparato institucional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. A efetividade de uma Política Nacional específica sobre o tema dependerá da existência de organizações, normas e práticas adequadas ao seu desenvolvimento, com a reconfiguração democrática do marco estrutural e regulatório envolvendo o setor, procurando estabelecer maior integração com as demais políticas setoriais, bem como ampliando a cooperação internacional. Este desafio envolve, por exemplo, a criação de uma Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação no âmbito do Conselho Nacional do Esporte
11 e um Comitê Gestor para o proposto Fundo Setorial, a ser constituído por representantes do Ministério do Esporte e ministérios afins, do Conselho Nacional do Esporte, do CBCE, da Rede CEDES, da Rede CENESP, além do FINEP e do CNPq, o que garantirá transparência na aplicação dos recursos e na avaliação dos resultados. Ademais, faz-se necessária a reorganização do próprio organograma do Ministério do Esporte, com o deslocamento do departamento de Ciência e Tecnologia do Esporte – atualmente, vinculado à apenas uma área finalística, através da Secretaria Nacional de Desenvolvimento do Esporte e Lazer – de modo que possa dirigir uma ação transversal às diferentes manifestações esportivas.O quarto desafio passa pela necessidade de integração de todas as regiões no desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. É imperiosa a construção de uma política integrada e diferenciada que identifique os limites e valorize as potencialidades de cada região do país, reduzindo disparidades com estratégias de indução e dotando-as com financiamento, pessoal e infra-estrutura adequados. O atual quadro de disparidade regional pode ser traduzido pelos números relativos ao fomento à pesquisa. Dados de 2009 revelam que as regiões sudeste e sul concentram 65,5% dos investimentos realizados pelo CNPq.
12 Nesta perspectiva, a política de fomento deve estar articulada a uma política de integração nacional, reservando pelo menos 30% dos recursos disponíveis às regiões norte, nordeste e centro-oeste,13 buscando promover a desconcentração das atividades de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer com a conseqüente disseminação de seus benefícios.A maior dificuldade talvez seja encontrada no enfrentamento do quinto desafio, que passa pela necessidade de se construir o envolvimento de outros segmentos da sociedade – e não apenas o acadêmico e o governamental – na Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. É preciso transformar o tema em pauta permanente de debate, promovendo seu melhor entendimento e mobilização junto aos atores e instituições esportivas, bem como a sensibilização e mobilização de diferentes setores, órgãos e instâncias de governo, dos parlamentos e da sociedade civil organizada, buscando ampliar as bases de legitimação para o seu desenvolvimento. Tendo em vista o ambiente forjado pela Copa e pelos Jogos, bem como pela discussão em torno do Plano Decenal do Esporte e Lazer, é urgente a organização de uma agenda de discussão visando à construção e legitimação de um Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer.
O sexto e último desafio consiste em transformar a Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer em elemento estratégico de desenvolvimento humano, isto é, de desenvolvimento social, econômico, político e cultural. Isto, pois a produção científica pode desempenhar um papel em todas as dimensões do esporte. Deve potencializar os resultados esportivos do país, mas precisa, sobretudo, ocupar-se das políticas sociais voltadas à inclusão, buscando contribuir com a construção da cidadania, materializando o preceito constitucional de priorização do esporte educacional e de lazer, repercutindo na consolidação do Esporte e Lazer como direitos e demandas legítimas da sociedade brasileira, democratizando seu acesso e efetivação com qualidade social.
Este conjunto de desafios apontados, remete a outro princípio que deve estar presente de uma política de Estado que vise garantir direitos constitucionais. Trata-se aqui de pensar a uma Política de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer como condição de soberania nacional, neste como em outros setores estratégicos, principalmente, ao considerarmos sua força produtiva e seu papel desempenhado como uma nova ideologia moderna.
14Propostas de desenvolvimento
Para conferir concreticidade à Política defendida, doravante disponibilizamos para o debate um conjunto de propostas que pode servir como referência à implementação de um Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer. Certamente, não esgotam o tema e as necessidades postas para o setor, mas buscam contribuir no sentido de superarmos os limites, avançarmos nas possibilidades e forjarmos novas condições de um desenvolvimento socialmente referenciado para o Esporte e Lazer no país, com a efetiva participação da comunidade acadêmica no esforço de democratização e organização dos grandes eventos esportivos que se avizinham.
Por uma Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer, dentre outras, apresentamos as seguintes propostas iniciais:
Ampliar as ações e superar descontinuidades no que diz respeito ao fomento à pesquisa em Esporte e Lazer existentes no Ministério do Esporte, Secretarias Estaduais, CNPq, Capes, FINEP e Fundações de Amparo a Pesquisa (FAPs);
Promover maior articulação das universidades, núcleos, laboratórios e grupos de pesquisa com as entidades voltadas ao esporte de rendimento, visando à qualificação do processo de iniciação ao esporte e no desempenho de atletas profissionais, qualificando a teoria e a prática do treinamento esportivo;
Promover maior articulação das universidades, núcleos, laboratórios e grupos de pesquisa com a cadeia produtiva do esporte de base nacional, estimulando, sobretudo, aqueles setores organizados a partir do associativismo e cooperativismo, conforme os princípios da economia solidária;
Aumentar o investimento nas pesquisas científicas direcionadas ao esporte de lazer, fomentando a formação de grupos de estudo e pesquisas envolvendo gestores, professores e agentes comunitários dos projetos sociais de esporte, em especial, das regiões norte, nordeste e centro-oeste;
Apoiar o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao esporte educacional realizadas nas escolas, tendo o professor e os demais agentes da comunidade escolar como colaboradores, participantes e produtores do conhecimento, em parceria com professores e estudantes de universidades, núcleos, laboratórios e grupos de pesquisa;
Criar linhas de investimentos que favoreçam a divulgação de estudos e experiências de boas práticas voltadas à pedagogia do Esporte e Lazer, com a produção de material áudio-visual, digital e impresso a ser difundido junto aos projetos sociais de esporte;
Propor e apoiar a expansão do espectro de ação dos Programas de Pós-Graduação em Educação Física em sua interlocução com as Políticas Públicas de Esporte e Lazer;
Valorizar e incentivar as especializações em nível de pós-graduação lato sensu, bem como estimular a criação de mestrados profissionais, na área de políticas e gestão do Esporte e Lazer;
Criar melhores condições e implantar cotas de bolsas para que os professores de Educação Física com atuação junto aos órgãos estaduais e municipais de Esporte e Lazer, bem como daqueles vinculados aos programas do Ministério do Esporte, realizem cursos de pós-graduação;
Incentivar a pesquisa e a formação de professores com enfoque em temas voltados as diferenças, tais como as diversidades sociais, de gênero, de raça-etnia, sexuais, das condições especiais, entre outras;
Incentivar a pesquisa e a formação crítica de professores relacionadas ao tema da educação olímpica;
Fomentar a realização de eventos acadêmico-científicos das diversas dimensões do esporte;
Produzir e utilizar novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no âmbito do Esporte e Lazer, de modo que as mesmas constituam-se em ferramentas de acesso a conhecimentos na perspectiva da inclusão social;
Fomentar a criação e ampliação de Centros de Memória do Esporte, incentivando projetos de catalogação, conservação e disponibilização do patrimônio histórico sobre o Esporte e Lazer brasileiro e sua divulgação por meio de exposições em diferentes suportes materiais – equipamentos, vestuário, utensílios, objetos esportivos, livros etc.;
Estimular a divulgação de conhecimento científico e das experiências de boas práticas em Esporte e Lazer por meio de exposições e dos diversos meios de difusão, comunicação e informação existentes;
Estimular o desenvolvimento Tecnologias Sociais de Esporte e Lazer, com a sistematização de metodologias de acompanhamento e avaliação sistemática de programas, ações e projetos de inclusão social pelo esporte e de novas pedagogias do Esporte e Lazer;
Estimular e fomentar o acompanhamento e avaliação da gestão, do impacto e dos legados produzidos pelos grandes eventos esportivos a serem sediados no Brasil, levando em conta a experiência de outros países;
Fomentar tanto as investigações de levantamento das necessidades de formação e produção do conhecimento demandadas pelo Sistema Nacional de Esporte e Lazer, quanto de avaliação do impacto das pesquisas científicas na qualidade dos programas e ações esportivas, incluída a avaliação da implementação das recomendações do Plano Decenal de Esporte e Lazer.
Considerações finais
Por fim, há que se dizer que o campo acadêmico da Educação Física e Ciências do Esporte, no sentido assinalado por Bourdieu (2009), é um campo de forças, com lutas internas que conferem dinâmica às práticas políticas, científicas e formativas protagonizadas por seus agentes e instituições. Tais lutas estão radicadas em conflitos de origem, os quais vivenciam crises de legitimação, deixando observar movimentos de expansão e também de renorteamento a partir de outra perspectiva político-ontológica. O Estado brasileiro tem priorizado, na relação com a organização esportiva, uma perspectiva decorrente de um conceito de esporte convencional que se tornou hegemônico, na visão que se tem desse campo de atividades. A relação dos atores estatais com este campo acadêmico não é muito diferente, priorizando, tanto em termos históricos quanto em financiamento, políticas públicas dirigidas à pesquisa de base ou aplicada ao desempenho e rendimento esportivo. É importante que se registre tal alinhamento, pois qualquer ação ou não-ação
15 envolvendo o fomento à produção científica e tecnológica em Esporte e Lazer tende a influenciar a correlação de forças estabelecida internamente ao campo, cujas lutas ancoram-se em distintas formas de fazer científico e visões do fenômeno esportivo.Insistimos, portanto, que o objetivo de uma Política dirigida à Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer vai além de garantir a estabilidade de recursos para a área e criar um novo modelo de gestão, com a participação de vários segmentos representativos do setor, promovendo maior sinergia entre ações de governo, universidades, núcleos, laboratórios e grupos de pesquisa. Trata-se, também, de garantir tratamento isonômico a todas as dimensões do esporte – rendimento, educacional e de lazer –, inclusive para garantir o preceito constitucional. Trata-se, ainda, de compreender que os estudos e pesquisas sobre o fenômeno esportivo, isto é, as Ciências do Esporte, possuem vieses disciplinares e epistemológicos distintos e incorporaram novos e diferentes objetos, objetivos, e temáticas, como por exemplo: práticas corporais e saúde,
16 comunicação e mídia, corpo e cultura, epistemologia, escola, formação profissional, memórias, movimentos sociais, políticas públicas, recreação e lazer, inclusão e diferença, desempenho e treinamento etc. Interagir com este universo, potencializando diferentes articulações entre os conhecimentos científicos produzidos com as políticas em curso, inclusive aquelas constituídas para a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, é o que deve estar no horizonte de ação política de acadêmicos, gestores e todos aqueles envolvidos com a organização esportiva.Enfim, o desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer, com capacidade de qualificar as políticas do setor para melhorar o bem estar da população, deve ser encarado como um bem público e não como um negócio atrelado aos interesses de rentabilidade econômica que cercam o esporte de rendimento e de espetáculo. A atual configuração das chamadas Ciências do Esporte em nível mundial, voltada quase que exclusivamente à maximização dos resultados esportivos e incremento da indústria do esporte, sob o ponto de vista ético e político, é injustificável. Reafirmamos, assim, o desafio de fazer com que a Ciência, Tecnologia e Inovação em Esporte e Lazer constitua-se como elemento estratégico de desenvolvimento social, econômico, político e cultural dos brasileiros. Deve potencializar os resultados esportivos do país, mas precisa, sobretudo, ocupar-se de políticas, programas e ações que repercutam na consolidação do Esporte e Lazer como direitos e demandas legítimas da sociedade, democratizando seu acesso e efetivação com qualidade social.
Notas
Os legados previstos na área de transformação da cidade abrangem a renovação da infra-estrutura urbana, melhorias no setor de transporte, segurança e meio ambiente; na área de inserção social, em referência à habitação, é citada a construção da vila olímpica, com 24 mil quartos, ao treinamento, é anunciada a participação de 48.000 voluntários na organização dos Jogos, e ao emprego, há a perspectiva de criação de 50 mil empregos temporários e 15 mil empregos permanentes; na área juventude e educação, é apresentada a meta de ampliação do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, com o atendimento saltando de 1 milhão para 3 milhões de jovens, além do investimento de 400 milhões de dólares no Programa Mais Educação do Ministério da Educação e duplicação do número de participantes nos Jogos Universitários Brasileiros, chegando a 5 milhões de atletas universitários; e na área dos esportes vislumbra-se o aumento de bolsas para atletas, estendendo o benefício para 11 mil jovens, o aumento nos investimentos no esporte olímpico e paraolímpico, calculado em 210 milhões de dólares, a construção de novas instalações esportivas de treinamento, sendo 14 fora do Rio de Janeiro e 29 na cidade, a formação de técnicos oficiais, em especial, para os esportes menos desenvolvidos, e o aumento dos investimentos privados no esporte, estimados em 200 milhões de dólares, por meio de incentivos fiscais (COB, 2009).
Refere-se a Lei nº 8.672, de 06 de julho de 1993.
Refere-se a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998.
O que estamos chamando de cidadania esportiva traduz a qualidade de uma sociedade cujo acesso ao esporte tem seu reconhecimento alicerçado sobre princípios como universalização, planificação, participação, autonomia, organização, transformação, justiça e democracia. O direito ao esporte, ao mesmo tempo em que pressupõe o acesso ao esporte, deve expressar também a possibilidade de sua apropriação crítica e criativa. Abordado em suas dimensões ética, política e estética, o esporte pode se constituir uma prática educativa das mais privilegiadas para fruição e exercício dos sentidos e das emoções, favorável à criação, ao engajamento corporal, ao prazer do movimento, ao exercício da confiança, ao desafio do pensamento, ao desenvolvimento da auto-estima, enfim, à satisfação de acesso e apropriação da cultura.
Este documento consta do Caderno II que integra a Coletânea organizada pelo Ministério do Esporte como subsídio à III Conferência Nacional do Esporte. Ver: Brasil (2010b, p. 72).
A Rede CEDES — Centros de Desenvolvimento de Esporte Recreativo e de Lazer, contando com 55 núcleos ligados à Secretaria Nacional de Desenvolvimento do Esporte e Lazer, busca contribuir com a inclusão social pelo Esporte e Lazer, produzindo conhecimentos, tecnologias e pedagogias sociais aplicados a projetos de ampliação da cultura e da cidadania esportiva. Por sua vez, a Rede CENESP – Centros de Excelência Esportiva, contando com 9 núcleos vinculados à Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, busca ajudar no desenvolvimento de talentos e desempenho de atletas profissionais, qualificando a teoria e a prática do treinamento desportivo.
Os vinte e um Programas de Pós-Graduação em Educação Física estão sediados nas seguintes Instituições de Ensino Superior: UCB-RJ, Universo-RJ, UNESP-Rio Claro, UFRGS, UDESC, UFMG, UnB, UCB-DF, UFES, UFV-UFJF, UFPR, UEL-UEM, UGF-RJ, UFPel, UFSC, USP, Unicamp, Unimep-SP, USJT-SP, Unicsul-SP e UFPB-UPE.
Vale destacar que o CBCE integra o Conselho Nacional do Esporte (CNE). Criado pelo Decreto 4.201, de 18 de abril de 2002, o CNE é um colegiado de assessoria ao Ministro do Esporte no desenvolvimento de políticas para o setor, congregando gestores, entidades e personalidades representativas do setor esportivo.
No âmbito das ações e infra-estrutura, ressaltamos que há várias propostas recém aprovadas na III Conferência Nacional de Esporte, tais como a criação do Instituto Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação do Esporte e Lazer; do Sistema Nacional de Informação e Documentação Esportiva, entre outras. Para consultar as resoluções da III Conferência, acessar: http://www.esporte.gov.br/conferencianacional/resolucoesIIICNE.jsp.
Em 2009, frente à rediscussão da Lei Pelé, já mencionada anteriormente e da Lei Agnelo-Piva – Lei nº 10.264, de 16 de julho de 2001 – no Congresso Nacional, por ocasião da 19ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Esporte, em 5 mai. 2009, o CBCE apresentou a proposta de criação do Fundo Setorial do Esporte e Lazer. Acessar: http://www.cbce.org.br/br/acontece/materia.asp?id=701. Na proposta, os recursos seriam provenientes de fonte vinculada a partir de 10% do total dos recursos destinados ao fomento do esporte provenientes do repasse dos concursos prognósticos previstos pela Lei Agnelo-Piva. Embora não tenha encontrado amplo acolhimento, a proposta foi pautada pela III Conferência Nacional do Esporte, entretanto, com fonte vinculada a partir de 2% dos recursos provenientes de projetos captados por meio da Lei de Incentivo e 100% dos recursos provenientes de projetos captados e não utilizados (BRASIL, 2010a). O resultado foi a aprovação de resolução que propõe a criação do Fundo Setorial do Esporte, entretanto, sem a definição de fontes para o seu financiamento. Acessar: http://www.esporte.gov.br/conferencianacional/resolucoesIIICNE.jsp.
O Ministro do Esporte pode instituir, a qualquer tempo, comissões temporárias ou permanentes destinadas a examinar questões relevantes do esporte nacional. Atualmente, estão constituídas as seguintes comissões: Comissão de Futebol e Marketing Esportivo, Comissão de Combate ao Doping, Comissão de Estudos Jurídicos Esportivos, Comissão de Clubes Esportivos Sociais, Comissão de Esporte de Aventura, Comissão de Acompanhamento da Conferência Nacional do Esporte.
Disponível em: http://www.cnpq.br/estatisticas/index.htm. Acesso em: 3 mar. 2010.
Todos os 16 Fundos Setoriais – Audiovisual, Aeronáutico, Agronegócio, Amazônia, Aquaviário e de Construção Naval, Biotecnologia, Energia, Espacial, Recursos Hídricos, Tecnologia da Informação, Infra-Estrutura, Mineral, Petróleo e Gás Natural, Saúde, Transporte, Tecnologia das Telecomunicações – operam com este percentual e política de desconcentração.
Como indicado por Silva e Goellner (2006), a concepção de ciência subjacente ao modelo hegemônico de esporte, qual seja, o esporte de rendimento e espetáculo, mostra-se como a nova ideologia moderna, tal como Gramsci (1991) já havia identificado no início do século passado, como um discurso legitimador de um certo padrão do que o Humano é ou deveria ser.
Adverte-se, conforme registra Pereira (2008, p. 97), que a política pública compreende não só a ação. “Pode ser também não-ação intencional de uma autoridade pública frente a um problema ou responsabilidade de sua competência”, ou seja, a política pública envolve o que o governo decide ou não fazer.
Os conceitos de prática corporal e de atividade física, cujo uso é corrente, expressam sentidos e significados distintos. Segundo Lazzarotti Filho et al (2010), as práticas corporais representam o universo das práticas esportivas, do jogo, da ginástica, das lutas e da ginástica, ou ainda das práticas corporais orientais, das práticas identificadas como alternativas e também terapêuticas, bem como estão associadas ao conceito de técnicas corporais cunhado por Mauss (2003). Sem negar a dimensão biológica, carregam um sentido de negação ao sentido biologizante inerente ao conceito de atividade física e de afirmação da dimensão cultural própria à corporalidade.
Referências
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.
BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. Vitória: UFES; CEFD, 1997.
BRASIL. I Conferência Nacional do Esporte: documento Final. Brasília: Ministério do Esporte, 2004.
________. Política Nacional do Esporte. Brasília: Governo Federal, Ministério do Esporte, 2005.
________. II Conferência Nacional do Esporte: documento Final. Brasília: Ministério do Esporte, 2007.
__________. III Conferência Nacional do Esporte: texto básico. Brasília: Ministério do Esporte, 2010a.
__________. III Conferência Nacional do Esporte: caderno II. Brasília: Ministério do Esporte, 2010b.
COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. Demande d’acceptation de la candidature de Rio de Janeiro à l’organisation des Jeux Olympiques et Paralympiques de 2016. Rio de Janeiro: COB, 2007.
__________. Rio 2016
GRAMSCI, Antonio. Literatura e vida nacional. São Paulo: Civilização Brasileira, 1986.
LAZZAROTTI FILHO, Ari. O termo práticas corporais na literatura científica brasileira e sua repercussão no campo da educação física. Movimento. Porto Alegre, v.16, n. 1, 2010.
MANHÃES, Eduardo Dias. Políticas de esportes no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
MAUSS, Marcel. Técnicas corporais. In: Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
PEREIRA, Potyara Amazoneida Pereira. Discussões conceituais sobre política social como política pública e direito de cidadania. In: BOSCHETTI, Ivanete. et al. (Orgs.). Política social no capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2008.
SILVA, Ana Márcia, GOELLNER, Silvana Villodre. Esporte, lazer, ciência e tecnologia: indicadores para uma política nacional. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 92, enero 2006. http://www.efdeportes.com/efd92/tecnol.htm
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. Ciência e Tecnologia no Brasil. Parte 1. Cadernos SBPC, n. 25, 2006a.
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. Ciência e Tecnologia no Brasil. Parte 2. Cadernos SBPC, n. 26, 2006b.
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Agosto de 2012 |